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O fenômeno Masterchef Brasil e a geração Z

O Masterchef foi criado por Franc Roddam em 1990 em uma temporada piloto. O programa foi lançado somente em 2005 pela BBC, e hoje em dia o formato está adaptado em mais de 40 países. Em

Terapias alternativas e seus benefícios

Desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020, a busca por terapias alternativas aumentou significativamente, como formas de complementar a medicina tradicional ou apenas utilizando-as de forma isolada para garantir o bem-estar. A Universidade Federal

Pandemia muda hábitos alimentares da população

Quem acha que o confinamento afetou apenas o psicológico da população, está enganado, a reclusão trouxe problemas tantos físicos quanto mentais. Segundo a pesquisa online da Diet & Health under COVID-19,  durante o isolamento, 52% do povo brasileiro

Viajar é sinônimo de renovação e planejamento

Viajar é sinônimo de boas energias, de renovação do físico e da alma. É um momento em que você curte a você mesmo ou quem estiver com você. É quando se sabe que é preciso relaxar e

As veias abertas da pandemia na América Latina

O coronavírus intensificou os conflitos sociais e escancarou as desigualdades e a crise do capitalismo no território latinoamericano. No início da década de 1970, durante o efervescer da Operação Condor, que representava o controle da América

Skincare: a tendência na pandemia

  Nesse período de instabilidade, muitos brasileiros passaram por um processo de autoconhecimento. E muitos identificaram que esse momento de reflexão trouxe uma necessidade de autocuidado. Viver durante uma pandemia, obviamente, requer muita atenção à saúde,

O Masterchef foi criado por Franc Roddam em 1990 em uma temporada piloto. O programa foi lançado somente em 2005 pela BBC, e hoje em dia o formato está adaptado em mais de 40 países. Em setembro de 2014 a versão brasileira do talent show, o Masterchef Brasil, entrou no ar nas emissoras brasilerias pela Band TV. Atualmente o programa está em sua 10º edição comemorativa com o slogan Uma década de paixão. No programa participam desde cozinheiros amadores a profissionais, idosos e crianças.

Desde 2021, a Chef Helenna Rizzo (na ponta, à direita) compõem o time de jurados do programa de forma fixa. Foto: divulgação

No ano de 2021, a 8ª temporada amadora contou com uma proposta diferente devido a pandemia da COVID – 19. Os participantes ficaram isolados em um hotel e só poderiam sair para as gravações. O programa contou com apenas três provas em grupo e uma final gravada, todas sem a presença do público. Segundo divulgação da época, o objetivo era atrair uma nova audiência, por meio do uso da plataforma de rede social Tik Tok.

Segundo um estudo chamado “A cozinha pós – moderna do Masterchef Brasil: Social TV e mídia que se propaga no Twitter” de Mateus Vilela e Thauana Martins, publicado em 2016, o principal modus operandi na época era a rede social Twitter, usada de forma abrangente para criar um novo tipo de vínculo entre o emissor (Masterchef) e o receptor (telespectador). Por meio da plataforma a ideia era gerar memes com os chefs e os participantes, possibilitar a opinião do público e até mesmo liberar conteúdos exclusivos, o que tornou o programa cada vez mais atraente para o público brasileiro. Além disso, o estudo também destaca que, devido ao barateamento dos aparelhos de TV, assistir televisão foi se tornando solitário e aos poucos foi sendo repaginado e potencializado pelas redes sociais. Isso de fato conecta o programa à Teoria da Recepção que apresenta por meios dos estudos de Stuart Hall que programas de televisão eram entregues de maneiras diferentes a cada telespectador seja o que fosse que estivesse na sua tela, mas isso dependia muito da esfera da sociedade em que este cidadão estava inserido.

A reinvenção dentro do TIK TOK

Em 2021, o Masterchef Brasil buscou alcançar uma nova geração de adolescentes e jovens, a chamada geração Z (crianças nascidas entre 1995 e 2010) que nasceram em meio a popularização da internet e são 100 % conectadas às redes sociais. Ao olhar a partir da perspectiva do marketing, o programa foi inteligente ao trazer a atriz Isabella Scherer, filha do Xuxa Scherer, e dois ex-participantes do Masterchef Júnior, Eduardo e Daphne, que ao longo do programa se conectaram de maneira genuína com os jovens que acompanhavam enquanto crianças, e agora como adultos, a sua trajetória na culinária. Uma das provas mais emblemáticas da temporada teve como principal objetivo recriar o clássico de nove famílias brasileiras de diferentes estilos e culturas presentes no Brasil, o que firmou de vez a identidade brasileira do Masterchef que, devido a pandemia, precisou se reinventar para não perder o público que não só estava agora em frente à TV, mas que também estava ativo nas redes sociais do programa.

Produzido na disciplina de Teorias da Comunicação no 1º semestre de 2024, sob supervisão da professora Camilla Klein.

