O primeiro ciclo de palestras do Seminário de Pesquisa em Comunicação encerrou hoje. Os professores Carlos Alberto Badke e Laura Fabrício falaram sobre suas dissertações de mestrado, a partir do tema "Representação, imagem e política".
A mestre analisou em seu trabalho como o fotojornalismo representou o feminino na campanha ao governo estadual de 2006. Foi sobre a construção da imagem da candidata a governadora Yeda Crusius no jornal Zero Hora, durante a campanha política, que desenvolveu a dissertação. Laura explica que a situação de Yeda é diferente da ex-candidata Emilia Fernandes, na campanha pelo governo estadual de 1998, quando se interessou pela representação do feminino. A escolha do jornal foi justificada pela grande circulação do veículo no Estado.
O campo jornalístico, o fotojornalismo, a representação feminina e a política formam um dos capítulos criados pela professora para dividir a pesquisa, que também abordou conceitos sobre as mídias, os campos sociais, conceito de representação e representação do feminino. “A própria fotografia já é um processo de representação”, complementa Laura.
Das 175 fotos que estavam nos jornais no período escolhido, apenas 5 foram analisadas no trabalho. Laura se baseou "na semiótica, nos processos culturais para entender o feminino, as várias representações como política e dona de casa, no sistema patriarcal em que vivemos” define ela, além dos elementos jornalísticos barthesianos, de Roland Barthes, e da psicologia social.
Já a pesquisa do Badke, o Bebeto, surgiu de suas inquietações sobre a produção de sentido nos jornais locais. No início, o mestre explica que queria “abraçar o mundo” e analisar tudo, mas percebeu que não teria como porque seria necessário longo tempo. Definiu o foco e delimitou apenas as manchetes. Foram 73 edições, depois de analisar os jornais Diário de Santa Maria e A Razão, durante a campanha das eleições municipais de 2004.
O trabalho se baseou em analisar o conteúdo das manchetes, cruzar informações, analisar a política em outras editorias, o editorial e as manchetes temáticas, que citou como exemplo dos dias 7 e 20 de setembro.
Bebeto concluiu que os veículos são opostos: enquanto o Diário propunha algo no editorial, A Razão se mantinha como veículo conservador e tradicional. Para ele, “a concorrência é salutar”.
A pesquisa
O processo de pesquisa pelo qual os mestres passaram é semelhante ao que os alunos passam no trabalho final de graduação, explica Bebeto. “A pesquisa é um estudo sobre, não para dizer a verdade sobre”, complementa o mestre.
Bebeto esclarece que no início queria defender um lado, sua militância política, mas que não se pode pensar em defender um lado. O trabalho mudou sua visão sobre a mídia. Já Laura queria só observar e não entrar “dentro do tema”.
A professora afirma que pesquisar é “propor coisas novas”. Eles concordam que cada pessoa pode ter seu ponto de vista e o mesmo tema pode ter outro efeito de sentido. Laura argumenta: “O ineditismo não é só do tema, mas do olhar, da metodologia que não vai ser encontrada pronta para o teu problema”.
Além disso, é válido pesquisar sobre o assunto em sites de pesquisas como o Google, para saber como um assunto é abordado. Laura defende que “temos de nos valer de todas as formas de pesquisa” e Bebeto complementa: “Mas não como referência bibliográfica”.
O processo de delimitação é o mais complicado. Para ambos os pesquisadores, é difícil escolher qual caminho seguir, mas garantem que preferir um tema que tenha afinidade, ou proximidade, torna o assunto menos cansativo. “O que não garante a facilidade”, como diz Laura.
A teoria é importante, assim como a parte prática. E Bebeto filosofa: “O que seriam dos pesquisadores se não tivessem praticantes? Os campos correm juntos”.