Luz do mundo
Foi numa tarde muito fria que ela nasceu. Melhor dito: foi numa tarde gélida que ela iluminou o semblante de seu pai, luz que ecoou. Não lembro quantas horas fazia que ela respirava, mas o suficiente
Foi numa tarde muito fria que ela nasceu. Melhor dito: foi numa tarde gélida que ela iluminou o semblante de seu pai, luz que ecoou. Não lembro quantas horas fazia que ela respirava, mas o suficiente
As inscrições do XLII Concurso Literário Felippe D’Oliveira estão abertas até o dia 7 de junho. O concurso, que homenageia a memória do poeta santa-mariense, busca estimular produções literárias de contos, crônicas e poesias, e é
Cronicaria é um projeto dirigido pela TV OVO, um coletivo santa-mariense que trabalha com formação audiovisual e com o registro da memória da cidade. Para além do audiovisual, também é vanguarda nas discussões a respeito das políticas
Como o ser humano vive em função do passado e do futuro. É difícil estar no presente. E como estar se, a cada segundo, o presente vira passado? Agora já passam das dez e vinte da
Quando pensamos na busca do desconhecido, superar nossos medos, angústias, imaginamos algo grandioso como as diversas, descobertas feitas pelo o Homem, a conquista do espaço, a exploração das profundezas do oceano, a evolução da genética, o
Por Alessandra Cichoski* Houve um burburinho na reunião de pauta: o pessoal estava discutindo sobre quem cobriria a Inocência Mata. Todos se entreolharam receosos, estranharam a ideia e riram. Quem encontraria a Inocência? A única coisa
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Foi numa tarde muito fria que ela nasceu. Melhor dito: foi numa tarde gélida que ela iluminou o semblante de seu pai, luz que ecoou. Não lembro quantas horas fazia que ela respirava, mas o suficiente para mudar nossas vidas. Fui visitá-la. Levei rosas. Rosas rosas em cabos longos sem espinho. Ela não sabia cheirar e ninguém soube o que fazer com o presente que foi colocado sobre uma bancada. Sentei-me ao seu lado e, sem cerimônia, ela me olhou com firmeza pela fresta daqueles olhos intensos. Parei, não havia nada tão importante quanto deixar que ela prendesse meu dedo indicador na sua mãozinha forte e tudo ficou pleno.
Fazem 15 anos e, desde então, o mundo não é o mesmo.
Ela nasceu antes do instagram e isso me deixou feliz, porque poderia ter inúmeras imagens dos seus primeiros olhares, todos parciais e sem fazer jus à sua existência. Ela nasceu antes dos likes ficarem furiosos no facebook e isso me deixou feliz, porque haveria menos likes do que ela mereceria, mesmo que nenhum deles expressasse a emoção profunda de estar em sua presença. No dia que que a seleção brasileira de futebol masculino tomou aquele 7 a 1 ela era uma guriazinha animada que se confundiu com os gols e replays infindáveis.
Fazem 15 anos e isso significa dizer que foi antes das passeatas do ‘passe livre’, antes da expressão ‘não é pelos 0,20 centavos’, antes das ruas tomadas pela diversidade de pessoas e opiniões a expressarem insatisfação com o andamento da política. Ela ainda era pequena nas manifestações que, em 2013, ocuparam as cidades grandes. Ainda não pegava ônibus no período das grandes greves que pararam o transporte público. Foram anos tão democráticos e os passeios pelas ruas, ao sol, eram mais livres. Não era difícil discutir a necessidade de avanço no campo dos direitos humanos naqueles dias. E mesmo das meninas pequenas, era esperado que refletissem sobre sua experiência no caminho de se tornarem mulheres. Isso era prazeroso para mim: saber que ela vivia um tempo em que os desafios da sua condição podiam ser discutidos abertamente por gurias atentas. Isso aquecia meu coração. Sentia que naquele espaço e tempo estávamos criando um tesouro, algo que comporia uma herança positiva. Faz pouco tempo, tão pouco tempo e passou rápido demais.
Todavia, não quero explicar essa mudança com poucas palavras, quero pensar alto com elas nesse espaço em comum do texto. A vida mudou. A violência aumentou e os violentadores parecem desavergonhados. E notícias tristes e acumulam nos feeds, em sites de jornais (nacionais e regionais) e elas nos contam sobre a crueldade que a violência contra as mulheres tem se tornado robusta, tão robusta como sem racionalidade. Por que matar mães, filhas, esposas, namoradas? Que pode um mundo sem mulheres? Existe mundo sem elas? Gustave Coubert, lá no século XIX, pintou a origem do mundo conhecido que só pode existir pelo parto que um corpo feminino é capaz de suportar.