Depois de dois anos, a quantidade de brasileiros empregados, em janeiro deste ano, se aproxima do número de trabalhadores no país antes da chegada do coronavírus, em 2020. De acordo com o levantamento realizado pelo instituto federal, atrelado à estrutura do Ministério da Economia, o primeiro mês de 2022 registrou um total de 94,1 milhões de empregados no Brasil. Em janeiro de 2020, antes do início da pandemia, esse contingente era de 94,5 milhões. Com relação a janeiro do ano passado, a situação atual é de que o número de trabalhadores ocupados cresceu 8,1%. Segundo o Ipea, o aumento foi o grande responsável pela queda de 3,3 pontos percentuais na taxa de desemprego. O índice passou de 14,7% em janeiro de 2021 para 11,4% no mesmo período deste ano. Em quatro estados da região, a taxa de desemprego caiu para 11,2% em janeiro de 2022, de 15,1% no primeiro mês do ano passado. Embora o estudo apresente um cenário mais favorável e sugira a volta aos níveis pré-pandemia, o Ipea destacou que as perdas de empregos continuam consideráveis.

Em 15 estados, menos da metade da população em idade de trabalhar estava ocupada. Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Atualmente, 12,1 milhões de cidadãos estão desempregados. A agência também afirma que a maioria das novas vagas de emprego são criadas no setor informal. Ou seja, apesar de terem empregos, muitas dessas pessoas recebem muito pouco e não são protegidas por direitos trabalhistas. Entre as avaliações por idade, a mais jovem declinou mais. Embora a taxa de desemprego tenha caido para todos os grupos, a taxa de desemprego para o grupo mais jovem caiu 6,2 pontos percentuais. Do quarto trimestre de 2020 para o quarto trimestre de 2021, a queda nesse grupo foi de 29% para 22,8%. O contingente de ocupados com ensino fundamental incompleto também apontou crescimento de 16,2%, possibilitando uma queda de 5,1 pontos percentuais da taxa de desocupação, que passou de 23,5% para 18,4%, no período em questão.

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por amostrar de domicílios continua mensal

A Catarina Silva Bandeira nos contou seu relato sobre a busca de emprego no meio da pandemia e como foi em comparação aos outros anos. Confira:

Desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020, a busca por terapias alternativas aumentou significativamente, como formas de complementar a medicina tradicional ou apenas utilizando-as de forma isolada para garantir o bem-estar. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, realizou um estudo que revelou que 80% da população desenvolveu distúrbios relacionados à ansiedade, sendo um dos responsáveis pelo crescimento da busca pelas terapias.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou uma pesquisa que indica que a prática mais utilizada pelos brasileiros durante a pandemia foi fitoterapia, seguida por meditação e reiki. O trabalho ouviu mais de 12 mil pessoas. Grande parte das formas de tratamento alternativos são baseados em conhecimentos milenares , provenientes das culturas orientais  e indígenas.

Pesquisa realizada pela Fiocruz mostra as terapias mais procuradas durante a pandemia. Fonte: Fiocruz

Reiki

A pedagoga e terapeuta holística Cleia Carolina Freitas tem formação em reiki e florais de Bach. Ela conta que o reiki surgiu no Japão na década de 1920, porém somente a partir da 1980 começou a entrar em alta, pela própria divulgação dos japoneses. A história conta que o o Dr Mikao Usui era responsável pelo johrei (método de canalização de energia espiritual) da igreja metodista. Porém o johrei possui cunho religioso e para Mikao não era viável trabalhar com uma terapia sagrada das mãos vinculada a uma religião. Sua principal intenção era ser uma técnica de cura e não uma religião.

O funcionamento da terapia é dado através do alinhamento de pontos de energia, chamados de chakras pelo reiki. A terapeuta explica que: “Os chakras se alinham através do toque das mãos, no primeiro momento são traçados os símbolos do reiki, o terapeuta se banha com eles e passa para o paciente no ambiente, depois começa a aplicar em cada ponto de energia”. Ele não contribui apenas para a saúde mental das pessoas, como também para a saúde psíquica, espiritual e física, porque, de acordo com Cleia,  “as doenças são somativas, nosso organismo vai acumulando os bloqueios, traumas, decepções, emoções negativas e descarrega em uma parte fisiológica, em algum órgão, que se transforma em doença”. O reiki é uma terapia reparadora, ela também relata que “na primeira vez que o paciente recebe, fica muito concentrado no que estão fazendo com ele, então não sente tanto os efeitos. Na segunda ele já sente um estado de concentração e relaxamento, está muito mais receptivo à terapia. Já na terceira ele sente o alinhamento emocional, físico, espiritual e mental”. 

 A terapeuta também desmistifica a forma como a terapia deve ser realizada: “O reiki no início tinha muito sensacionalismo, tinha uma certa publicidade, que tinha que ter um ritual perfeito e você tinha que seguir aquele ritual. Hoje não, atualmente ele pode ser aplicado em um campo de batalha, pode-se aplicar nos animais, pode-se aplicar em qualquer lugar”.

Atualmente a sociedade está mais receptiva à busca por estas terapias. A expansão destes interesses resultou em processos seletivos no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) para que terapeutas possam aplicar reiki em postos de saúde, hospitais e consultórios dentro de uma sede do INSS.

