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Mundo pet: um mercado em ascensão

A humanização dos pets tem melhorado o desempenho do mercado. Foto: Mariana Olhaberriet

Chega o aniversário do seu melhor amigo e você quer fazer algo especial, pensa em uma festa de aniversário personalizada, um horário no salão de beleza, na ioga ou no reiki. Mesmo que você não tenha pensado no seu animalzinho de estimação como o melhor amigo, todas as opções ditas ainda são possíveis de serem oferecidas aos amiguinhos de quatro patas. Cada vez mais os tutores têm humanizado seus pets, levando-os para terapia, padarias e cervejarias especializadas, sem contar os acessórios diferenciados que estão entre as inovações periódicas oferecidas pelas lojas. Segundo dados do Euromonitor, o mercado pet mundial lucrou US$ 124,6 bilhões em 2018, incluindo Pet Care, Pet Vet e Pet Food, que englobam os cuidados e acessórios, remédios e vacinas, e comida, respectivamente.

Essa humanização se estendeu para as redes sociais, em que os pets estão ganhando grande atenção e visibilidade, tornando-se celebridades e influenciadores digitais. Os tutores criam perfis dos animaizinhos para dividir os momentos com amigos e acaba que seu bichinho viraliza na internet. Os nomes criativos, as histórias e as características diferenciadas atraem muitos olhares, como no caso do bull terrier Jimmy Choo, o cachorro mais seguido do Brasil. Foi em 2016 que suas fotos se propagaram com rapidez pelo Instagram, ganhando diversos seguidores e presentes. Assim que ganhou uma coleção da famosa grife que leva seu nome, fez campanha para a Porsche e virou pingente da joalheria Vivara.  Ele também participou de campanhas pela causa animal e estrela o livro “Um cão chamado Jimmy”.

Dados do Instituto Pet Brasil (IPB) de 2019 apontam que existem 139,3 milhões de animais de estimação no país. Na contagem, a maioria dos animais são cães (54,2 mil), aves (39,8 mil), gatos (23,9 mil), e peixes (19,1 mil); o restante, 2,3 mil, são répteis e pequenos mamíferos. O crescimento populacional de pets foi de 5,2% desde 2013. Um dado que contribui bastante para esse crescimento é a adoção dos felinos (8,1%). Logo depois estão os peixes (6,1%), as aves (5%) e os cães (3,8%). As famílias têm procurado por companheiros para dividir e distribuir amor e carinho, porém, com mais pessoas indo morar sozinhas, em ambientes menores como apartamentos e kitnets, cresce a procura por animais que exijam cuidados mais simples e menos espaços. Assim, a procura pelos gatinhos cresce principalmente em cidades grandes.

Assim, não é nenhuma surpresa a afirmação de que 21,6% e 9,1% dos gatos estão concentrados nos estados de São Paulo e do Rio De Janeiro, respectivamente. Enquanto isso, 24,5% dos cães e das aves estão em São Paulo; 10% desses animais estão em Minas Gerais. Entre os peixes, 47,1% estão em São Paulo e 9,8% em Santa Catarina. Entre as regiões do Brasil, o sudeste tem 47,4% dos pets e cerca de 1/4 dos animais de estimação do País estão na capital paulista, deixando Minas Gerais com 10,1% e o Rio de Janeiro com 8,8% deles. A densidade populacional humana é o fator principal para se determinar o número de pets em um estado, e o conhecimento sobre estes números auxilia na programação de ações do setor para a expansão do mercado. Segundo relatório do Euromonitor, no intuito de consumir bons produtos e investir na saúde e bem-estar de seus pets, os brasileiros gastam uma média de R$ 273 anuais o que equivale a 2% de um salário mínimo. Porém em países como o Chile, esse gasto pode chegar a cerca de 9% do salário.

O mercado pet tem se consolidado e expandido seus produtos e demandas para todos tipos de animais, preparando melhor os pet shops, supermercados e clínicas veterinárias. Os novos hábitos familiares e estilos de vida que tem feito com que os animais se tornem a companhia ideal em muitos casos, virando parte do lar e estimulando a participação dos tutores no mercado. Em nível mundial, o faturamento cresceu de US$ 119,5 bilhões para US$ 124,6 bilhões em 2018, um aumento de 4,3%. Liderando os números, segundo o Euromonitor, está os Estados Unidos com 50% dos lucros, seguido pelo Brasil com 6,4%, e logo atrás está o Reino Unido com 6,1%. Nesse ranking, encontramos a China em 8º lugares, porém em nível populacional de pets, ela só perde para os EUA, mas ainda ganha do Brasil, o deixando em terceiro lugar.

