Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Grafite: as cores que dão vida à cidade

 

O grafite é uma forma de expressão. Para alguns, as pinturas feitas em locais públicos são apenas sujeira e poluição visual. Para outros, é uma maneira de retratar a realidade. A opressão do Estado sob o cidadão torna-se um gatilho para gritar pelas paredes. O grafite é um espelho para a realidade da periferia.

A palavra grafite traduz inscrições ou desenhos feitos em uma parede com o uso de um pedaço de carvão. Essa arte antiga, que foi ganhando espaço no mundo moderno e contemporâneo, não deve ser confundida com a pichação que também é um ato artístico, mas com um viés totalmente diferente, voltado para a escrita e não os desenhos. Na cidade de Santa Maria chamam atenção as paredes riscadas com as assinaturas dos pichadores. Muitos arriscam-se nas alturas para conseguir o melhor lugar entre os maiores prédios da cidade. Bons observadores conseguem captar desenhos, formas e palavras que passam despercebidas aos olhos das pessoas, devido à correria do dia-a-dia.

Existem relatos e vestígios dessa arte antiga e que continua atual no cenário artístico mundial. A popularização chegou a Nova Iorque, na década de 1970, onde os jovens usavam o grafite para expor a realidade das ruas, com grane influência do movimento do hip hop. Grafite e hip hop são as vozes das ruas, modos de se manifestar politica e culturalmente. Pelo mundo, diversos artistas destacam-se com seus desenhos. É de extrema importância a influência que os pioneiros têm para a evolução da arte. O artista precisa ser observador e criativo, pois de uma simples rachadura da parede pode surgir um desenho incrível. Cada um tem seu estilo e sua maneira de perpetuar a arte urbana.

En tre os expoentes da atualidade, temos Bansky, que mantem sua identidade secreta devido ao teor crítico de suas obras, sempre com um grane afrontamento à autoridade e ao poder; Basquiat, um jovem Nova Iorquino, que se tornou referência no mundo da arte e do grafite, e que inclusive foi pupilo de Andy Warhol, famoso artista do movimento pop art. A partir de Basquiat, o grafite alcançou o status de ARTE e não apenas poluição visual.

Arte de Banksy. Imagem: Reprodução

No Brasil o grafite surgiu também na década de 1970, na cidade de São Paulo, durante a ditadura militar, uma época de muita censura contra qualquer tipo de manifestação. Essa arte se tornou um importante meio de comunicação porque era uma arte de rua, transgressora e que demonstrava nas paredes a irritação daquela juventude. O estilo era muito parecido com o grafite americano, porém, com o tempo, foi evoluindo e ganhando um toque Brasileiro, fazendo com que o cenário do nosso país fosse reconhecido e respeitado entre os artistas mundiais.

Essa evolução tornou-se visível graças a pessoas como os irmãos Gustavo e Otavio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos, Eduardo Kobra, Crânio e outros artistas que representam muito bem o grafite Brasileiro.

Arte de Os Gêmeos. Imagem: Reprodução.

 

 

 

Arte de Kobra. Mural na fachada da Biblioteca Pública Municipal (Santa Maria/RS). Imagem: Reprodução.

 

 

Arte de Crânio. Imagem: Reprodução.

 

…..

 

O que diz a lei:

 

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

 

Art. 1o  Esta Lei altera o art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispondo sobre a proibição de comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 (dezoito) anos, e dá outras providências.

Art. 2o  Fica proibida a comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol em todo o território nacional a menores de 18 (dezoito) anos.

Art. 3o  O material citado no art. 2o desta Lei só poderá ser vendido a maiores de 18 (dezoito) anos, mediante apresentação de documento de identidade.

Parágrafo único.  Toda nota fiscal lançada sobre a venda desse produto deve possuir identificação do comprador.

