Os excluídos reciclam a mente dos incluídos é o título da matéria produzida pelos alunos Pedro Corrêa e Laíz Lacerda. “Nosso tema fala a respeito dos coletores de materiais reciclados do Projeto ‘Catando Cidadania’, da irmã Lourdes Dill”, comenta Laíz que achou interessante a pesquisa sobre a quantidade de lixo produzida no Brasil. “Tomei um susto ao saber que nem metade do que poderia ser reciclado, é”, revela. Já o acadêmico Pedro Corrêa, classifica o JornalEco como uma experiência incrível, tanto na área ambiental, quanto de vida. “Aprendi muito com a experiência de pessoas que, apesar das dificuldades, conseguem sorrir”, compartilha. Pedro acrescenta que, ao produzir o JornalEco, aprendeu a escrever a história das pessoas com mais sensibilidade.
“Produzir o JornalEco foi uma experiência interessante. O trabalho que acompanhamos partiu de um desafio que foi feito na aula de Jornalismo e levado para a escola onde trabalho”, conta a professora Luana Iensen. Na matéria Um problema com solução, produzida com o colega Patrese Lenhart Rabenschlag, Luana pôde observar o trabalho que desenvolve na Escola Antônio Alves Ramos. “O bom de observar o projeto sustentável que iniciei com os alunos, foi poder acompanhar a continuidade e os resultados dele”, declara. Patrese conta que, nesta disciplina, deparou-se com uma questão ainda despercebida por ele. “Para fazer com que as pessoas efetivem mudanças em favor do meio ambiente, temos que colocar em prática o discurso ambiental. Só teoria não faz as pessoas se engajarem”, reflete. Patrese ressalta que a produção do JornalEco despertou nele a conscientização ambiental. Agora ele se preocupa mais com a reciclagem, do que se preocupava antes.
Um desafio. Com essa expressão, Marília Paim Lavarda define a execução da sua pauta. “No começo achei difícil, mas durante o desenvolvimento da matéria percebi a importância do tema e, assim, desenvolvi a reportagem com tranquilidade”, ressalta Marília que escreveu sobre a crise hídrica e as iniciativas do Royal Plaza Shopping para o reaproveitamento de água. A acadêmica Yasmin Lima conta que o JornalEco contribuiu para ajudá-la a vencer o preconceito com o Jornalismo Ambiental. “Este tema abre espaço para outros trabalhos. O JornalEco foi uma experiência incrível”, destaca.
O que falta para o Cavalo de Lata dar a largada na cidade? Responder essa pergunta foi o desafio dos acadêmicos Pedro Lenz Piegas e Silvana Righi. Eles relataram a história do carrinho elétrico que recolhe o lixo das ruas de Santa Cruz do Sul. O relato está na página 10 do JornalEco. Segundo Silvana, o processo de produção do JornalEco foi enriquecedor por permitir aos alunos conhecerem os projetos ambientais da cidade. “Escrever sobre o Cavalo de Lata me instigou a olhar mais para os catadores. Antes desta disciplina, a condição dos catadores passava despercebida por mim”, confessa. Pedro destaca o bom resultado do trabalho em grupo e a experiência da apuração. “Escrever a matéria de forma esclarecedora e tentar convencer o leitor de que aquela é uma das melhores, ou a melhor opção de recolhimento de lixo na cidade, foi uma experiência nova pra mim”, relata.
Destacar projetos sustentáveis que beneficiam famílias carentes e modificam o modo de viver das pessoas foi a proposta de pauta adotada pela acadêmica Adriana Aires da Silva. As dificuldades que Adriana teve que enfrentar durante a pauta não a impediram de concluir o trabalho. “As primeiras fontes escolhidas não respondiam as minhas tentativas de contato. Mesmo assim, procurei novas fontes e segui em frente”, relata. Graças à persistência de Adriana, a matéria que mostra o uso de caixas de leite no revestimento de casas para proteger tanto do frio quanto do calor, incentivou muitas pessoas a reciclarem as caixas que iriam para o lixo. “Foi muito especial descobrir que um material que, na maioria das vezes, vai fora, pode ser utilizado para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, compartilha.
