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E aí, vamos às compras?

Domingo ao meio-dia. Almoço em família, a carne já está no fogo, o arroz na panela e a mesa está posta. Batatas já cozidas, agora só falta a maionese. Ops, não tem mais no armário! Sem

Acadêmicos mobilizados em prol do Aldeias SOS

Prossegue no Centro Universitário Franciscano, a campanha de arrecadação de leite para a Escola de Educação Infantil Aldeias SOS, na Vila Urlândia, hoje responsável pelo atendimento de 97 crianças, do maternal ao pré-escolar. Um dos principais alimentos consumidos na escola, o

Venda de lote de geleia da marca Piá é proibida

O Procon de Santa Maria alerta a população para a medida da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiu a distribuição e venda da geleia de morango da marca Piá, lote 02, com validade em 19 de

Alimentos transgênicos: consumir ou não consumir? 

Hoje, ao acordar, a primeira coisa que fiz foi ir em direção à cozinha. Ora, não é nada redundante afirmar que este é o percurso padrão de boa parcela das pessoas, afinal de contas comer é

Alimentos, produtos de higiene e artigos religiosos para a venda no Bairro Passo da Areia. Foto: Mateus Ferreira.

Domingo ao meio-dia. Almoço em família, a carne já está no fogo, o arroz na panela e a mesa está posta. Batatas já cozidas, agora só falta a maionese. Ops, não tem mais no armário! Sem problema. É só dar um pulinho no mercadinho que fica ali na esquina. Essa é uma situação comum, consequência de uma rotina agitada durante a semana. Mas aquele mercadinho, que tantas vezes nos salvou do sufoco, tem os cuidados necessários com o acondicionamento, com a temperatura de armazenamento  e com a validade de seus produtos?

Esses são fatores essenciais, previstos por lei, e que a maior parte da população não costuma verificar. Quando corremos para as compras, em especial daquele produto que esquecemos e só notamos na última hora – na necessidade de adquiri-lo – acabamos por ignorar muitos desses cuidados básicos. A maionese é um dos produtos campeões da “validade vencida”. Só ao chegar em casa, ou mesmo depois de consumi-la, é que notamos o problema.

A fim de orientar o consumidor sobre infrações comuns dos estabelecimentos, fizemos uma apuração em alguns minimercados e armazéns situados em cinco bairros de Santa Maria: Centro, Nonoai, Passo da Areia, Rosário e Urlândia. Todos funcionam aos finais de semana e em alguns feriados. Para esclarecer critérios e facilitar para ao público leitor, foram desconsiderados produtos não regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), como chupetas, baldes, chuveiros elétricos e afins.

Para essa busca, nos apoiamos em documentos públicos e de acesso aberto, como a Cartilha do Consumidor e a resolução n° 35/1977 da ANVISA, que determina as temperaturas de armazenamento de produtos resfriados e congelados, bem como a Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação, resolução n° 216/2004, responsável pelo esclarecimento de como deve funcionar a setorização dos produtos.

Atentos a como deve ser a disposição das mercadorias nos locais de venda, definimos quatro diferentes categorias de separação dos produtos. A primeira diz respeito a Alimentos, englobando enlatados, perecíveis e não perecíveis. A segunda, refere-se a Produtos de Limpeza e Higiene Pessoal, que – de acordo com a resolução n° 216/2004 – não devem jamais estar junto com os que se enquadram nas demais categorias, tanto em seu transporte quanto em seu armazenamento. Outra categoria diz respeito aos Congelados e Resfriados, enquadrados à parte por conta de sua necessidade de freezers e temperaturas específicas. Por último, temos a categoria Bebidas. Elas não se enquadram nem na primeira e nem na terceira, pois não podem ser congeladas e podem variar muito em sua temperatura de armazenamento.

Não é recomendado o congelamento de refrigerantes. Foto: Mateus Ferreira.

