Começou na manhã de hoje, 25, o I Congresso Internacional Novos Caminhos- A Vida em Transformação. O evento é organizado pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e tem por finalidade trazer a todos os envolvidos à catástrofe que aconteceu em 27 de janeiro do ano passado, na cidade de Santa Maria, momentos de reflexão e a discussão sobre formas de prevenções a incêndios para que futuramente outros erros que tiraram à vida de 242 jovens, não sejam repetidos.
Durante a solenidade de abertura compôs à mesa o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Paulo Burmann, o presidente da Assembleia Legislativa, Pedro Westphalen (PP), a coordenadora do Congresso, Rosemar Thies, a assessora do Governador Tarso Genro, Jussara Dutra Viera, Valdir Pretto, representando o Centro Universitário Franciscano-Unifra, o presidente da AVTSM, Adherbal Ferreira e representando a Prefeitura Municipal de Santa Maria, Patricia Bueno.
Aproximadamente 250 pessoas presentes no Salão de Atos do Conjunto I do Centro Universitário Franciscano- Unifra e se emocionaram após a fala do presidente da ATVSM, Adherbal Ferreira, que não conteve as palavras e a emoção. Para ele o que Santa Maria viveu não é considerado uma tragédia e sim um massacre. Adherbal fez referência à tragédia no país vizinho, a Argentina, e expressou seus agradecimentos a todas as entidades governamentais, filantrópicas e a todos os voluntários que estiveram atuando desde janeiro passado.
Após o discurso de agradecimento, ele foi saudado e, em pé, todos os presentes o aplaudiram por instantes. Durante coletiva com a imprensa o presidente não se calou diante às câmeras: “O primeiro passo pela prevenção foi dado: a ação! Nós não fomos omissos, eu poderia ficar omisso no meu cantinho e não fazer nada, só ficar com a minha dor com o meu luto… A força do meu choro, da minha angústia, da minha amargura, eu resolvi colocar aos outros, apoiar as outras pessoas, e, eu me sinto feliz assim”, desabafou Ferreira.
O presidente acredita que com o Congresso será possível dar uma grande resposta que ainda não foi obtida pelo Ministério Público à sociedade. “Essa resposta vai ser parte de um novo momento, de novos caminhos, de novas prevenções, para que não ocorram novas tragédias como em Santa Maria”, ressaltou Adherbal.
À frente da Associação dos familiares das vítimas da tragédia da Kiss há quase um ano, diz que a justiça é cega, “e é mesmo, e acho que ela vai ficar é morta se não der uma resposta pra nós. Nós queremos e acreditamos que possa haver uma reversão, queremos que todos os culpados paguem, todos dentro das suas culpabilidades, porque são vários, de acordo com que eles fizeram ou deixaram de fazer, pelas omissões que fizeram, dentro das fiscalizações não feitas, dentro de sua culpabilidade ou maior ou menor”, reafirma o presidente.
Questionado sobre qual é o temor a partir de agora, em quase um ano de inquérito, ele responde que teme não haver punição de ninguém. ” Há de haver! Nós queremos que a justiça seja feita, tanto dos bombeiros, como entes públicos, réus… são vários os culpados. Não é um só”, critica o pai. “Nem que aquele um lá,tenha que pagar somente uma cesta básica, aquele outro tenha que ir pra cadeia, aquele outro lá perca o seu cargo, mandato! São vários os culpados, não é um só, claro que tem os graves, os proprietários, esses sim a dor é eventual. Não podemos pensar em culposo, pois eles assumiram os riscos de matar”, afirma revoltado.
O Congresso conta com o trabalho da jornalista e professora de fotografia, Laura Fabrício, do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) que montou a exposição “O Luto no Tapume”.
A exposição traz fotografias que retratam as homenagens em frente a fachada do prédio da Boate Kiss, capturadas por Laura todos os dias 27 de cada mês entre abril e setembro de 2013.
Por Tiéle Abreu, curso de jornalismo do Centro Universitário Franciscano.