Marielle Franco, socióloga, militante dos direitos humanos e a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro (pouco mais de 46,5 mil votos), nasceu na favela da Maré, na zona norte da cidade.
Contrariando as expectativas em relação à sua origem, formou-se em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RIO) com bolsa integral e fez mestrado na Universidade Federal Fluminense. Sua dissertação analisou a política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, estudando especificamente a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Militou pelos direitos humanos e, em 2016, se elegeu vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), com um programa que reivindicava a melhoria das condições das creches e escolas, a segurança no transporte público e a fiscalização das relações com o setor privado, a defesa dos direitos das mulheres negras e das moradoras das favelas e da cultura. O envolvimento com essas questões ganharam relevância quando em 2006 fez parte da campanha de Marcelo Freixo, então candidato a deputado estadual, na Comunidade da Maré. Após a eleição, passou a atuar na equipe de Freixo na área de Direitos Humanos. Atualmente, como vereadora, foi designada relatora na comissão da Câmara que vai fiscalizar a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Na noite de ontem, quarta-feira (14), foi alvejada por quatro tiros na cabeça, dentro de seu próprio carro, ao voltar da Lapa onde participou de um evento sobre a condição das mulheres. Também o motorista que conduzia o carro, Anderson Gomes, foi atingido e morreu.
O crime já apontado como execução pode ter sido motivado pelas denúncias que a vereadora vinha fazendo contra a ação violenta da polícia militar em Acari, região norte da cidade do Rio de Janeiro. Ativista também nas redes sociais, publicou em sua página por ocasião do assassinato de um jovem na favela do Jacarezinho “Mais um que pode estar entrando para a conta de homicídios da polícia. Quantos jovens precisarão morrer para que essa guerra aos pobres acabe?”
A perícia da polícia indicou que a arma utilizada foi uma pistola 9mm de uso da polícia federal, assim como a munição pertencia a um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília no ano de 2006.
O assassinato da vereadora mobilizou massivamente a população e a imprensa no Brasil e no exterior. Durante todo o dia de hoje, movimentos e organizações sociais no Brasil, partidos políticos de esquerda, o parlamento europeu, a representação da ONU entre outros exigem uma investigação séria e eficiente para que os culpados sejam identificados e feita justiça.