Art. 4o  As embalagens dos produtos citados no art. 2o desta Lei deverão conter, de forma legível e destacada, as expressões “PICHAÇÃO É CRIME (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). PROIBIDA A VENDA A MENORES DE 18 ANOS.”

Art. 5o  Independentemente de outras cominações legais, o descumprimento do disposto nesta Lei sujeita o infrator às sanções previstas no art. 72 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 

Art. 6o  O art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 65.  Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:  Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

  • 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
  • 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.” (NR)

Art. 7o  Os fabricantes, importadores ou distribuidores dos produtos terão um prazo de 180 (cento e oitenta) dias, após a regulamentação desta Lei, para fazer as alterações nas embalagens mencionadas no art. 2o desta Lei.

Art. 8o  Os produtos envasados dentro do prazo constante no art. 7o desta Lei poderão permanecer com seus rótulos sem as modificações aqui estabelecidas, podendo ser comercializados até o final do prazo de sua validade.

Art. 9o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

 

Brasília, 25 de maio de 2011; 190o da Independência e 123o da República.

……

Sérgio José Toniolo, 72 anos, é um ex policial civil, aposentado por problemas de saúde. Essa figura peculiar de Porto Alegre escrevia cartas carregadas de críticas para as sessões de “Cartas dos Leitores” dos jornais da Capital, onde desferia o seu julgamento contra tudo e todos. Após difamar a imagem do seu “superior”, numa época em que ainda era policial, Toniolo foi aposentado e suas cartas aos jornais eram negadas a cada tentativa.

Restavam os muros, os prédios e as paredes para serem transformados em meios para espalhar sua mensagem. As primeiras pichações surgiram no centro de Porto Alegre, e não demorou muito para que o ex-policial conquistasse fãs.

Toniolo. Imagem: Reprodução.

O seu principal ato foi quando anunciou que iria pichar o Palácio do Piratini, com dia e hora já marcados: às 17 h do dia 17 de março de 1984. A tentativa de pichar a sede do Poder Executivo de Porto Alegre falhou e Toniolo foi detido pela policial quando estava prestes a completar sua assinatura, faltando apenas duas letras (T O N I O _ _).

Apesar de não ter sido perfeito, esse episódio foi o bastante para que a fama tornasse Sérgio José Toniolo uma das figuras mais expressivas da capital gaúcha.

Outra personagem urbana brasileira foi José Dantrino, uma pessoa que escolheu espalhar somente amor por onde passasse. José nasceu no bairro Cafelândia, no estado de São Paulo, morava com seus pais e onze irmãos. Trabalhou desde cedo nas terras locais para ajudar sua família e, aos 13 anos, começou a ter premonições sobre a sua missão na Terra, levando a sua família a pensar que o jovem sofria de alguma doença mental.

Sua vida mudou após um incêndio que ocorreu em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Uma fatalidade fez com quem 500 pessoas morressem no incêndio do “Gran Circus Norte-Americano”.

Seis dias após a tragédia, José afirma ter recebido vozes astrais que o guiavam para uma nova jornada em sua vida. Deveria abandonar o mundo material e focar suas energias no mundo espiritual, e isso fez com que pegasse o seu caminhão e fosse ao local das mortes.

Chegando lá, José se dispôs a plantar flores e uma horta nas cinzas do incêndio, permanecendo no local por mais quatro anos, levando carinho e confortando para famílias das vítimas. Graças a esse ato de compaixão e humanidade, José passou a ser chamado de Profeta Gentileza.

Após “cumprir” com a sua obrigação espiritual naquele local, Gentileza seguiu sua jornada pelas ruas do Rio de Janeiro. Fazia suas pregações em trens, ônibus e praças sempre levando palavras de bondade para as pessoas. Na década de 80, o Profeta deixava sua marca nas pilastras do viaduto do Caju onde escrevia frases e poemas para que todos pudessem admirar e refletir. José Dantrino faleceu no dia 28 de maio de 1996, deixando como legado a gentileza e o amor, que sempre foram os pilares de sua vida, espalhando a bondade entre todos e dedicando sua vida ao próximo.

