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Santa Maria, RS, Brazil

“Temos que pensar no planeta como um todo”

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José GaliziaTundisi(esq) e o professor Afrânio Almir Righes na conferência de abertura do SEPE. Foto: Mark Braunstein (Assecom)
José GaliziaTundisi(esq) e o professor Afrânio Almir Righes na conferência de abertura do SEPE. Foto: Mark Braunstein (Assecom)

A totalidade do planeta como dependente da água foi o pensamento que norteou a abertura do XIX Simpósio de Pesquisa e Extensão (SEPE) do Centro Universitário Franciscano. A palestra ministrada pelo professor José GaliziaTundisi teve como objetivo estimular reflexões sobre a crise hídrica e alertar para a fundamentalidade da água, elemento que faz funcionar todo o ecossistema: homem, planta e animais.

O palestrante salientou a importância da ciência e da tecnologia como agentes transformadores da sociedade, mas esclareceu que desenvolvimento e modernização são conceitos muitos diferentes. Para ratificar este pensamento, ele exemplifica que no Brasil existem muito mais celulares do que banheiros. “Enquanto o Brasil não tratar de problemas como a falta de saneamento básico, este país não vai pra frente. Isto dever estar na cabeça de cada prefeito e vereador deste país”, assegura.

No afã de manter a sustentabilidade, o homem diversificou o uso da água, mas esqueceu de que tem outras espécies que precisam desse elemento para sobreviver. Exemplo disso é a vegetação, componente aditivo que permite o escoamento e infiltração de água necessários para alimentar aquíferos subterrâneos. Além disso, a vegetação transpira e repõe água na atmosfera. Segundo o professor, 30% da água na atmosfera pode vir da transpiração da vegetação.

Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio

Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio. Foto: Ticiana Leal - Laboratório de Fotografia e Memória/UNIFRA
Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio. Foto: Ticiana Leal – Laboratório de Fotografia e Memória/UNIFRA

“No mesmo ano que em o Nordeste brasileiro sofreu com a seca, as Cataratas do Iguaçu foram vítimas de uma das maiores enchentes do país”, destacou o professor, referindo-se ao ano 2014. Para ele, crise hídrica não é só falta de água, mas é resultado de desequilíbrio ambiental, falta de acessibilidade à água e escassez de água tratada. Neste sentido, lembrou de um problema grave em algumas comunidades: muitas pessoas têm que comprar água de caminhões pipas inclusive para uso doméstico. Quanto à falta de tratamento da água, doenças como a diarreia são recorrentes, visto que as pessoas têm a cultura de tratar doenças e não de prevení-las. Neste caso, ressalta o direito à informação e conscientização do governo em priorizar o saneamento.

Segurança hídrica

Segundo a UNESCO, segurança hídrica é a capacidade de uma população garantir o  acesso a quantidade adequadas de água de qualidade aceitável para sustentar a saúde humana e dos ecossistemas nas bacias hidrográficas e assegurar a proteção eficiente de vida e propriedade contra desastres relacionados com a água-enchentes, deslizamentos e secas”. (UNESCO – HIP, 2012).

Sobre essa informação, Tundisi, que é presidente da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE),  explanou os dados globais de acesso à água em 2014:

– Extensão de serviço a todos ainda não existente;

– 768 milhões de pessoas sem acesso a fontes adequadas de água;

– 2,5 bilhões sem acesso a saneamento básico adequado;

– Mais de 1,3 bilhões de pessoas não têm acesso à eletricidade;

– 2,6 bilhões usam combustível  sólido para cozinhar (carvão e outros);

– Multiplicação de doenças respiratórias, diarreia e outras doenças de veiculação hídrica.

Com estes dados, o professor explica que a população urbana perdeu a referência do natural e que essa desconexão é causa não só da crise hídrica, mas de muitos problemas ambientais.

Olhares sustentáveis sobre as perspectivas do planeta

Apesar de apontar os motivos pelos quais o ecossistema tem sido prejudicado (alterações nos usos do solo, aquecimento global, urbanização, aglomeração de pessoas, perda de biodiversidade, uso cada vez mais frequente de remédios, os quais vão para a natureza depois de consumidos, o professor destaca que ainda há razões para otimismo. “Entendo que ao pensar o meio ambiente não podemos coletar apenas recursos biofísicos. Alterações na agenda da ciência são necessárias, mas esta é também uma questão econômica e social”, afirma.

A palestra de abertura do SEPE encerrou com a exposição de algumas razões para a sociedade não desistir de voltar o olhar em favor da vida: aumento da eficiência dos recursos hídricos; avanço da tecnologia, tendo como exemplo a dessalinização; melhor capacidade de monitoramento avançado; modelagem das alterações e melhor capacidade de previsão; melhor entendimento da interação clima e hidrologia; e cooperação internacional mais eficiente.

