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A Páscoa e as diferenças culturais

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A Páscoa é a data comemorativa mais importante do calendário cristão. Porém, se tornou tão comercial que o significado se perdeu. Para os católicos é a passagem da morte para a vida e um recomeço livre de pecados. A Páscoa está inserida na Semana Santa que tem como objetivo simbolizar os passos de Jesus até sua ressurreição. Tem início no domingo de ramos e se estende até o domingo pascal.

Aqui no Brasil, o ápice da celebração é a sexta-feira da paixão e o domingo de Páscoa. Já é tradição na sexta-feira as pessoas se reunirem e se alimentarem com peixe, simbolo da comunhão à Cristo através da abstinência da carne e pão e vinho, ambos representam a vida eterna,  já que o pão para os católicos é o corpo de Jesus e o vinho seu sangue. No domingo,  o simbolismo está ligado à Cruz que denota a vitória de Jesus sobre a morte.

Todavia, outros símbolos fazem parte da comemorações católicas ligada a páscoa: os ramos, relembra a entrada de Jesus em Jerusalém; o cordeiro, significa o sacrifício de Cristo em favor do seu rebanho;  o círio pascal, vela acessa no sábado de aleluia que representa Cristo ressurgindo para iluminar nosso caminho; o coelho, simboliza a fertilidade e a capacidade da Igreja em conquistar novos discípulos e o ovo, que remete ao nascimento e começo de uma vida nova.

A celebração do domingo, que leva o nome de Páscoa tem seu termo originado do hebraico Pessach e isto não é uma coincidência. Afinal, a páscoa cristã surge a partir da páscoa judaica, apesar dos significados e o dia da cerimônia serem distintos. No judaísmo a data celebra a libertação do povo judeu no Egito e ocorre de 22 à 30 de abril, de acordo com o calendário hebraico deste ano. Dentre as comemorações estão: Chamêtz e Matzá, que começa a partir das 9h30, da primeira manhã do Pessach; O jejum dos primogênitos, um dia antes da celebração e o Seder, principal ceia da festividade.

O Chamêtz e Matzá, é a quando os judeus cortam de suas refeições todo alimento que contenha trigo, aveia, cevada, centeio e outros cereais durante a comemoração. Isso acontece porque os alimentos estão sujeitos à fermentação quando entram em contato com a água e quando isso acontece se tornam chamêtz. Assim, todo o produto à base de farinha não faz parte da mesa. 

Neste período podem ser consumidos normalmente carnes, aves e peixes – abatidos conforme as leis judaicas – frutas, verduras, legumes e laticínios e o matzá. “Quando os hebreus fugiram em busca da terra prometida, não tiveram tempo para esperar o crescimento do pão que os alimentaria durante a jornada, daí a proibição do fermento. Esse fato explica o uso da fécula de batata para fazer o matzá (pão)”, explica a chef Simone Chevis, do Centro de Cultura Judaica. Vale ressaltar que se o pão judaico for feito com farinha de trigo e água, o preparo não deve ultrapassar 18 minutos sob o risco de iniciar a fermentação.

o Jejum dos Primogênitos, começa no alvorecer e pode ser quebrado a assim que a pessoa participa de uma benção na sinagoga e é feito em gratidão por Deus te-los polpado da morte, na décima praga. Se a festa cair em um sábado, como é o caso deste ano, o jejum deve ser realizado na quinta-feira que o antecede. Mas neste caso, mais importante que o dia da festa é o ritual, Bedicat Chamêtz (a busca pelo alimento fermentado). Esta preparação envolve a eliminação de qualquer tipo de alimento fermentado e não basta retirar de dentro da casa, tem que embrulhar e queimar. Ainda, os utensílios de cozinha devem ser limpos, por isso, muitas famílias guardam jogos de pratos, panelas e talheres para serem usados exclusivamente no Pessach.

A eliminação dos produtos fermentados é uma forma de purificar a alma e o coração humano. As imperfeições morais do ser humano são comparados ao processo de fermentação. De acordo com misticismo judaico, assim como a massa se enche de ar e cresce, o homem se preenche de vaidade. 

