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Oly Fagundes

Inicialmente utilizado com fins medicamentosos, os esteroides se popularizaram nas academias de ginástica e de fisioculturismo. Foto: divulgação

A busca incessante pelo corpo esteticamente perfeito e aceitável pela sociedade tem se tornado tema entre os especialistas da área da saúde. Distúrbios, complicações hepáticas e depressão são alguns dos problemas causados pelo vício do corpo escultural. Esse vício em muitos casos é alimentado pelo uso de esteroides androgênicos anabólicos (EAA),  uma classe de hormônios esteroides naturais e sintéticos que promovem o crescimento celular e a sua divisão, cujo resultado é o crescimento muscular e ósseo. Derivadas do hormônio masculino testosterona podem ser introduzidas no corpo por via oral ou injetável.

Os esteroides foram criados em 1930 e foram usados inicialmente para procedimentos médicos. O uso mais comum é para tratamentos para o câncer e a AIDS. Entretanto, foi encontrado um novo objetivo para o uso desses hormônios a qual se disseminou nos últimos anos, principalmente.

O militar Eduardo Severo (nome fictício), 24 anos, admite que usa anabolizantes desde os 17 anos de idade. “Em São Paulo isto é muito comum, menores de idade já utilizarem “bomba”. Quando vim para Santa Maria encontrei maior dificuldade de conseguir, mas depois que obtive, retomei meus treinos com eles”, relata Eduardo. O militar acredita que o uso de anabolizantes feito com pesquisa e acompanhamento trará uma boa performance sem comprometer o seu estado de saúde. “Sempre pesquisei bastante e busquei ajuda com professores de educação física e médicos. Nunca sofri efeitos colaterais. Só tive ganhos”.

SAÚDE EM RISCO

Entretanto, a clínica geral do Hospital Universitário de Santa Maria, Camila Leal, discorda da afirmação do militar. Para ela, as consequências geradas pelo uso dos esteroides independem da ajuda de profissionais ou de outros remédios para amenizar os efeitos colaterais. “Essas orientações e remédios para reduzir os danos colaterais tem pouco efeito diante das consequências inevitáveis. Complicações no coração – hipertrofia cardíaca -, alteração na pressão arterial, o crescimento do colesterol ruim (LDL), são efeitos que não podem ser evitados, principalmente as lesões no fígado, que são irreversíveis, além de outras complicações como a diminuição na produção de espermatozoides”, afirma a médica.

“Ciclo curto” é o termo utilizado pelos usuários de anabolizantes para o menor tempo de utilização e danos à saúde. Foto: divulgação

O aumento do uso de anabolizantes é constata em uma pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que mostrou que em 2010, 1,4% dos estudantes do Brasil já fez uso de anabolizantes. Um aumento de 75% em relação a primeira pesquisa realizada em 2004. Muitos estudantes tem o primeiro contato com os anabolizantes nas academias. É neste ambiente que informações são trocadas e novos usuários são encorajados a utilizarem métodos ilícitos de alcançar uma melhor forma muscular.

Rodrigo Mesquita, estudante de Educação física, faz parte desta estatística, começou a usar anabolizantes no ano passado. Quando questionado o porquê começou a usar esteroides, ele relatou que se sentia fraco esteticamente e com baixa auto-estima. “Eu sempre fui tímido e as pessoas se aproveitavam disto para me colocar para baixo. Quando comecei a academia e me ofereceram para tomar “bomba”, eu acreditei que as pessoas teriam mais respeito por mim e também teria uma aparência mais bonita”.

TUDO COMEÇA PELA CABEÇA

Anabolizantes femininos são vendidos pela internet. Foto: divulgação

O começo do uso desta prática esta ligada diretamente aos fatores psicológicos também, é o que explica o psicólogo, Vinicius Geissler. “Boa parte dos usuários amadores de anabolizantes tem um perfil baseado na baixa autoestima, propensão a depressão, necessidade de autoafirmação perante a sociedade. São pessoas que encontram na musculação e no uso de anabolizantes uma forma de serem aceitos e considerados vencedores”, explica o psicólogo. Quando os usuários começam a injetar esteroides os efeitos não são notados apenas no espelho, mas também no comportamento. “Os usuários começam a demonstrar mudanças de hábitos, mudanças súbitas de temperamento, aumento da irritabilidade, raiva e hostilidade são alguns dos efeitos notados”, complementa o psicólogo.