Nesse tempo passado e presente, é na data do aniversário de minha sobrinha que meu coração se apequena ao pensar nos desafios pelos quais ela vai passar, em todos os perigos que ela vai enfrentar. Com qual sociedade presenteamos nossos amados e amadas? Uma sociedade que parece travar e retroceder em direção à agressividade ao invés de abraçar nossas diferenças e caminhar junto à promoção da vida? Tenho pensado sobre isso, sobre qual a herança que deixaremos para as luzes desse mundo: nossas sobrinhas e sobrinhos, nossos filhos e filhas, nossas crianças todas.
Toda a vida importa! (Ah, como a vida de todos os seres humanos deveria importar!)
Agora quero dizer uma vez e alto, com todas as letras: a vida das mulheres importa (pois são elas as que morrem nas mãos dos esposos, dos namorados e não o contrário)! Mulheres, que desde pequenas, se agigantam e seguem, com infalível certeza, reinaugurando o mundo.
Esse é o meu presente para o seu futuro, para todos os futuros, para que haja futuro!
Paula Jardim Bolzan, historiadora e antropóloga, professora na UFN
As inscrições do XLII Concurso Literário Felippe D’Oliveira estão abertas até o dia 7 de junho. O concurso, que homenageia a memória do poeta santa-mariense, busca estimular produções literárias de contos, crônicas e poesias, e é dirigido a candidatos de nacionalidade brasileira, residentes no país ou no exterior. Na categoria de crônicas, o texto deve obedecer a extensão máxima de 3 laudas, já na de contos o número máximo de páginas é 10.
Obedecendo ao limite de até três trabalhos por modalidade, os candidatos devem entregar textos inéditos, ou seja, sem publicações nem premiações em outros concursos. As inscrições devem ser entregues na Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer no período de 2 de maio a 8 de junho, das 8h às 13h e das 14h às 16h. A Secretaria fica na Rua Venâncio Aires, nº 1934 no prédio da SUCV – 2º andar, junto à sala da Lei de Incentivo à Cultura.
As inscrições enviadas pelo correio terão validade da data de expedição, e a inscrição de cada trabalho deve ser feita separadamente com sua própria ficha, que pode ser encontrada no fim do regulamento disponível no site da prefeitura de Santa Maria. O preenchimento deve ser digitalizado ou em letra de forma.
O texto deve ser colocado em um envelope tamanho ofício com a ficha nº 1 colada no exterior do envelope. A ficha de inscrição deverá ser colocada num envelope menor, identificado externamente pela ficha nº 2, devidamente preenchida. O envelope menor, contendo a ficha de inscrição, deve ser colocado dentro do envelope maior junto ao texto.
O regulamento explica que no texto é obrigatório o uso de pseudônimos, ou seja, não deve conter o nome verdadeiro do autor. Esse pseudônimo deve ir abaixo do título do texto, alinhado à direita. A devida identificação dos concorrentes será feita após a decisão da Comissão Julgadora, quando serão abertos os envelopes com a ficha de inscrição que acompanham o trabalho.
A seleção e classificação será de 26 de junho até 31 de julho, e a divulgação dos resultados está prevista para dia 2 de agosto. A premiação é de R$ 3 mil e um certificado ao primeiro lugar de cada modalidade. Aos demais candidatos, classificados em 2º e 3º lugares, serão entregues certificados de participação. O regulamento ainda prevê um Prêmio de Incentivo Local para cada modalidade no valor de R$ 2 mil, dirigido exclusivamente a candidatos naturais de Santa Maria ou residentes na cidade há mais de dois anos.
Cronicaria é um projeto dirigido pela TV OVO, um coletivo santa-mariense que trabalha com formação audiovisual e com o registro da memória da cidade. Para além do audiovisual, também é vanguarda nas discussões a respeito das políticas culturais locais e desenvolve diversos projetos na área. Cronicaria é mais um deles que busca engajar e envolver as pessoas nos vínculos da escrita, da leitura, do cotidiano, do encontro e da reflexão.
Segundo a proposta do projeto, a ideia é a produção de ” crônicas sobre e de Santa Maria, traduzidas no tempo das palavras do jornalista Marcelo Canellas e da acadêmica de jornalismo Manuela Fantinel. Cronicaria aborda, em crônicas, os olhares de vivências e subjetividades distintas de dois santa-marienses. Um jornalista renomado, preocupado com os direitos humanos, que vive na capital do país, mas que não perde o seu vínculo com a “terrinha”. Uma menina-mulher prestes a sair dos bancos da academia que vive a pulsante juventude da cidade. É o olhar santa-mariense sobre o mundo para além dos morros que nos cercam. Um olhar livre, de quem se acostumou a subir e descer as lombas de uma cidade ondulada”.