A rotina de senhoras de mais de 60 anos que retiram do lixo matéria prima para produzir cobertores para pessoas pobres, rendeu um grande aprendizado para o acadêmico Lucas Leivas Amorim. “Os componentes do grupo Madre Tereza de Calcutá são exemplos de vida. Nunca vamos esquecer o bem que estes trabalhadores fazem para a natureza ao tirar das ruas sombrinhas e guarda-chuvas estragados para transformá-los em cobertores. Eles dão uma aula de sustentabilidade”, comenta. Para Pedro Lucca, co-autor desta reportagem, o contato com a ação social desenvolvida por essas senhoras fez com que ele repensasse as atitudes tomadas, tanto para ajudar o planeta, quanto para ser solidário. “Percebi que é nosso papel transmitir mensagens boas para o planeta e para quem habita nele”, ressalta.
Conhecer uma área diferente do jornalismo e poder explorar uma cultura alternativa foram as lições tiradas pelo acadêmico Guilherme Mota na produção do JornalEco. Com o colega Henrique Orlandi, ele escreveu sobre a tribo da Lua Vermelha, uma comunidade que vive em meio à natureza, em Silveira Martins. Na realização da pauta, Henrique teve a oportunidade de conhecer os proprietários da cozinha Pedaços da Natureza. “Os donos da cozinha foram muito receptivos, o que nos surpreendeu porque até a nossa visita, eles nunca haviam concedido entrevistas para nenhum meio de comunicação”, destaca o acadêmico que pode ver como os naturalistas vivem, como cultivam seus produtos e conhecer um pouco sobre o modo como cultivam a terra.
Outras experiências, novas perspectivas ambientais
A produção do JornalEco dura em torno de 4 meses. Nas primeiras aulas da disciplina Jornalismo Especializado I, a professora Andreia Fontana faz uma exposição sobre o tema com a finalidade de produzir a discussão das práticas ambientais com a turma. Segundo a professora, a proposta da disciplina é fazer um jornal laboratório com uma temática pouco explorada, mas muito importante para a vida de todos. Ela explica que a escolha das pautas é feita a partir da apresentação do diagnóstico ambiental do mundo, seguida da análise das edições anteriores e, por fim, a escolha de temáticas novas. “O que mais me chamou a atenção nesta turma, foi o envolvimento pessoal dos alunos. Alguns deles criaram, a partir da produção do JornalEco em sala de aula, novos projetos ambientais como o desafio Plante uma árvore”, comenta. Andreia destaca também a repercussão do jornal. “As pessoas chegam pra nós e comentam o quanto é bom ler um jornal cheio de boas notícias”, conta a professora.
Victória Papalia destaca que trabalhar em uma pauta ambientalista é inquietar os leitores, já que o JornalEco mostra bons exemplos de sustentabilidade. Além da importância ambiental, a acadêmica compartilha que a produção deste jornal fez com que ela acreditasse no trabalho em grupo. Bruna Guehm Pereira fez dupla com Victória na realização da reportagem sobre projetos sustentáveis pessoais que fazem diferença no coletivo. Bruna conta que a produção do JornalEco fez com que ela levantasse diversos questionamentos e inquietações a respeito do egoísmo e da falta de preocupação com o futuro do planeta.
Entre as lições tiradas na disciplina, Matheus Oliveira aprendeu que dá para unir jornalismo ambiental e política. “Tanto como futuro profissional da área, como sujeito social e político, são possibilidades transformadoras como essa que me instigam e fazem com que me movimente. O jornalismo deve possibilitar essa perda de inocência.”
“Existem cerca de 30 milhões de animais em situação de risco no Brasil”, relata a reportagem das acadêmicas Julia Machado e Helena Moura. No texto, elas discorrem sobre a teia de amigos virtuais comprometidos em cuidar da bicharada e destacam o uso da web em projetos que protegem os animais. “Eu fiquei muito satisfeita com a pauta.
Nesta matéria, eu e a Júlia tivemos a oportunidade de dar mais visibilidade aos projetos que escolhemos mostrar”, relata Helena. Para as acadêmicas, foi gratificante mostrar aos leitores que eles podem adotar, em vez de comprar um animal.
Apresentar, discutir, questionar, provocar e agir em favor do meio ambiente são os objetivos da disciplina de Jornalismo Especializado I. O mundo vive uma séria crise no ecossistema, por isso é necessário que formadores de opinião, como os jornalistas, sejam envolvidos com a discussão ambiental desde a graduação. Além da disciplina, os alunos podem participar do Ambjor, laboratório de jornalismo ambiental que atua junto à Agência Central Sul de Notícias.
Fotos: arquivo pessoal/facebook