Meditação

 A meditação é uma técnica milenar conhecida como a terapia mais completa que existe, Cleia explica o porquê: “Ela consegue te voltar para o seu ego, anulando ele e te faz voltar para o seu eu maior, para o centro da sua alma. As pessoas têm uma grande dificuldade de aprender a meditar e, na verdade, não é simples. Mas depois que aprende, é possível praticar em qualquer momento”. Ela também ensina uma forma de começar a técnica: “através de um mantra, qualquer mantra que você conheça, começa falando, depois mentalizando, até seu corpo entrar em relaxamento total. A meditação exige uma forma que o corpo esteja confortável para atingir o relaxamento, mentalizando o mantra você vai esquecendo das outras partes do corpo, não sente mais a consciência corporal, sente um estado de relaxamento total e a mente esvazia, você não pensa em nada”.

A técnica pode trazer diversos benefícios para quem a pratica, “tem uma vida emocional equilibrada, respira bem, consegue trabalhar a sua vida profissional de forma tranquila. Através da meditação se tem um bom relacionamento com as pessoas, ela nos ensina a ouvir o outro”, explica Cleia. Cássia Bairros faz o uso da técnica há mais de três anos e conta que os benefícios são vários: “Aumento da concentração, melhora na qualidade do sono, mais tranquilidade pra resolver os problemas do cotidiano, um olhar mais amplo e atento sobre a realidade, a interação social também”.

Práticas de meditação realizadas em evento no dia da mulher em que Cássia participou. Imagem: Cássia Bairros

Hoje existem na internet diversos vídeos de meditações guiadas que, segundo Cleia “ começa com aquele aprendizado, que é simples e fácil. Nas primeiras vezes você não consegue, na terceira vez já é possível entrar no estado meditativo e na quarta vez você já está na técnica da meditação propriamente dita, que é conseguir alinhar o teu pensamento, as partes do teu corpo no relaxamento, na zona de conforto, e aí na quinta tu já tá fazendo a meditação sem ser guiada, só procura um mantra, existem diversos mantras”. É uma técnica acessível para todos e não custa nada.

Floral de Bach

Em relação à terapia dos florais,  o que é mais conhecido hoje é a pesquisa de florais Edward Bach, que tem este nome por conta do médico britânico que pesquisou 38 flores durante 30 anos. No inicio ele chamou o trabalho de placebo espiritual, depois entendeu que a energia das plantas, do néctar, da essência das flores tinham uma conexão muito forte com o nosso comportamento. Cleia explica que: “nós, terapeutas holísticos, receitamos os florais e o paciente entra em um estágio negativo nos três ou quatro primeiros dias. Depois do quinto dia ele começa a sentir o efeito da essência das flores na sua vida. Fazemos o diagnóstico da pessoa, para sabermos o que ela esta sentindo, se é ansiedade, depressão, dificuldade de aprendizado, uma situação de isolamento, medos desconhecidos ou outras atitudes comportamentais que podem ser regulamentadas pelos florais”.

Os florais têm uma conexão muito forte com o nosso comportamento, “a partir do momento que começamos a tomar os florais, nós nos observamos e nos surpreendemos conosco. O floral transforma uma atitude negativa em uma positiva”, conta a terapeuta. Existem diversos outros florais além dos de Eduardo Bach, porém todos eles são baseados na pesquisa da essência das flores e todos eles possuem o mesmo efeito, de acordo com Cleia “não é só um placebo espiritual mas também uma ferramenta maravilhosa para alinhar chakras, alinhar comportamentos negativos e levar a pessoa a fazer uma releitura do seu próprio eu, do seu ego e chegar a conclusões diferentes do que antes ela tinha”.

Formas alternativas ou complementares de buscar ajuda em terapias são comumente associadas à religião, porém a terapeuta explica como as diferentes religiões não afetam o processo de terapia:

Em 2018, o Ministério da Saúde incluiu dez terapias alternativas ao Sistema Único de Saúde (SUS).  São elas: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais. Com as recentes adições, o SUS passa a ofertar 29 procedimentos complementares à população. São chamados de Práticas Integrativas e Complementares (Pics) e utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para curar e prevenir diversas doenças. Evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas complementares.

Matéria produzida no primeiro semestre de 2022, na disciplina de Linguagem das Mídias do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.

Quem acha que o confinamento afetou apenas o psicológico da população, está enganado, a reclusão trouxe problemas tantos físicos quanto mentais. Segundo a pesquisa online da Diet & Health under COVID-19,  durante o isolamento, 52% do povo brasileiro teve um aumento de 6,5 kg na balança. Seja por falta de exercícios, por alimentação errada, ou até os dois fatores juntos, o Brasil se tornou um dos países com maior aumento de peso médio do mundo, durante a quarentena.

Tivemos também no país o aumento de 3%, em usuários de tabaco, e 14% de aumento na taxa de pessoas que consumem bebidas alcoólicas. Tudo isso misturado com a queda da prática de exercícios físicos, que caiu 29%.

