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Recomendação Cultural: Que Horas Ela Volta?

“Muitas vezes olhamos com preconceito e não valorizamos o trabalho de quem está nos servindo. É muito chocante o filme. Eu comecei a questionar se as mulheres que me criaram deixaram de cuidar dos filhos delas”,

Após o filme “Quando a Gente Menina Cresce” ganhar o prêmio de Melhor Longa-Metragem Gaúcho no 53º Festival de Cinema de Gramado, a expectativa é do longa ir para as salas de cinema.  O documentário, dirigido por Neli Mombelli e produzido pela TV OVO, trata sobre a transição da infância à adolescência de seis meninas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Sérgio Lopes, com o enfoque na primeira menstruação, abordando o assunto de maneira leve e natural. 

Além do Kikito de melhor longa-metragem gaúcho, a produção também levou para casa o prêmio de Júri Popular e recebeu uma Menção Honrosa para as meninas que protagonizaram o filme. A diretora do filme comenta que o reconhecimento com a premiação amplia a visibilidade do trabalho, mas a possibilidade de se tornar uma referência no meio audiovisual na cidade e a expectativa do público em relação às próximas produções traz muitas responsabilidades. 

No dia 19 de setembro, o filme participou do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, como parte da programação do Festivalzinho — mostra direcionada para crianças e escolas. “Foi uma experiência mágica; até então eu não tinha imaginado que eu poderia estar lá participando com o filme… Um festival é uma grande festa, celebração do cinema; é uma possibilidade ímpar de criar uma rede de contatos e conexões, de trocar experiências.”, diz Neli, animada. Ela também comenta sobre a diversidade de filmes selecionados para a mostra no festival: “No curto período de tempo que eu fiquei lá, eu vi muitos Brasis refletidos na tela do festival.”  

Neli explica que os próximos passos para o filme consistem na inscrição em um edital de distribuição e levar o filme para salas de cinema, principalmente em Santa Maria, e talvez em Porto Alegre e São Paulo.  “Depois que a gente fizer essa estreia no cinema, que provavelmente deve ser muito breve, nós vamos trabalhar com a distribuição de impacto, ou seja, a ideia é ativar grupos conforme o público-alvo, como escolas na idade escolar dessas meninas, famílias, profissionais de saúde… enfim, grupos em que o assunto possa ser debatido. A ideia da distribuição de impacto é que a partir de um filme que tem um tema relevante social como o nosso, que ele possa gerar discussões e quem sabe promover alguma mudança, seja em nível de debate, comportamental, ou até em nível de política pública, sonhando alto.”, disserta Neli. 

Pedro acredita que o filme mostre a realidade atual brasileira (foto: Fernanda Gonçalves/Laboratório de Fotografia e Memória)
Pedro acredita que o filme mostre a realidade atual brasileira (foto: Fernanda Gonçalves/Laboratório de Fotografia e Memória)

“Muitas vezes olhamos com preconceito e não valorizamos o trabalho de quem está nos servindo. É muito chocante o filme. Eu comecei a questionar se as mulheres que me criaram deixaram de cuidar dos filhos delas”, é a reflexão que Pedro Correa, estudante do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano, fez sobre o filme, abrindo mais os olhos para essa realidade que muitos ignoram.
O estudante indicou esse filme por ser a visão de uma empregada doméstica de uma família de elite em São Paulo. Todas as pessoas devem quebrar esse paradigma e preconceito. “É importante reconhecermos o trabalho de todas as classes”, afirma Pedro. Principalmente agora que as empregadas domésticas ganharam direito ao Fundo de Garantia (FGTS) é muito sugestivo o filme. O longa é da mesma diretora do filme que retrata a ditadura militar em “O ano em que meus pais saíram de férias”.

Imagem: divulgação
Imagem: divulgação

Sinopse: A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.
Direção: Anna Muylaert.

 

 

Confira o trailer do filme Que Horas Ela Volta?

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