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Motorista não vê o trânsito de forma coletiva, dizem especialistas

Pesquisa feita pelo Detran/RS identificou o comportamento dos motoristas gaúchos. A maioria dos entrevistados enxerga o trânsito de forma individual, pensando apenas no seu tráfego, no seu percurso e desconsiderando o trânsito como coletivo.

Na disputa pelo espaço urbano impera a lei do mais forte, conforme pesquisa. Foto: Ana Carolina Grützmann. Laboratório de Fotografia e Memória.

Conforme a pesquisa, há disputa pelo espaço urbano. Uma disputa em que predomina a lei do mais forte. O caminhão e o ônibus pressionam o carro, o carro pressiona a moto, a moto pressiona a bicicleta e assim por diante. Nas demais regiões do país, essa realidade também se repete.
“Na rua, a democracia e o bom senso ali requeridos se invertem, e a maioria descobre, sob pena de ser sistematicamente agredida ou perder a vida, que aquele espaço pertence aos que estão dentro de seus respectivos veículos ou montados em suas motos”. É o que afirma o antropólogo e professor da PUC/RJ  Roberto DaMatta no prefácio de seu livro, Fé em Deus e pé na tábua, uma análise sobre o comportamento do brasileiro no trânsito. Para o sociólogo, no Brasil as pessoas vêem os outros como seres invisíveis, em que o espaço de todos pertence a quem ocupar esse espaço primeiro, com mais agressividade.

Assim como nas outras cidades brasileiras, Santa Maria também enfrenta sérios problemas com o trânsito. “Os motoristas não respeitam nem os pedestres, parecem estar sempre estressados. Talvez pela correria do dia a dia e pelos problemas pessoais. Com isso, acabam descontando no trânsito”, ressalta Julie Izolan, estudante de Psicologia da Unifra.

Falta atenção, sobra stress  –  A tecnologia também atrapalha. Os carros possuem inúmeros dispositivos que tiram a atenção do condutor. CD player, DVD player e até mesmo em alguns casos TV e computador de bordo, são alguns exemplos. O aparelho celular também é considerado um fator de extrema distração, conforme a pesquisa do Detran/RS, está entre as imprudências mais frequentes.

A pesquisa também apontou que o stress e a pressão contra o tempo geram alterações no humor provocando irritabilidade e diminuição da tolerância, tornando-os mais agressivos e ansiosos, aumentando os riscos de acidentes.

A educação de trânsito é uma das alternativas, através de blitzes e palestras. Foto: Ana Carolina Grützmann. Laboratório Fotografia e Memória.

O problema pode crescer ainda mais. Dados do Detran/RS mostram que o número de novos condutores já ultrapassa o número total de todo o ano passado. Até abril deste ano, 381 já foram habilitados em Santa Maria.  No total, são mais de 110.000 condutores na cidade, ou seja, quase metade da população, que é de mais de 260.000 habitantes, segundo dados do Censo de 2010.

Alternativa pedagógica – A pesquisa do Detran/RS sugere algumas iniciativas para que o problema seja minimizado, entre elas: trabalhar a educação no trânsito (da educação infantil até as universidades), levar as pessoas a utilizar o transporte público, fiscalizar e criar campanhas publicitárias.

Em Santa Maria, existe o Programa de Segurança e Educação para o Trânsito, o Educa Trânsito, que busca levar à comunidade santamariense informações sobre as normas de circulação e conduta regulamentadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para isso, são realizadas ações pedagógicas integradas que buscam tornar a mobilidade urbana mais democrática e humana.

Conforme Lelia Toffoli, coordenadora do Educa Trânsito, são feitas palestras com os educandos e a comunidade escolar, nas quais os professores abordam o tema em diferentes áreas do conhecimento. “São realizadas várias ações através das práticas de cada professor e que ficam a cargo de cada um ou de cada instituição escolar. Realizamos blitzes educativas com os alunos dos 7º ou 8º anos com entrega de folhetos, cartinhas elaboradas por todos os alunos da escola e distribuídos por uma turma”, destaca.

