O STF desmerece a classe dos jornalistas. Derruba a obrigatoriedade do diploma, mas nem tudo são gritos e indignações. A Festa Literária de Paraty (FLIP) , que aconteceu de 1º a 5 de julho, no litoral fluminense, contou com a ilustre presença do escritor Gay Talese, pioneiro no new journalism e referência em boa reportagem. Na manhã do sábado, 4 de julho, Talese aceitou conversar com estudantes de jornalismo de todo o Brasil, selecionados* pela a equipe de O Globo, que estavam na Flip.
Com humildade e atenção falou aos futuros profissionais sobre sua carreira e seus princípios. Afirmou que para ser um bom jornalista é preciso autoconhecimento e manter-se fiel aos seus ideais é fator importante. Quando iniciou no New York Times ele apenas escrevia textos de oito parágrafos para que o material não recebesse sua assinatura. “Com nove eles colocam seu nome. Eu não acreditava naquilo, como colocaria meu nome ali?”, relatou Talese, surpreendendo os estudantes.
Os acadêmicos registraram o momento em anotações, fotos e até vídeo. Obtiverem dicas importantes de um conhecedor do ofício que não parecia se importar em ajudar futuros colegas. Com um inglês pausado e simples e como se fosse a primeira vez que dizia aqueles macetes a todos com igual atenção.
O bate-papo de oito minutos precisou ser interrompido devido à agenda de Gay Talese, mas aquele momento perdurará para o grupo de treze estudantes dos cursos da PUC-Rio, da Faculdade Cásper Líbero (SP), da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e do Centro Universitário Franciscano (RS). Com ou sem diploma estes jovens continuam, por amor à profissão.
* Entre os selecionados para a coletiva de Gay Talese com os estudantes, estava a acadêmica de Jornalismo da Unifra, Joyce Noronha.
Fotos: André Teixeira e Marcelo Andreguetti