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Juliano Dutra

Há duas semanas, Joesley Batista e seu irmão Wesley entregaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), via delação premiada, áudios com conteúdo que iriam sacudir o país inteiro. Em alguns trechos dos áudios, o atual presidente Michel Temer, colocava-se de forma positiva à pagamentos de propinas. Dentre elas, uma “mesada” para ex-deputado Eduardo Cunha ´este mesmo que acaba de ser condenado a mais quinze anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O conteúdo dos áudios fomentou a já existente revolta da população acerca do atual governo. Mas será suficiente apenas reforçar o já existente grito de “Fora Temer’’?

Duvido que até mesmo o próprio Temer acredite que irá se manter na presidência do país, mesmo afirmando que não renunciará. O que não se pode negar é a expectativa de que ele deve cair, seja por renúncia, impeachment ou, ainda, se a chapa Dilma e Temer for cassada pelo Tribunal Superior Eleitora (TSE). Desta forma, a pauta do momento é o debate das consequências do pós queda. É preciso pensar sobre as diferenças entre eleições diretas e eleições indiretas.

Em resumo, uma eleição direta vai dar aos brasileiros um novo governo, uma nova chance de escolha através do voto na urna eletrônica. Enquanto uma eleição indireta trocará apenas o Presidente da República. Nesse caso, quem escolhe um novo nome para estar à frente da Nação é o Congresso. O mesmo que possui mais de duzentos deputados também investigados pela Lava Jato. A discussão não é entre diretas ou indiretas, mas sim entre a escolha do povo ou a escolha de um Congresso corrupto.

Se a escolha passar pelos deputados é possível que os mesmos optem por alguém que manterá os ideais da atual gestão. Afinal, foi a maioria deles que votou a favor do golpe que tirou Dilma do cargo de presidente.

É hora de pensar nas medidas tomadas por Michel Temer e refletir se devem continuar. Manter a reforma da previdência, por exemplo, que fará com que grande parte da população não consiga se aposentar porque a idade mínima da aposentadoria aumentará gradativamente.   Com isso, a idade mínima para as mulheres vai partir de 53 anos até chegar a 62 anos em 2036, quando será definitiva.  E para os homens, a idade mínima parte de 55 anos para chegar a 65 em 2038, quando também será definitiva.  Ou ainda, a Reforma Trabalhista que irá deixar o trabalho ainda mais precário, fazendo com que muitos trabalhadores sejam terceirizados e dependentes de acordos coletivos.

Sabe-se que a rua é o termômetro da democracia, Cabe, então, a ela decidir um novo rumo. Manter-se calada diante e aceitar de cabeça baixa uma eleição indireta, ou fazer ecoar todas as vozes em um só grito de “Diretas já”.


Juliano Dutra , 21 anos, estudante inquieto que usa a fotografia para se expressar, cursa o 3º Semestre do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e é monitor do Laboratório de Fotografia e Memória – Unifra