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Mudança climática agrava doenças crônicas

Em pleno equinócio (início do outono, no hemisfério sul), os dias estão abafados, floridos e agradam muitas pessoas que preferem a primavera ou verão ao inverno. Dia 21 de junho deste ano iniciou a estação do frio, que acaba no dia 23 de setembro. Porém, tivemos algumas temperaturas atípicas nos últimos dias: os termômetros chegaram a 29°C.

Com o clima quente, muitas pessoas buscam opções para se refrescar, como sorvetes e milkshakes (Foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)
Com o clima quente, muitas pessoas buscam opções para se refrescar, como sorvetes e milkshakes (Foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)

Devido à essa modificação, as pessoas começaram a sair de casa sem aqueles casacos de lã, sem cachecóis, acostumaram-se com o calorzinho, mas muitas também foram prejudicadas com a inversão das estações. Doenças crônicas como asma, bronquite, rinite, intensificam-se com essas alterações climáticas.

De 15 pessoas consultadas para esta matéria, oito preferem a temperatura atual e aprovam da mudança do clima, apesar das doenças de vias orais piorarem. “Gostaria de um pouco mais de frio. Os dias estão muito abafados. Tenho rinite alérgica que piora com isso”, explica Fernanda de Camargo, 26, que estuda Odontologia no Centro universitário Franciscano.

Outros estudantes gostam do clima quente, mas se preocupam com o motivo de termos altas temperaturas em pleno inverno, como Nayanni Secco, 19. A acadêmica de Design acredita que isso é ruim para o planeta. “Além da minha rinite que se intensifica com a brusca alternância, significa que algo está errado com o planeta, pois não devia fazer tão calor nesses meses”, nota Nayanni.

Segundo a coordenadora do curso de Enfermagem, Amarílis Floriano da Silva, e a enfermeira do Centro Universitário Franciscano Fabiana Porto, a mudança de temperatura influencia bastante na imunidade do corpo, não somente no verão mas também nas baixas temperaturas. Com isso, surgem as doenças sazonais. No inverno e na primavera, quando é frio pela manhã e de tarde esquenta, nosso organismo, que não está acostumado com essas modificações, acaba se fragilizando. “As pessoas têm se queixado bastante de rinite e sinusite, pois neste inverno atípico todas as árvores florescem, e o vento traz o pólen, ocasionando a intensificação das doenças crônicas”, explica Amarílis. A coordenadora atenta para as roupas de inverno e os cobertores, que, por ficarem muito tempo guardados, acabam acumulando ácaro e mofo, quando as pessoas vão usá-los entram em contato com esses fatores alergênicos que provocam doenças respiratórias.

“Em relação às doenças orais, vemos muito que as pessoas cardíacas e hipertensas durante essa mudança brusca, principalmente no inverno, apresentarem maiores sintomas, mesmo com a medicação regular. Também temos que olhar para a questão social. Muitas pessoas não têm acesso a  higiene, alimentação adequada e medicamentos. São pessoas que têm doenças respiratórias agravadas, moram nas periferias, com a imunidade baixa. Então são internadas com pneumonia, na maioria dos casos”, nota Fabiana.

Essa população periférica não consegue acompanhar as políticas de saúde do governo, não tem acesso aos postos (e esses também são precários). A alteração climática é apenas uma das engrenagens que afetam a saúde pública, pois o maior dos fatores é a vulnerabilidade social, de acordo com Fabiana. A população menos favorecida são mais afetadas por esse clima oscilante, mas por toda uma questão que gera essa precariedade na saúde dessas pessoas.

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Em pleno equinócio (início do outono, no hemisfério sul), os dias estão abafados, floridos e agradam muitas pessoas que preferem a primavera ou verão ao inverno. Dia 21 de junho deste ano iniciou a estação do frio, que acaba no dia 23 de setembro. Porém, tivemos algumas temperaturas atípicas nos últimos dias: os termômetros chegaram a 29°C.

Com o clima quente, muitas pessoas buscam opções para se refrescar, como sorvetes e milkshakes (Foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)
Com o clima quente, muitas pessoas buscam opções para se refrescar, como sorvetes e milkshakes (Foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)

Devido à essa modificação, as pessoas começaram a sair de casa sem aqueles casacos de lã, sem cachecóis, acostumaram-se com o calorzinho, mas muitas também foram prejudicadas com a inversão das estações. Doenças crônicas como asma, bronquite, rinite, intensificam-se com essas alterações climáticas.

De 15 pessoas consultadas para esta matéria, oito preferem a temperatura atual e aprovam da mudança do clima, apesar das doenças de vias orais piorarem. “Gostaria de um pouco mais de frio. Os dias estão muito abafados. Tenho rinite alérgica que piora com isso”, explica Fernanda de Camargo, 26, que estuda Odontologia no Centro universitário Franciscano.

Outros estudantes gostam do clima quente, mas se preocupam com o motivo de termos altas temperaturas em pleno inverno, como Nayanni Secco, 19. A acadêmica de Design acredita que isso é ruim para o planeta. “Além da minha rinite que se intensifica com a brusca alternância, significa que algo está errado com o planeta, pois não devia fazer tão calor nesses meses”, nota Nayanni.

Segundo a coordenadora do curso de Enfermagem, Amarílis Floriano da Silva, e a enfermeira do Centro Universitário Franciscano Fabiana Porto, a mudança de temperatura influencia bastante na imunidade do corpo, não somente no verão mas também nas baixas temperaturas. Com isso, surgem as doenças sazonais. No inverno e na primavera, quando é frio pela manhã e de tarde esquenta, nosso organismo, que não está acostumado com essas modificações, acaba se fragilizando. “As pessoas têm se queixado bastante de rinite e sinusite, pois neste inverno atípico todas as árvores florescem, e o vento traz o pólen, ocasionando a intensificação das doenças crônicas”, explica Amarílis. A coordenadora atenta para as roupas de inverno e os cobertores, que, por ficarem muito tempo guardados, acabam acumulando ácaro e mofo, quando as pessoas vão usá-los entram em contato com esses fatores alergênicos que provocam doenças respiratórias.

“Em relação às doenças orais, vemos muito que as pessoas cardíacas e hipertensas durante essa mudança brusca, principalmente no inverno, apresentarem maiores sintomas, mesmo com a medicação regular. Também temos que olhar para a questão social. Muitas pessoas não têm acesso a  higiene, alimentação adequada e medicamentos. São pessoas que têm doenças respiratórias agravadas, moram nas periferias, com a imunidade baixa. Então são internadas com pneumonia, na maioria dos casos”, nota Fabiana.

Essa população periférica não consegue acompanhar as políticas de saúde do governo, não tem acesso aos postos (e esses também são precários). A alteração climática é apenas uma das engrenagens que afetam a saúde pública, pois o maior dos fatores é a vulnerabilidade social, de acordo com Fabiana. A população menos favorecida são mais afetadas por esse clima oscilante, mas por toda uma questão que gera essa precariedade na saúde dessas pessoas.