O futuro é feminino
“The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou
“The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou
Marielle Franco, socióloga, militante dos direitos humanos e a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro (pouco mais de 46,5 mil votos), nasceu na favela da Maré, na zona norte da cidade. Contrariando as expectativas em
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
“The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou sua namorada vestindo a camiseta para um projeto e desde então o slogan passou a ser usado por feministas. Atualmente, ele faz parte de um contexto muito maior, representa a luta diária das mulheres para ocupar espaços sociais e políticos. Marielle Franco era socióloga e foi vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, pelo PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, e presidente da Comissão da Mulher do mesmo município. A representatividade feminina na política brasileira é bastante inexpressiva, por isso Marielle queria mudar esse quadro e entendia que a presença feminina em espaços como esses é importante para reduzir desigualdades. Marielle foi assassinada em março de 2018, deixando marcas e herdeiras.
Foram mulheres que organizaram e reuniram o maior número de pessoas em manifestações pelo Brasil durante o período eleitoral, desde os protestos de setembro de 2016. O registro fotográfico feito durante o ato “Justiça para Marielle”, no dia 14 de março passado, representa como vejo o futuro: uma sociedade com mulheres inspiradoras, que apoiam umas às outras, lutam por seus objetivos e, principalmente, não se calam diante aos erros que são tratados como banalidades, apenas por estarem enraizados na nossa sociedade e cultura. O futuro é feminino porque a luta de Marielle e tantas outras brasileiras é também a minha luta, enquanto mulher, na busca pela igualdade de direitos.
Marielle Franco, socióloga, militante dos direitos humanos e a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro (pouco mais de 46,5 mil votos), nasceu na favela da Maré, na zona norte da cidade.
Contrariando as expectativas em relação à sua origem, formou-se em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RIO) com bolsa integral e fez mestrado na Universidade Federal Fluminense. Sua dissertação analisou a política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, estudando especificamente a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Militou pelos direitos humanos e, em 2016, se elegeu vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), com um programa que reivindicava a melhoria das condições das creches e escolas, a segurança no transporte público e a fiscalização das relações com o setor privado, a defesa dos direitos das mulheres negras e das moradoras das favelas e da cultura. O envolvimento com essas questões ganharam relevância quando em 2006 fez parte da campanha de Marcelo Freixo, então candidato a deputado estadual, na Comunidade da Maré. Após a eleição, passou a atuar na equipe de Freixo na área de Direitos Humanos. Atualmente, como vereadora, foi designada relatora na comissão da Câmara que vai fiscalizar a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Na noite de ontem, quarta-feira (14), foi alvejada por quatro tiros na cabeça, dentro de seu próprio carro, ao voltar da Lapa onde participou de um evento sobre a condição das mulheres. Também o motorista que conduzia o carro, Anderson Gomes, foi atingido e morreu.
O crime já apontado como execução pode ter sido motivado pelas denúncias que a vereadora vinha fazendo contra a ação violenta da polícia militar em Acari, região norte da cidade do Rio de Janeiro. Ativista também nas redes sociais, publicou em sua página por ocasião do assassinato de um jovem na favela do Jacarezinho “Mais um que pode estar entrando para a conta de homicídios da polícia. Quantos jovens precisarão morrer para que essa guerra aos pobres acabe?”
A perícia da polícia indicou que a arma utilizada foi uma pistola 9mm de uso da polícia federal, assim como a munição pertencia a um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília no ano de 2006.
O assassinato da vereadora mobilizou massivamente a população e a imprensa no Brasil e no exterior. Durante todo o dia de hoje, movimentos e organizações sociais no Brasil, partidos políticos de esquerda, o parlamento europeu, a representação da ONU entre outros exigem uma investigação séria e eficiente para que os culpados sejam identificados e feita justiça.