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Jornalista André Trigueiro faz conferência de abertura do Sepe na sexta

"Não há outro planeta. Não há plano B. Ou usamos com inteligência o que temos, ou perecemos." André Trigueiro (Foto: Divulgação)
“Não há outro planeta. Não há plano B. Ou usamos com inteligência o que temos, ou perecemos.” André Trigueiro (Foto: Divulgação)

No dia 8 de maio, às 19 horas, a Conferência de Abertura do XIX Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão, SEPE, contará com a presença do jornalista André Trigueiro, editor chefe do programa Cidades e Soluções.

Para corroborar com o tema do SEPE, Olhares Sustentáveis em Favor da Vida, o jornalista, que é pós graduado em Gestão Ambiental, além de criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, falará sobre o papel do indivíduo na tentativa de construir um mundo melhor.

André Trigueiro é autor do livro Mundo Sustentável, lançado em 2005 pela Editora Globo. Na intenção de organizar a 2ª edição, nasceu outro livro, Mundo Sustentável 2: Novos rumos para um planeta em crise, em 2012. A obra reúne uma seleção de artigos, entrevista e comentários sobre consumo, lixo, biodiversidade, água, mudanças climáticas, entre outros assuntos sobre sustentabilidade, analisados por Trigueiro e  mais 35 especialistas e convidados, entre eles, Miriam Leitão e Cláudia Guimarães.

Contactado pela equipe da CentralSul, o jornalista conversou por telefone sobre a importância da mídia na construção de uma consciência ambiental e o papel que todos temos no cuidado com o planeta.

Em uma de suas palestras, Closet: o santuário do mundo moderno, o escritor confere ao hiperconsumismo o papel de culpado na depreciação do planeta. “Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial, além de outros órgãos defensores do meio ambiente, os maiores vilões ambientais do século XXI são os atuais meios de produção e de consumo”, afirma.

O jornalista cobriu a Rio 92 e, desde aquela data,  lembra o relatório final da organização que descrevia o modelo de desenvolvimento nos seguintes termos: ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto. Ele ressalta que, até hoje,  este modelo de desenvolvimento promove o colapso dos ecossistemas, a escassez da água doce limpa, a desertificação do solo, a produção monumental de lixo, o agravamento do efeito estufa, acidificação dos oceanos, além de uma lista enorme de consequências do hiperconsumismo, as quais denomina como um ecocídio, cometido pelo ser humano. “O mundo oferece todas as condições pra gente ser feliz e repartir melhor os recursos naturais, renováveis e fundamentais à vida. Mas não é o que acontece, precisamos corrigir os rumos”, desabafa.

Como jornalista, André Trigueiro ressalta a função social da mídia na construção de um mundo sustentável. Para este assunto ele dedica um capítulo do livro Mundo Sustentável 2, onde destaca que os meios de comunicação têm a capacidade de gerar informações, influenciar hábitos, comportamentos e padrões de consumo, os quais podem colaborar com o meio ambiente. “A boa notícia é que temos em nosso favor o conhecimento, a tecnologia, além de recursos suficientes para apontar uma nova direção, reduzindo este nível de destruição e degradação do meio ambiente”, destaca.

“Tudo o que é feito no varejo é feito de pedacinhos da natureza”

De quem é a responsabilidade com o meio ambiente? Do governo? Das empresas? Da própria natureza? Por onde começar? Para onde os olhares sustentáveis devem estar voltados? André Trigueiro responde essas questões de maneira simplificada e ratifica que hiperconsumismo não é sinônimo de felicidade. Ressalta ainda que as pessoas precisam ter a clareza de que colecionar bens e objetos situa a humanidade na posição de um parasita que lota o planeta do que é desnecessário. “Colecionar relógios, sapatos, roupas, carros, telefones, não faz sentido. Tudo o que é feito no varejo é feito de pedacinhos da natureza: água, matéria prima e energia. Então, praticar o consumo consciente, o consumo ético, o consumo sustentável, é muito importante. Precisamos cuidar pra não faltar. É questão de legado”, reflete.

O merecido espaço midiático

Há uma progressão no espaço dedicado à sustentabilidade pela mídia, mas há muito que melhorar. As novas plataformas de comunicação permitem a revolução na forma como se pensa e faz notícia. A grande pulverização das mídias nos meios digitais é um fenômeno irreversível que permite a redemocratização da informação e abre caminho para uma bordagem diferenciada das causas ambientais. “A crise do meio ambiente impõe à mídia uma abordagem mais precisa e cuidadosa do assunto”, ressalta o jornalista da Globo News.