Porcentagem dos países em que a população mais teve aumento de peso. Imagem:  Diet & Health Under Covid-19

A nutricionista da prefeitura municipal de Formigueiro, Bruna Bortolotto Rohde, falou um pouco sobre a importância de uma alimentação saudável já que, com a chegada da quarentena, muitas pessoas acabaram ingerindo muitas comidas pesadas. Bruna também deu ênfase em como uma rotina de refeições balanceadas ajuda a reforçar a imunidade do ser humano. Confira a seguir:

Matéria produzida no primeiro semestre de 2022, na disciplina de Linguagem das Mídias do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.

O vídeo conta a história de Sofia, uma menina que queria ser cientista. Imagem: Divulgação.

Grupo de teatro da UFN lança vídeo-peça educativo produzido durante a pandemia. A produção está disponível no Youtube e conta a história de uma menina que queria ser cientista.

O Grupo Todos ao Palco, vinculado à Universidade Francicana desde 2012, teve seu projeto aprovado na Lei de Incentivo a Cultura de Santa Maria em 2019. A ideia inicial era de desenvolver o trabalho em formato presencial, ensaiando e apresentando a peça em espaços públicos e centros comunitários da cidade em 2020. Possuindo como ideia principal fortalecer o fascínio pela ciência entre jovens e adolescentes em ambiente escolar, a produção teve que ser alterada por conta do início da pandemia da Covid-19. O grupo optou por um formato audiovisual diferenciado, incluindo também pesquisas referentes a vacinação contra o vírus. Os integrantes do elenco gravaram algumas cenas em suas casas com seus próprios celulares e outras foram realizadas presencialmente com o menor número de participantes possível e respeitando as restrições referentes a pandemia. A edição foi feita sem que houvesse nenhuma reunião presencial da equipe.

Nomeado Menina, Feminina e Cientista o vídeo-peça em formato de ‘falso documentário’ conta a história de Sofia. Já adulta a personagem relata como foi sua luta para realizar o sonho de ser cientista e como é sua rotina de trabalho como pesquisadora em um dos laboratórios responsáveis pela fabricação da vacina contra a Covid-19. O vídeo possui depoimentos atuais e em formato de lembranças de outros personagens sobre a trajetória de Sofia.

O projeto tem como um de seus objetivos fortalecer a ideia de que pais e professores devem incentivar os jovens a seguirem seus sonhos. A jornalista, especialista e crítica de cinema, Bianca Zasso comenta sobre o trabalho realizado pelo grupo teatral: “Fico pensando se tivesse assistido algo assim nos meus tempos de escola. Tantas meninas apaixonadas por ciências (e por arte também) às vezes só precisam de uma voz de apoio, uma inspiração para seguirem em frente. Tomara que este trabalho chegue a muitos estudantes e professores. É iluminando sonhos que a gente melhora o mundo.”

Luiz Alberto Cassol, cineasta e documentarista, também responsável pelo roteiro, produção e direção geral do projeto comentou: “Menina, Feminista e Cientista trata acima de tudo sobre a liberdade de escolha. A liberdade de seguir aquilo que se quer ser; tanto profissionalmente, quanto pelas causas que se deseja engajar na vida. O trabalho fala sobre a liberdade de sonhar e seguir esses sonhos e possibilita um diálogo amplo na escola de como uma inspiração, um impulso, uma palavra, um apoio, pode fazer como que isso aconteça. É também perceber que durante a pandemia, e com todas as restrições sanitárias e de afastamento, a produção artística está sempre em construção (como este trabalho). É importante debater com professores e alunos o que instigou esse processo de criações artísticas.”

O vídeo esta disponível no Youtube (Menina, Feminina e Cientista) para que todos tenham acesso e possam refletir sobre a importância do incentivo aos sonhos das meninas e meninos na escola.

Автошкола ТЕХНИКА/ Pixabay

Viajar é sinônimo de boas energias, de renovação do físico e da alma. É um momento em que você curte a você mesmo ou quem estiver com você. É quando se sabe que é preciso relaxar e deixar suas preocupações de lado para aproveitar a vida. Resumindo, é o descanso que se dá da vida corrida do cotidiano. É  um espaço para criar memórias que irão ser seu livro e guia na hora de conversar com os outros.

Viajar é buscar novos horizontes, ares e locais. Porém, viajar nem sempre é sinônimo de diversão. Há fases pelas quais se deve passar para atingir o objetivo que se espera daquela viagem tão aguardada. Uma delas é o planejamento, ou seja, como você vai se organizar para alcançar o objetivo de ter uma boa viagem.  Planejamento é o início de tudo. Primeiro é preciso saber o custo da viagem,que documentação é necessária, ter informações sobre o local,  o meio de transporte que se vai utilizar, em que local ficará hospedado, os passeios que serão feitos e também a alimentação. É importante saber também o que vai se levar na viagem e quantos dias planeja ficar no local escolhido. Depois de cumprido todos os requisitos é só aproveitar.

