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Estudante relata experiência nas eleições americanas

 "A experiência de ter sido uma dos 20 estudantes brasileiros selecionados para acompanhar as eleições norte-americanas em Raleigh, Carolina do Norte, foi maravilhosa e única. Trouxe muito conhecimento e aprendizados, tanto em relação ao sistema eleitoral dos Estados Unidos, como em relação à cultura do país."

"Tivemos uma série de seminários com professores do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Estadual na Carolina do Norte (NC State University), em que nos foi explicado o funcionamento do sistema eleitoral norte-americano, as estratégias de publicidade que os candidatos usaram nestas eleições e o que realmente iria decidir as eleições.  Também nos foi apresentada a história do movimento negro nos Estados Unidos e suas lutas para conseguir votar. Foram cerca de sete seminários, que nos trouxeram muitos dados e uma base para podermos comparar com o sistema eleitoral brasileiro.

Pessoalmente, depois de vivenciar essa experiência, acho que é difícil comparar a eficiência dos dois sistemas eleitorais, pois vivemos em culturas e realidade completamente distintas. O que funciona aqui poderia não funcionar lá e vice-versa. Por isso não podemos tirar conclusões de que um ou outro é melhor. Os dois sistemas – o brasileiro e o norte-americano – têm suas falhas e suas vantagens.

 Mas o que pudemos notar, conversando com alguns norte-americanos, é que eles gostaram de saber que o voto aqui é obrigatório. Segundo eles, isso também deveria ser aplicado lá, já que cerca de metade da população, apenas, vota. Para mim, essa foi a maior surpresa, pois achava que o engajamento político dos norte-americanos era bem mais forte do que o nosso.

Segundo os professores, nessas eleições, diferente do que acontecia nas outras eleições, o engajamento político tornou-se forte nos Estados Unidos, porque tinha muita coisa em jogo, como a crise econômica, a guerra no Iraque e mesmo o fato de um candidato negro (distante da normalidade dos políticos), novo e carismático, estar concorrendo à presidência dos Estados Unidos.

Assim, acabamos também sendo carregados por essa onda democrata e convivemos com muita gente que estava torcendo por Obama e pelo seu partido. Fomos visitar o comitê do Partido Democrata em Raleigh e assistimos ao comício de Obama, no dia 29 de outubro. O comício foi uma situação emocionante, pois juntou gente de todas as idades e backgrounds. Tinha famílias negras, brancas, crianças, adolescentes, etc.

 Foram duas semanas corridas, em que não parávamos de anotar informações, comparar dados, refletir sobre a realidade brasileira e a norte-americana. Acho que a situação de se confrontar com um povo e uma cultura diferente da sua é muito válida, em qualquer situação, pois aprendemos a ser mais compreensivos com os valores e pensamentos diferentes do nosso e, assim, crescemos.

Ainda tivemos a sorte de irmos numa das eleições que é uma das – senão a – mais históricas, tanto pelo fato da mobilização que Obama conseguiu causar no povo americano, dizendo que iria trazer a mudança, quanto pelo fato de ele ser o primeiro presidente negro a chegar no poder, num país que tem em suas raízes históricas o racismo fortemente implantado. Mesmo que ele não tenha usado o fato de ser negro no seu discurso de candidato, o fato dele ter chegado lá representa uma mudança moral. Não foi o passo definitivo para acabar com o racismo, mas foi um passo para que os negros consigam ser mais respeitados."

Natália Flores é estudante de Jornalismo no curso de Comunicação Social da UFSM . Ela foi selecionada pela Comissão Fulbright e Embaixada dos Estados Unidos, com outros estudantes brasileiros, para acompanhar as eleições presidenciais norte-americanas.
 
foto 1: Comício de Obama em Raleigh, Carolina do Norte
foto 2: Natália numa cabine de votação de uma das sessões, alguns dias antes das eleições
foto 3: Os 20 estudantes brasileiros selecionados para acompanharem as eleições americanas
foto 4: Natália próxima ao comício em Raleigh

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 "A experiência de ter sido uma dos 20 estudantes brasileiros selecionados para acompanhar as eleições norte-americanas em Raleigh, Carolina do Norte, foi maravilhosa e única. Trouxe muito conhecimento e aprendizados, tanto em relação ao sistema eleitoral dos Estados Unidos, como em relação à cultura do país."

