A política adotada há uma semana pelo Shopping Royal Plaza Shopping em Santa Maria, divide opiniões e tem sido polêmica tanto nas ruas quanto nas redes sociais. Desde a última sexta-feira (09) , adolescentes da faixa etária entre 12 e 17 anos, só podem frequentar o shopping apresentando a identidade e na presença dos pais. Para garantir a fiscalização da nova política adotada, dois seguranças ficam a postos nas entrada do shopping para supervisionar a circulação de qualquer adolescente.
Taís Machado , 31 anos, gerente de Marketing do Shopping Royal Plaza, afirma que a medida não proíbe a entrada dos jovens, mas sim exige a presença de pais responsáveis para que haja um controle maior da ação dos adolescentes. De forma provisória , a iniciativa visa conscientizar os pais da responsabilidade perante os atos dos seus filhos. Segundo ela, a medida se tornou necessária no momento em que adolescentes afirmavam em redes sociais que iriam assaltar e depredar o shopping durante o Rolezinho marcado para o dia 10 de maio. Na ocasião, foi solicitado o auxílio da Brigada Militar para garantir a integridade das lojas e principalmente dos clientes.
Já a doutora em Direito e professora do Centro Universitário Franciscano Marília Denardin Budó , discorda a medida adotada. Segundo ela, é necessário observar que tal política não foi adotada para cercear a liberdade de ir e vir de quaisquer adolescentes, mas sim daqueles provenientes das periferias santa-marienses. “Está claro que se trata da adoção de uma medida elitista, fundada na insegurança que o convívio com a pluralidade de classe e raça gera nas classes média e alta da sociedade”, afirma a Marília.
A professora ainda enfatiza que garantir o espaço comercial do shopping center apenas para algumas pessoas, reforça a ideia de que os espaços privados de consumo não se caracterizam pela democracia, como seria, por exemplo, a praça, o espaço público. Para ela, a inciativa foi desmedida e ilegal, contudo, não surpreende, pois reflete uma cultura do medo direcionada aos jovens no Brasil, algo que não é novo. “Trata-se de um reflexo dessa percepção social, que, a despeito de a legislação ter se modificado para garantir a inserção dos adolescentes na esfera jurídico-constitucional, insiste em se manter” pontua.
Mesmo que provisória, a nova política adotada pelo shopping promete render assunto. De certa forma ,os adolescente são uma classe consumidora em potencial, e por mais que o o local seja privado, a iniciativa de cercear a livre circulação dos adolescentes no shopping parece ir contra ao direito democrático de ir e vir.
A estudante de 14 anos, Emily Andrielli, afirma sentir falta do espaço para encontrar os amigos e considera errado que a maioria sofra as consequências por causa de uma minoria. Num contra-ponto, a medida é vista por parte clientela adulta como uma forma de responsabilizar os envolvidos na pertubação da ordem no shopping, como afirma a vendedora Alessandra Schutz , 30 anos. Resta saber se haverá um acordo que não somente satisfaça a necessidade de ambas as partes, mas que faça justiça e democratize os espaços recreativos da cidade.