Então, para se curtir aquilo que mais se deseja, como a própria viagem, é preciso sempre do planejamento. São vários processos importantes que sempre se deve levar em consideração para que a parte da diversão esteja garantida. Por fim, uma viagem é um ato em que você pode decidir se vai buscar o conforto ou viver uma aventura.

Viajar na pandemia 

Temos a plena consciência de que passamos por um período bem difícil, e que ainda estamos nele por causa da pandemia. É uma situação ainda  muito difícil de lidar. Neste período, as viagens se tornaram cada vez mais complexas de serem realizadas em decorrência do isolamento. As medidas se tornaram mais rigorosas, e mesmo um pouco insuportáveis, mas necessárias.  Ao incômodo do uso de máscaras, pois dificulta a respiração e a fala, a utilização de alcool em gel, mostrar o comprovante de vacinação, cumprir distancionamento social, a limpeza e ventilação dos ambientes, evitar aglomerações e a não venda e compartilhamento de objetos ou produtos.

Viajar tem sido bem difícil para a maioria das pessoas em meio às milhares de mortes, além do que outra parte da população teve que ficar afastado dos seus entes queridos para se proteger e protegê-los. Entretanto, com avanço da vacina na maioria dos países, a possibilidade das pessoas colocarem o pé na estrada novamente se tornou cada vez mais viável, apesar de ainda ter que seguir normas de saúde. Mesmo estando ainda em uma bolha e com uma questão de insegurança de que coisas ruins, como doenças, sempre estarão presentes, é possível sim sair e ir atrás de aventuras com todos os cuidados possíveis.

A verdade é que as pessoas cansaram de esperar oportunidades para viajar nesta pandemia. Com a volta, aos poucos, da normalização das coisas,  querem mais que tudo sair da rotina monótona e curtir novamente suas vidas.

Por fim, quero dizer que há muitas incertezas para o futuro, principalmente para as viagens tanto nacionais quanto internacionais.
Acredito que algumas coisas não voltarão mais a serem as mesmas, entretanto, de uma coisa eu tenho convicção: as pessoas querem mais que tudo poder viajar para voltar a criar lembranças, para poder contar as suas experências às futuras gerações.

 

* Bárbara Brum é aluna do curso de jornalismo da UFN.

 

Na tarde de hoje, 01, a 48ª edição da Feira do Livro de Santa Maria acontece na Pça. Saldanha Marinho, ficando até o próximo dia 16. Lançada em vídeo no último dia 24, a Feira agora abre no formato presencial com 30 stands de livros para visitação e aquisição.

Para celebrar o retorno à Praça Saldanha Marinho, a identidade visual desta 48ª edição fez o resgate do cartaz da Feira do Livro de 1985, que trouxe uma ilustração assinada pelo chargista Elias Ramires Monteiro. Ela foi atualizada pelo curso de Design da Universidade Francisca.

Nesse ano, ainda em decorrência da pandemia, a Feira acontece no formato híbrido e tem recorde de lançamentos de livros entre os últimos 5 anos. Serão 114 obras lançadas nesta edição de 2021, números que só foram ultrapassados em 2016 quando foram lançados 138 livros. Os lançamentos presenciais ocorrerão em frente ao Theatro Treze de Maio, na Praça Saldanha Marinho.

A programação de hoje  começa às 15h , na Praça Saldanha Marinho com a intervenção dos Passageiros da Alegria, da Cia de Retalhos.

Às 17h a abertura oficial acontece no Theatro Treze de Maio e, às 19h, tem o Livro Livre,  com a mesa redonda: “Um mar de histórias: Palavra, imagem e música” reunindo  Lúcia Hiratsuka, Leo Cunha, Benita Prieto, Volnei Canônica, Maurício Leite e participação do professor homenageado da Feira do Livro de Santa Maria,  Lucas Visentini.

Para acompanhar a programação e as demais atividades, acesse a página da 48ª edição da Feira do Livro.

 

O coronavírus intensificou os conflitos sociais e escancarou as desigualdades e a crise do capitalismo no território latinoamericano.

Foto: Santiago Torrado @santitorrado1

No início da década de 1970, durante o efervescer da Operação Condor, que representava o controle da América Latina pelos Estados Unidos através das ditaduras militares, o escritor uruguaio Eduardo Galeano eternizou-se nas linhas de “As veias abertas da América Latina”. O sucesso de vendas, publicado há 50 anos, narrou através de uma pesquisa jornalística, histórica e antropológica, a exploração, as riquezas, a cultura e as realidades da terra e do povo latinoamericano.

Poucos anos antes de sua morte, Galeano, que era jornalista e escritor, chegou a revelar que lamentava que depois de décadas de sua publicação original, “As veias abertas” não tenha perdido sua atualidade.

O livro passou a ser considerado uma bíblia por parte da esquerda intelectual e ferozmente criticado pela direita conservadora. As controvérsias acerca do texto se intensificaram após Galeano considerar que não o leria novamente e que não era qualificado quando escreveu o clássico anticolonialista, antiimperialista e anticapitalista nos anos 70. 