"Tivemos uma série de seminários com professores do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Estadual na Carolina do Norte (NC State University), em que nos foi explicado o funcionamento do sistema eleitoral norte-americano, as estratégias de publicidade que os candidatos usaram nestas eleições e o que realmente iria decidir as eleições.  Também nos foi apresentada a história do movimento negro nos Estados Unidos e suas lutas para conseguir votar. Foram cerca de sete seminários, que nos trouxeram muitos dados e uma base para podermos comparar com o sistema eleitoral brasileiro.

Pessoalmente, depois de vivenciar essa experiência, acho que é difícil comparar a eficiência dos dois sistemas eleitorais, pois vivemos em culturas e realidade completamente distintas. O que funciona aqui poderia não funcionar lá e vice-versa. Por isso não podemos tirar conclusões de que um ou outro é melhor. Os dois sistemas – o brasileiro e o norte-americano – têm suas falhas e suas vantagens.

 Mas o que pudemos notar, conversando com alguns norte-americanos, é que eles gostaram de saber que o voto aqui é obrigatório. Segundo eles, isso também deveria ser aplicado lá, já que cerca de metade da população, apenas, vota. Para mim, essa foi a maior surpresa, pois achava que o engajamento político dos norte-americanos era bem mais forte do que o nosso.

Segundo os professores, nessas eleições, diferente do que acontecia nas outras eleições, o engajamento político tornou-se forte nos Estados Unidos, porque tinha muita coisa em jogo, como a crise econômica, a guerra no Iraque e mesmo o fato de um candidato negro (distante da normalidade dos políticos), novo e carismático, estar concorrendo à presidência dos Estados Unidos.

Assim, acabamos também sendo carregados por essa onda democrata e convivemos com muita gente que estava torcendo por Obama e pelo seu partido. Fomos visitar o comitê do Partido Democrata em Raleigh e assistimos ao comício de Obama, no dia 29 de outubro. O comício foi uma situação emocionante, pois juntou gente de todas as idades e backgrounds. Tinha famílias negras, brancas, crianças, adolescentes, etc.

 Foram duas semanas corridas, em que não parávamos de anotar informações, comparar dados, refletir sobre a realidade brasileira e a norte-americana. Acho que a situação de se confrontar com um povo e uma cultura diferente da sua é muito válida, em qualquer situação, pois aprendemos a ser mais compreensivos com os valores e pensamentos diferentes do nosso e, assim, crescemos.

Ainda tivemos a sorte de irmos numa das eleições que é uma das – senão a – mais históricas, tanto pelo fato da mobilização que Obama conseguiu causar no povo americano, dizendo que iria trazer a mudança, quanto pelo fato de ele ser o primeiro presidente negro a chegar no poder, num país que tem em suas raízes históricas o racismo fortemente implantado. Mesmo que ele não tenha usado o fato de ser negro no seu discurso de candidato, o fato dele ter chegado lá representa uma mudança moral. Não foi o passo definitivo para acabar com o racismo, mas foi um passo para que os negros consigam ser mais respeitados."

Natália Flores é estudante de Jornalismo no curso de Comunicação Social da UFSM . Ela foi selecionada pela Comissão Fulbright e Embaixada dos Estados Unidos, com outros estudantes brasileiros, para acompanhar as eleições presidenciais norte-americanas.
 
foto 1: Comício de Obama em Raleigh, Carolina do Norte
foto 2: Natália numa cabine de votação de uma das sessões, alguns dias antes das eleições
foto 3: Os 20 estudantes brasileiros selecionados para acompanharem as eleições americanas
foto 4: Natália próxima ao comício em Raleigh