Tenho notado certa esperança nesses últimos dias. Muito disso se deve pelo fato de que inúmeras pessoas estão sendo vacinadas contra o novo coronavírus. Se você ver o noticiário, vai notar alguns acontecimentos atípicos, como repórteres de outros países que agora não precisam mais usar máscaras em determinados lugares públicos. É difícil não criar expectativa de melhora da pandemia com realidades como essa. Já estamos todos ansiosos pelo dia em que essas restrições terão fim. E como será o depois?
É muito comum ouvir a expressão “antes da pandemia” em conversas sobre atividades que anteriormente eram consideradas normais. Ela confirma que, embora as limitações terminem com o tempo, nada será como antes. É provável que não tenhamos mais tanta liberdade e que as marcas deixadas por esse momento irão mudar as relações pessoais, profissionais, financeiras e etc. Tudo o que éramos e tudo o que vivíamos foi modificado.
Lembro-me de quando tudo começou. Estava em uma rotina exaustiva. Era uma correria o dia inteiro, vivia no automático. Aí tudo parou! Deixamos um pouco de lado a vida acelerada. A maioria das pessoas começou a dar importância para coisas que consideravam banais. O “tudo bem?” virou o “como está se sentindo?”. Acabamos nos conectando de formas diferentes, sem que fosse algo corriqueiro e instintivo. Entretanto, aprendemos a acelerar novamente. Além disso, estamos tendo — exceto aqueles que nunca pararam de trabalhar de modo presencial — que lidar com o fato de que nossa vida gira em torno da nossa casa, indo e voltando entre cômodos. Muitas pessoas se encontraram no home office enquanto outras vão demorar para superar os transtornos causados por essa mudança.
Em relação ao vínculo pessoal, ativamos nosso espírito comunitário. No início da pandemia, muitas pessoas ajudaram e foram ajudadas. Mesmo em uma situação ruim, muitos estenderam a mão aos outros. Porém, com o tempo, as coisas foram se modificando. As mesmas ações já não são mais tão comuns e outras que vão na contramão do que se recomenda estão se tornando constância, como as aglomerações, por exemplo. Algumas pessoas deixaram o momento ser tomado pelo egoísmo. Mas, esperamos que colaborações comunitárias continuem ocorrendo, porque sempre existe alguém que precisa de uma ajuda.
Harper Lee, em seu livro “O sol é para todos”, afirmou: “Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela.” Se colocar no lugar do outro, que sempre foi algo difícil, se tornou fundamental durante a pandemia. Não vivemos as mesmas coisas e não temos os mesmos problemas. Ainda assim, muitas pessoas se mostraram empáticas com as realidades alheias, aspecto que espero adiante depois da pandemia. É mais fácil sobreviver à tempestade se temos alguém com quem contar nas horas difíceis.
E como será o pós pandemia? Apesar das muitas teorias e tendências para o que vem depois, acredito que, pelo menos, alguns aprendizados devem ser levados para essa nova realidade. Um momento atípico e cheio de dificuldades que nos deu a oportunidade de revermos hábitos e desejos da nossa vida. Qualquer oportunidade, seja boa ou ruim, deve ser refletida e apropriada como experiência para as vivências que virão. O depois da pandemia está quase aí. Vivamos!
Este texto faz parte do Projeto Experimental em Jornalismo, do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, realizado pela acadêmica Lavignea Witt durante o primeiro semestre de 2021, com orientação da professora Neli Mombelli.