Além de remédios de uso controlado e mercadorias piratas, camelôs e vendedores ambulantes também negociam passagens de ônibus, uma prática proibida por lei.
A presença dos camelôs na avenida Rio Branco e de ambulantes no centro de Santa Maria já rendeu muitas polêmicas na cidade. Apesar da fiscalização ostensiva e da ronda diária de policiais militares e de fiscais da Receita Federal, alguns vendedores informais não se intimidam em agir fora da lei.
O comércio a céu aberto esconde bem mais do que CDs, brinquedos e produtos de beleza. Nos camelôs, vendem-se mercadorias trazidas do Paraguai de forma ilegal e para qualquer um em plena luz do dia.
Durante dois dias visitamos as barracas da avenida Rio Branco, observando a movimentação no local e simulando pequenas compras. Já nas primeiras tentativas, foi possível descobrir a venda de medicamentos de uso controlado, como por exemplo, o Cytotec, receitado para o tratamento de úlcera, mas que se tornou popular como abortivo.
Os comerciantes da calçada também negociam uma substância chamada anfepramona, um poderoso anorexígeno bastante utilizado para emagrecimento. A Anvisa incluiu este medicamento na lista de substância psicotrópicas e seu uso pode causar dependência.
Outro produto comercializado nos camelôs sem nenhuma cerimônia é o vale-transporte – revendido por trabalhadores comuns que os negociam diretamente com os comerciantes informais da avenida Rio Branco.
Outro produto comercializado nos camelôs sem nenhuma cerimônia é o vale-transporte – revendido por trabalhadores comuns que os negociam diretamente com os comerciantes informais da avenida Rio Branco.
Não é preciso caminhar muito para se deparar com um "vendedor de vale-transporte". Nas três barracas visitadas por nossa equipe de reportagem, verificou-se tanto a venda quanto a compra dos vales, sempre com possibilidade de barganha no preço.
Na primeira barraca, a equipe passou-se por “vendedores”, oferecendo nossas passagens de ônibus. Uma moça identificou-se como dona da barraca e, apesar de um pouco desconfiada, confirmou que compra vale-transporte freqüentemente.
Na primeira barraca, a equipe passou-se por “vendedores”, oferecendo nossas passagens de ônibus. Uma moça identificou-se como dona da barraca e, apesar de um pouco desconfiada, confirmou que compra vale-transporte freqüentemente.
Ela indagou sobre o preço de venda e, como já havíamos pesquisado anteriormente, oferecemos o produto a R$ 1,30, em um total de 20 unidades. “É, o preço tá dentro do normal, mas é negociável. Eu não tenho interesse hoje porque tenho um estoque bom aqui, comprei de um cara na semana passada”, revela.
Na segunda abordagem encontramos uma comerciante muito mais disposta a fechar negócio. Falando com naturalidade e sem se preocupar em ser discreta, ela nos oferece R$ 1,00 por unidade. Essa barraca foi onde percebemos que não existe uma padronização no preço e os negócios são de ocasião. Quando pedimos um pouco mais, a comerciante disse:
"Eu já cheguei a pagar R$ 1,20, R$ 1,25. Mas R$ 1,30 não dá, eu não pagaria. Volta lá e vende”.
“Se quiser levar no meu preço, compro no ato. Vale-transporte tem bastante saída aqui na minha banca”, completou a vendedora.
"Eu já cheguei a pagar R$ 1,20, R$ 1,25. Mas R$ 1,30 não dá, eu não pagaria. Volta lá e vende”.
“Se quiser levar no meu preço, compro no ato. Vale-transporte tem bastante saída aqui na minha banca”, completou a vendedora.
foto: arquivo Agência CentralSul