Bruna Oliveira, Caroline Camossetto e Lilian Streb
A jornalista Nana Queiroz retrata, em seu livro “Presos que menstruam”, a realidade das penitenciárias brasileiras em relação ao tratamento das mulheres presas. A obra, que relata as condições precárias em que as detentas se encontram, inspirou estudantes da PUCRS, UFRGS e Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP) a realizarem campanha em benefício destas mulheres. O objetivo é arrecadar materiais de higiene pessoal e distribuí-los à Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba Julieta Balestro, e à Penitenciária Feminina Madre Pelletier, de Porto Alegre.
O sistema carcerário brasileiro trata as presas como homens, desconsiderando as diferentes necessidades em relação a eles, como alerta a obra. Inspirada na campanha de Porto Alegre, a estudante Luiza Oliveira, do curso de Direito do Centro Universitário Franciscano (Unifra), decidiu organizar a mesma ação em Santa Maria, com o intuito de amenizar os problemas e a falta da assistência no Presídio Regional de Santa Maria. A instituição mista tem mulheres nos regimes fechado, semiaberto e aberto; e homens nos regimes semiaberto e aberto. A capacidade total é de 265 detentos.
Antes da inauguração da PESM, em 2011, o PRSM ultrapassava três vezes a capacidade total. O presídio recebe a verba orçamentária trimestral através da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
A campanha de arrecadação de materiais de higiene para as detentas do Presídio Regional de Santa Maria acontece desde o dia 8 de abril, na sala 313 do prédio 13 da Unifra. Também há pontos de arrecadação no prédio 21 da UFSM, na Faculdade Palotina (FAPAS) e na Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES).
Luiza Oliveira conta que a ideia surgiu a partir de uma matéria que fez sobre um projeto que permitia às detentas do presídio, passar um dia fora com os filhos. A iniciativa era fazer entregas mensais, mas como não são muitas pessoas que doam, a periodicidade terá de ser maior.
“Eu acho que a campanha teve dois lados. O primeiro foi que muitas pessoas que eu não imaginava que doariam, resolveram ajudar. Por outro, vi muita gente elogiando, mas na hora da doação, não levaram nada”, exclamou.
Sobre a campanha, a estudante falou sobre sua realização pessoal em poder colaborar. “Pelo lado pessoal, eu acho que essa campanha fez mais bem para mim do que para elas, me senti bem realizada de poder fazer a minha parte e ajudar essas mulheres”, comenta.
Uma resposta
Muito linda a matéria, muito sensível, bom seria conscientizar mais as pessoas, no caso as farmácias disponibilizarem postos de coleta, lugar adequado que inspira a doação. Dica!