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Santa Maria, RS, Brazil

Não é preciso trocar o pretinho básico pela lycra azul e vermelha

Observatório da mídia CS-02

Thayane Rodrigues

O artigo “Mais Batman, menos Super-Homem: uma metáfora dos quadrinhos para o estudo do jornalismo multitarefa” me chamou a atenção logo de cara por conta do título, pois muito além de utilizar o nome de um dos meus personagens favoritos nos quadrinhos, também se propõe a utilizar a realidade fictícia dele como parâmetro para um jornalista multitarefa. Um outro ponto que também me ganhou logo no começo deste texto foi a questão de abordar o personagem Clark Kent, mais conhecido como Super-Homem, como um exagero de se esperar de qualquer pessoa, pois ele não é humano, e todos nós, de qualquer profissão que seja, somos, logo é necessário adquirir para si como meta de profissionalismo, um personagem que seja real, mesmo que fictício. É nessa hora que entram as questões de personalidade e características que fazem do Batman um modelo a ser seguido nas redações jornalísticas nos dias atuais.

Bom, primeiramente gostaria de dizer que concordo em gênero, número e grau com o autor quando, depois de muito falar sobre as personalidades difíceis de serem copiadas do Super-Homem, ele traz o Batman como uma versão mais acessível e realista de como um jornalista pode e, de certa forma, precisa buscar ser nos dias de hoje. O fato de Bruce Wayne ter se empenhado desde cedo em fazer de sua vida uma jornada, em busca aperfeiçoamento de técnicas adquiridas e conhecimento, já faz dele uma inspiração. Soma-se a isso o fato dele também ser um bom líder, proativo, rápido e capaz de se adaptar rapidamente ao cenário em que se encontra. No que isso resulta? Em um personagem que, mesmo irreal, possui todas as características que eu, como futura jornalista, preciso ter, se quiser conseguir um emprego na área de comunicação.

É de certa forma um pouco triste pensar que a realidade das redações cheias de gente do início dos anos 1980 parece, hoje, algo distante. É triste porque jornalismo é comunicação, conversa, diálogo, expressão de ideias, troca de informações. Aquilo que antes era tarefa de cinco hoje é preciso que seja de um só: pautar matérias, apurá-las, redigi-las, revisá-las,correr atrás de recursos audiovisuais necessários, tudo quase que feito por uma pessoa só. Isso me parece tarefa para um Clark Kent da vida. Mas na visão que tenho sobre isso, esse material perderia a essência humana, coisa que Bruce Wayne possui como ninguém. Logo, entendendo que os tempos hoje são outros, e a cada dia que passa se valoriza muito mais a quantidade de habilidades do que necessariamente a qualidade das mesmas, é preciso ser um Batman, e buscar especializar-se em diversas áreas do saber, dominando minimamente essas áreas, torna-se muito mais fácil a tarefa de encontrar um emprego após o término da faculdade.

Para isso, é preciso fazer valer o conceito de que tamanho não é documento. Aquele clichê de que qualidade é mais importante do que quantidade… Sim, pois seria muito difícil imaginar que um diretor de jornal iria preferir o Batman ao Super-Homem. Primeiro que por questões lógicas, o forte e mais habilidoso e poderoso de todos tem uma vantagem literalmente sobre-humana em relação ao simples vigilante que domina as artes marciais e possui domínio sobre vários saberes. Infelizmente estamos caminhando para uma realidade onde o trabalhador ideal que os contratantes procuram não se cansa, não se importa em ser mal remunerado, não precisa dormir, comer, ter vida social, e não se importa em ser sobrecarregado de tarefas no trabalho, afinal, ele possui super-força e voa pelos céus com um ‘S’ no peito, que significa esperança. Uma realidade um tanto quanto distorcida da que se apresenta, onde o que se tem a oferecer são vários vigilantes com muita vontade de mudarem as coisas e mostrarem para todos o seu real valor e poder, que não inclui visão de raio-x, nem uma namorada jornalista bem bonita e encrenqueira, mas são garantia de que o trabalho em equipe, que nos anos 1980 eram a base para uma boa matéria jornalística existir, seguirá sendo valorizado e estimado.