As inovações do mercado pet dos Estados Unidos lhe garantem o topo dos rankings, um exemplo é os mercados naturais, com alimentação e petiscos à base de óleo de coco e ervas medicinais. Além dos acessórios e roupas cada vez mais parecidos com os de humanos, também existem novidades na área de brinquedos como os feitos de bambu, que duram muito e não tem toxinas, e os automáticos, como máquinas lançadoras de bolinha para o cachorro se divertir sozinho. Outro grande sucesso é a DOG TV, um canal voltado para cachorros que chegou ao Brasil em 2018, e o canal Cat Relaxa para os gatos.

Apesar de não oferecer tantas inovações quanto o mercado norte-americano, o IPB aponta que o Brasil faturou R$ 34,4 bilhões no ano passado, um aumento de 4,6% frente a 2017, e mostra que a estimativa é de fechar 2019 com R$ 36,2 bilhões. Além disso, houve um aumento de 24% no lucro em exportação de produtos, mais precisamente R$ 260 milhões  em 2018. Esse crescimento do setor vem da aposta de novos investidores que viram oportunidade em um espaço carente de produtos inovadores. Nas grandes capitais, como São Paulo, já encontramos lojas especializadas em novos produtos e serviços. Um caso é o de lojas que investem na alimentação, vendendo comidas diferenciadas para os animais, como sorvetes, cervejas, cafés, sucos, cookies, bolos, waffers e bombons. Essas lojas seguem também a investir nas já tradicionais seções de roupas, camas, brinquedos e até em buffets especiais para festas de aniversário.

A criatividade corre solta no setor e as oportunidades para empreender são muitas, mas é importante pensar com responsabilidade, pois os tutores não brincam quando se trata da saúde de seus melhores amigos. Também existem organizadores de eventos que preparam festas de casamentos para animais. Segundo reportagem de Época Negócios, um evento básico custa cerca de R$1,5 mil. Claro que nem tudo é só diversão, os tutores também procuram por terapeutas, aulas de reiki, de ioga e até natação, que podem ajudar o pet a relaxar e a entrar em sintonia com o tutor. Mas enquanto estas pequenas lojas especializadas entram em atividade em vários pontos do país, esforçando-se para achar o diferencial que as tornarão únicas, as megalojas também distribuem cada vez mais unidades pelo Brasil. Segundo dados do IPB, em 2018, havia 31.640 lojas de varejo especializadas em pets no Brasil, sendo que 0,5% eram megalojas nacionais. Estas 172 lojas faturam mais de R$750 mil cada e precisam de mais de 20 funcionários para manter os negócios funcionando.

A maior varejista pet do Brasil é a Cobasi, com 46 lojas próprias em sete estados. Dados da Gazeta do Povo mostram que a empresa faturou seu primeiro R$1 bilhão em 2018. Ao focar na rentabilidade, a empresa preocupa-se com estratégias de marketing e na melhor experiência para o cliente. Suas unidades são famosas pelo Spet, que tem mais de 20 anos, um espaço que clínicas veterinárias sublocam para oferecer serviço de banho e tosa. A segunda maior empresa do setor é a Petz, que em 2013 vendeu 55% de sua operação para investidores, mas assim expandiu-se. No ano passado, faturou R$ 920 milhões, com 82 lojas comercializando mais de 20 mil itens nas regiões sudeste, sul e centro-oeste do Brasil. Também preocupada com a experiência dos tutores e seus pets, a megaloja inaugurou um Pet Play em uma de suas unidades, local de socialização para os animais brincarem e serem adestrados. Na mesma unidade, há um serviço de Day Care, onde o pet é cuidado para que os donos possam passear ou até viajar.

Estas megalojas que protagonizaram o aumento do mercado, porém são as petshops de pequeno e médio porte que ainda vendem mais. As grandes lojas ainda não chegaram em algumas regiões e cidades menores, o que é uma boa oportunidade para pequenos empreendedores. Em 2018, as petshops de médio porte eram 18,6% do total de lojas; as de pequeno porte eram 79,6%.  Apesar de haver espaço para todos as categorias no mercado, é importante que as menores lojas encontrem seu diferencial de negócio para usá-lo como vantagem na relação com o cliente. Enquanto a administração pode ser um desafio em pequenos negócios, os pontos positivos estão no atendimento individualizado e na atenção com o tutor e seu melhor amigo. Ao levar o pensamento para além da reposição de produtos de higiene e ração, é importante se interessar por esse meio, conhecendo seu público, para ganhar a confiança e respeito dos consumidores do mercado pet.

 

*Texto produzido por Bibiana Rigão Iop, para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, durante o segundo semestre de 2019. Orientação: Professora Carla Torres.