Com estes e outros avanços, no que se refere aos recursos hídricos, a população pode se preparar para boas surpresas. Com esta perspetiva, a programação do SEPE segue com apresentação dos trabalhos acadêmicos até sexta-feira, dia 9.

selo sustentabilidade

 

 

 

 

 

 

 

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José GaliziaTundisi(esq) e o professor Afrânio Almir Righes na conferência de abertura do SEPE. Foto: Mark Braunstein (Assecom)
José GaliziaTundisi(esq) e o professor Afrânio Almir Righes na conferência de abertura do SEPE. Foto: Mark Braunstein (Assecom)

A totalidade do planeta como dependente da água foi o pensamento que norteou a abertura do XIX Simpósio de Pesquisa e Extensão (SEPE) do Centro Universitário Franciscano. A palestra ministrada pelo professor José GaliziaTundisi teve como objetivo estimular reflexões sobre a crise hídrica e alertar para a fundamentalidade da água, elemento que faz funcionar todo o ecossistema: homem, planta e animais.

O palestrante salientou a importância da ciência e da tecnologia como agentes transformadores da sociedade, mas esclareceu que desenvolvimento e modernização são conceitos muitos diferentes. Para ratificar este pensamento, ele exemplifica que no Brasil existem muito mais celulares do que banheiros. “Enquanto o Brasil não tratar de problemas como a falta de saneamento básico, este país não vai pra frente. Isto dever estar na cabeça de cada prefeito e vereador deste país”, assegura.

No afã de manter a sustentabilidade, o homem diversificou o uso da água, mas esqueceu de que tem outras espécies que precisam desse elemento para sobreviver. Exemplo disso é a vegetação, componente aditivo que permite o escoamento e infiltração de água necessários para alimentar aquíferos subterrâneos. Além disso, a vegetação transpira e repõe água na atmosfera. Segundo o professor, 30% da água na atmosfera pode vir da transpiração da vegetação.

Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio

Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio. Foto: Ticiana Leal - Laboratório de Fotografia e Memória/UNIFRA
Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio. Foto: Ticiana Leal – Laboratório de Fotografia e Memória/UNIFRA

“No mesmo ano que em o Nordeste brasileiro sofreu com a seca, as Cataratas do Iguaçu foram vítimas de uma das maiores enchentes do país”, destacou o professor, referindo-se ao ano 2014. Para ele, crise hídrica não é só falta de água, mas é resultado de desequilíbrio ambiental, falta de acessibilidade à água e escassez de água tratada. Neste sentido, lembrou de um problema grave em algumas comunidades: muitas pessoas têm que comprar água de caminhões pipas inclusive para uso doméstico. Quanto à falta de tratamento da água, doenças como a diarreia são recorrentes, visto que as pessoas têm a cultura de tratar doenças e não de prevení-las. Neste caso, ressalta o direito à informação e conscientização do governo em priorizar o saneamento.

Segurança hídrica

Segundo a UNESCO, segurança hídrica é a capacidade de uma população garantir o  acesso a quantidade adequadas de água de qualidade aceitável para sustentar a saúde humana e dos ecossistemas nas bacias hidrográficas e assegurar a proteção eficiente de vida e propriedade contra desastres relacionados com a água-enchentes, deslizamentos e secas”. (UNESCO – HIP, 2012).

Sobre essa informação, Tundisi, que é presidente da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE),  explanou os dados globais de acesso à água em 2014:

– Extensão de serviço a todos ainda não existente;

– 768 milhões de pessoas sem acesso a fontes adequadas de água;

– 2,5 bilhões sem acesso a saneamento básico adequado;

– Mais de 1,3 bilhões de pessoas não têm acesso à eletricidade;

– 2,6 bilhões usam combustível  sólido para cozinhar (carvão e outros);

– Multiplicação de doenças respiratórias, diarreia e outras doenças de veiculação hídrica.

Com estes dados, o professor explica que a população urbana perdeu a referência do natural e que essa desconexão é causa não só da crise hídrica, mas de muitos problemas ambientais.

Olhares sustentáveis sobre as perspectivas do planeta

Apesar de apontar os motivos pelos quais o ecossistema tem sido prejudicado (alterações nos usos do solo, aquecimento global, urbanização, aglomeração de pessoas, perda de biodiversidade, uso cada vez mais frequente de remédios, os quais vão para a natureza depois de consumidos, o professor destaca que ainda há razões para otimismo. “Entendo que ao pensar o meio ambiente não podemos coletar apenas recursos biofísicos. Alterações na agenda da ciência são necessárias, mas esta é também uma questão econômica e social”, afirma.

A palestra de abertura do SEPE encerrou com a exposição de algumas razões para a sociedade não desistir de voltar o olhar em favor da vida: aumento da eficiência dos recursos hídricos; avanço da tecnologia, tendo como exemplo a dessalinização; melhor capacidade de monitoramento avançado; modelagem das alterações e melhor capacidade de previsão; melhor entendimento da interação clima e hidrologia; e cooperação internacional mais eficiente.

Com estes e outros avanços, no que se refere aos recursos hídricos, a população pode se preparar para boas surpresas. Com esta perspetiva, a programação do SEPE segue com apresentação dos trabalhos acadêmicos até sexta-feira, dia 9.

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