Porém, o ponto alto do Pessach é o Seder e só pode ocorrer após a casa da família estar completamente limpa de alimentos proibidos. A ceia festiva, que este ano ocorre no dia 23 de abril,  tem como objetivo relembrar toda a história de escravidão e libertação do povo judeu no Egito, contada pela Hagadá Shel Pessach (Relato de Pessach). Nos relatos também constam todos os detalhes para a condução do Seder, como o ritual religioso e as músicas típicas. Já no que se refere às refeições judaicas, principalmente no Pessach, os ingredientes são muito mais do que uma simples comida no prato e todos os alimentos servidos possuem um significado especial:

  • Matzá – recorda a pressa com que nossos antepassados tiveram que sair do Egito. É costume colocar três matzot à mesa, que simbolizam as linhagens Cohen, Levi e Israel do povo judeu.
  • Vinho – símbolo de alegria. Durante o Seder se deve tomar quatro copos, que representam as quatro expressões de redenção mencionadas na Torá: “Eu vos tirarei (Hotsêti) de sob as cargas dos egípcios”; “e vos salvarei (Hitsálti) do seu serviço”; “e vos redimirei (Gaálti) com braço estendido e grandes juízos”; “e vos tomarei (Lacáchti) por Meu povo, e serei para vós Deus…” (Êxodo 6:6-7).

Na Keará shel Pessach (Bandeja de Pessach), deve conter os seguintes itens:

  •  Batsá (ovo cozido) – símbolo de luto, recorda a destruição dos Templos de Jerusalém. Seu formato simboliza também o fato de a vida “dar voltas”, ou seja, que da escravidão passamos a ser livres.
  •  Zeroá (osso de perna de boi ou frango) – assim como o ovo, recorda a destruição do Templo. O osso deve ser preferencialmente de perna, para simbolizar também a saída dos judeus do Egito.
  • Marór (erva amarga) – representa a amargura da escravidão no Egito.  Escarola ou alface para os Sefaradim e raiz forte entre os Ashquenazim
  • Karpás – ramos de salsa ou salsão entre os sefaradim. Salsinha, cebola e batata na mesa dos Ashquenazim – estão ligados ao renascimento, a liberdade e a esperança no futuro.
  • Charósset – simboliza a argamassa usada pelos escravos judeus na construção do Egito. É feita com maçãs raladas, nozes moídas, vinho tinto e canela.
  • Água salgada – representa todas as lágrimas do povo hebreu ao longo da história.

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A Páscoa é a data comemorativa mais importante do calendário cristão. Porém, se tornou tão comercial que o significado se perdeu. Para os católicos é a passagem da morte para a vida e um recomeço livre de pecados. A Páscoa está inserida na Semana Santa que tem como objetivo simbolizar os passos de Jesus até sua ressurreição. Tem início no domingo de ramos e se estende até o domingo pascal.

Aqui no Brasil, o ápice da celebração é a sexta-feira da paixão e o domingo de Páscoa. Já é tradição na sexta-feira as pessoas se reunirem e se alimentarem com peixe, simbolo da comunhão à Cristo através da abstinência da carne e pão e vinho, ambos representam a vida eterna,  já que o pão para os católicos é o corpo de Jesus e o vinho seu sangue. No domingo,  o simbolismo está ligado à Cruz que denota a vitória de Jesus sobre a morte.

Todavia, outros símbolos fazem parte da comemorações católicas ligada a páscoa: os ramos, relembra a entrada de Jesus em Jerusalém; o cordeiro, significa o sacrifício de Cristo em favor do seu rebanho;  o círio pascal, vela acessa no sábado de aleluia que representa Cristo ressurgindo para iluminar nosso caminho; o coelho, simboliza a fertilidade e a capacidade da Igreja em conquistar novos discípulos e o ovo, que remete ao nascimento e começo de uma vida nova.

A celebração do domingo, que leva o nome de Páscoa tem seu termo originado do hebraico Pessach e isto não é uma coincidência. Afinal, a páscoa cristã surge a partir da páscoa judaica, apesar dos significados e o dia da cerimônia serem distintos. No judaísmo a data celebra a libertação do povo judeu no Egito e ocorre de 22 à 30 de abril, de acordo com o calendário hebraico deste ano. Dentre as comemorações estão: Chamêtz e Matzá, que começa a partir das 9h30, da primeira manhã do Pessach; O jejum dos primogênitos, um dia antes da celebração e o Seder, principal ceia da festividade.