 

É importante o consumidor estar sempre atento aos cuidados que os estabelecimentos têm com os alimentos. A Anvisa determina as temperaturas de armazenamento e transporte. Produtos congelados devem ser estocados de 0 a -18°C. Já para os resfriados, a temperatura é de 2 a 6°C. Alimentos que ficarem em temperaturas diferentes das estabelecidas acabam tornando-se impróprios para consumo.

Tabela da Anvisa, indicando temperaturas adequadas. Fonte: portal.anvisa.gov.br.

Mas não é só aos cuidados com alimentos congelados e resfriados que o consumidor precisa estar atento. Lembramos que os critérios com produtos alimentícios devem ser gerais, levando em conta características como embalo, acondicionamento e validade. Em uma das vistorias que fizemos pelo Bairro do Rosário, encontramos farinha de trigo vencida. Além disso, no depósito do estabelecimento, alimentos encontravam-se numa prateleira, misturados com produtos de limpeza. Os freezers estavam na temperatura correta.

Produto fora da validade. Foto: Mateus Ferreira.

 

Produtos misturados na prateleira. Foto: Mateus Ferreira.

 

No mesmo Bairro, em uma esquina, encontramos o que não conseguimos distinguir entre um minimercado e um armazém. O espaço é mínimo. Dentro do local, o cliente não pode pegar nenhuma mercadoria. Se quiser alguma coisa, é preciso pedir ao vendedor, que também acumula as funções de caixa e atendente. Tudo é alcançado pelo balcão. No depósito, nem é preciso entrar para encontrar infrações. É possível visualizar, desde a porta, caixas de bebidas misturadas com produtos de limpeza e alimentícios.

Alimentos acondicionados indevidamente. Foto: Mateus Ferreira.

 

Ao sair do Rosário, fomos para o Bairro Urlândia, onde encontramos um local de venda de alimentos, que optamos por denominar como um “minimercado-garagem-galpão”. O motivo é simples. O estabelecimento funciona em um local um tanto inusitado para se trabalhar com alimentos: o espaço destinado à garagem da casa dos proprietários. No entanto, não foram encontrados produtos fora da validade e as temperaturas obedeciam às estabelecidas pela Anvisa. Nele, encontra-se de tudo. Porém, nem tudo o que vemos está à venda. Além dos alimentos, que se enquadram nas categorias pré-definidas, encontramos no local  objetos particulares, que não estavam ofertados para compra e estavam atirados em meio aos produtos comercializáveis. Uma caixa de ferramentas mal fechada, com uma extensão elétrica em cima, um aparelho de som, um espelho de parede, uma poltrona e uma caixa de isopor usada são alguns dos vários objetos inusitados.

Produtos à venda e objetos descartados no mesmo espaço. Foto: Mateus Ferreira.

 

Na rua ao lado, ainda nas dependências da Urlândia, nos deparamos com outro lugar diferenciado. Pequeno e muito desorganizado, grande parte dos produtos sequer encontravam-se nas prateleiras. Continuavam nas caixas que os fornecedores haviam entregado. Os clientes devem abaixar-se, garimpar o que for de sua preferência e, então, dirigir-se ao caixa. E se você acha que o ambiente é confuso, ainda não relatamos tudo. O freezer de frios é um aglomerado indefinível de coisas. Além de conter os devidos produtos, vemos bebidas alcoólicas, refrigerantes, achocolatados e demais laticínios. Entretanto, o que mais chama atenção é a presença de uma marmita em meio aos alimentos à venda. Devido à diversidade de produtos, não é possível afirmar que a temperatura era a adequada.

Produtos mau acondicionados. Foto: Mateus Ferreira.

 

Uma marmita em meio aos alimentos comerciáveis. Foto: Mateus Ferreira.