Válido ou datado, o fato é que o livro marcou o pensamento dos estudos sociais latinoamericados e cumpriu sua proposta de analisar e fazer pensar sobre as relações de exploração e dominação que há séculos regem a política e a sociedade das Américas para além dos Estados Unidos.

O fim da primavera progressista

La lluvia que irriga a los centros del poder imperialista ahoga los vastos suburbios del sistema. Del mismo modo, y simétricamente, el bienestar de nuestras clases dominantes – dominantes hacia dentro, dominadas desde fuera – es la maldición de nuestras multitudes condenadas a una vida de bestias de carga.” Tal trecho, retirado da décima sétima página, representa com fidelidade a América Latina de ontem mas também a de hoje.

Após anos de hiato democrático, milhares de mortos, torturados e desaparecidos, os governos populares e o neoliberalismo passaram a dividir espaço nos países da região. Durante a primeira década do século XXI, progressistas foram eleitos por toda a região. A guinada à esquerda trouxe políticos como Néstor Kirchner e Cristina Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Lula e Dilma no Brasil e José Mujica no Uruguai. Mesmo que esses governos tenham garantido direitos das classes populares e respondido às lutas históricas dos subalternizados, não foram capazes de quebrar, de fato, com os interesses neoliberais dos grupos dominantes. 

Segundo o doutor em História Social do Trabalho e professor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), Diorge Konrad, “esses governos aplicam políticas sociais e econômicas, inclusive de reparação das perdas do poder aquisitivo das classes trabalhadoras”. Conforme Konrad, mesmo que tenha havido um aumento real de salários “é muito pouco perto das perdas anteriores para repor níveis, por exemplo, do salário mínimo quando ele foi criado” e completa que governos como o do Lula e o de Néstor Kirchner, que chegou a crescer 8% a economia na Argentina, “são governos que não mudaram a macroestrutura neoliberal”.

A não ruptura dos governos progressistas com a ordem neoliberal culminou no declínio de seus próprios políticos. Sob os holofotes da mídia, os escândalos de corrupção e de autoritarismo mancharam a história desses governos e acarretaram num bem elaborado movimento de retomada e manutenção do poder pelas classes políticas e sociais historicamente dominantes.

Os holofotes apontam para a direita extrema e para o neoliberalismo

Guiada pelo discurso anticorrupção, a América Latina abraçou a nova onda conservadora que teve início na Europa na década de 2010. A Operação Lava Jato no Brasil que contou com a midiatização do juiz Sérgio Moro, talvez seja um dos melhores exemplos das características da política latinoamericana atual. 

O discurso neoliberal da extrema direita vende o Estado como real e único vilão responsável por toda corrupção e miséria e, como única forma de combater-se esse mal, é preciso desinflá-lo e diminuir o seu controle ao mínimo possível. Em “A Elite do Atraso”, o sociólogo brasileiro Jessé Souza evidencia a existência de uma distorção da realidade na qual a real elite encontra-se fora do Estado.

Jessé propõe uma analogia, para ele essa construção funciona como um narcotráfico. Nesse sentido, “os políticos são os aviõezinhos do esquema e ficam com as sobras do saque realizado na riqueza social de todos em proveito de uma meia dúzia.” Ainda para o sociólogo, a verdadeira corrupção estaria em permitir que meia dúzia de superpoderosos ponham no bolso a riqueza que é de todos, deixando o resto na miséria.

A partir dessa construção, onde é imprescindível corrigir os erros cometidos pela esquerda através da eleição de políticos extremistas, conservadores e com características fascistas, elegeram-se nos últimos anos, uma gama de novos líderes de direita. 

Entre esses políticos estão Sebastián Piñera no Chile e Iván Duque na Colômbia. Não por causalidade, nesses países eclodiram as maiores manifestações sociais dos últimos tempos na América Latina. Mas além disso, não podemos deixar de citar o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, da “nova direita” que, entretanto, continua representando ideais e pensamentos já conhecidos do cenário político brasileiro. 

A política entreguista e sem espaço para as reivindicações dos movimentos sociais não esperava encontrar pelo caminho uma pandemia que mudaria, mesmo que temporariamente, os rumos político-sociais da América Latina, escancarando fraquezas e reais intenções por trás dos novos líderes do cenário político-ideológico.

A pandemia de conflitos sociais

Foto: Santiago Torrado @santitorrado1

Em 2019, antes mesmo do início da pandemia de coronavírus, a situação social e política da América Latina já apresentava os sinais da crise. No mesmo ano, uma campanha pela passagem do metrô realizada por estudantes do ensino médio de Santiago, tornou-se um dos maiores protestos que o Chile já viu e provocou a queda da constituição datada do governo do ditador Augusto Pinochet. 

O povo foi às ruas contra a política ultra-neoliberal herdada da ditadura Pinochet e contra a enorme desigualdade social do país. O governo e a polícia reprimiram com violência as manifestações, o que acarretou na resistência dos participantes e popularização do protesto que terminou com mais de 30 mortos e 11 mil feridos. Atualmente o país está em processo de redação da nova constituinte.