José Dantrino, o Profeta Gentileza. Imagem: Reprodução.

 

A cena santa-mariense do grafite também é muito bem representada por aqueles que buscam expressar o seu subjetivo através da arte, que dá cor às ruas cinzas da cidade.

Launer Trindade, 21 anos, é tatuador e antes de escolher a profissão praticava a arte do grafite. Conheceu a técnica através de um evento organizado pelo movimento SubsoloArt. Após admirar os desenhos feitos por outros artistas no viaduto da gare decidiu correr atrás do conhecimento sobre o grafite para sua vida. “A arte me ensinou a ser mais sensitivo, a admirar/encontrar pichos/grafites. A ter menos preconceito e a ver as pessoas de forma mais humana”, relata Launer, que esperava, através do grafite, encontrar uma forma de fazer a diferença na cidade.

Subemo/Launer Trindade. Foto: Arquivo pessoal.

O jovem diz que começou a estudar a arte da tatuagem para poder ter uma renda “fixa”, pois o grafite sustenta poucos. Hoje consegue sustentar sua casa, pagar contas e viver como tatuador. Entre os estilos do grafite, Launer prefere “lettering” e “personas”, que são bem marcantes em seus desenhos.

O trabalho na rua pode sofrer interferências, pois o artista pode estar sozinho ou acompanhado de outros grafiteiros, que possuem estilos diferentes, mas que deverão trabalhar junto no desenho, deixando as particularidades de lado. “Grafitar de dia é sinônimo de um desenho mais trabalhado e feito com mais calma do que se estivesse fazendo na noite, que tem um sinônimo de pintura rápida, deixando o lado estético um pouco de lado e trazendo mais agilidade”, explica Launer que não está mais tão ativo como gostaria na cena do grafite devido ao seu trabalho. Ele diz que sente saudade e era feliz com a arte de rua.

Arte de Launer Trindade. Foto: Arquivo pessoal.

O grafite e a pichação são duas faces da mesma moeda, ambos são expressões artísticas, porém um é estigmatizado por preconceitos e é considerado poluição visual, enquanto o outro já deixou essa discriminação no passado e se tornou simplesmente ARTE. O picho – ou “pixo” – é visto como rabisco, e o grafite como desenho elaborado. “Acho a pichação linda, mas é desrespeitoso, ao meu ver, quase tanto quanto tocar em uma mulher, sem o consentimento dela. Porém, isso se vale para propriedade privada”, diz Launer, se referindo ao ato de pichar que ainda é muito confundido com o grafite, e como consequência trazendo um preconceito para com aqueles que apoiam e participam do movimento na cidade, no Brasil e no Mundo.

FONTES/REFERÊNCIAS:

– http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12408

– http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/2972-grafite-x-picha%C3%A7%C3%A3o-qual-a-diferen%C3%A7a

– htmhttps://www.portalsaofrancisco.com.br/arte/grafite

– https://www.ufrgs.br/vies/cultura/toniolo/

– http://jorge-menteaberta.blogspot.com.br/2013/02/a-historia-do-profeta-gentileza.html#.Wwb0fEgvzIU

– http://artistaspelagraca.blogspot.com.br/2013/03/graffiti-characters-persona-ou.html

– https://catracalivre.com.br/geral/agenda/indicacao/o-graffiti-e-suas-diferentes-formas/

– http://www.cei.santacruz.g12.br/~multi_trabalhos/grafite/estilos.htm

– http://am.radiomedianeira.com.br/2017/01/24/transformado-pela-acao-do-tempo-e-vandalismo-muro-da-memoria-esta-longe-de-ser-restaurado/

 

Texto produzido por Gabriel Leão, para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo, da Universidade Franciscana, durante o 1ºsemestre de 2019. Orientação: professora Carla Torres.