Eu prefiro partir do ponto de vista de que ninguém é bom em tudo, sozinho. Gosto de uma citação desse texto onde o autor escreve: “este modelo destrói a especialização técnica e gera produtos textuais e audiovisuais que são essencialmente medíocres. Pau pra toda obra, mestre em nada”. Acredito que o profissional Batman precisa continuar sendo valorizado sim, e que esse indício de idealização de um jornalista Super-Homem não ganhe força. Precisa ser levado em conta que, como seres humanos, por mais multimidiáticos que possamos ser, e pela maior quantidade de tarefas que nos encarregamos de gerir, sozinhos, no final do dia ainda somos humanos, nos sentimos cansados, e possuímos uma infinidade de outros problemas, além do trabalho. Logo, acredito que valha a pena levar ainda em consideração a questão de que jornalismo bem feito precisa de comunicação e troca de informações. Coisa que não se pode fazer sozinho. Coisa que é preciso ser Batman, vestir a camisa da causa, e tentar de todas as formas fazer o mínimo de bagunça possível, o que já desclassifica o Super-Homem dessa competição. Para a alegria de muitos que, assim como eu, respiram aliviados por não terem de se preocupar, por enquanto, em trocar o pretinho básico pela lycra azul e vermelha.

Resenha do texto “Mais Batman, menos Super-Homem: uma metáfora dos quadrinhos para o estudo do jornalista multitarefa”, de Alexandre Lenzi. Texto produzido originalmente para a cadeira de Jornalismo Digital I, sob a orientação do professor Maurício Dias.

ThayaneThayane Rodrigues, 19 anos, estudante e admiradora das práticas do jornalismo. Acredita que as palavras têm um poder inimaginável e, por isso, escolheu a escrita como forma de deixar a sua marca no mundo. Com muitas playlists dos mais variados estilos musicais, bons livros, sua gata e pessoas leves e despreocupadas em sua companhia, ela sabe que seu único objetivo é continuar a nadar independente do que aconteça.

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Thayane Rodrigues

O artigo “Mais Batman, menos Super-Homem: uma metáfora dos quadrinhos para o estudo do jornalismo multitarefa” me chamou a atenção logo de cara por conta do título, pois muito além de utilizar o nome de um dos meus personagens favoritos nos quadrinhos, também se propõe a utilizar a realidade fictícia dele como parâmetro para um jornalista multitarefa. Um outro ponto que também me ganhou logo no começo deste texto foi a questão de abordar o personagem Clark Kent, mais conhecido como Super-Homem, como um exagero de se esperar de qualquer pessoa, pois ele não é humano, e todos nós, de qualquer profissão que seja, somos, logo é necessário adquirir para si como meta de profissionalismo, um personagem que seja real, mesmo que fictício. É nessa hora que entram as questões de personalidade e características que fazem do Batman um modelo a ser seguido nas redações jornalísticas nos dias atuais.

Bom, primeiramente gostaria de dizer que concordo em gênero, número e grau com o autor quando, depois de muito falar sobre as personalidades difíceis de serem copiadas do Super-Homem, ele traz o Batman como uma versão mais acessível e realista de como um jornalista pode e, de certa forma, precisa buscar ser nos dias de hoje. O fato de Bruce Wayne ter se empenhado desde cedo em fazer de sua vida uma jornada, em busca aperfeiçoamento de técnicas adquiridas e conhecimento, já faz dele uma inspiração. Soma-se a isso o fato dele também ser um bom líder, proativo, rápido e capaz de se adaptar rapidamente ao cenário em que se encontra. No que isso resulta? Em um personagem que, mesmo irreal, possui todas as características que eu, como futura jornalista, preciso ter, se quiser conseguir um emprego na área de comunicação.