O projeto Cronicaria consiste em uma publicação semanal de crônica veiculadas numa página online vinculada ao site da TV OVO. A proposta é produzir entre 16 de agosto e 30 de dezembro de 2017, um total de 40 crônicas. Nas quartas-feiras, as crônicas serão da acadêmica do curso de jornalismo Manuela Fantinel: “o sentimento do mundo, o ímpeto dos sonhos que movem os jovens, os temas que mobilizam discussões atuais, ideias que lembram que o mundo é muito grande para se pensar pequeno”. Já aos sábados, será a vez do jornalista Marcelo Canellas:” histórias que envolvem, memórias que irrompem e questões que, por vezes, alfinetam”.
Apoie a campanha para viabilizar o projeto. Acesse o link e veja como fazer.
Como o ser humano vive em função do passado e do futuro. É difícil estar no presente. E como estar se, a cada segundo, o presente vira passado?
Agora já passam das dez e vinte da noite. A essa altura mil coisas devem ter vindo a sua cabeça. Um milhão de conexões no cérebro fizeram você lembrar coisas que estavam esquecidas, perdidas, amontoadas e até deixadas de lado.
Uma fração de segundo vira eternidade quando até hoje, você se lembra de um momento que vem à tona na forma de uma foto congelada. Um cheiro de café, de chá, pão ou das flores da primavera e você se lembra da infância.
Esquecer é um problema da memória, não do coração. Perdoar é problema do coração. O problema é que nem memória, nem coração vem com manual de instrução. Somos seres humanos, esqueceu?
Não. Não esqueceu aquele sonho que quer realizar. Mas, agora já estou falando do futuro. O presente já faz parte do passado.
Lembranças fazem parte do passado. Sonhos são do futuro. E do presente?
O presente precisa ser suficiente. Atitude certa tomada na hora certa. Alguém estava chorando e você desejou, mesmo em pensamento, que ela ficasse melhor. Uma ambulância passou e você torceu, rezou ou acendeu velas para que tudo desse certo. O presente só pode ser feito agora, nem um segundo antes ou depois.
Agora são dez e quarenta e dois e eu me dei conta que vou ter que trocar o título porque tudo que eu escrevi agora, já é passado.
Patrese Lehnhart Rabenschlag, acadêmico de jornalismo.
Quando pensamos na busca do desconhecido, superar nossos medos, angústias, imaginamos algo grandioso como as diversas, descobertas feitas pelo o Homem, a conquista do espaço, a exploração das profundezas do oceano, a evolução da genética, o uso de novos aparelhos tecnológicos. Mas, às vezes, esses desafios estão nas coisas mais simples e tão mais próximas do que imaginamos, como o relato surpreendente de Franciel Schimidt, 18 anos, conhecido como Alemão, meu vizinho de janela.
Aos poucos, no passar dos meses, o prédio que era abandonado ao lado do meu começou a receber cores novas e reformas. Logo despertou certa curiosidade naquelas melhoras que ali estavam sendo feitas. Quem começaria ocupar aquele novo espaço? Quem seriam os vizinhos novos? Sempre que passava pela frente, eu observava com um olhar inquieto e distinto. Percebia apenas alguns movimentos, um entra e sai de pessoas.
As horas que eu tinha em casa eram silenciosas, pois o apartamento costumava estar vazio. Isto não impedia que eu ouvisse vozes com uma entonação diferente do meu cotidiano corriqueiro. Aquele tom e som da letra R eram carregados, fez com que eu sentisse certa irritação e uma tremenda vontade de descobrir de onde seria essa pessoa. O que ela faz aqui? Santa Maria está ganhando mais um morador ou mais um universitário? Enfim, vários questões foram sendo construídas durante dias diante das conversas que ecoavam na janela do meu quarto. Outros dias passaram e eu ainda insistia na descoberta daquele R chiado, do dialeto que eu achava que fosse alemão e nos acordes do violão que escutava. Confesso que até me sentia um pouco entediada. Todos os dias aquele mesmo ruído, aquele discurso em uma língua que eu não compreendia. Foi então que comecei analisar as possíveis razões dessa pessoa que parece ser de uma cidade distante estar aqui.
Por que não aqui? Afinal, eu moro numa cidade em que a população é flutuante por receber gente de todos os cantos do mundo. Uma cidade universitária, talvez seja isso, um vizinho, universitário e só. E eu que me acostume com os novos hábitos desse novo morador que eu mais escuto e pouco enxergo da minha janela. Às vezes, ao sair cedo ou na minha chegada corriqueira no final do dia, acabava esbarrando com o dono da voz.
