The Handmaid’s Tale – O Brasil será a próxima Gilead?
Os níveis de natalidade em Gilead são quase inexistentes, parte da população de mulheres não consegue manter uma gestação saudável ou tem dificuldades para a concepção de um filho.
Os níveis de natalidade em Gilead são quase inexistentes, parte da população de mulheres não consegue manter uma gestação saudável ou tem dificuldades para a concepção de um filho.
11 de setembro de 2001, 8h46 min de uma manhã de terça-feira normal. O som do trânsito e da população de Nova Iork foi interrompido de forma súbita por um estrondo. Nesse momento, um avião de passageiros
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Após um atentado terrorista contra o presidente dos Estados Unidos da América e grande parte do pleito político, uma facção católica instaura um regime totalitário baseado nos regramentos do Antigo Testamento, ceifando os direitos das mulheres e dos grupos minoritários da nomeada República de Gilead. Após alguns dias do atentado, a segurança nacional do novo governo inicia uma captura das mulheres férteis do país e June Offred, protagonista da série, é capturada em uma tentativa de fuga para o Canadá e posteriormente entregue ao Comandante Fred Waterford para servi-lo como “handmaid”, ou seja, uma mulher cujo único propósito é dar filhos ao homem no poder.
Os níveis de natalidade em Gilead são quase inexistentes, parte da população de mulheres não consegue manter uma gestação saudável ou tem dificuldades para a concepção de um filho. Outra realidade apresentada são os fetos que nascem sem vida ou não resistem aos primeiros minutos pós-parto, consequência gerada pelos altos níveis de poluição do país. Os alimentos com agrotóxicos, os gases poluentes sendo mantidos na atmosfera e a plantação de insumos em terra artificial foram expoentes para o aumento significativo da taxa de infertilidade. Os Comandantes de Gilead assumem o poder com o intuito de “repopular” a sociedade de maneira com que as mulheres que já tiveram filhos anteriormente sejam forçadas a cumprirem com seus “instintos maternos” e usarem seus úteros para salvar a população americana.
Logo no primeiro episódio, June tenta fugir com sua filha e marido, porém os guardiões da segurança do país a capturam e levam para um Centro de Treinamento onde ela e outra mulheres serão instruídas de como se comportar na casa de seus Comandantes e como agir quando estiverem em sociedade, bem como deverão seguir suas vidas dali em diante. Um dispositivo é colocado nas orelhas das mulheres para servir de rastreador, tal qual fazem com animais silvestres na natureza. A imprensa foi exterminada, assim como os livros e qualquer material de leitura existente da cidade. Grandes fogueiras foram erguidas em praça pública para queimar o restante de história que ainda existia, um passado que deveria ser esquecido pelo bem de todos e que não seguia as novas ideologias do país.
June passa por diversas situações durante sua vida exilada em Gilead, usa as memórias que tinha da filha como forma de lutar e sair daquele regime. Durante os episódios, ela relembra de momentos com o marido, com a melhor amiga Moira que também foi capturada, tenta elaborar estratégias para fugir e buscar ajuda de outro país, pois sem imprensa nenhuma verdade era mostrada ao mundo. As mulheres eram violentadas diariamente e precisavam conviver com isto, pois quem as defenderia? Quem poderia ajudar a contar a verdade?
No Brasil, temos uma situação análoga acontecendo, a Câmara dos Deputados aprovou em junho, em regime de urgência, o Projeto de Projeto de Lei 1904/24, do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 32 parlamentares, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio simples, com pena de até 22 anos tanto para a gestante quando para quem tentar ajudá-la. O procedimento é autorizado no país em apenas três casos: gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia do feto, todos com o consentimento da mulher. A proposta prevê penalizar a mulher que sofreu violência sexual com mais anos de reclusão do que a pessoa que praticou o ato, onde no Brasil a pena máxima é de 10 anos. O projeto precisa passar pelo Senado e pela sanção presidencial
Para a bancada que defende o Projeto de Lei, a vida de um feto que foi gerado através de uma violência tem mais valor do que a pessoa que foi violentada, restando duas opções para a vítima: ser presa pelo crime de aborto ou ser obrigada a continuar com a gravidez. O tema gerou discussão em vários grupos sociais, que se manifestaram através das redes sociais e foram às ruas para se posicionar contra ou a favor da aprovação. Em Gilead, o governo institucionalizou a violência contra a mulher, a punição para quem não gerasse filhos seria a morte, apedrejamento ou banimento para áreas radioativas.
Na República, qualquer movimentação feita contra a continuação da gravidez, seria devidamente punida e exposta para os demais da sociedade como forma de demonstrar o que não deve ser feito. No Brasil, a vítima será presa e julgada por escolher o que fazer com o próprio corpo. Se colocarmos ambas as narrativas próximas da outra, seria difícil julgar o que é ficção ou realidade?
The Handmaid’s Tale é uma série dirigida por Reed Morano, com roteiro de Bruce Miller. Integrando o elenco principal da primeira temporada: Elizabeth Moss, Joseph Fiennes, Samira Wiley, Ann Dowd, Max Minghella, Madeline Brewer, Alexis Bledel, Yvone Strahovski e O-T Fagbenle.
Texto produzido pela acadêmica Michélli Silveira na disciplina de Narrativa Jornalística, no primeiro semestre de 2024 do curso de Jornalismo, sob supervisão da professora Glaíse Bohrer Palma.
Imagens: Divulgação
11 de setembro de 2001, 8h46 min de uma manhã de terça-feira normal. O som do trânsito e da população de Nova Iork foi interrompido de forma súbita por um estrondo. Nesse momento, um avião de passageiros bateu em cheio contra uma das torres do World Trade Center, no centro financeiro de uma das maiores cidades dos Estados Unidos. Pela primeira vez, o povo norte-americano sentiu o horror de uma grande guerra. Dezesseis anos depois, as marcas do atentado ainda estão guardadas na memória da população, e mais que isso, na história.
Nesta segunda-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, prestou homenagem as 2.997 vítimas do atentado, assegurando que a tragédia jamais será esquecida. Trump, cercado de colaboradores, pediu um minuto de silêncio na hora exata em que o primeiro avião comercial sequestrado pela Al-Qaeda foi lançado contra uma das torres do World Trade Center.
Além disso, no Ground Zero (lugar da tragédia), em Nova York, houve uma homenagem aos mortos, também com um minuto de silêncio e leitura nominal das vítimas no ataque.
O 11 de Setembro mudou o mundo. A guerra contra o terror se intensificou e milhares de pessoas morreram no Iraque e no Afeganistão. Com isso, os EUA fortificaram suas defesas e não perdoam até hoje o atentado. Isso se comprova pela permanência dos soldados norte-americanos em solo afegão, lugar controlado pela AL-Qaeda.
O ataque apresentou ao mundo o terror que grupos extremistas podem causar e que nem a maior potência mundial está livre de ameaças. No total, 2.997 pessoas foram mortas, sendo este considerado o maior atentado terrorista da história da humanidade até hoje.
Fernando Rodrigues Cezar, 21 anos, cursa o 6º Semestre do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra). Monitor na Agência Central Sul.