Os convidados foram o professor e cientista social Reginaldo Perez do departamento de Ciências Socias da Univerdade Federal de Santa Maria (UFSM), o assessor de imprensa e jornalista Fritz Nunes e o egresso da Unifra e assessor parlamentar em Brasília, jornalista Ricardo Lopes. O professor e radialista Gílson Píber foi o mediador do debate.
Durante o seminário foram abordadas questões relacionadas aos veículos de comunicação e o papel de agendamento de assuntos políticos que os meios representam. A fim de fazer uma provocação ao público presente, o cientista social Reginaldo Peres fez uma reflexão acerca de posturas dos jornalistas. E afirma que a revista Veja, da editora Abril, representa o meio de comunicação mais importante do país. Com caráter de denúncia e gênero opinativo, traz a cada semana reportagens que passam então a fazer parte de um debate social.
“Não é fácil fazer jornalismo político. É preciso resgatar a liberdade, a imprensa pode fazer o que faz”, enfatiza Reginaldo Perez sobre o posicionamento político de revistas e jornais como O Estado de São Paulo, que se declarou apoiador do candidato José Serra.
Segundo o jornalista Fritz Nunes, há uma mudança na forma de se fazer a leitura de política nos meios de comunicação. Antigamente, havia apenas jornalistas colunistas com experiência para falar sobre política nos veículos tradicionais, como jornais e revistas. Hoje, existem outras mídias que fazem leituras críticas sobre o assunto. Blogs, sites e twitter são utilizadas como novas ferramentas para opinar e debater sobre o assunto. “Grandes jornais qualificados se dedicam a não só fazer uma análise, como também fazem denúncias pela internet”, diz Fritz Nunes.
O jornalista Ricardo Lopes comentou sobre a tomada de posição de um jornalista quando escolhe trabalhar com políticos e reflete sobre a investigação feita pela mídia através de reportagens que muitas vezes não mostram os dois lados de uma história ou apenas defende um lado político. “A internet tem uma liberdade a mais, não se consolida como um meio, muitas vezes pela falta de credibilidade. Não se sabe a veracidade daquelas informações”, comenta o assessor.
Polêmica
Durante o debate, algumas provocações do professor e cientista social Reginaldo Perez causam divergências de opiniões entre os presentes. Ao mostrar capas da revista Veja e falar a respeito de suas pesquisas sobre o veículo, o cientista afirma que os estudantes de Jornalismo deveriam ser menos ingênuos e perceber como é realmente o mercado de trabalho. Segundo ele, o sistema representaria uma “máquina de moer gente” e os jornalistas deveriam estar mais preparados para enfrentar determinadas situações dentro do "jogo de informações" do jornalismo político e da liberdade de imprensa no Brasil.
Para contrapor as declarações de Reginaldo Perez, alguns professores e alunos lembraram que existem outras mídias que podem fazer um outro tipo de Jornalismo – imparcial, claro e objetivo, fazendo com que o jornalista possa exercer, sim, a sua “missão” e função social, mostrando todos os lados da política brasileira, informando o leitor em primeiro lugar.
“A política está presente em nossas vidas. Há política nas questões culturais, esportivas e educacionais. É preciso estar atento a esse nicho de mercado e na importância de se fazer um bom jornalismo político”, comentou o professor Gilson Píber.
Fotos: Pedro Porto (Laboratório de Fotografia e Memória)