 

Ao entrar no Nonoai, chegamos em dois minimercados. O procedimento foi o mesmo realizado em estabelecimentos anteriores: entramos, circulamos pelo ambiente e compramos uma água. Após, amparados pela lei como consumidores, nos apresentamos como estudantes de jornalismo e pedimos acesso ao estoque para fazer a verificação. Nos locais anteriores, não houve problema algum. Entretanto, no primeiro estabelecimento em que entramos no Nonoai, a dona do minimercado não liberou entrada no depósito, bem como a checagem  nas dependências comerciais. Explicou que estava sozinha naquele dia e tinha receio de assalto. Argumentamos e marcamos um horário durante a semana. No dia e hora marcada, um membro de nossa equipe retornou ao mercado, mas não conseguiu entrar. Foi tratado de forma rude e ameaçado judicialmente.

Já no segundo mercado visitado naquele Bairro, não houve grandes transtornos. Conseguimos checar as dependências do estabelecimento. Ali, tudo estava de acordo: não encontramos produtos fora da validade, as categorias de acondicionamento e temperaturas estavam de acordo. Apenas uma infração foi constatada: encontravam-se bebidas alcoólicas no mesmo freezer em que estavam os refrigerantes. Na hora de ir ao depósito o dono desconversou, declarou que não trabalhava com depósito e que usa o sistema just in time.

O próximo destino foi o Bairro Passo da Areia, próximo ao Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (BOE). De forma semelhante ao “minimercado-garagem-galpão”, também encontramos dificuldades em classificá-lo, devido seu exotismo e peculiaridade. Resolvemos batizá-lo de “Minimercado Luz Divina”.

No local, não encontramos produtos com a validade vencida, ou com a temperatura fora do previsto em lei. Em contraponto, a organização do espaço é preocupante. Entramos e vemos uma prateleira de esculturas religiosas, achocolatados, produtos de higiene pessoal e mercadorias para pets. Ao lado, outra com incensos. No mesmo espaço, ao fundo, uma mini ferragem. Logo após, um corredor que dá acesso a mais prateleiras com alimentos e um freezer de frios. 

Por fim, verificamos um conhecido minimercado no Bairro Centro. O espaço é reduzido. Entretanto, nele observa-se organização e cuidado com a disposição dos alimentos. Todos estavam dentro da validade e, os freezers correspondiam às temperaturas apropriadas para cada tipo de alimento. Apenas uma pequena infração: em uma prateleira encontravam-se, mesmo que de forma bem disposta, alimentos misturados a Produtos de limpeza e higiene pessoal.

Neste minimercado, o espaço é limpo e organizado. Foto: Mateus Ferreira.

 

De modo geral, todos os minimercados e armazéns visitados apresentavam infrações em um ou mais dos aspectos apresentados no início da reportagem. A maior falha – comum a todos eles – refere-se ao acondicionamento dos produtos, seja no estoque ou na dependência comercial dos estabelecimentos. Pelo menos duas das categorias – entre Alimentos, Produtos de higiene e limpeza pessoal, Congelados e resfriados ou Bebidas – encontravam-se mescladas. A desorganização de alguns espaços foi um aspecto que chamou a atenção, já que encontramos objetos pessoais junto aos produtos a serem vendidos.

Entretanto, a boa surpresa veio em constatarmos que poucos produtos foram encontrados com a data de validade vencida ou fora da temperatura ideal, algo inicialmente cogitado como uma infração mais recorrente. A partir da pesquisa realizada, fica evidente que consumidores, bem como os vendedores e proprietários, devem estar mais atentos. Um aparente e inofensivo mau acondicionamento de produtos pode – como indicado pela Cartilha do Consumidor e documentos disponibilizados pela Anvisa – contaminar alimentos e trazer graves consequências à saúde.

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Reportagem produzida pelos alunos Eduardo Biscayno de Prá e Mateus Ferreira, para a disciplina de Jornalismo Investigativo do Curso de Jornalismo da UFN, durante o 1º semestre de 2018, sob orientação da profª Carla Torres.

Aldeia
Crianças do Aldeias SOS na Vila Urlândia. Foto: arquivo projeto

Prossegue no Centro Universitário Franciscano, a campanha de arrecadação de leite para a Escola de Educação Infantil Aldeias SOS, na Vila Urlândia, hoje responsável pelo atendimento de 97 crianças, do maternal ao pré-escolar. Um dos principais alimentos consumidos na escola, o leite é fundamental no cardápio das crianças.

