Conforme a legislação brasileira, a idade legal para o consumo de álcool é 18 anos. Contudo, dados do 2º Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), divulgados em 2014, comprovam que os brasileiros começam a consumir bebidas alcoólicas por volta dos 15 anos. A ingestão de álcool entre os jovens pode ocorrer por diferentes motivos, seja pela influência familiar, curiosidade sob a bebida ou até mesmo, para integrar-se a um grupo.
O engenheiro agrônomo Fábio Knebel, 25, afirma que começou a ingerir bebida alcóolica aos 15 anos. O motivo que o levou a beber precocemente foi a “influência de ver os outros bebendo”. Knebel alega, ainda, que seus pais não concordaram com sua decisão, mas aceitaram a opção do filho. “Foram contra. Mas bebem junto”, comenta o engenheiro.
Karoline Pimentel, 21, estudante, relata que também começou a beber por influência de amigos e do namorado, aos 16 anos. A estudante afirma beber pouco e apenas socialmente, porém “toma uma cerveja todo fim de semana”.
Beber precocemente pode ocasionar doença
A pesquisa realizada pela Unifesp com 1.742 jovens de 14 a 25 anos, de 149 municípios do Brasil, identificou que, 26% dos entrevistados afirmaram ingerir bebidas alcoólicas antes de completar 18 anos. O consumo precoce de álcool tornou-se uma conduta cada vez mais frequente e o hábito de ingerir a bebida muito cedo, pode acarretar no futuro, o alcoolismo e ainda outras consequências.
Tiago de Assis Brasil, 38, técnico em informática, sabe o quão nocivo o álcool pode ser. Ele começou a beber com 12 anos. “Gostava do estilo copo na mão e cigarro na boca, escorado em um bar”, lembra. Segundo ele, a atração pode ter origem nos filmes e na música country que passavam na televisão nos anos de 1980. Porém, com o passar dos anos a ingestão de álcool foi se intensificando, tornando-se, uma necessidade fisiológica. “Eu pensava em beber direto e achar uma desculpa para estar em um bar bebendo”, recorda Brasil. Durante cinco anos, sentiu as sensações de despreocupação e poder que, segundo ele, a ingestão de álcool proporcionava. Tiago Brasil, após uma forte dor de garganta foi diagnosticado com esofagite. Ao retornar pra casa, com o apoio da namorada parou de beber. Há quatro anos, a bebida que o técnico em informática consome é cerveja 0% de álcool.
Outra recente pesquisa sobre o tema, divulgada pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), aponta que pessoas na faixa etária entre 14 e 17 anos são responsáveis por consumir 6% do álcool vendido em todo o território nacional. Bruno (nome fictício), 16, estudante, corresponde aos dados da pesquisa. Menor de idade, Bruno afirma que começou a beber por curiosidade e isso tonou-se um hábito. Ele afirma que já passou do limite quando começou a ingerir álcool. Hoje, bebe quando tem festa e eventualmente no fim de semana.
A liberdade entra em questão
Há outros jovens que não aderem à bebida na sua vida, como é o caso do estudante Raulino Conceição, 19, que relata não sentir prazer em experimentar bebida alcoólica e prefere investir dinheiro em algo que o faça bem. Ao contrário dos dados apresentados pelas pesquisas, o estudante declara “me sinto ultrapassado, perdido”. Conceição postula que um dos motivos para que seja precoce o índice de jovens que bebem se deve a autonomia que os pais concedem os filhos. “A culpa é dos pais, que estão dando liberdade demais aos filhos muito cedo”, argumenta o jovem.
Por: Joana Camargo e Victória Luiza
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