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O grafite é uma forma de expressão. Para alguns, as pinturas feitas em locais públicos são apenas sujeira e poluição visual. Para outros, é uma maneira de retratar a realidade. A opressão do Estado sob o cidadão torna-se um gatilho para gritar pelas paredes. O grafite é um espelho para a realidade da periferia.

A palavra grafite traduz inscrições ou desenhos feitos em uma parede com o uso de um pedaço de carvão. Essa arte antiga, que foi ganhando espaço no mundo moderno e contemporâneo, não deve ser confundida com a pichação que também é um ato artístico, mas com um viés totalmente diferente, voltado para a escrita e não os desenhos. Na cidade de Santa Maria chamam atenção as paredes riscadas com as assinaturas dos pichadores. Muitos arriscam-se nas alturas para conseguir o melhor lugar entre os maiores prédios da cidade. Bons observadores conseguem captar desenhos, formas e palavras que passam despercebidas aos olhos das pessoas, devido à correria do dia-a-dia.

Existem relatos e vestígios dessa arte antiga e que continua atual no cenário artístico mundial. A popularização chegou a Nova Iorque, na década de 1970, onde os jovens usavam o grafite para expor a realidade das ruas, com grane influência do movimento do hip hop. Grafite e hip hop são as vozes das ruas, modos de se manifestar politica e culturalmente. Pelo mundo, diversos artistas destacam-se com seus desenhos. É de extrema importância a influência que os pioneiros têm para a evolução da arte. O artista precisa ser observador e criativo, pois de uma simples rachadura da parede pode surgir um desenho incrível. Cada um tem seu estilo e sua maneira de perpetuar a arte urbana.

En tre os expoentes da atualidade, temos Bansky, que mantem sua identidade secreta devido ao teor crítico de suas obras, sempre com um grane afrontamento à autoridade e ao poder; Basquiat, um jovem Nova Iorquino, que se tornou referência no mundo da arte e do grafite, e que inclusive foi pupilo de Andy Warhol, famoso artista do movimento pop art. A partir de Basquiat, o grafite alcançou o status de ARTE e não apenas poluição visual.

Arte de Banksy. Imagem: Reprodução

No Brasil o grafite surgiu também na década de 1970, na cidade de São Paulo, durante a ditadura militar, uma época de muita censura contra qualquer tipo de manifestação. Essa arte se tornou um importante meio de comunicação porque era uma arte de rua, transgressora e que demonstrava nas paredes a irritação daquela juventude. O estilo era muito parecido com o grafite americano, porém, com o tempo, foi evoluindo e ganhando um toque Brasileiro, fazendo com que o cenário do nosso país fosse reconhecido e respeitado entre os artistas mundiais.

Essa evolução tornou-se visível graças a pessoas como os irmãos Gustavo e Otavio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos, Eduardo Kobra, Crânio e outros artistas que representam muito bem o grafite Brasileiro.

Arte de Os Gêmeos. Imagem: Reprodução.

 

 

 

Arte de Kobra. Mural na fachada da Biblioteca Pública Municipal (Santa Maria/RS). Imagem: Reprodução.

 

 

Arte de Crânio. Imagem: Reprodução.

 

…..

 

O que diz a lei:

 

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

 

Art. 1o  Esta Lei altera o art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispondo sobre a proibição de comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 (dezoito) anos, e dá outras providências.

Art. 2o  Fica proibida a comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol em todo o território nacional a menores de 18 (dezoito) anos.

Art. 3o  O material citado no art. 2o desta Lei só poderá ser vendido a maiores de 18 (dezoito) anos, mediante apresentação de documento de identidade.

Parágrafo único.  Toda nota fiscal lançada sobre a venda desse produto deve possuir identificação do comprador.

