Nos dias de GreNal era aquele agito. Vizinho gremista tirando sarro do colorado, amigo colorado alfinetando gremista e as estampas dos times passeando pela cidade. Conquistaram um título tão almejado? Partiu comemorar na Avenida Presidente Vargas? Buzinaço e cantoria. Carros cruzando bandeiras nas janelas. Ruas lotadas de torcedores fiéis e apaixonados. A alegria era imensa. Nem a vovó do prédio, em frente a praça da locomotiva, ficava parada. Vamos assistir ao jogo e jogar uma sinuca? Claro! Junta o pessoal e bora para o bar. Ah, a saudade de uma aglomeração…
Lembro-me da organização e programação que era para ir assistir ao GreNal. Parecia um evento. Quem chegasse antes, comprava carne e cerveja. Churrasco em casa ou cervejinha no bar, um desses dois era essencial. Movidos à paixão e amizades, restaurantes e ruas ficavam cheios de gremistas e colorados. Os bares se preparavam com telões e mesas extras quando as finais de campeonato acabavam em GreNal. Saía gol, eram abraços para todos os lados. Pessoas que não se conheciam comemorando juntas… ou com raiva da vitória do adversário. Mas muitas amizades surgiram nesses momentos mágicos. Agora parece que paramos no tempo. Não tem encontro de torcedores nas ruas. Não tem abraços coletivos em bares. Somente gritos de vitória de janelas e sacadas. Uma comemoração um pouco mais silenciosa, mas não menos apaixonada. Uma festa com menos participantes. Uma decoração de casa.
Mas estamos aqui, resistindo. Ansiosos pelo aval de liberação de torcidas, de aglomerações, de festa. O grito de gol está entalado na garganta dos apaixonados por futebol. Os braços aguardando ansiosos por abraços calorosos de felicidade. Esse clássico vai muito além da tradição. É uma junção de sentimentos que conecta pessoas diferentes pelo amor e orgulho da terra que habitamos.
Texto de Caroline Freitas.
Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.