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Santa Maria, RS, Brazil

direitos das mulheres

Da luta ao empoderamento

Em meio a rótulos, estereótipos e padrões criados por uma sociedade machista, as mulheres vêm quebrando paradigmas e mostrando que “Lugar de mulher é onde ela quiser, sim senhor”.     A busca pelo direito de

Campanha arrecada materiais de higiene para presas da cidade

Bruna Oliveira, Caroline Camossetto e Lilian Streb A jornalista Nana Queiroz retrata, em seu livro “Presos que menstruam”, a realidade das penitenciárias brasileiras em relação ao tratamento das mulheres presas. A obra, que relata as condições

Observatório da mídia CS-02Em meio a rótulos, estereótipos e padrões criados por uma sociedade machista, as mulheres vêm quebrando paradigmas e mostrando que “Lugar de mulher é onde ela quiser, sim senhor”.

    A busca pelo direito de exercer a feminilidade sem ser chamada de “gostosa” ou de ouvir, em casos de estupro, “Ela estava pedindo”, são apenas grãos de areia para quem tem de lutar todos os dias pela igualdade de gênero. Quando falamos em sociedade machista, estamos tratando da soberania masculina e do olhar preconceituoso da população brasileira em relação às mulheres. É uma questão cultural. A imagem da mulher é sempre rotulada, sempre vista como quem vai cuidar da casa, dos filhos. Quem vai ao mercado e passa a vida esquentando a barriga no fogão, enquanto o esposo trabalha fora para sustentar a família. Estes são tempos que não voltam mais. Hoje as atividades rotineiras do lar não são suas únicas prioridades. A independência e o empoderamento feminino ganham mais força com a ascensão da mulher na política.

Vistas como o sexo frágil, elas têm ganhado o terreno que por muito tempo fora o mundo particular dos homens. Ainda que com relutância seja por parte dos partidos, ou pela imagem que a mídia cria da mulher, é considerável o crescimento das mulheres neste segmento. Pensar em política, em comandar um país sempre nos remete a uma ideia de força, de pulso firme no setor econômico. É claro que isso não combina com mulheres. Lá se vai mais um clichê. Mentalidade pequena de quem não acredita que o prédio da esquina foi uma mulher quem arquitetou o projeto ou que o mestre de obras era “mulher”. Há quem diga que elas querem tirar o lugar dos homens. Engana-se quem pensa deste modo. Elas querem apenas ser valorizadas por sua capacidade. Por não serem tão frágeis quanto você supunha. Não querem rótulos, esteriótipos e muito menos terem suas vidas privadas colocadas em questão em meio uma campanha para concorrer a um cargo.

Sempre lembro de uma frase que diz assim: “Atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher”. As mulheres do século XXI não precisam mais ficar escondidas na sombra de seus homens, aprenderam que inteligência impõe respeito. É destas mulheres inteligentes que estamos falando. Da capacidade de unir a sensibilidade, o carinho, a força e a liderança exatamente na dosagem certa. Estamos falando da mulher real, não da ilusão que a mídia cria em nossas mentes. Uma distorção, um esteriótipo de capa de revista. Fútil é o que eles querem que pensamos. Astutas e corajosas. É assim que as vejo. Lutando pelo direito ao corpo que é seu. Lutando para não sofrer violência doméstica. Para não ser estuprada, por um ou trinta homens. Buscando a todo tempo que a sociedade se dispa dos preconceitos, abandone o falso moralismo nos discursos contra as feministas. De olhos vendados o povo foi as ruas pedindo por impeachment. Pela primeira vez na história deste país, uma mulher havia chegado à presidência. Mais uma vez venceu a alienação midiática, o machismo, o sexismo e a falta de informação verdadeira.

 Não vamos permitir um retrocesso. Precisamos de mais mulheres no poder, mais mulheres comandando. Precisamos de igualdade de gênero. O cidadão precisa perceber que sem a mulher, nada se contrói. Lutemos para dar à elas o empoderamento. Para que o grito seja de liberdade, não de dor. Que a mulher que hoje ganha o mundo, possa conquistar também o respeito ao seu corpo, ao seu gênero e a sua essência. Está aí estampado para quem quiser ver. Lei Maria da Penha, vagão rosa ou táxis para mulheres não é a solução. Pais eduquem seus filhos para quando passar por uma mulher na rua independente da maneira como ela esteja vestida, da raça, cor, etnia, que ele possa ver ali, um ser humano igual a ele, dotado de capacidade e com os mesmos direitos.

14269377_956954634415458_425496450_nWillian Ignácio, 27 anos. É estudante de jornalismo. Gosta de livros, café bem forte e quente, como a vida deve ser. Autêntico e de personalidade marcante. Prefere uma boa conversa com os amigos ou um filme no sofá a uma balada de final de semana. É apaixonado pela vida, e pela liberdade.

*Texto produzido para a disciplina de Legislação e Ética em Jornalismo

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Bruna Oliveira, Caroline Camossetto e Lilian Streb

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Campanha arrecada materiais de higiene pessoal para detentas (Foto: Caroline Comassetto)

A jornalista Nana Queiroz retrata, em seu livro “Presos que menstruam”, a realidade das penitenciárias brasileiras em relação ao tratamento das mulheres presas. A obra, que relata as condições precárias em que as detentas se encontram, inspirou estudantes da PUCRS, UFRGS e Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP) a realizarem campanha em benefício destas mulheres. O objetivo é arrecadar materiais de higiene pessoal e distribuí-los à Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba Julieta Balestro, e à Penitenciária Feminina Madre Pelletier, de Porto Alegre.
O sistema carcerário brasileiro trata as presas como homens, desconsiderando as diferentes necessidades em relação a eles, como alerta a obra. Inspirada na campanha de Porto Alegre, a estudante Luiza Oliveira, do curso de Direito do Centro Universitário Franciscano (Unifra), decidiu organizar a mesma ação em Santa Maria, com o intuito de amenizar os problemas e a falta da assistência no Presídio Regional de Santa Maria. A instituição mista tem mulheres nos regimes fechado, semiaberto e aberto; e homens nos regimes semiaberto e aberto. A capacidade total é de 265 detentos.
Antes da inauguração da PESM, em 2011, o PRSM ultrapassava três vezes a capacidade total. O presídio recebe a verba orçamentária trimestral através da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
A campanha de arrecadação de materiais de higiene para as detentas do Presídio Regional de Santa Maria acontece desde o dia 8 de abril, na sala 313 do prédio 13 da Unifra. Também há pontos de arrecadação no prédio 21 da UFSM, na Faculdade Palotina (FAPAS) e na Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES).
Luiza Oliveira conta que a ideia surgiu a partir de uma matéria que fez sobre um projeto que permitia às detentas do presídio, passar um dia fora com os filhos. A iniciativa era fazer entregas mensais, mas como não são muitas pessoas que doam, a periodicidade terá de ser maior.
“Eu acho que a campanha teve dois lados. O primeiro foi que muitas pessoas que eu não imaginava que doariam, resolveram ajudar. Por outro, vi muita gente elogiando, mas na hora da doação, não levaram nada”, exclamou.
Sobre a campanha, a estudante falou sobre sua realização pessoal em poder colaborar. “Pelo lado pessoal, eu acho que essa campanha fez mais bem para mim do que para elas, me senti bem realizada de poder fazer a minha parte e ajudar essas mulheres”, comenta.