Descubro que do outro lado da minha janela, na janela de onde vinham aqueles ruídos, o som de uma viola, ali existia um menino que se intitula como um “colono” por ter vindo de uma cidade chamada São Paulo das Missões, região noroeste do estado. Lá foi onde passou seus dezoito anos de vida junto de seus pais e sua irmã mais nova. O menino que sempre ralou pesado na roça na meia colônia de terra que a família possui, desde pequeno era acostumado com o trabalho braçal, com a vida no campo. Nas lembranças de sua pré-escola, dizia encontrar dificuldades, pois não falava o português da cidade. Foi um processo que teve que aprender com os colegas.
Quando adolescente foi levado para concluir o ensino médio na cidade de Cerro Largo, no Seminário Diocesano São José. Ficou um ano estudando para ser padre, mas logo o seminário foi vendido e ele voltou para casa. “No seminário, tinha vida, poder deixar o interior e ir morar na cidade, foi onde adquiri novas experiências”. E hoje pode dizer que já fez coisas que pessoas de 20 anos, nunca fizeram ou sabem fazer.
A mudança,para cidade grande, Santa Maria, é como se os dezoito anos vividos em sua cidade natal, tivessem sido apenas férias, com eternas lembranças e memórias. Aqui sabe que pode projetar o futuro melhor do que os pais tiveram, pois não tinha quem os incentivassem a sair de lá. Embora encontre algumas dificuldades nessa nova empreitada que é de estudos acadêmicos, desistir seria o mesmo que voltar para roça. Estudando sabe que vai realizar os objetivos. Formar-se em Ciências Sociais e obter êxito com a profissão.
Por Tiéle Abreu, estudante no curso de Jornalismo da Unifra.
Por Alessandra Cichoski*
Houve um burburinho na reunião de pauta: o pessoal estava discutindo sobre quem cobriria a Inocência Mata. Todos se entreolharam receosos, estranharam a ideia e riram. Quem encontraria a Inocência? A única coisa certa, é que ela estaria por aquelas redondezas, naquela noite. A questão era conseguir encontrá-la em um momento onde, normalmente, ela é perdida.
O repórter que permitiu aventurar-se com a pauta, logo começou suas pesquisas: A Inocência já esteve em vários lugares do mundo, sempre esbanjando pureza, simplicidade e ingenuidade. Assim, ele criou uma imagem em sua cabeça, “Ela deve ser loira, alta, magra, linda e bem sucedida”.
Obcecado com a imagem que construiu, conclui suas pesquisas e resolveu, finalmente, ir atrás dela. Assim, ele passou pelo Núcleo de Fotografia, pela Agência de Notícias, pela Rádio, por todos os corredores, por tudo. Sempre com a mesma pergunta, “Vocês viram a Inocência?”, e sempre risadas e deboches como resposta.
Cansado de tanto escárnio, resolveu descansar. Sentou-se na mesa da diretora da TV e logo viu um bilhete que dizia “No Salão do Júri, às 19h, Inocência Mata”. Apavorado, logo pensou “A Inocência será julgada! Preciso encontrá-la antes que determinem sua sentença!”. Saiu em disparada, rumo ao Salão do Júri.
Foi o primeiro a chegar. Observou que, aos poucos, as pessoas foram se acomodando, conversando e sorrindo. O fundo do Salão do Júri se encheu rapidamente, sobrando apenas alguns lugares na frente. Contudo, o que mais impressionou o repórter, foi a concentração do pessoal do Núcleo de Fotografia, que já estava a postos, à espera da Inocência, prontos para pegar o melhor ângulo.
Quando a Inocência chegou, “de cara” quebrou com o padrão de estereótipo que o repórter havia imaginado. Foi uma surpresa. Ela era baixa, gordinha, negra, cabelo chanel, seu batom combinava com a armação de seus óculos e o esmalte da unha, em tom rosa envelhecido. Sempre sorridente, aparentava estar à vontade. Enfim, o repórter estava frente a frente com a Inocência. A luz da câmera já estava acesa e em instantes eles entrariam no ar…
Ela começou a falar, e falava de tal forma a misturar continentes e línguas. Às vezes, dava para acompanhar, outras, o repórter sentia como se algo tivesse sido implantado em sua mente. Algo que o impedia de raciocinar, ou até mesmo de compreender a pureza daquelas palavras.
Aquela junção de dialetos declarados com a maior simplicidade e pureza fez com que o repórter se sentisse despreparado e, de súbito, tomado por uma espécie de distúrbio: “Inocência Mata. Mata? Inocência Mata? Mata!”. Largou o microfone, atordoado, saiu do Salão em transe, sem se dar conta de que, àquela altura, já havia perdido a Inocência.
*Acadêmica do curso de jornalismo/Unifra. Texto produzido na disciplina de Produção Criativa de Texto, ministrada pela professora Silvia Niederauer. A crônica foi inspirada na palestra da Professora Inocência Mata, titular do Departamento de Língua e Cultura Portuguesa, da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.