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A humanização dos pets tem melhorado o desempenho do mercado. Foto: Mariana Olhaberriet

Chega o aniversário do seu melhor amigo e você quer fazer algo especial, pensa em uma festa de aniversário personalizada, um horário no salão de beleza, na ioga ou no reiki. Mesmo que você não tenha pensado no seu animalzinho de estimação como o melhor amigo, todas as opções ditas ainda são possíveis de serem oferecidas aos amiguinhos de quatro patas. Cada vez mais os tutores têm humanizado seus pets, levando-os para terapia, padarias e cervejarias especializadas, sem contar os acessórios diferenciados que estão entre as inovações periódicas oferecidas pelas lojas. Segundo dados do Euromonitor, o mercado pet mundial lucrou US$ 124,6 bilhões em 2018, incluindo Pet Care, Pet Vet e Pet Food, que englobam os cuidados e acessórios, remédios e vacinas, e comida, respectivamente.

Essa humanização se estendeu para as redes sociais, em que os pets estão ganhando grande atenção e visibilidade, tornando-se celebridades e influenciadores digitais. Os tutores criam perfis dos animaizinhos para dividir os momentos com amigos e acaba que seu bichinho viraliza na internet. Os nomes criativos, as histórias e as características diferenciadas atraem muitos olhares, como no caso do bull terrier Jimmy Choo, o cachorro mais seguido do Brasil. Foi em 2016 que suas fotos se propagaram com rapidez pelo Instagram, ganhando diversos seguidores e presentes. Assim que ganhou uma coleção da famosa grife que leva seu nome, fez campanha para a Porsche e virou pingente da joalheria Vivara.  Ele também participou de campanhas pela causa animal e estrela o livro “Um cão chamado Jimmy”.

Dados do Instituto Pet Brasil (IPB) de 2019 apontam que existem 139,3 milhões de animais de estimação no país. Na contagem, a maioria dos animais são cães (54,2 mil), aves (39,8 mil), gatos (23,9 mil), e peixes (19,1 mil); o restante, 2,3 mil, são répteis e pequenos mamíferos. O crescimento populacional de pets foi de 5,2% desde 2013. Um dado que contribui bastante para esse crescimento é a adoção dos felinos (8,1%). Logo depois estão os peixes (6,1%), as aves (5%) e os cães (3,8%). As famílias têm procurado por companheiros para dividir e distribuir amor e carinho, porém, com mais pessoas indo morar sozinhas, em ambientes menores como apartamentos e kitnets, cresce a procura por animais que exijam cuidados mais simples e menos espaços. Assim, a procura pelos gatinhos cresce principalmente em cidades grandes.

Assim, não é nenhuma surpresa a afirmação de que 21,6% e 9,1% dos gatos estão concentrados nos estados de São Paulo e do Rio De Janeiro, respectivamente. Enquanto isso, 24,5% dos cães e das aves estão em São Paulo; 10% desses animais estão em Minas Gerais. Entre os peixes, 47,1% estão em São Paulo e 9,8% em Santa Catarina. Entre as regiões do Brasil, o sudeste tem 47,4% dos pets e cerca de 1/4 dos animais de estimação do País estão na capital paulista, deixando Minas Gerais com 10,1% e o Rio de Janeiro com 8,8% deles. A densidade populacional humana é o fator principal para se determinar o número de pets em um estado, e o conhecimento sobre estes números auxilia na programação de ações do setor para a expansão do mercado. Segundo relatório do Euromonitor, no intuito de consumir bons produtos e investir na saúde e bem-estar de seus pets, os brasileiros gastam uma média de R$ 273 anuais o que equivale a 2% de um salário mínimo. Porém em países como o Chile, esse gasto pode chegar a cerca de 9% do salário.

O mercado pet tem se consolidado e expandido seus produtos e demandas para todos tipos de animais, preparando melhor os pet shops, supermercados e clínicas veterinárias. Os novos hábitos familiares e estilos de vida que tem feito com que os animais se tornem a companhia ideal em muitos casos, virando parte do lar e estimulando a participação dos tutores no mercado. Em nível mundial, o faturamento cresceu de US$ 119,5 bilhões para US$ 124,6 bilhões em 2018, um aumento de 4,3%. Liderando os números, segundo o Euromonitor, está os Estados Unidos com 50% dos lucros, seguido pelo Brasil com 6,4%, e logo atrás está o Reino Unido com 6,1%. Nesse ranking, encontramos a China em 8º lugares, porém em nível populacional de pets, ela só perde para os EUA, mas ainda ganha do Brasil, o deixando em terceiro lugar.