Para quem quiser colaborar, há caixas de coleta no hall dos prédios 14 e 16, ambos no Conjunto III da Unifra, à rua Silva Jardim, esquina com a Duque de Caxias. E, ainda,  no sétimo andar do prédio 14, na 716 C, antessala da Agência Central Sul de Notícias,716C.

A campanha foi lançada no último dia 18 de  novembro, e prossegue até o dia 15 de dezembro. Ela é parte do projeto Nutrindo Sonhos, desenvolvido junto à escola por uma equipe de acadêmicos do curso de Jornalismo da Unifra, na disciplina de Projetos de Extensão em Comunicação Comunitária.

O Procon de Santa Maria alerta a população para a medida da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiu a distribuição e venda da geleia de morango da marca Piá, lote 02, com validade em 19 de novembro de 2016, produzida pela Cooperativa Agropecuária Petrópolis, localizada em Nova Petrópolis (RS). O lote do produto estava sendo comercializado com larvas e pelo de roedor.

O laudo definitivo, emitido pelo Laboratório de Saúde Pública de Santa Catarina, também detectou “matérias estranhas indicativas de falhas das boas práticas” na fabricação do alimento. De acordo com a Anvisa, a empresa terá de recolher todo o estoque do produto que estiver no mercado.

Segundo nota divulgada pela cooperativa, o referido lote da data de 25 de maio de 2016 já foi recolhido e, a mesma vai intensificar o treinamento e o monitoramento de boas práticas dos produtores de morangos para as próximas safras.

O Procon/SM esclarece que os consumidores que tiverem o referido produto, devem realizar a troca nos estabelecimentos comerciais onde os mesmos foram adquiridos.

Mais informações pelos e-mail: procon@santamaria.rs.gov.br e gerenciaprocon@santamaria.rs.gov.br – fone : (55) 32171286

 

 

 

Grãos na lista da transgenia. Foto: Pixabay
Grãos na lista da transgenia. Foto: Pixabay

Hoje, ao acordar, a primeira coisa que fiz foi ir em direção à cozinha. Ora, não é nada redundante afirmar que este é o percurso padrão de boa parcela das pessoas, afinal de contas comer é uma necessidade fisiológica, e convenhamos, de manhã cedo bate aquela fome…. A questão é: você sabe o que tem ingerido ultimamente? Ou melhor, sem precisar ir tão “longe”, você sabe o que comeu no café da manhã de hoje?

É provável que não façamos vista grossa para alimentos cotidianos. Eu mesmo, hoje, degustei um pequeno pedaço de pão de centeio acompanhado de uma pequena quantia de margarina. É claro que também não faltou o costumeiro copo de leite de vaca. Café da manhã simples e prático. O que eu e você provavelmente não sabíamos é que eu ingeri, neste meu pequeno desjejum, alimentos geneticamente modificados.

Calma, não se assuste. Pode parecer, à primeira vista, algum roteiro de filme da década de 70. Aquelas ideias malucas de “coisas modificadas que ganham vida e tomam controle do seu corpo”. Mas, trata-se apenas de ciência, ciência e alimentos transgênicos. Relaxa que eu vou te explicar.

Você provavelmente já assistiu “X-Men”. A famosa série da Marvel que ganhou o mundo com a sua história de humanos mutantes com superpoderes pode perfeitamente servir como plano de fundo e explicar o que é um alimento transgênico.