Art. 4o  As embalagens dos produtos citados no art. 2o desta Lei deverão conter, de forma legível e destacada, as expressões “PICHAÇÃO É CRIME (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). PROIBIDA A VENDA A MENORES DE 18 ANOS.”

Art. 5o  Independentemente de outras cominações legais, o descumprimento do disposto nesta Lei sujeita o infrator às sanções previstas no art. 72 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 

Art. 6o  O art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 65.  Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:  Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

  • 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
  • 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.” (NR)

Art. 7o  Os fabricantes, importadores ou distribuidores dos produtos terão um prazo de 180 (cento e oitenta) dias, após a regulamentação desta Lei, para fazer as alterações nas embalagens mencionadas no art. 2o desta Lei.

Art. 8o  Os produtos envasados dentro do prazo constante no art. 7o desta Lei poderão permanecer com seus rótulos sem as modificações aqui estabelecidas, podendo ser comercializados até o final do prazo de sua validade.

Art. 9o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

 

Brasília, 25 de maio de 2011; 190o da Independência e 123o da República.

……

Sérgio José Toniolo, 72 anos, é um ex policial civil, aposentado por problemas de saúde. Essa figura peculiar de Porto Alegre escrevia cartas carregadas de críticas para as sessões de “Cartas dos Leitores” dos jornais da Capital, onde desferia o seu julgamento contra tudo e todos. Após difamar a imagem do seu “superior”, numa época em que ainda era policial, Toniolo foi aposentado e suas cartas aos jornais eram negadas a cada tentativa.

Restavam os muros, os prédios e as paredes para serem transformados em meios para espalhar sua mensagem. As primeiras pichações surgiram no centro de Porto Alegre, e não demorou muito para que o ex-policial conquistasse fãs.

Toniolo. Imagem: Reprodução.

O seu principal ato foi quando anunciou que iria pichar o Palácio do Piratini, com dia e hora já marcados: às 17 h do dia 17 de março de 1984. A tentativa de pichar a sede do Poder Executivo de Porto Alegre falhou e Toniolo foi detido pela policial quando estava prestes a completar sua assinatura, faltando apenas duas letras (T O N I O _ _).

Apesar de não ter sido perfeito, esse episódio foi o bastante para que a fama tornasse Sérgio José Toniolo uma das figuras mais expressivas da capital gaúcha.

Outra personagem urbana brasileira foi José Dantrino, uma pessoa que escolheu espalhar somente amor por onde passasse. José nasceu no bairro Cafelândia, no estado de São Paulo, morava com seus pais e onze irmãos. Trabalhou desde cedo nas terras locais para ajudar sua família e, aos 13 anos, começou a ter premonições sobre a sua missão na Terra, levando a sua família a pensar que o jovem sofria de alguma doença mental.

Sua vida mudou após um incêndio que ocorreu em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Uma fatalidade fez com quem 500 pessoas morressem no incêndio do “Gran Circus Norte-Americano”.

Seis dias após a tragédia, José afirma ter recebido vozes astrais que o guiavam para uma nova jornada em sua vida. Deveria abandonar o mundo material e focar suas energias no mundo espiritual, e isso fez com que pegasse o seu caminhão e fosse ao local das mortes.

Chegando lá, José se dispôs a plantar flores e uma horta nas cinzas do incêndio, permanecendo no local por mais quatro anos, levando carinho e confortando para famílias das vítimas. Graças a esse ato de compaixão e humanidade, José passou a ser chamado de Profeta Gentileza.

Após “cumprir” com a sua obrigação espiritual naquele local, Gentileza seguiu sua jornada pelas ruas do Rio de Janeiro. Fazia suas pregações em trens, ônibus e praças sempre levando palavras de bondade para as pessoas. Na década de 80, o Profeta deixava sua marca nas pilastras do viaduto do Caju onde escrevia frases e poemas para que todos pudessem admirar e refletir. José Dantrino faleceu no dia 28 de maio de 1996, deixando como legado a gentileza e o amor, que sempre foram os pilares de sua vida, espalhando a bondade entre todos e dedicando sua vida ao próximo.