Já em 2020, no meio de diferentes políticas de contenção ao coronavírus, altos índices de morte, desemprego e inflação, a população latinoamericana seguiu organizando protestos contra o abandono e má condução dos governos.

O primeiro exemplo que podemos citar são as manifestações no Peru em novembro do ano passado. Inconformados com o impedimento do presidente Martín Vizcarra, os peruanos lotaram a capital Lima, em protesto ao que chamaram de golpe à democracia. As manifestações foram consideradas as maiores dos últimos 20 anos segundo a imprensa local. 

Os manifestantes seguiram se reunindo contra o governo inteiro de Manuel Merino e após denúncias de mortes de participantes, 11 ministros do governo pediram demissão. Em 15 de novembro, cinco dias após assumir o cargo, Merino apresentou sua renúncia e seu lugar foi assumido por um governo de transição. 

Neste ano, o Haiti entrou em uma forte ebulição social após uma onda de violência e sequestros assolar o país. Os haitianos exigiam atitude por parte do governo contra os grupos criminosos. Os conflitos passaram a se intensificar desde fevereiro, quando o então presidente Jovenel Moise recusou deixar o cargo e prendeu opositores políticos. Em 7 de junho, Moise foi assassinado em sua residência nos subúrbios de Porto Príncipe em um crime ainda sem solução.

Um dos maiores conflitos sociais que podemos destacar em 2021 foi o ocorrido na Colômbia. No dia 15 de abril o presidente colombiano Iván Duque apresentou ao Congresso uma proposta de reforma tributária que visava aumentar a base de arrecadação do imposto sobre serviços básicos e IVA. A medida buscava liberar 6,3 bilhões de dólares para financiar os gastos do governo durante a pandemia e a recuperação econômica para os próximos anos.

Desde que foi lançada, a proposta de reforma foi considerada onerosa para a classe média do país. Segundo especialistas, a medida retiraria dinheiro dos que movem a economia da Colômbia, deixando-os vulneráveis e incapazes. A partir daí, sindicatos, movimentos sociais e diversos setores da sociedade se manifestaram contra a reforma, o que ocasionou forte turbulência social e rapidamente os protestos se espalharam pelo país.

A cidade de Cali, terceira mais populosa da Colômbia, se tornou o epicentro do embate entre policiais militares e manifestantes. O governo criticou a violência das manifestações e acusou dissidentes guerrilheiros e grupos criminosos de participação nos atos. Desde então, os protestos contra o governo e as denúncias de desaparecimento e morte de manifestantes se intensificaram. Os atos contra o governo e a política neoliberal de Iván Duque resultaram em 67 mortes segundo um relatório do Human Rights Watch.

A forte repressão e violência policial na Colômbia foi relatada pela jornalista colombiana Gina Piragauta que esteve presente na cobertura dos protestos:

“A situação na Colômbia é de conflito social crescente desde muito tempo, há elementos que contribuíram para que aumentassem os conflitos como a falta de emprego, educação, péssimo sistema de saúde e houve protestos muito significativos no ano passado mas foram suspendidos por questão da pandemia. A pandemia veio a acrescentar os conflitos sociais e políticos no país. Esta greve não é de nenhum partido político, de nenhuma organização política, é do povo colombiano trabalhador e nesse sentido levou as pessoas massivamente para a rua. Temos visto que a repressão policial tem sido dirigida especialmente às pessoas da imprensa e também dirigida às pessoas que cuidam dos direitos humanos durante as manifestações. Temos visto que estão disparando nos olhos dos manifestantes, temos muitos desaparecidos. Algumas dessas pessoas desaparecidas aparecem mortas nos rios e de outras nada se sabe e também tivemos muitos presos.”

Os relatos da ação policial disseminaram-se pelas redes sociais e pela imprensa. No dia 1º de maio, Alejandro Zapata, um jovem de 20 anos, foi gravemente ferido pelo esquadrão de choque Esmad durante um protesto em Bogotá e não resistiu. No dia 5 de maio, Lucas Villa, de 37 anos, recebeu vários disparos em uma marcha pacífica na cidade de Pereira. O universitário morreu no dia 11 do mesmo mês. 

Em 14 de maio, Sebastián Munera de 22 anos morreu após ser atingido por uma granada lançada por agentes da Esmad. Um dos casos que mais revoltou os manifestantes e que provocou a convocação de novos atos pelo país foi o da jovem de 17 anos Alison Meléndez. Alison foi presa na noite de 12 de maio e violentada sexualmente por agentes da polícia. Um dia depois a jovem se suicidou.

O êxodo venezuelano

Para além dos conflitos sociais que eclodiram nos últimos anos e que vimos anteriormente, a América Latina também passa por um momento de intensos processos migratórios. Tais movimentos podem ser deslocamentos entre os países latinoamericanos, como os decorrentes de crises humanitárias, mas também, pelos processos de imigrantes de outros países do globo que chegam na América Latina todos os anos. A política de recepção dessas pessoas em processo de deslocamento é diferente em cada país.