Tomates estão na lista dos alimentos que mais sofrem com aplicação de agrotóxicos. Foto: Pixabay
Tomates estão na lista dos alimentos que mais sofrem com aplicação de agrotóxicos. Foto: Pixabay

Pense em um humano qualquer – pode ser você mesmo. Imagine que esta pessoa foi picada por um mosquito. Após, passou a sofrer efeitos colaterais, como febre, vertigem e desmotivação. Provavelmente a picada do mosquito infectou essa pessoa com algum vírus ou bactéria, debilitando-a. Imagine, agora, que milhares de pessoas foram vítimas da mesma espécie e tiveram sintomas iguais. Bom, se todas estas pessoas não tiverem tratamento médico adequado, é provável que possam falecer. Mas aí temos outro problema: precisamos de muitos profissionais da área da saúde, muitos medicamentos e igualmente leitos para que todos tenham recuperação e tratamento adequado. Mas tudo isso envolve muito dinheiro, seja público ou privado. Quer dizer, a não ser que todos estes homens ou mulheres fossem mutantes, e assim como os X-Men, tivessem algum poder especial para combater esse mosquito antes de serem picados, ou simplesmente possuíssem enorme resistência ao vírus ou bactéria do inseto.

Agora, pense novamente em tudo que foi escrito, mas substitua humanos por “frutas”, “legumes” ou “verduras”. O mosquito seria a metáfora para explicar a ação de pragas ou pesticidas em alguma plantação, e as questões financeiras são os problemas que cotidianamente o agricultor tem de lidar quando sua plantação é destruída pelos “mosquitos”. A grande questão da história é que, infelizmente, os X-Men só existem na ficção. Entretanto, alimentos que sofreram mutações laboratoriais para obter “superpoderes” e resistir a pragas e pesticidas são uma realidade e, para estes, é dado o nome de produtos transgênicos.

Nutricionista Cátia Stork. Foto: Patrese Lehnhart
Nutricionista Cátia Stork. Foto: Patrese Lehnhart

Agora que você já sabe o que é um alimento transgênico, deve estar se perguntando acerca da confiabilidade dos mesmos. Para isso, contamos com o auxílio de uma profissional da alimentação para nos explicar melhor. Conversamos com a professora Cátia Stork, do curso de nutrição do Centro Universitário Franciscano. De acordo com Cátia, o debate sobre os benefícios e malefícios de alimentos transgênicos é extenso, de modo que não há como se ter certeza plena acerca do seu consumo.

Os argumentos favoráveis são de que esses alimentos possuem valor nutricional maior do que outros que não sofreram esse processo. “Ele vai aumentar o teor de alguma vitamina especifica, de algum composto fotoquímico, destinado para pessoas com deficiência desse nutriente”, destaca Cátia.

Outro ponto benéfico desse tipo de alimento, segundo a professora, é que a produção pode ocorrer em escala maior, já que os transgênicos são colhidos com maior rapidez e com menor perda por serem resistentes a pragas e agrotóxicos. Uma boa solução, em tese, para a fome que o mundo passa.

Já os pontos contrários dão conta de que o consumo foi modificado para resistir a agrotóxicos, o que pode causar sérios prejuízos à saúde, além da biodiversidade. Adiante, pesquisas carecem de informações que deem conta de benefícios plenos dos transgênicos, servindo o próprio ser-humano como cobaia. Questionada sobre o fato de podermos ou não utilizar alimentos geneticamente modificados com segurança, Cátia foi sucinta: “Se for para um benefício nutricional, sou a favor. Mas com relação à resistência de agrotóxicos já fico em dúvidas, pois carece de estudo. É complicado se posicionar sem ter embasamento cientifico suficiente”, pondera a nutricionista

Pesquisa feita com roedores levantou riscos de câncer

Brasil é um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Foto: Pixabay
Brasil é um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Foto: Pixabay

Em setembro de 2012, uma pesquisa francesa, publicada pelo renomado periódico internacional Food and Chemical Toxicology (revista que publica artigos originais sobre os efeitos tóxicos de alimentos e medicamentos em humanos e animais), revelou os resultados de um estudo feito com ratos de laboratório, onde se constatou que após longo consumo de milho transgênico os roedores passaram a sofrer de câncer com três vezes mais frequência.