As inovações do mercado pet dos Estados Unidos lhe garantem o topo dos rankings, um exemplo é os mercados naturais, com alimentação e petiscos à base de óleo de coco e ervas medicinais. Além dos acessórios e roupas cada vez mais parecidos com os de humanos, também existem novidades na área de brinquedos como os feitos de bambu, que duram muito e não tem toxinas, e os automáticos, como máquinas lançadoras de bolinha para o cachorro se divertir sozinho. Outro grande sucesso é a DOG TV, um canal voltado para cachorros que chegou ao Brasil em 2018, e o canal Cat Relaxa para os gatos.

Apesar de não oferecer tantas inovações quanto o mercado norte-americano, o IPB aponta que o Brasil faturou R$ 34,4 bilhões no ano passado, um aumento de 4,6% frente a 2017, e mostra que a estimativa é de fechar 2019 com R$ 36,2 bilhões. Além disso, houve um aumento de 24% no lucro em exportação de produtos, mais precisamente R$ 260 milhões  em 2018. Esse crescimento do setor vem da aposta de novos investidores que viram oportunidade em um espaço carente de produtos inovadores. Nas grandes capitais, como São Paulo, já encontramos lojas especializadas em novos produtos e serviços. Um caso é o de lojas que investem na alimentação, vendendo comidas diferenciadas para os animais, como sorvetes, cervejas, cafés, sucos, cookies, bolos, waffers e bombons. Essas lojas seguem também a investir nas já tradicionais seções de roupas, camas, brinquedos e até em buffets especiais para festas de aniversário.

A criatividade corre solta no setor e as oportunidades para empreender são muitas, mas é importante pensar com responsabilidade, pois os tutores não brincam quando se trata da saúde de seus melhores amigos. Também existem organizadores de eventos que preparam festas de casamentos para animais. Segundo reportagem de Época Negócios, um evento básico custa cerca de R$1,5 mil. Claro que nem tudo é só diversão, os tutores também procuram por terapeutas, aulas de reiki, de ioga e até natação, que podem ajudar o pet a relaxar e a entrar em sintonia com o tutor. Mas enquanto estas pequenas lojas especializadas entram em atividade em vários pontos do país, esforçando-se para achar o diferencial que as tornarão únicas, as megalojas também distribuem cada vez mais unidades pelo Brasil. Segundo dados do IPB, em 2018, havia 31.640 lojas de varejo especializadas em pets no Brasil, sendo que 0,5% eram megalojas nacionais. Estas 172 lojas faturam mais de R$750 mil cada e precisam de mais de 20 funcionários para manter os negócios funcionando.

A maior varejista pet do Brasil é a Cobasi, com 46 lojas próprias em sete estados. Dados da Gazeta do Povo mostram que a empresa faturou seu primeiro R$1 bilhão em 2018. Ao focar na rentabilidade, a empresa preocupa-se com estratégias de marketing e na melhor experiência para o cliente. Suas unidades são famosas pelo Spet, que tem mais de 20 anos, um espaço que clínicas veterinárias sublocam para oferecer serviço de banho e tosa. A segunda maior empresa do setor é a Petz, que em 2013 vendeu 55% de sua operação para investidores, mas assim expandiu-se. No ano passado, faturou R$ 920 milhões, com 82 lojas comercializando mais de 20 mil itens nas regiões sudeste, sul e centro-oeste do Brasil. Também preocupada com a experiência dos tutores e seus pets, a megaloja inaugurou um Pet Play em uma de suas unidades, local de socialização para os animais brincarem e serem adestrados. Na mesma unidade, há um serviço de Day Care, onde o pet é cuidado para que os donos possam passear ou até viajar.

Estas megalojas que protagonizaram o aumento do mercado, porém são as petshops de pequeno e médio porte que ainda vendem mais. As grandes lojas ainda não chegaram em algumas regiões e cidades menores, o que é uma boa oportunidade para pequenos empreendedores. Em 2018, as petshops de médio porte eram 18,6% do total de lojas; as de pequeno porte eram 79,6%.  Apesar de haver espaço para todos as categorias no mercado, é importante que as menores lojas encontrem seu diferencial de negócio para usá-lo como vantagem na relação com o cliente. Enquanto a administração pode ser um desafio em pequenos negócios, os pontos positivos estão no atendimento individualizado e na atenção com o tutor e seu melhor amigo. Ao levar o pensamento para além da reposição de produtos de higiene e ração, é importante se interessar por esse meio, conhecendo seu público, para ganhar a confiança e respeito dos consumidores do mercado pet.

 

*Texto produzido por Bibiana Rigão Iop, para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, durante o segundo semestre de 2019. Orientação: Professora Carla Torres.