Na noite de terça-feira, o pneumologista Júlio Cezar Sarturi, 39 anos, ministrou o segundo dia de palestras do Curso Para Parar de Fumar, que aconteceu na Escola Adventista. O evento iniciou com um vídeo que aborda os riscos e as conseqüências do fumo à saúde. Após seguiu com as advertências do profissional da saúde. Antes de iniciar o curso, Sarturi conversou com a Agência Central Sul de Notícias e alertou sobre a dependência química e a necessidade de conscientização do fumante sobre seu vício.
No Brasil, a região Sul possui o maior índice de fumantes: aproximadamente 42% da população. "É um número bem triste. Hoje, a campanha foca muito em relação à adolescência. Porto Alegre é a capital do Brasil em que mais se tem adolescentes fumantes. Isso é muito ligado com o regionalismo e a tradição. Em todos os países latinos, tipo Argentina e o próprio Uruguai, fuma-se muito. Então, acredito que seja a proximidade e os hábitos regionais", comenta o médico. Apesar destes dados, o médico comemora a diminuição do número de dependentes no País: de 34% em 1999 para 22% no ano de 2003.
Para avaliar o critério de dependência considera-se a Síndrome de Abstinência. O corpo emite sintomas de falta de nicotina, como irritabilidade, dor de cabeça, aumento do apetite, falta ou excesso de sono, entre outros. Essas ocorrências variam de acordo com o nível de dependência de cada fumante. "Então, aquelas pessoas que fumam o primeiro cigarro logo depois que acordam significa que são altamente dependentes. Porque elas já passaram a noite sem fumar, e, quando acordam, em menos de uma hora precisam fumar", salienta Sarturi.
Já em relação ao gênero, não existe diferença, pois depende do organismo de cada um. "Uma coisa interessante na questão do sexo é que está provado que a mulher tem uma dificuldade muito maior de largar o tabagismo se comparado ao homem. Não se sabe muito bem o porquê, talvez por fatores hormonais, fatores psicológicos ou ambientais, mas elas têm uma maior dificuldade", explica.
Sarturi desfaz algumas crenças, como a do cigarro light que, teoricamente, teria menos substâncias químicas e seria menos prejudicial que o cigarro comum. "O cigarro light é uma grande mentira, porque a medida que eles (indústria fumageira) criam um cigarro com um menor teor de nicotina, o dependente não tem alterações, modificações no seu hábito”, enfatiza. Outro mito na história do tabagismo é o filtro. Quando foi lançado, entre as décadas de 40 e 50, acreditava-se que a sujeira e as substâncias tóxicas do cigarro iriam ficar no filtro, mas hoje se sabe que ele concentra mais monóxido de carbono, favorecendo enfartes e isquemias cerebrais.
Nesta noite, a partir das 20h, a palestra será com o ginecologista Olmiro Cezimbra de Souza Filho. O evento é realizado na Escola Adventista de Santa Maria, localizada na Rua Visconde de Pelotas, 586.
Fotos: Tiane Dias Canabarro (da Redação)