Autocobrança, busca pelo sucesso, ocupações demasiadas dentro do mundo do trabalho, necessidade de reconhecimento e prioridades voltadas para a ascensão social. Esses são alguns fatores que podem levar a frustrações, desencadeando doenças como a depressão. Para tratar desses problemas, se recorre cada vez mais aos psicólogos, profissionais que estudam os comportamentos e os processos mentais do indivíduo.
Esses são alguns dos problemas que atingem parte da população, desde crianças a idosos. Estatisticamente não há um número exato que aponte qual dessas faixas etárias mais recorre aos tratamentos psicológicos. No Laboratório de Práticas de Psicologia da Unifra, a procura por parte de crianças e jovens é maior, é o que comenta Felipe Schroeder, psicólogo clínico, coordenador e professor do curso de psicologia da instituição.
Na parte dos diagnósticos também não há como dizer quais são os mais comuns, conforme avalia Felipe. Segundo ele, “o que mais traz a pessoa a procurar atendimento é quando ela está enfrentando problemas referentes a um nível muito alto de ansiedade ou, outras vezes, questões relativas ao humor, como a depressão”.
Nesses casos o trabalho do psicólogo é importante, pois ele ajuda a pessoa a se conhecer melhor. O profissional da área abre espaço para que se possa refletir sobre a própria vida, tentando encontrar alternativas para que o indivíduo melhore a relação com o mundo, com outras pessoas, e que ele possa compreender melhor quais são os seus medos, limitações, potencialidades, o que ele tem de bom e o que é necessário melhorar.
Em relação às novas tecnologias e às mídias sociais, se elas são ou não causa de parte desses problemas, o professor comenta que não acredita nisso e que as mídias sociais não são o agente causador. Ele explica que “o fato de alguém não ter uma vida social e passar o dia conectado na internet, em casa, num quarto escuro, sem falar com ninguém, não é culpa da internet. Há outros fatores que levam ela a ter esse comportamento, como a dificuldade de relacionamento, depressão ou até de optar por não buscar uma interação social”.
No âmbito do trabalho, para aqueles que são workaholicks (trabalhadores compulsivos) e, por exemplo, respondem e-mails de trabalho de madrugada, segundo o professor, a culpa também não seria da tecnologia, e sim da própria pessoa, pela forma como ela lida com essas situações, pela falta de imposição de limites e do que ela prioriza na vida.
Quando perguntado se existem doenças específicas da pós-modernidade, o professor argumenta que “não vejo a pós-modernidade, enquanto conceito, enquanto pensamento de caracterização de uma sociedade humana do mundo ocidental, como culpada pelo sofrimento de questões inerentes à própria condição humana”. Para o professor, algumas questões que estão muito evidentes nas relações humanas na atualidade , passam por dificuldades que já foram detectadas por filósofos e sociólogos da pós-modernidade, relacionadas à virtualidade das relações ou à liquidez da mesma.
Sobre frustrações, Felipe comenta que elas são parte da existência humana, e que o mais difícil e necessário é tentar priorizar e equacionar o que é mais importante. “Ninguém está livre de frustrações”, finaliza Felipe.