Talvez um dos maiores mistérios da humanidade seja a fé. Ainda que não se tenha comprovação científica ou evidência da existência de milagres e curas, essa força que brota do mais íntimo do ser humano é capaz de comover e mover pessoas. E não foi diferente na 74ª Romaria Estadual de Nossa Senhora Medianeira, realizada no dia 12 de novembro, em Santa Maria. Esta edição é realizada no Ano Mariano, celebrado pela Igreja Católica no Brasil em comemoração ao centenário da aparição de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, e aos 300 anos de surgimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no rio Paraíba do Sul, no Sudeste do Brasil.
Nem o forte calor impediu a participação dos fiéis na procissão, que culminou em missa campal no Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira. Agradecimento por graças alcançadas, pagamento de promessas e tradição familiar são os principais motivos que trouxeram mais de 300 mil fiéis a Santa Maria, incluindo caravanas de outros estados. Exemplos como o de João, deficiente visual de Belo Horizonte, que há 33 anos participa da Romaria da Medianeira. João Eduardo dos Santos, 50 anos, acompanha a procissão junto ao veículo que carregou a imagem da Mãe Medianeira pelas ruas da cidade. O próprio arcebispo de Santa Maria, Dom Hélio Adelar Rupert, reconhece a devoção de João. “É mais fácil o bispo não estar presente do que seu João faltar a uma romaria”, afirma em tom de brincadeira.
Há romeiros que contam suas curas pela Mãe Medianeira e comparecem anualmente desde então. Um deles é Dirceu Canabrava, 68 anos. Ele foi operado de úlceras no intestino grosso e no fígado. No entanto, como precisava manter os cinco filhos e a esposa, trabalhou logo após a operação, e adquiriu hérnia em função disso.
“A minha hérnia tinha tamanho semelhante ao de uma bola de bocha”, comenta. Ele fez os exames, marcou a cirurgia e aguardou três anos por falta de leito. Veio, então, a Romaria pedir pela cura, mesmo com dúvidas quanto ao milagre. Após a procissão não sentiu mais dor e garante que a hérnia desapareceu.