Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

impostos

Geração de emprego e renda X carga tributária

Brasileiros estão entre os que pagam mais tributos no mundo e os que menos têm a contrapartida de serviços públicos de qualidade. Entre os 30 países com a maior carga tributária no mundo, o que proporciona

O Leão está de olho nas redes sociais dos contribuintes

A Receita Federal está utilizando informações de redes sociais na análise e seleção de contribuintes para fins de fiscalização.Estima-se que as informações de redes sociais já tenham contribuído com subsídios para o lançamento ou atribuição de

Imagem de Robert-Owen-Wahl (Pixabay)

Brasileiros estão entre os que pagam mais tributos no mundo e os que menos têm a contrapartida de serviços públicos de qualidade. Entre os 30 países com a maior carga tributária no mundo, o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados a favor da sociedade é o Brasil. Não há justiça entre a quantidade de impostos pagos e a contrapartida de serviços públicos oferecidos à população. O levantamento feito pelo ICDE/IBGE causa surpresa e desânimo. Ainda assim, o Governo Federal estuda aumentar os impostos para reduzir o rombo das contas públicas.

Para Marion Santos, 32 anos, comerciante varejista, o atual cenário econômico do país está muito complexo devido à crise política e o governo tem se empenhado em mudar esse cenário, com a reforma trabalhista e agora da previdência. “A situação econômica influencia diretamente na geração de emprego e renda. Quanto maior a oferta de emprego, maior será a demanda. Com isso, haverá maiores salários e distribuição de renda para as famílias”, ressalta ele. Já o dono de um posto de combustíveis, Sidnei Bernardo Paul, 51 anos, entende que o governo deve diminuir a carga tributária e terminar com a guerra fiscal, para assim diminuir o número de desempregados.

Para os empresários, em momentos de crise, deve-se buscar inovações, criar alternativas, procurar novas oportunidades, novos produtos e investir no diferente. Pois, é preciso ousar para se manter estável devido aos juros e créditos. O comerciante Gilberto Roso, de 56 anos, destaca que a carga tributária é uma das maiores despesas de uma empresa, é exagerada e inibe uma maior participação de empreendedores. “A carga tributária perde somente para a folha de pagamento onde atualmente pagamos 40% de nosso lucro em impostos, ou seja, representam quase um terço do faturamento da empresa,” ressalta o comerciante.

Para Derli Lacerda dos Santos, 67 anos, contador, a alta carga tributária está inibindo as pequenas empresas de crescerem. As grandes companhias recebem incentivos e desonerações dos governos em determinadas épocas, com o intuito de movimentar os setores beneficiados, e também em troca de favores políticos. Isso leva algumas empresas a sonegarem impostos, o que faz com que o governo aprimore técnicas de controle para inibir a sonegação, investindo em tecnologias que fazem o cruzamento de dados das transações comerciais.

O alto valor cobrado afeta diretamente o caixa das empresas e o bolso do consumidor, como mostra a pesquisa feita pelo Contax no site da Receita Federal que compara a carga tributária dos últimos 10 anos:

Carga tributária no Brasil ao longo da última década. Fonte: Receita Federal

Segundo dados da Receita Federal, entre 2006 e 2015, a cada R$100, cerca de R$32 eram impostos. Já em 2017 o “Impostômetro” atingiu a marca de R$1,2 trilhão, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A crítica pelos altos valores pagos é constante por não refletir em melhorias nos serviços públicos essenciais à população.

 

Saiba mais:

https://www.ospcontabilidade.com.br/blog/a-carga-tributaria-no-brasil-e-no-mundo-comparativo-e-necessidade-de-mudancas/

http://www.contax.srv.br/o-aumento-da-carga-tributaria-no-brasil-nos-ultimos-10-anos/

 

Texto de Bruno Bertulini para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, durante o primeiro semestre de 2019. Orientação: professora Carla Torres.

 

Foto: arquivo
Foto: arquivo

A Receita Federal está utilizando informações de redes sociais na análise e seleção de contribuintes para fins de fiscalização.Estima-se que as informações de redes sociais já tenham contribuído com subsídios para o lançamento ou atribuição de responsabilidade tributária a mais de 2.000 contribuintes, com valor sonegado na ordem de R$ 1 bilhão de reais.

Segundo informações da Assessoria de Comunicação da RF, os auditores-fiscais estão analisando as redes sociais para identificar bens e possíveis interpostas pessoas (laranjas) nos relacionamentos do contribuinte fiscalizado. Tais  informações  são indícios que se somam aos diversos outros cruzamentos realizados como informações bancárias, cartórios, veículos, declarações de fontes pagadoras, profissionais de saúde, aluguéis etc. A identificação do real proprietário e dos bens são fundamentais para que os lançamentos tributários tenham a garantia de que serão pagos, pois estarão garantidos com os patrimônios bloqueados.

Entre os casos constatados via redes sociais verificou-se:

– Identificação de que o proprietário registrado no contrato social era uma interposta pessoa (laranja), quando ambos negavam possuir qualquer vínculo. Em pesquisas nas redes sociais foram identificadas fotos do laranja com o real proprietário da empresa, demonstrando seu vínculo;

– Caso em que filho de contribuinte fala sobre viagens caras e bens do pai que serviram de subsídio para fiscalização e garantia dos créditos tributários;

– Proprietário registrado no contrato social era uma interposta pessoa (laranja). Em redes sociais, verificou-se que o laranja “dono de empresa” que faturava 100 milhões por ano, postava fotos de “churrasco na laje”, demonstrado incompatibilidade de sua situação de proprietário daquela empresa;

– Situação em que o contribuinte assume em redes sociais ser proprietário de empresa que não está em seu nome;

– Situação em que um motorista afirma prestar serviço para proprietário de empresa que não aparece no quadro societário constante nos registros;
– Caso de estrangeiro que tinha empresa em nome de laranja. Encontrado o nome da pessoa no site da família que informava que o pai fez acordo com governo de seu país para não ser preso, mas que os bens estavam em nome da mãe. Com isso, bloqueou-se os bens que estavam registrados em nome da mãe;

– Vídeo encontrado no Youtube de festa de fim de ano da empresa em que o real proprietário se dirige aos funcionários, sendo que para Receita Federal ele se apresentava com vendedor da empresa. Esse vídeo passou a constar como um dos elementos de prova no processo de lançamento do auto de infração para caracterizar a pessoa com real proprietário da empresa.

O levantamento de tais informações só é possível porque na área de seleção e programação da ação fiscal, a Receita  está utilizando modelos de inteligência artificial que realizam buscas na internet e incluem essas informações dentre os parâmetros para seleção do contribuinte para fiscalização (malha).