PRINCIPAIS ANABOLIZANTES COMERCIALIZADOS:

Durateston: possui em sua composição uma combinação de quatro  tipos diferentes de testosterona (decanoato de testosterona, propionato de testosterona, fenilpropionato de testosterona e o isocaproato de testosterona). Eles podem ser administrados em ciclos curtos de 10 semanas de duração. Utiliza-se uma ampola por dia que se encontra no mercado pelo preço de R$ 7,60.

Hemogenin: O hemogenin é mais conhecida como Oximetolona. Ele deriva-se de um esteroide que é conhecido como metil dihidrotestosterona, que foi desenvolvida na década de 60 para o tratamento de pessoas que sofriam com anemia e também com perda muscular causada pelo HIV. Em ciclos curtos é tomado por 6 semanas com o uso de 3 a 6 dias semanais. O preço é de R$ 40,00 por uma cartela de 10 comprimidos.

GH: Também conhecido como hormônio do crescimento, o GH é utilizado pelos praticantes de musculação na forma de suplemento porque estimula o crescimento muscular e aumenta a utilização de gordura como fonte de energia para as células. É aplicada em ciclos curtos durante 3 meses com uma dose 6 vezes por semana. O preço médio é de R$ 80,00 por ampola.

FAZENDO O CERTO

Existe uma forma correta de adquirir bons resultados para a saúde física e estética do corpo. O educador físico, Israel Lopes, explica que quando o aluno busca a hipertrofia o correto é buscar um educador físico para fazer uma avaliação para saber quais são suas necessidades e particularidades. “Se desenvolve um programa especifico, com base nas características e no objetivo do aluno. Para potencializar os resultados, a adoção de hábitos mais saudáveis, uma dieta adequada e o controle do sono são fundamentais e, junto ao treinamento com volume e intensidade corretos.”, explica o educador.

Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Científico

Selfie de Gabriel Teixeira, 11 anos, aluno do projeto “Comunidade Pixelada” Foto: Gabriel Teixeira

O que uma câmera na mão pode fazer? Foi essa a proposta que o Centro de Desenvolvimento Comunitário (CDC) Estação dos Ventos promove neste mês. A instituição, localizada no Km3, presta assistência a cerca de 50 crianças e adolescentes entre 2 e 16 anos, todos de famílias de baixa renda na Vila Schirmer.

O projeto “Comunidade Pixelada” foi criado pelos voluntários Odilon Dilão, 27 anos, e Brayan Cardoso, 25 anos. Os dois colocaram o projeto no papel há seis meses com o objetivo que as crianças da comunidade e da instituição mostrassem suas realidades pela fotografia.

Odilon afirma que, no começo, as crianças mostraram receio com a parte teórica dos funcionamentos da câmera, mas, quando os primeiros flashs foram feitos, o encantamento foi imediato. As oficinas ministradas pelos idealizadores, que já participaram de cursos de fotografia, abordaram elementos básicos da fotografia: ângulo, luz, sombra, foco, perspectivas e cor.

Gabriel Teixeira, Alice Pereira e Jeferson Machado, alunos do projeto “Comunidade Pixelada”. Foto: Odilon Dilão

Para o programa ser concretizado, a instituição contou com a solidariedade de padrinhos do Centro. Foi criada campanha para doação de câmeras digitais, e, a partir daí, angariaram oito câmeras – com quatro em condições de uso.

A primeira parte do projeto segue até o final do ano. Para 2018, está prevista a inserção de 12 jovens no projeto. O objetivo principal, segundo Odilão, foi alcançado. “ É muito gratificante ver que as crianças estão empenhadas e que esse aprendizado pode se reverter em um interesse futuro e mudar a realidade deles”, comenta.

Toda a dedicação dos idealizadores é concretizada nas palavras e concepções dos próprios alunos. Gabriel Teixeira, 11 anos, é um dos participantes da Comunidade Pixelada. Suas principais inspirações para as fotos são as paisagens naturais presentes em seu cotidiano.

Apesar da pouca idade, Gabriel, sabe os efeitos que uma foto pode trazer. “Se as pessoas vissem as fotos de onde a gente mora e nossas condições, talvez elas nos ajudariam a melhorar”, explica.

Os coordenadores planejam uma exposição no Centro ao finalizarem essa primeira etapa como forma de incentivo e para que os próprios alunos vejam o resultado dos seus trabalhos. Além disso, é trabalhada a ideia de realizar uma exposição em uma área mais central da cidade para que a população tenha o conhecimento dessas realidades.