Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Brigada militar

Santa Maria em alerta: aumenta o efetivo policial nas ruas

  Você já deve ter percebido o aumento considerável de policiais nas principais ruas de Santa Maria (RS). A falta de segurança é a principal preocupação entre as pessoas que moram na cidade. Uma pesquisa sobre

São Martinho da Serra recebe novo policial

A Brigada Militar de São Martinho da Serra recebeu um novo policial há aproximadamente duas semanas. O 4º Grupamento de Polícia Militar (4º GPM) tinha dez policiais em 2011. Porém, alguns se aposentaram e agora a

Furto e Roubo aumentaram cerca de 25% nos últimos 5 anos. Fonte: Brigada Militar

 

Você já deve ter percebido o aumento considerável de policiais nas principais ruas de Santa Maria (RS). A falta de segurança é a principal preocupação entre as pessoas que moram na cidade. Uma pesquisa sobre os principais medos e sobre a qualidade de vida, feita em 2017, mostra que a maioria das pessoas, independentemente da idade, tem receio de assalto, roubo e da violência em geral.

Os casos acontecem em casa, na rua e até dentro de escolas e universidades. Não é restrito a horários ou locais específicos. Há inúmeros casos de jovens que são abordados na saída das instituições. “Tem que ser revista a nossa segurança, ter mais policiais, iluminação nas ruas. Sou completamente a favor”, argumenta a acadêmica de enfermagem, Anelise Silva.

Não é difícil encontrar alguém com uma história de violência. Um homem conta que foi atacado por dois bandidos quando ia para o trabalho, às 7 de manhã. “Fiquei com muito medo, sigo com medo e tenho receio de ser assaltado novamente. E se da próxima vez acontecer alguma coisa comigo, como ficam meus filhos? “, desabafa.

Números da insegurança

Conforme dados disponibilizados no site da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, furtos e roubos são os casos mais frequentes. Em 2014, foram contabilizados 3.582 casos de furto em toda cidade, contudo, esse número aumentou gradativamente nos últimos anos conforme o último levantamento de dados em 2018, chegando a 4.701 ocorrências.

Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul

Em comparação com municípios maiores do estado, essa marca é ainda mais preocupante. Cidades como Caxias do Sul ou Novo Hamburgo têm números próximos ou até mesmo iguais aos índices citados.

Outro crime que teve um aumento significativo é o homicídio doloso – quando a pessoa tem intenção de matar. Em apenas cinco anos, passou-se de 42 para 58 casos, o que representa um aumento de 28% e preocupa os órgãos de segurança de Santa Maria.

Diante desse cenário de alerta, a Brigada Militar aumentou o efetivo nas ruas em pontos estratégicos. Praças, ruas movimentadas e horários alternativos estão entre os focos das ações tomadas, como reforça o policial Antônio Dias*. “A onda de criminalidade é grande. Com isso foi necessário aumentar o número de policiais nas ruas da cidade, principalmente em pontos onde a luminosidade é fraca à noite e não tem movimento. Sem contar o patrulhamento nas ruas que, estrategicamente, foi reforçado”.

Foto: Daniel Lima

Em contato, a Secretaria de Segurança do Município não quis se pronunciar de modo oficial sobre os dados estatísticos, apenas destacou o aumento do efetivo policial nas ruas com mais ocorrências, na tentativa de redução dos atuais índices.

 

*Nome fictício para preservar a identidade da fonte.

Texto produzido por Daniel Lima para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, durante o 1º semestre de 2019. Orientação: professora Carla Torres.

Brigada Militar de São Martinho da Serra cuida da segurança mesmo com efetivo reduzido. Foto: José Matheus Beck Brasil

A Brigada Militar de São Martinho da Serra recebeu um novo policial há aproximadamente duas semanas. O 4º Grupamento de Polícia Militar (4º GPM) tinha dez policiais em 2011. Porém, alguns se aposentaram e agora a cidade tem seis, que se revezam em duplas no patrulhamento do território martinhense.
“A redução de policiais é consequência das aposentadorias e não é possível a reposição em virtude da crise econômica. Outras questões como problemas de saúde e férias contribuem para a diminuição do efetivo”, comenta o comandante da Brigada Militar, sargento Lauricio Menezes Chaves.

A atuação no policiamento ostensivo está voltada para os horários com mais circulação de pessoas. As patrulhas são feitas próximas às agências bancárias, postos de saúde, escolas e comércio. A finalidade é aumentar a sensação de segurança. Para Lauricio, a criminalidade no município é baixa. Quando questionado sobre o papel da sociedade, o comandante diz:

“A comunidade também pode apoiar a ações da Brigada adotando cuidados com sua segurança e informar as possíveis ações delituosas. Nas propriedades rurais, cuidado com veículos estranhos e movimentações em qualquer horário. Uma medida que pode auxiliar a polícia é a instalação de câmeras de vigilância, o que inibe a ação de delinquentes”.

O empresário Anderson Ramos, 37 anos, relata que apesar da dificuldade do estado, a Brigada atua de forma responsiva. “Creio que apesar das dificuldades, aqui na cidade eles se desdobram bastante. A insegurança é contínua. Porém, quando precisamos, eles estão à disposição para resolver nosso problema”, afirma o empreendedor que possui um restaurante no centro da cidade.

Os telefones úteis da Brigada Militar: São Martinho da Serra: (55) 32771187 e (55) 999589161, Santa Maria: (55) 32206413 e Patrulha Rural: (55) 999690907.

