Nem sempre criança que faz “arte” se torna artista. Mas foi isso que aconteceu com Jaqueline Duarte. Da vontade de conhecer novos materiais – tintas, pincéis, argila – e explorar o mundo fora do seu apartamento, nasceu uma artista. A curiosidade de criança transformou Jaqueline na talentosa e reconhecida profissional que é hoje. Graduada em Artes Visuais – Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estudou desde anatomia, técnicas de materiais, pesquisa pessoal, redação e a fauna silvestre.
E da fauna, veio a inspiração inicial para desenvolver seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Na época, ouviu dos professores que deveria escolher para o tema da pesquisa algo que sentisse uma forte afinidade, e que valorizasse o que está ao seu redor. “Foi quando lembrei da minha coleção de penas. Decidi então, retratar a minha admiração pelos animais do Rio Grande do Sul”, conta Jaqueline. Da coleção de penas que costumava guardar desde criança, por achar os pássaros muito intrigantes, veio a possibilidade de retratar as aves ameaçadas de extinção, em seu TCC.
No seu cantinho, no seu momento, com uma boa música, um lugar tranquilo, em meio a folhas, pincéis, aquarelas, lápis e telas, Jaqueline cria suas obras. Estuda, pela internet, referências de espécies de rara visualização, pesquisa teorias sobre a biologia da fauna gaúcha, observa os animais que habitam próximo, mas “sempre respeitando o espaço deles, claro” enfatiza. A inspiração nem sempre vem nesses momentos, as ideias para as criações podem surgir a qualquer momento. E pode ser explicado pela ciência, “cabeça de artista funciona de forma diferente”, diz estudo da Revista NeuroImage.
Como aquele ditado popular de que as melhores ideias podem surgir até mesmo no banho. Por isso, os cadernos de desenho vão para todo o lado, com a artista: “tenho alguns, que sempre estão por perto, se surgir alguma oportunidade, desenho”.
Hoje, artista freelancer, Jaque, como gosta de ser chamada, trabalha desenhando arte para tatuagens, retratos de famílias, retratos de animais de estimação, ilustração de livros infantis e arte gráfica: cartões de visita, logomarcas, flyers, cartazes, banners.
E compartilha com orgulho a vasta experiência: muitas exposições durante a faculdade, com fotografia, desenhos de arquitetura e ilustrações científicas. Como parte do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ilustração Científica (NEPIC), durante o curso, Jaqueline expôs em Portugal, com o grupo orientado pelo professor Leonardo Charréu, que é natural do país. “Ele conseguiu oportunidades maravilhosas para levarmos nossos desenhos muito além do que esperávamos, no Palácio da Falcoaria Real em Salvaterra de Magos foi uma delas” lembra a artista.
No seu portfólio, também constam eventos culturais na região da Quarta Colônia, Feiras do Livro, Expo-feiras, e Exposições Coletivas, além do Inktober e o Projeto Mãos Livres. “Inktober é uma iniciativa para os artistas de todo o mundo, com a ideia de fazer e postar um desenho por dia, durante o mês de outubro. O Inktober se trata de crescimento, para melhorar e formar hábitos positivos, então quanto mais você for consistente, melhor”, afirma o ilustrador Jake Parker, criador da iniciativa.
Já o projeto Mãos Livres, orientado pela professora Melânia Casarin, do Departamento de Educação Especial da UFSM, tem como objetivo pesquisar a produção de artefatos bilíngues, atendendo a construção do conhecimento da população surda brasileira. “Lançamos através da Editora UFSM uma coleção de livros com mídia digital em Libras sobre Mamíferos Brasileiros em Extinção, onde eu atuei no bodyart – manifestação das artes visuais onde o corpo do artista é utilizado como suporte ou meio de expressão – e maquiagem dos personagens”, explica Jaqueline.
Para ela, a arte vai muito além de um simples papel ou uma tela, ela se expande trazendo desafios, aventuras e emoções na vida do artista.
Produzido por Caroline Comasseto e Luiza Rorato