O Chamêtz e Matzá, é a quando os judeus cortam de suas refeições todo alimento que contenha trigo, aveia, cevada, centeio e outros cereais durante a comemoração. Isso acontece porque os alimentos estão sujeitos à fermentação quando entram em contato com a água e quando isso acontece se tornam chamêtz. Assim, todo o produto à base de farinha não faz parte da mesa. 

Neste período podem ser consumidos normalmente carnes, aves e peixes – abatidos conforme as leis judaicas – frutas, verduras, legumes e laticínios e o matzá. “Quando os hebreus fugiram em busca da terra prometida, não tiveram tempo para esperar o crescimento do pão que os alimentaria durante a jornada, daí a proibição do fermento. Esse fato explica o uso da fécula de batata para fazer o matzá (pão)”, explica a chef Simone Chevis, do Centro de Cultura Judaica. Vale ressaltar que se o pão judaico for feito com farinha de trigo e água, o preparo não deve ultrapassar 18 minutos sob o risco de iniciar a fermentação.

o Jejum dos Primogênitos, começa no alvorecer e pode ser quebrado a assim que a pessoa participa de uma benção na sinagoga e é feito em gratidão por Deus te-los polpado da morte, na décima praga. Se a festa cair em um sábado, como é o caso deste ano, o jejum deve ser realizado na quinta-feira que o antecede. Mas neste caso, mais importante que o dia da festa é o ritual, Bedicat Chamêtz (a busca pelo alimento fermentado). Esta preparação envolve a eliminação de qualquer tipo de alimento fermentado e não basta retirar de dentro da casa, tem que embrulhar e queimar. Ainda, os utensílios de cozinha devem ser limpos, por isso, muitas famílias guardam jogos de pratos, panelas e talheres para serem usados exclusivamente no Pessach.

A eliminação dos produtos fermentados é uma forma de purificar a alma e o coração humano. As imperfeições morais do ser humano são comparados ao processo de fermentação. De acordo com misticismo judaico, assim como a massa se enche de ar e cresce, o homem se preenche de vaidade. 

Porém, o ponto alto do Pessach é o Seder e só pode ocorrer após a casa da família estar completamente limpa de alimentos proibidos. A ceia festiva, que este ano ocorre no dia 23 de abril,  tem como objetivo relembrar toda a história de escravidão e libertação do povo judeu no Egito, contada pela Hagadá Shel Pessach (Relato de Pessach). Nos relatos também constam todos os detalhes para a condução do Seder, como o ritual religioso e as músicas típicas. Já no que se refere às refeições judaicas, principalmente no Pessach, os ingredientes são muito mais do que uma simples comida no prato e todos os alimentos servidos possuem um significado especial:

  • Matzá – recorda a pressa com que nossos antepassados tiveram que sair do Egito. É costume colocar três matzot à mesa, que simbolizam as linhagens Cohen, Levi e Israel do povo judeu.
  • Vinho – símbolo de alegria. Durante o Seder se deve tomar quatro copos, que representam as quatro expressões de redenção mencionadas na Torá: “Eu vos tirarei (Hotsêti) de sob as cargas dos egípcios”; “e vos salvarei (Hitsálti) do seu serviço”; “e vos redimirei (Gaálti) com braço estendido e grandes juízos”; “e vos tomarei (Lacáchti) por Meu povo, e serei para vós Deus…” (Êxodo 6:6-7).

Na Keará shel Pessach (Bandeja de Pessach), deve conter os seguintes itens:

  •  Batsá (ovo cozido) – símbolo de luto, recorda a destruição dos Templos de Jerusalém. Seu formato simboliza também o fato de a vida “dar voltas”, ou seja, que da escravidão passamos a ser livres.
  •  Zeroá (osso de perna de boi ou frango) – assim como o ovo, recorda a destruição do Templo. O osso deve ser preferencialmente de perna, para simbolizar também a saída dos judeus do Egito.
  • Marór (erva amarga) – representa a amargura da escravidão no Egito.  Escarola ou alface para os Sefaradim e raiz forte entre os Ashquenazim
  • Karpás – ramos de salsa ou salsão entre os sefaradim. Salsinha, cebola e batata na mesa dos Ashquenazim – estão ligados ao renascimento, a liberdade e a esperança no futuro.
  • Charósset – simboliza a argamassa usada pelos escravos judeus na construção do Egito. É feita com maçãs raladas, nozes moídas, vinho tinto e canela.
  • Água salgada – representa todas as lágrimas do povo hebreu ao longo da história.