Como o clima ainda não é uma ciência exata, o aquecimento global ainda é um assunto frio nas redações. Estas não têm como saber quando e como os fenômenos ambientais podem acontecer, já que os jornalistas são reféns do factual. Os fenômenos podem ser próximos, com poucos intervalos, porém não são precisos. Assim, não têm o peso e a densidade do factual, embora sejam urgentes.

E o papel da Universidade?

As universidades de Jornalismo, assim como as de Geografia e Engenharia,  devem preparar profissionais que coloquem a sociedade a par do nível de crise ambiental existente. “Não podemos mais produzir uma geração de jornalistas analfabetos ambientais”, preocupa-se o professor de jornalismo ambiental. Embora afirme que  não se deve exigir de um acadêmico a informação de especialista, já que este papel é da fonte,  ressalta  a importância de um pacote mínimo de informações que ajudem o futuro repórter a definir o que cabe destacar como notícia ambiental.

O jornalista deve sair da faculdade sabendo o que são transgênicos, agrotóxicos, mudança climática, destruição da biodiversidade, produção monumental de lixo, agravamento da crise urbana,  colapso da mobilidade, os quais regulam a agenda da sociedade. Ainda que esta disciplina seja optativa, esses conteúdos devem ser ministrados para que o repórter tenha o mínimo de competência para dar o devido valor à sustentabilidade dentro de um noticiário, além de repercutir às necessidades do meio ambiente, com clareza.

Para saber mais sobre o assunto, participe da abertura do XIX Simpósio de Pesquisa de Comunicação e Extensão (SEPE), sexta-feira, 8 de maio, 19 horas, no Salão de Atos do Prédio I, Conjunto I do Centro Universitário Franciscano. O objetivo do SEPE é atrair os olhares da comunidade acadêmica para o bom senso ético no uso dos recursos da natureza, já que as cidades são ecossistemas artificiais, onde se recria a natureza com a readequação de um espaço de acordo com as demandas, necessidades e  idealizações estéticas do homem. Problemas ambientais não se resolvem apenas amarrando a sacolinha do lixo e jogando no caminhão para que o gari dê um fim. Quanto antes as pessoas se derem conta disso, mais cedo as atitudes terão efeito.

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"Não há outro planeta. Não há plano B. Ou usamos com inteligência o que temos, ou perecemos." André Trigueiro (Foto: Divulgação)
“Não há outro planeta. Não há plano B. Ou usamos com inteligência o que temos, ou perecemos.” André Trigueiro (Foto: Divulgação)

No dia 8 de maio, às 19 horas, a Conferência de Abertura do XIX Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão, SEPE, contará com a presença do jornalista André Trigueiro, editor chefe do programa Cidades e Soluções.

Para corroborar com o tema do SEPE, Olhares Sustentáveis em Favor da Vida, o jornalista, que é pós graduado em Gestão Ambiental, além de criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, falará sobre o papel do indivíduo na tentativa de construir um mundo melhor.

André Trigueiro é autor do livro Mundo Sustentável, lançado em 2005 pela Editora Globo. Na intenção de organizar a 2ª edição, nasceu outro livro, Mundo Sustentável 2: Novos rumos para um planeta em crise, em 2012. A obra reúne uma seleção de artigos, entrevista e comentários sobre consumo, lixo, biodiversidade, água, mudanças climáticas, entre outros assuntos sobre sustentabilidade, analisados por Trigueiro e  mais 35 especialistas e convidados, entre eles, Miriam Leitão e Cláudia Guimarães.

Contactado pela equipe da CentralSul, o jornalista conversou por telefone sobre a importância da mídia na construção de uma consciência ambiental e o papel que todos temos no cuidado com o planeta.

Em uma de suas palestras, Closet: o santuário do mundo moderno, o escritor confere ao hiperconsumismo o papel de culpado na depreciação do planeta. “Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial, além de outros órgãos defensores do meio ambiente, os maiores vilões ambientais do século XXI são os atuais meios de produção e de consumo”, afirma.

O jornalista cobriu a Rio 92 e, desde aquela data,  lembra o relatório final da organização que descrevia o modelo de desenvolvimento nos seguintes termos: ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto. Ele ressalta que, até hoje,  este modelo de desenvolvimento promove o colapso dos ecossistemas, a escassez da água doce limpa, a desertificação do solo, a produção monumental de lixo, o agravamento do efeito estufa, acidificação dos oceanos, além de uma lista enorme de consequências do hiperconsumismo, as quais denomina como um ecocídio, cometido pelo ser humano. “O mundo oferece todas as condições pra gente ser feliz e repartir melhor os recursos naturais, renováveis e fundamentais à vida. Mas não é o que acontece, precisamos corrigir os rumos”, desabafa.