Coordenado por Gilles-Eric Seralini – professor da Universidade de Caen, na França, o estudo também observou que ratos alimentados com o milho transgênico morreram antes do previsto. Dos detalhes da pesquisa, destaca-se que o roedor alimentado com milho transgênico veio há falecer um ano antes do que a outra cobaia, que estava comendo produtos sem modificações genéticas.

Em outubro do mesmo ano, porém, uma comissão francesa rejeitou os resultados colhidos por Seralini. Segundo o Alto Conselho de Biotecnologia do país, o câncer que adquiriu os roedores da pesquisa não possui ligação alguma com o milho transgênico ao qual consumiram. Para o conselho – que pediu um estudo independente do caso-, o método aplicado por Seralini e sua equipe seria inadequado. O pesquisador rebateu, afirmando que o milho utilizado em suas pesquisas – de procedência de uma empresa chamada “Monsanto”, uma transnacional que produz transgênicos – deveria ser banido da França. Pontuou, porém, que vê com bons olhos a recomendação de se realizar um estudo independente do caso.

Em dezembro de 2009, Seralini – que faz parte de um grupo de pesquisas sobre segurança alimentar, o Criigen – já havia publicado um estudo semelhante, igualmente utilizando ratos como cobaia. Na época – utilizando a mesma metodologia, quando também alimentava os roedores com milho transgênico -, constatou-se que os animais sofreram de graves danos nos fígados e rins, assim como efeitos no coração, baço e glândulas supra-renais.

Cultivo da soja transgênica no Brasil. Foto: Pixabay
Cultivo da soja transgênica no Brasil. Foto: Pixabay

Brasil é segundo colocado mundial no cultivo de transgênicos

Segundo dados de um relatório feito pelo Isaaa (Serviço Internacional para Aquisição de Biotecnologia Agrícola) em 2014, o Brasil é o segundo país no mundo em área de cultivo de alimentos transgênicos, o que representa 23% do total mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza 40%.

O relatório – que diz respeito ao ano de 2013 – também revelou que os alimentos transgênicos representam 170 milhões de hectares de cultivo no mundo, destes, 40,3 milhões são do Brasil. O país também é o que mais cresce em produção, o que culminou em um amento de 10% quando comparado à coleta de dados referente ao ano de 2012.

A efeito de curiosidade, em 1996 a produção de transgênicos no mundo era de apenas 1,7 milhões de hectares. Os países em desenvolvimentos são os que representam a maior parte em termos percentuais.

Retrocesso informacional

T2Apesar dos constantes debates inconclusos acerca dos perigos ou não de alimentos transgênicos, uma coisa é fato: o consumidor merece dispor de informações do alimento que vai consumir. Apesar de óbvio, em maio do ano passado um retrocesso: projeto de Lei que elimina a rotulagem de alimentos transgênicos foi aprovado.

Tendo o deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP-RS) como autor, o Projeto de Lei 4148/2008, que tramitava na Câmara dos Deputados desde 2008, recebeu o voto favorável de 320 congressistas, antes 135 contrários. Como justificativa do parlamentar, Heinze afirmou que o projeto é necessário, pois, segundo ele, alimentos transgênicos são seguros. Além disso, afirma que a proposta não omite informações do consumidor.

A afirmação, porém, carece de maior embasamento, ao passo em que não há nenhum estudo que comprove de forma integral que alimentos geneticamente modificados são seguros ou não. Além disso, o consumidor só irá dispor da informação nos rótulos de comida se a presença de elementos transgênicos for maior que 1%. O projeto, porém, agora precisa ser aprovado pelo Senado Federal.

Ao passo em que países como Portugal proíbem o uso de transgênicos por falta de comprovação de se é ou não seguro, os parlamentares brasileiros aprovas medidas que omitem informações do consumidor.

As vantagens ou desvantagens que contornam os transgênicos podem ser ainda mais ampliadas conforme se estende o debate sobre o assunto. No passo em que novas pesquisas são realizadas a todo momento deve o consumidor ficar atento ao que consome, sempre na busca por uma qualidade de vida melhor.

Por Patrese Lehnhart, Iuri Patias e Lucas Schneider. Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.