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discos de vinil

Colecionar: a arte de guardar histórias

Desde quando era nova, com oito anos, Cleonice Domingues começou a se interessar por guardar coisas sem nenhuma pretensão, como figurinhas de chiclete. Seu pai tinha uma caixinha de madeira onde guardava moedas, novas e antigas,

Foto por: Amanda Souza
Cleonice também tem notas que eram testes e foram retiradas de circulação (Foto: Amanda Souza)

Desde quando era nova, com oito anos, Cleonice Domingues começou a se interessar por guardar coisas sem nenhuma pretensão, como figurinhas de chiclete. Seu pai tinha uma caixinha de madeira onde guardava moedas, novas e antigas, e então ela começou a colecionar notas de dinheiro. “Sempre foi só eu nisso, na coleção, é algo meu, individual”, revela.
A proprietária da loja de bijuterias Império guarda as notas em uma embalagem na gaveta, e procura mantê-las sempre em ordem, de acordo com as datas. Cleonice guarda todas as notas de cada lançamento e tem até da época do Cruzeiro. “Gosto muito dessa de dez cruzeiros com a figura do Getúlio Vargas” ressalta.

 

Os colecionadores do clássico e vintage vinil

Foto por: Amanda Souza
Bruno tem contato direto com vinis pois, na livraria Athena, eles comercializam os discos (Foto: Amanda Souza)

Bruno Roderick é atendente na livraria Athena e tem 150 discos de vinil. Ele começou a colecionar devido à compra de um aparelho que toca LPs para a Athena (que vende os discos). Então ele aproveitou que o preço estava acessível e comprou um para si. Com essa compra ele voltou à escutar os discos, na metade do ano passado. Bruno já gostava de discos de vinil, pois sua mãe escutava bastante. Quando ele tinha em torno de 12 anos começou um apreço maior pelos LPs. O primeiro disco da coleção foi Incesticide, da Nirvana, da primeira coleção.

O atendente fala sobre a originalidade dos discos de vinil, a prensagem da primeira gravação, que o torna mais original. “Se tu tiveres esse vinil da primeira edição é mais valioso do que um que foi remasterizado ou lançado depois. O tamanho e a forma da prensagem também influenciam, como o disco que tenho, é uma prensagem limitada, transparente e colorida, daqui a um tempo será um item mais valorizado”, salienta ele.

Amigo de Bruno, Ricardo Nicoloso, dono da loja Disco Voador, também ouvia discos com a sua mãe. Quando ganhou o vinil Help, da banda The Beatles, começou essa afinidade e ligação com os discos. Antigamente eles eram bem caros, então era complicado de adquirir, conta Nicoloso. Na época do Rock In Rio, com 12 anos, ele começou a comprar alguns vinis do Guns and Roses. Sua fase de colecionador começou no final dos anos 90, quando o vinil estava em baixa, os CDs eram caros e o formato não o atraía, relembra Ricardo. “Sempre gostei de música, desde a infância quis ter coisas das bandas que gosto.”, afirma ele.
A loja Disco Voador foi crescendo aos poucos, como conta o empresário.  “Foi uma maneira de continuar trabalhando com o que eu gosto. Me contento em trabalhar com vários discos. Hoje em dia como o vinil está em voga, o pessoal vem comprar. Diariamente vem pessoas, que não compram sempre, mas vem conversar sobre, dar uma olhada e trocar ideias”. Ele também tem clientes que seguem à risca o princípio de colecionar discos de diferentes prensagens. Nicoloso tem um cliente que comprou o mesmo vinil do Pink Floyd, The Wall, mas com prensagens e capas diferentes. “No momento que tu colocas três ou quatro discos em um canto e começa a ouvir tu se tornas um colecionador, porque tu aprecias aquilo, não precisa necessariamente ter um acervo”, opina.

Um colecionador peculiar

Foto por: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória
Oneide comenta que tem três caixas grandes cheias de canetas (Foto: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória)
Foto: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória
As canetas de diversos formatos tem uma história peculiar de como chegaram até ele (Foto: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória)

O cinegrafista do grupo RBS, Oneide Moura, coleciona objetos que todos nós carregamos, perdemos, ganhamos, jogamos fora, mas sempre estamos com eles na bolsa: canetas.
Canetas em forma de gravadores, carros, animais, vindos de Paris, Chile, Nova York, compõem a coleção de mais de 3 mil e 500 canetas
Moura começou a colecionar há oito anos trás, quando ele encontrou uma caneta que não era sua e, ao devolver, o dono disse que ele poderia ficar com a caneta. O fato despertou o interesse por elas e pelos seus designs. “O pessoal descobriu que eu estava fazendo coleção e começou a me dar canetas, de congressos, trabalhos. Eles trazem para mim, agora estou com três caixas que nem sei onde guardar!”, brinca Moura.
O proprietário do Itaara Golf Club trouxe uma caneta que ganhou de brinde, em formato de taco de golfe. “Minha colega foi em um congresso nos EUA, com uma ONG de animais, e trouxe para mim uma caneta em formato de cachorro”, conta. Uma amiga que trabalhava na CNN juntava canetas de lá e enviava pelo correio também.
O colecionador nunca comprou canetas, pois acredita que seja bem mais interessante ganhar ou encontrar as canetas, porque cada uma delas carrega uma história. “Já recebi ofertas de um cara do Chile querendo comprar, mas não tenho interesse ainda em vender, não pretendo parar de colecionar agora. Já pensei em parar com a coleção, mas sempre tem um vizinho ou amigo que me dá uma caneta diferente, pois sabem que coleciono, aí não dá para parar”, explica o jornalista.