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Troca de afetos

Em 2003, uma pesquisa já apontava que 40% das brasileiras havia feito laqueadura, processo contraceptivo cirúrgico e permanente.Em uma busca rápida na internet, é possível descobrir a definição para maternidade como um “laço de parentesco que

UFN inaugura espaço para amamentação no Prédio 16

Na noite de ontem, quinta-feira 11, foi inaugurado o Espaço de Amamentação no Prédio 16 do Conjunto III da Universidade Franciscana. A idealizadora da ideia foi a professora Franceliane Jobim Benedetti, que contou com a colaboração

E se minha filha fosse minha mãe?

A vida me deu uma resposta enquanto eu completava 20, 30, 33 anos e minha mãe envelhecia. Inúmeros poderiam ser os argumentos, as definições ou medos, pensava eu, ao ver os dias passar em sua companhia.

Foto: arquivo pessoal

Em 2003, uma pesquisa já apontava que 40% das brasileiras havia feito laqueadura, processo contraceptivo cirúrgico e permanente.
Em uma busca rápida na internet, é possível descobrir a definição para maternidade como um “laço de parentesco que une a mãe a seu(s) filho(s)”. Mas como esse laço é criado?

Simone Del Fabbro Vollbrecht, 42 anos, é psicóloga por formação. Natural de Itaqui (RS), ela morou por oito anos na em Santa Maria, de 2002 a 2010. Hoje em Porto Alegre, a gaúcha retrata, dia a dia, nas redes sociais pessoais e em um blog criado por ela, uma das facetas de sua vida. Simone captura alguns dos detalhes mais bonitos de sua família, aos olhos de uma mãe carinhosa e dedicada. Ela é mãe de três “filhos únicos” como os identifica, porque as idades e peculiaridades os fazem assim. Catarina, de 17 anos, Miguel, 9, e a pequena Joana, 4, colorem os dias de Simone.

Para Simone, ser mãe é…

Aprendizagem
Uma mãe não só cuida e ensina seu filho. Ela também aprende, muito. Ser mãe é um aprendizado diário. Em todas as fases se aprende. O filho pode já estar crescido e com autonomia, e seguimos aprendendo. Penso que o grande aprendizado seja aceitar que o filho é alguém diferente, em gostos, pensamentos e desejos. Essa separação é uma lição de vida para a mãe e um presente para o filho.

Doação
A maternidade exige entrega desde a gestação. É preciso abrir mão de muita coisa. O corpo modificado já nos impõe alguns limites. A mudança vem de dentro para fora e entregar-se é o maior exercício que a maternidade exige. Mas, lá adiante, a gente descobre que muito do que se abriu mão não faz mais sentido. Os interesses mudam. As prioridades são ressignificadas.

Perseverança
Com certeza esse é o grande desafio diário de uma mãe: ser constante na rotina que cansa e exige. Uma mãe exausta sempre encontra forças para cuidar e amar seus filhos. O envolvimento afetivo é intenso. Mas é preciso estar lá, todos os dias, nos bons e nos ruins. Permanecer, por inteiro. A maternidade é um mergulho profundo nas águas desconhecidas de um novo ser: a mãe que nasce junto com o filho. Assusta, desacomoda, mas é preciso seguir, é preciso perseverar.

Amor
O vínculo entre mãe e filhos é uma força muito potente. É a base e o elo dessa relação tão intensa. O amor que recebi da minha mãe segue influenciando o modo como me relaciono com meus filhos. Acredito que, ao nascermos, recebemos o amor, também, de nossas avós e bisavós. Assim, o amor de mãe tem sua fonte na ancestralidade de nossa família. É um amor do passado que consegue se renovar no presente.

Propósito
Quando se tem uma criança para cuidar, a vida ganha um outro sentido. As preocupações, com certeza, crescem, mas as alegrias também. Nossas atitudes e escolhas ganham novos significados. É saber dar valor ao que realmente importa: a simplicidade, a convivência, o bem estar físico e mental, o apoio dos familiares e amigos. É entender que, apesar das dores, dos cansaços acumulados, lá na frente, você se torna alguém melhor.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

