A comprovação de que crises podem convergir em soluções criativas foi o tema do painel que o Centro Universitário Franciscano promoveu na noite de ontem,02, no salão de atos do conjunto I da instituição e, também, da reunião de trabalho da manhã de hoje que aconteceu na sala do Conselho Universitário e reuniu representantes de diversos setores, público e privado, da cidade de Santa Maria, de São Vicente e de São Francisco de Assis.
O painel que iniciou às 19h de ontem, e se estendeu até as 22:30, teve como painelistas o jornalista Jorge Melguizo da cidade de Medellín- Colômbia e o professor Roberto Gómez de la Iglesia, da cidade de Bilbao-Espanha, sendo mediado pelo repórter Daniel Scola da rádio Gaúcha e RBS, que apoiou o evento.
Roberto Gómez é economista e diretor da C2+i, empresa que presta consultoria cultural, deu início ao diálogo explanando sobre a constante mudança que a sociedade enfrenta em todos os seus setores. Para ele, as cidades necessitam encontrar elementos de sua identidade para modificar sua condição. “Cada cidade tem sua identidade, seja ela no setor de inovação, sustentabilidade ou convivência. Bilbao não pode ser exemplo para os outros, mas sim, ser visto como experiência”, afirmou. A cidade enfrentou problemas estruturais e a crise econômica na década de 80 e o diferencial, segundo ele, foi ver na dificuldade uma oportunidade para o crescimento e desenvolvimento, tornando-se uma referência mundial. Ele salientou políticas de base que iniciam uma modificação como, promoção econômica, aprendizagem e inovação, marketing e, claro, cultura, dizendo que só a partir destas bases se pode pensar em regeneração, modernização, transformação econômica e projeção no exterior. “A cultura é a base da concepção de valores. E valores culturais são as bases para os valores econômicos.”
Já o jornalista e gestor cultural, Jorge Melguizo apresentou problemas críticos da sua cidade, Medellín, e as soluções para enfrentá-los. A cidade apontada como uma das mais violentas do mundo, hoje tem índices muito abaixo da violência imposta pelos carteis de drogas na década de 90. Criticando a cultura da troca de favores e privilégios políticos, ressaltou que ela implica na escassez de recursos e na limitação da prática cultural.
Baseado em três fatores, a realidade foi modificada e, ainda hoje, são as definições de Medellín: a inclusão, o capital e a oportunidade. Com investimentos de 5% do PIB da cidade em cultura, lazer, segurança, projetos sociais e educativos, os níveis de criminalidade diminuíram, “insegurança não é o contrário de segurança, e tão pouco se combate insegurança colocando mais policiais, mas sim construindo a convivência entre a sociedade. E se constrói convivência com este tipo de projeto públicos”, afirmou.
O jornalista ainda falou que o setor público, o setor privado e a comunidade devem trabalhar coletivamente para solucionar problemas públicos. E devem se integrar para achar uma causa, um foco comum. “ Os problemas são multidimensionais, não queiramos nós que as soluções sejam dimensionais. Devemos parar de pensar que o problema da educação é só do setor da educação separadamente. E sim fazer interagir vários setor públicos e privado e, o mais importante, a sociedade, ou seja, coletivamente.”
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