Texto: José Matheus Beck Brasil para a disciplina de Jornalismo Digital 1

Protesto na tarde de ontem, na praça Saldanha Marinho. (foto: Cpers Sindicato)
Protesto na tarde de ontem, na praça Saldanha Marinho. (foto: Cpers Sindicato)

Ontem, dia Nacional do Estudante, por volta das 18 horas, alunos e professores se manifestavam contra os projetos da lei Escola sem Partido, PLS 193/2016 e PL 867/15, na praça Saldanha Marinho.  Com faixas e cartazes no chão, a mobilização era contra a retirada de direitos dos professores e contra o projeto, chamado de “Lei da Mordaça” pelos secundaristas. Após o ato na praça, o grupo se dirigiram para a Avenida Presidente Vargas, onde teve início o confronto com a Brigada Militar, forçando que o protesto terminasse. Hoje pela manhã, o CPERS promoveu novo protesto em frente à Escola Cilon Rosa, repudiando a ação da Brigada Militar.

Segundo os participantes, a violência policial começou na rua contra os estudantes e professores, com a  utilização de balas de borracha e cacetadas, para reprimir o protesto. A aluna Alexia Piber postou em rede social depoimento com fotos e vídeo gravado dentro da Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, onde os estudantes continuaram a ser espancados pelos policiais que invadiram a instituição. Nas fotos, há estudantes machucados e o vídeo mostra o momento que os policiais militares os reprimem com chutes e cacetadas. Segundo Alexia que ficou com o rosto machucado e a boca cortada após levar um chute de um brigadiano quando estava no chão,  a agressão foi porque estava filmando o confronto. Ela também foi algemada e mais tarde, levada à Unidade de Pronto Atendimento. Seus colegas foram agredidos da mesma forma, imobilizados, e alguns tiveram ferimentos graves. A maioria dos estudantes no ato de ontem são menores de idade, segundo a vice-diretora da noite da escola.

Outra aluna que estava no protesto e pede para não ser identificada diz que “os policiais não queriam que trancássemos a Avenida por causa do trânsito e a gente resistiu, porque não existe  sentido em fazer um ato onde não se tranque a rua. Eles começaram a empurrar, bateram em uma companheira nossa e a gente conseguiu puxá-la e continuamos, e eles continuaram pressionando para finalizar o ato, chamando a gente de  m*… e dizendo que não deveríamos estar ali. Na hora em que chegamos na frente do colégio, a diretora abriu o portão, uma galera conseguiu entrar e aí eles fecharam e ninguém mais passou. Aí eles começaram a bater em quem estava tentando entrar e nas pessoas que estavam ali em frente. E essas pessoas se defenderam, claro.”.

O vice-diretor geral do Cilon Rosa, professor Dartagnan Agostini contou que alguns alunos foram detidos e levados à delegacia da Polícia Civil. Ele e um grupo de advogados acompanharam os jovens para ajudar na liberação, após exames de corpo de delito. Segundo Dartagnan,  “a agressão começou na Presidente Vargas, já próximo à escola. Os policiais atacaram, inclusive, pessoas que estavam na parada de ônibus, não no protesto. Quando eles pularam o muro da escola e entraram começaram a agredir funcionários e alunos”, declara o vice-diretor. “Foi uma reação desproporcional da Brigada Militar. O protesto estava pacífico e é um direito de todo cidadão, segundo a Constituição, se manifestar. A invasão de uma instituição pública também é grave”.
O CPERS – Núcleo 2 entrou com um processo jurídico contra as ações dos policiais e contra qualquer acusação aos secundaristas. Quem está cuidando do caso é o advogado Marcelo Fagundes, do CPERS de Porto Alegre.

Contatado pela ACS, o comandante do 1º RPMon, Gedeon Pinto da Silva, respondeu que poderia se manifestar apenas por email e enviou uma nota oficial na qual a Brigada Militar lamenta o episódio, afirmando que os policiais militares estavam exercendo sua profissão  quando foram agredidos e buscaram garantir a tranquilidade pública, a segurança dos pedestres e a fluidez do trânsito. Segundo a nota, cinco policiais foram lesionados durante o ato. A tropa especializada interviu e os manifestantes foram encaminhados à Polícia Civil. Alega ainda que os fatos serão devidamente apurados nas esferas competentes.

(foto: Cpers Sindicato)
(foto: Cpers Sindicato)

Para entender a ” Lei da Mordaça”

Em 2015, o projeto de lei Escola sem Partido veio para o Rio Grande do Sul proposto pelo deputado Marcel van Hattem (PP), e começou a tramitar na Câmara dos Deputados (PL 867/15). No Senado Federal (PLS 193/2016), de autoria do senador Magno Malta (PR), ele começou a tramitar em maio deste ano. Os projetos tiram a liberdade dos professores de tratar determinados temas em sala de aula, como sexualidade, religião, conceitos de gênero e ideologias, bem como foge do contexto sociocultural em que vivemos, e restringe os assuntos a serem abordados. Não permite que os estudantes de Ensino Médio reflitam sobre a realidade em que vivemos, e outros realidades. Reforçando o pensamento conservador que hoje, está fortemente presente no país.
Os outros projetos de lei que censuram as escolas públicas são: PL 7180/14, PL 7181/14, PL 1859/15, PL 5487/16, PL 1411/15, PL 4486/16.