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Milonga Blues: Unindo Culturas

No último dia 16, Oly Jr, um dos idealizadores do projeto “Milonga Blues” participou como atração principal da noite de sábado da 60ª ExpoTupã, realizada na cidade de Tupanciretã. A exposição, que também contou com shows

Oly Jr e Banda na 60ª ExpoTupã (Foto: Zé Carlos de Andrade)

No último dia 16, Oly Jr, um dos idealizadores do projeto “Milonga Blues” participou como atração principal da noite de sábado da 60ª ExpoTupã, realizada na cidade de Tupanciretã. A exposição, que também contou com shows de cantores famosos como Michel Teló e a dupla Thaeme e Thiago, reservou uma noite para a exibição da junção da milonga gaúcha com o blues americano, realizada por Márcio Grings e Banda Jack Of Hearts Milonga Blues, com Oly Jr e Solon Fishbone.

Na entrevista a seguir, realizada com Oly Jr durante a ExpoTupã, o músico revela que misturar milonga com outro ritmo é uma vontade antiga.

Foto: Zé Carlos de Andrade
Oly Jr mistura milonga com blues em seus projetos (Foto: Zé Carlos de Andrade)

Agência Central Sul – Como surgiu a ideia de misturar um estilo musical gaúcho com o famoso blues americano?

Oly Jr – Bom, em 2008, completei 10 anos de carreira. Comecei em 1998, cantando blues. Passei dois anos tocando blues direto. Logo depois comecei a misturar alguns ritmos como folk americano. Naquela época, eu já misturava algumas coisas do folk gaúcho. Ao longo dos anos, fui colocando um rock, usando mais a guitarra, compondo só com violão. Em 2008, eu refleti com o uso do rock, do folk americano, folk brasileiro, e vi que já era uma vontade antiga de usar a milonga. Mas eu sempre fiquei com a impressão de que qualquer milonga que eu fizesse acabaria imitando os que já usavam este ritmo. Depois que eu comecei a tocar em afinações diferentes, comecei a testar a afinação em tom menor, que é a tonalidade bem tradicional de se tocar blues, de tocar milonga. Eu casei o lance de usar slide com uma afinação aberta, que não é tradicional na milonga. Mas eu consegui tocar com este tipo de afinação. Agora, eu já não estou mais com aquela sensação de que eu estava imitando os caras, porque eles faziam milonga de outra maneira. E eu, como ia injetar a mistura de milonga com blues, achei que seria um diferencial. Então, a partir de 2008, comecei a aprimorar este conceito musical.

ACS – Quais foram os artistas que te inspiraram a criar este novo ritmo?

Oly Jr – No blues, praticamente, os mais tradicionais, como B.B King, Robert Johnson, os caras que pavimentaram a estrada do blues americano que influenciou diretamente todo o acústico ocidental. Claro, tem alguns como o Mississippi Fred Mcdowell, que é um cara que toca muito slider. E na Milonga, como o meu pai é de Uruguaiana, me criei ouvindo bastante Jayme Caetano Braun, que tinha muito acompanhamento de Milonga. Eu me inspirei e acabei usando no meu projeto.

ACS – Como e quando o blues apareceu na sua vida?

Oly Jr -O blues apareceu quando eu comecei a tocar violão, com 13, 14 anos. Na minha casa tinha um disco, “Hein?!”, que continha uma música chamada “Faxineira”, de Nei Lisboa,  um blues bem tradicional. E, a partir dali, um vizinho meu que tocava violão ouviu e me disse que aquela música era um blues tradicional. Logo depois que eu ouvi isto, comecei uma longa pesquisa, com interesses voltados para o blues.

ACS – Existem outros projetos como este nos seus planos? Você já pensou em desempenhar este mesmo projeto, porém com outros estilos musicais?

Oly Jr – Acontece que pensar, a gente pensa né (risos). Mas executar é mais complicado. No decorrer de algumas músicas, pincelando algumas coisas, a gente acaba sempre misturando, de uma maneira ou de outra, estas influências. Ouvindo Bob Dylan, compondo, ouvindo Almondegas. Então tu acabas usando tuas experiências de alguma maneira. A milonga blues foi uma coisa mais direta, digamos assim. Eu poderia, por exemplo, pegar um chamamé, e misturar com slide ou blues. Eu poderia usar futuramente, mas não como um conceito sonoro, porque isto acaba ficando um pouco perigoso, pois pode ocasionar em uma repetição do que já ocorre. Eu sempre tenho como objetivo, desde que entrei no mundo musical, que a música sempre deve ser usada como arte espontânea. Então, se vier uma manifestação artística espontânea e eu achar relevante, tranquilo misturar outros ritmos.