O espaço conta com duas poltronas e quatro pufes. Foto: Thayane Rodrigues/LABFEM

Na noite de ontem, quinta-feira 11, foi inaugurado o Espaço de Amamentação no Prédio 16 do Conjunto III da Universidade Franciscana. A idealizadora da ideia foi a professora Franceliane Jobim Benedetti, que contou com a colaboração das professoras Patrícia Pasquali Dotto, Bianca Zimmermann dos Santos, Cristina Saling Kruel, Regina Gema Santini Costenaro, e Claudia Maria Gabert Diaz, do mestrado profissional em Saúde Materna e Infantil.
Patrícia contou que o espaço foi criado a partir das demandas e necessidades verificadas, uma vez que muitas mães, professoras, acadêmicas e funcionárias estão no período de amamentação e precisam de um espaço mais reservado para amamentar na instituição. “O espaço serve para elas amamentarem com tranquilidade. Há um berço para o bebê descansar, e a mãe que deixou o filho em casa pode coletar o leite e armazenar na geladeira etiquetado e identificado para levar depois”, complementa.
“A maioria dos professores e alunos da UFN são mulheres em idade reprodutiva”, informa Franceliane Jobim, professora da nutrição.

A ação é uma recomendação do Ministério da Saúde, para que as instituições e universidades comecem a promover espaços internos para o aleitamento materno. Patrícia também diz que a instituição recebeu muitas ligações para ver o novo espaço. “A gente ficou impressionada com a repercussão que teve pela cidade. Esperamos que inspire outros lugares a fazerem o mesmo”.
Cristina Saling Kruel, mãe e professora da psicologia, afirma que o Espaço de Amamentação é muito importante por tudo que ele simboliza e porque também provoca outras instituições do município a repensarem suas práticas de cuidado a seus colaboradores. “É um espaço simbólico de que as mulheres são bem vindas também em condição de maternidade, dando uma melhor recepção para seus bebês e suas famílias”, afirma Cristina.

A vida me deu uma resposta enquanto eu completava 20, 30, 33 anos e minha mãe envelhecia. Inúmeros poderiam ser os argumentos, as definições ou medos, pensava eu, ao ver os dias passar em sua companhia. Deixava de ser o frágil Daniel, o menino da casa e, ela, de ser minha super-heroína. Um telefonema, um abraço de “bom dia”, cama arrumada e seu cheiro que ficava esperando eu voltar. Estava indo para o mundo, para as minhas conquistas e, ela? Bem, ela ficava triste ao me ver ir, me acompanhando da janela, buscando explicação do tempo que teimava em querer passar.

Aliás, como não recordar da janela, com grades inacabadas e sem pintura por não ser prioridade. Nunca foi. Seu sonho era de um médico, um doutor na família. Ajudar o próximo era seu maior sonho, um legado a ser seguido. Ficou no sonho. Sorvete era sua maior tentação, a minha também. E por ser pai e mãe, virou a exceção dos dois.  E eu comia quantos quisesse (pudesse). Dona Helena era a regra quando precisava, mas a bagunça quando podia. Que saudades.

Saudade é um sentimento ao contrário. Contraditório, compulsivo e voraz. É algo que não se sente direito por completo. É algo que precisa ser dito com o tempo, a tempo e com tempo.

Precisava ter dito que a amava cada vez que me ensinou a ver a vida sob um novo prisma. Talvez ela nunca teve dúvidas. Mas sabe quando o muito é nada? Precisava. Preciso contar que seu pequeno sempre teve gênio indomável e não iria seguir algo que ela queria. Afinal, era livre para voar. Ele voou. Mas quem disse que não pode ajudar o próximo mesmo não sendo seu doutor? Podia. Poderá. Pode. Será.

Quando ela adoeceu, diga-se, pela primeira e última vez, estive ali. Porém, o tempo, aquele mesmo que era teimoso, mais uma vez teimou. Passou e foi tão rápido quanto seu olhar ao me ver sair daquele quarto de CTI em nosso último encontro.

Dias antes, o último presente. Uma camiseta do Grêmio. Colorada doente, ainda brincou: “vê se deixa minha neta ser vermelha”. Desculpa mãe, não deu. Bola de cristal, previsão ou adivinha… não sei. Sua neta é linda. A cara do seu bebê. Apenas a Lívia é gremista.

Seu primeiro presente, não poderia ser outro, uma camisa gremista. Como você ao dar, sabia? É… foi e ficou linda. Acho que até você viraria gremista. Sabe o gênio forte? É igual? Ela te convenceria.

Se minha mãe fosse minha filha, talvez buscasse repetir tudo que ela me ensinou. Como não posso, deixo ela ocupar o seu lugar. E os amores… hoje ela é quem me ensina, que me guia e mostra para onde seguir. Esse sentimento vem de berço, de casa, de algum lugar, de ti. Obrigado por estar sempre aqui.