É de certa forma um pouco triste pensar que a realidade das redações cheias de gente do início dos anos 1980 parece, hoje, algo distante. É triste porque jornalismo é comunicação, conversa, diálogo, expressão de ideias, troca de informações. Aquilo que antes era tarefa de cinco hoje é preciso que seja de um só: pautar matérias, apurá-las, redigi-las, revisá-las,correr atrás de recursos audiovisuais necessários, tudo quase que feito por uma pessoa só. Isso me parece tarefa para um Clark Kent da vida. Mas na visão que tenho sobre isso, esse material perderia a essência humana, coisa que Bruce Wayne possui como ninguém. Logo, entendendo que os tempos hoje são outros, e a cada dia que passa se valoriza muito mais a quantidade de habilidades do que necessariamente a qualidade das mesmas, é preciso ser um Batman, e buscar especializar-se em diversas áreas do saber, dominando minimamente essas áreas, torna-se muito mais fácil a tarefa de encontrar um emprego após o término da faculdade.

Para isso, é preciso fazer valer o conceito de que tamanho não é documento. Aquele clichê de que qualidade é mais importante do que quantidade… Sim, pois seria muito difícil imaginar que um diretor de jornal iria preferir o Batman ao Super-Homem. Primeiro que por questões lógicas, o forte e mais habilidoso e poderoso de todos tem uma vantagem literalmente sobre-humana em relação ao simples vigilante que domina as artes marciais e possui domínio sobre vários saberes. Infelizmente estamos caminhando para uma realidade onde o trabalhador ideal que os contratantes procuram não se cansa, não se importa em ser mal remunerado, não precisa dormir, comer, ter vida social, e não se importa em ser sobrecarregado de tarefas no trabalho, afinal, ele possui super-força e voa pelos céus com um ‘S’ no peito, que significa esperança. Uma realidade um tanto quanto distorcida da que se apresenta, onde o que se tem a oferecer são vários vigilantes com muita vontade de mudarem as coisas e mostrarem para todos o seu real valor e poder, que não inclui visão de raio-x, nem uma namorada jornalista bem bonita e encrenqueira, mas são garantia de que o trabalho em equipe, que nos anos 1980 eram a base para uma boa matéria jornalística existir, seguirá sendo valorizado e estimado.

Eu prefiro partir do ponto de vista de que ninguém é bom em tudo, sozinho. Gosto de uma citação desse texto onde o autor escreve: “este modelo destrói a especialização técnica e gera produtos textuais e audiovisuais que são essencialmente medíocres. Pau pra toda obra, mestre em nada”. Acredito que o profissional Batman precisa continuar sendo valorizado sim, e que esse indício de idealização de um jornalista Super-Homem não ganhe força. Precisa ser levado em conta que, como seres humanos, por mais multimidiáticos que possamos ser, e pela maior quantidade de tarefas que nos encarregamos de gerir, sozinhos, no final do dia ainda somos humanos, nos sentimos cansados, e possuímos uma infinidade de outros problemas, além do trabalho. Logo, acredito que valha a pena levar ainda em consideração a questão de que jornalismo bem feito precisa de comunicação e troca de informações. Coisa que não se pode fazer sozinho. Coisa que é preciso ser Batman, vestir a camisa da causa, e tentar de todas as formas fazer o mínimo de bagunça possível, o que já desclassifica o Super-Homem dessa competição. Para a alegria de muitos que, assim como eu, respiram aliviados por não terem de se preocupar, por enquanto, em trocar o pretinho básico pela lycra azul e vermelha.

Resenha do texto “Mais Batman, menos Super-Homem: uma metáfora dos quadrinhos para o estudo do jornalista multitarefa”, de Alexandre Lenzi. Texto produzido originalmente para a cadeira de Jornalismo Digital I, sob a orientação do professor Maurício Dias.

ThayaneThayane Rodrigues, 19 anos, estudante e admiradora das práticas do jornalismo. Acredita que as palavras têm um poder inimaginável e, por isso, escolheu a escrita como forma de deixar a sua marca no mundo. Com muitas playlists dos mais variados estilos musicais, bons livros, sua gata e pessoas leves e despreocupadas em sua companhia, ela sabe que seu único objetivo é continuar a nadar independente do que aconteça.