José Dantrino, o Profeta Gentileza. Imagem: Reprodução.

 

A cena santa-mariense do grafite também é muito bem representada por aqueles que buscam expressar o seu subjetivo através da arte, que dá cor às ruas cinzas da cidade.

Launer Trindade, 21 anos, é tatuador e antes de escolher a profissão praticava a arte do grafite. Conheceu a técnica através de um evento organizado pelo movimento SubsoloArt. Após admirar os desenhos feitos por outros artistas no viaduto da gare decidiu correr atrás do conhecimento sobre o grafite para sua vida. “A arte me ensinou a ser mais sensitivo, a admirar/encontrar pichos/grafites. A ter menos preconceito e a ver as pessoas de forma mais humana”, relata Launer, que esperava, através do grafite, encontrar uma forma de fazer a diferença na cidade.

Subemo/Launer Trindade. Foto: Arquivo pessoal.

O jovem diz que começou a estudar a arte da tatuagem para poder ter uma renda “fixa”, pois o grafite sustenta poucos. Hoje consegue sustentar sua casa, pagar contas e viver como tatuador. Entre os estilos do grafite, Launer prefere “lettering” e “personas”, que são bem marcantes em seus desenhos.

O trabalho na rua pode sofrer interferências, pois o artista pode estar sozinho ou acompanhado de outros grafiteiros, que possuem estilos diferentes, mas que deverão trabalhar junto no desenho, deixando as particularidades de lado. “Grafitar de dia é sinônimo de um desenho mais trabalhado e feito com mais calma do que se estivesse fazendo na noite, que tem um sinônimo de pintura rápida, deixando o lado estético um pouco de lado e trazendo mais agilidade”, explica Launer que não está mais tão ativo como gostaria na cena do grafite devido ao seu trabalho. Ele diz que sente saudade e era feliz com a arte de rua.

Arte de Launer Trindade. Foto: Arquivo pessoal.

O grafite e a pichação são duas faces da mesma moeda, ambos são expressões artísticas, porém um é estigmatizado por preconceitos e é considerado poluição visual, enquanto o outro já deixou essa discriminação no passado e se tornou simplesmente ARTE. O picho – ou “pixo” – é visto como rabisco, e o grafite como desenho elaborado. “Acho a pichação linda, mas é desrespeitoso, ao meu ver, quase tanto quanto tocar em uma mulher, sem o consentimento dela. Porém, isso se vale para propriedade privada”, diz Launer, se referindo ao ato de pichar que ainda é muito confundido com o grafite, e como consequência trazendo um preconceito para com aqueles que apoiam e participam do movimento na cidade, no Brasil e no Mundo.

FONTES/REFERÊNCIAS:

– http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12408

– http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/2972-grafite-x-picha%C3%A7%C3%A3o-qual-a-diferen%C3%A7a

– htmhttps://www.portalsaofrancisco.com.br/arte/grafite

– https://www.ufrgs.br/vies/cultura/toniolo/

– http://jorge-menteaberta.blogspot.com.br/2013/02/a-historia-do-profeta-gentileza.html#.Wwb0fEgvzIU

– http://artistaspelagraca.blogspot.com.br/2013/03/graffiti-characters-persona-ou.html

– https://catracalivre.com.br/geral/agenda/indicacao/o-graffiti-e-suas-diferentes-formas/

– http://www.cei.santacruz.g12.br/~multi_trabalhos/grafite/estilos.htm

– http://am.radiomedianeira.com.br/2017/01/24/transformado-pela-acao-do-tempo-e-vandalismo-muro-da-memoria-esta-longe-de-ser-restaurado/

 

Texto produzido por Gabriel Leão, para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo, da Universidade Franciscana, durante o 1ºsemestre de 2019. Orientação: professora Carla Torres.