Por Maurício Lavarda

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Pesquisa feita pelo Detran/RS identificou o comportamento dos motoristas gaúchos. A maioria dos entrevistados enxerga o trânsito de forma individual, pensando apenas no seu tráfego, no seu percurso e desconsiderando o trânsito como coletivo.

Na disputa pelo espaço urbano impera a lei do mais forte, conforme pesquisa. Foto: Ana Carolina Grützmann. Laboratório de Fotografia e Memória.

Conforme a pesquisa, há disputa pelo espaço urbano. Uma disputa em que predomina a lei do mais forte. O caminhão e o ônibus pressionam o carro, o carro pressiona a moto, a moto pressiona a bicicleta e assim por diante. Nas demais regiões do país, essa realidade também se repete.
“Na rua, a democracia e o bom senso ali requeridos se invertem, e a maioria descobre, sob pena de ser sistematicamente agredida ou perder a vida, que aquele espaço pertence aos que estão dentro de seus respectivos veículos ou montados em suas motos”. É o que afirma o antropólogo e professor da PUC/RJ  Roberto DaMatta no prefácio de seu livro, Fé em Deus e pé na tábua, uma análise sobre o comportamento do brasileiro no trânsito. Para o sociólogo, no Brasil as pessoas vêem os outros como seres invisíveis, em que o espaço de todos pertence a quem ocupar esse espaço primeiro, com mais agressividade.

Assim como nas outras cidades brasileiras, Santa Maria também enfrenta sérios problemas com o trânsito. “Os motoristas não respeitam nem os pedestres, parecem estar sempre estressados. Talvez pela correria do dia a dia e pelos problemas pessoais. Com isso, acabam descontando no trânsito”, ressalta Julie Izolan, estudante de Psicologia da Unifra.

Falta atenção, sobra stress  –  A tecnologia também atrapalha. Os carros possuem inúmeros dispositivos que tiram a atenção do condutor. CD player, DVD player e até mesmo em alguns casos TV e computador de bordo, são alguns exemplos. O aparelho celular também é considerado um fator de extrema distração, conforme a pesquisa do Detran/RS, está entre as imprudências mais frequentes.

A pesquisa também apontou que o stress e a pressão contra o tempo geram alterações no humor provocando irritabilidade e diminuição da tolerância, tornando-os mais agressivos e ansiosos, aumentando os riscos de acidentes.

A educação de trânsito é uma das alternativas, através de blitzes e palestras. Foto: Ana Carolina Grützmann. Laboratório Fotografia e Memória.

O problema pode crescer ainda mais. Dados do Detran/RS mostram que o número de novos condutores já ultrapassa o número total de todo o ano passado. Até abril deste ano, 381 já foram habilitados em Santa Maria.  No total, são mais de 110.000 condutores na cidade, ou seja, quase metade da população, que é de mais de 260.000 habitantes, segundo dados do Censo de 2010.

Alternativa pedagógica – A pesquisa do Detran/RS sugere algumas iniciativas para que o problema seja minimizado, entre elas: trabalhar a educação no trânsito (da educação infantil até as universidades), levar as pessoas a utilizar o transporte público, fiscalizar e criar campanhas publicitárias.

Em Santa Maria, existe o Programa de Segurança e Educação para o Trânsito, o Educa Trânsito, que busca levar à comunidade santamariense informações sobre as normas de circulação e conduta regulamentadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para isso, são realizadas ações pedagógicas integradas que buscam tornar a mobilidade urbana mais democrática e humana.

Conforme Lelia Toffoli, coordenadora do Educa Trânsito, são feitas palestras com os educandos e a comunidade escolar, nas quais os professores abordam o tema em diferentes áreas do conhecimento. “São realizadas várias ações através das práticas de cada professor e que ficam a cargo de cada um ou de cada instituição escolar. Realizamos blitzes educativas com os alunos dos 7º ou 8º anos com entrega de folhetos, cartinhas elaboradas por todos os alunos da escola e distribuídos por uma turma”, destaca.

Por Maurício Lavarda

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