Como jornalista, André Trigueiro ressalta a função social da mídia na construção de um mundo sustentável. Para este assunto ele dedica um capítulo do livro Mundo Sustentável 2, onde destaca que os meios de comunicação têm a capacidade de gerar informações, influenciar hábitos, comportamentos e padrões de consumo, os quais podem colaborar com o meio ambiente. “A boa notícia é que temos em nosso favor o conhecimento, a tecnologia, além de recursos suficientes para apontar uma nova direção, reduzindo este nível de destruição e degradação do meio ambiente”, destaca.

“Tudo o que é feito no varejo é feito de pedacinhos da natureza”

De quem é a responsabilidade com o meio ambiente? Do governo? Das empresas? Da própria natureza? Por onde começar? Para onde os olhares sustentáveis devem estar voltados? André Trigueiro responde essas questões de maneira simplificada e ratifica que hiperconsumismo não é sinônimo de felicidade. Ressalta ainda que as pessoas precisam ter a clareza de que colecionar bens e objetos situa a humanidade na posição de um parasita que lota o planeta do que é desnecessário. “Colecionar relógios, sapatos, roupas, carros, telefones, não faz sentido. Tudo o que é feito no varejo é feito de pedacinhos da natureza: água, matéria prima e energia. Então, praticar o consumo consciente, o consumo ético, o consumo sustentável, é muito importante. Precisamos cuidar pra não faltar. É questão de legado”, reflete.

O merecido espaço midiático

Há uma progressão no espaço dedicado à sustentabilidade pela mídia, mas há muito que melhorar. As novas plataformas de comunicação permitem a revolução na forma como se pensa e faz notícia. A grande pulverização das mídias nos meios digitais é um fenômeno irreversível que permite a redemocratização da informação e abre caminho para uma bordagem diferenciada das causas ambientais. “A crise do meio ambiente impõe à mídia uma abordagem mais precisa e cuidadosa do assunto”, ressalta o jornalista da Globo News.

Como o clima ainda não é uma ciência exata, o aquecimento global ainda é um assunto frio nas redações. Estas não têm como saber quando e como os fenômenos ambientais podem acontecer, já que os jornalistas são reféns do factual. Os fenômenos podem ser próximos, com poucos intervalos, porém não são precisos. Assim, não têm o peso e a densidade do factual, embora sejam urgentes.

E o papel da Universidade?

As universidades de Jornalismo, assim como as de Geografia e Engenharia,  devem preparar profissionais que coloquem a sociedade a par do nível de crise ambiental existente. “Não podemos mais produzir uma geração de jornalistas analfabetos ambientais”, preocupa-se o professor de jornalismo ambiental. Embora afirme que  não se deve exigir de um acadêmico a informação de especialista, já que este papel é da fonte,  ressalta  a importância de um pacote mínimo de informações que ajudem o futuro repórter a definir o que cabe destacar como notícia ambiental.

O jornalista deve sair da faculdade sabendo o que são transgênicos, agrotóxicos, mudança climática, destruição da biodiversidade, produção monumental de lixo, agravamento da crise urbana,  colapso da mobilidade, os quais regulam a agenda da sociedade. Ainda que esta disciplina seja optativa, esses conteúdos devem ser ministrados para que o repórter tenha o mínimo de competência para dar o devido valor à sustentabilidade dentro de um noticiário, além de repercutir às necessidades do meio ambiente, com clareza.

Para saber mais sobre o assunto, participe da abertura do XIX Simpósio de Pesquisa de Comunicação e Extensão (SEPE), sexta-feira, 8 de maio, 19 horas, no Salão de Atos do Prédio I, Conjunto I do Centro Universitário Franciscano. O objetivo do SEPE é atrair os olhares da comunidade acadêmica para o bom senso ético no uso dos recursos da natureza, já que as cidades são ecossistemas artificiais, onde se recria a natureza com a readequação de um espaço de acordo com as demandas, necessidades e  idealizações estéticas do homem. Problemas ambientais não se resolvem apenas amarrando a sacolinha do lixo e jogando no caminhão para que o gari dê um fim. Quanto antes as pessoas se derem conta disso, mais cedo as atitudes terão efeito.