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estagiária

A Estagiária

Agora só falta mais um integrante para cada time: “Eu escolho o Murilo”, “E eu escolho o Bernardo”, falavam os capitães dos times de futebol da escola que, por sinal, sempre eram os mesmos, por colecionarem

Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

Agora só falta mais um integrante para cada time: “Eu escolho o Murilo”, “E eu escolho o Bernardo”, falavam os capitães dos times de futebol da escola que, por sinal, sempre eram os mesmos, por colecionarem medalhas e troféus obtidos em torneios. Eu, como não era boa de bola, passava as manhãs no banco de reserva, jogando stop com os outros colegas que também sobravam. Éramos conhecidos como “pernas de pau”, já tínhamos perdido as esperanças, então, não fazíamos muita questão de prestar atenção no jogo.

Mas em um ano, especificamente no 5º ano do ensino fundamental, tudo mudou. Durante um mês, tivemos aulas de educação física com uma estagiária. Ela mudou nossa percepção sobre o que é o esporte. Nos fez entender o porquê da importância de praticá-lo e suas regras.  Esportes como handebol, basquete e ginástica foram introduzidos a rotina escolar, fazendo com que alunos que não se encaixavam nos esportes “tradicionais” desfrutassem de outras possibilidades. Essa estagiária, despertou o espírito esportivo nos jovens que não tinham o “talento” para o futebol.

O mês passou tão rápido que, quando percebemos, era a última aula de educação física com a estagiária. Existe aquele ditado que diz: o que é bom dura pouco, as aulas com a estagiária passaram rápido, mas mudou o pensamento daqueles que achavam que não levavam jeito para o esporte.

A partir do momento em que a criança entende o motivo pelo qual é importante aprender determinada coisa, aquilo se torna interessante para ela. E isso vale para todas as disciplinas do currículo escolar. Não exclusivamente para a disciplina de educação física. Ah, que saudade daquela estagiária. O engraçado é que, quando paro para pensar nas aulas anteriores as que ela ministrou, não lembro de praticamente nada. Agora aqueles momentos que ela passou conosco, lembro de todos. Já sei, vou procurar ela nas redes sociais, e perguntar se ela lembra de mim, porque nunca vou esquecê-la.

 

Texto de Ana Luiza Deicke

Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.