De acordo com o cientista político venezuelano Xávier Franco, “nada define mais a espécie humana desde suas origens do que sua capacidade de se mover ao redor do mundo”. Entre os motivos que podem levar uma pessoa a sair de seu país de origem estão as crises humanitárias como a venezuelana, mas também existem outros, como a legítima aspiração por uma melhor qualidade de vida.

Entretanto, no caso da Venezuela, é preciso compreender os aspectos que levaram aos processos de deslocamento populacional. A crise no país vem se intensificado desde 2013 após a eleição de Nicolás Maduro. A população começou a sofrer os impactos econômicos a partir de 2014, quando o barril do petróleo se desvalorizou e a economia venezuelana começou a desmoronar. 

Desde então o país atravessa uma grave crise humanitária onde parte da população é obrigada a se refugiar em países vizinhos. O número de venezuelanos que migraram forçadamente para outros países só em 2020 é de 3,9 milhões. Esses dados são do relatório anual da UNHCR (Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados)

O relatório  mostra um crescimento no número de refugiados venezuelanos no continente latinoamericano. Houve aumento do fluxo de migrações para o Brasil, México e Peru. Porém, mais de 120 mil refugiados venezuelanos que estavam na Colômbia retornaram ao país de origem em 2020. Segundo o documento, entre os motivos para o retorno estão as dificuldades enfrentadas desde o início da pandemia do coronavírus.

Atualmente a Colômbia hospeda cerca de 1,7 milhões de imigrantes venezuelanos. Dados do novo relatório também estimam que entre refugiados e venezuelanos deslocados no exterior, quase um milhão de crianças nasceram em situação de deslocamento entre 2018 e 2020, uma média de entre 290 mil e 340 mil por ano.

O Xávier Franco evidencia que a imigração em massa da Venezuela nos últimos anos “se expandiu em todas as direções mas principalmente para os países fronteiriços, o que gerou uma verdadeira crise política, diplomática e humanitária de proporções continentais para as quais nenhum governo foi preparado e coordenado”.

Para a professora da UFSM e coordenadora do Migraidh (Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional da UFSM) a migração de venezuelanos é “potencializada pelas questões socioeconômicas e que tem muito forte a própria mobilidade como uma possibilidade de promover as chamadas remessas, levar ao país de envio o suporte para os que ficaram”. Ou seja, nesses casos, a população migrante envia recursos financeiros para os familiares que continuam a residir no país de origem. 

Ataques à imprensa 

Assim como com os movimentos sociais, a imprensa latinoamericana tem sofrido recorrentes ataques e censura. Entre janeiro a junho de 2020 foram mais de 600 violações à liberdade de imprensa na América Latina segundo dados do último dossiê levantado pelo Voces del Sur, um projeto que monitora as agressões à imprensa e a liberdade de expressão em 11 países da região e que no Brasil conta com o apoio da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

Conforme o levantamento, entre as vítimas estão 336 jornalistas, 27 repórteres independentes, 220 meios de comunicação, 46 fotógrafos e cineastas, 37 diretores, editores e executivos de meios de comunicação, 11 trabalhadores de comunicação e 1 produtor de conteúdo. Além disso, os dados apontam que 453 desses ataques foram realizados por parte dos governos, 95 por meios não estatais e 61 de forma desconhecida.

Outra denúncia do Voces del Sur é sobre as leis que buscam criminalizar a desinformação, as conhecidas notícias falsas. Apesar dessas leis serem propostas como formas de se conter a difusão de rumores e conteúdos falsos que prejudiquem a sociedade, elas podem se tornar ambíguas e quando usadas de forma estratégica por governos, até prejudiciais à democracia.

Segundo a Comissão Internacional dos Direitos Humanos, as proibições de divulgação de desinformações são baseadas em conceitos vagos como “notícias falsas” ou “informação não objetiva”. Porém, é importante que os aspectos sejam analisados cuidadosamente para que se evite imprecisões que possam vir a favorecer atos de arbitrariedade.

Com a covid-19, por exemplo, alguns governos latinoamericanos estão redigindo leis que, por sua vez,  acabam por censurar a informação incômoda. Ou seja, aquela que prejudica ou denuncia a atuação dos governos. Na Venezuela, por exemplo, a Lei Contra o Ódio e o Código Penal foram utilizadas para prender cidadãos e jornalistas que divulgaram informações não oficiais.

O relatório ainda evidencia que o país com mais casos de violação ao jornalismo em 2020 foi o Brasil com 168 casos. Logo depois estão Nicarágua com 123, Equador e Honduras com 50, Peru com 18, Argentina com 16,  Uruguai com 10 e Guatemala com uma violação à liberdade de imprensa.

Texto produzido na disciplina de Jornalismo Internacional, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana sob a orientação da professora Carla Torres.

Foto: Heloisa Helena Canabarro

Muito antes do início da pandemia de Coronavírus, a arte e a cultura no país vêm sofrendo com o descaso do governo. Ao ser eleito, Jair Bolsonaro (Sem partido), atual presidente, cumpriu sua promessa de campanha e ação do Ministério da Cultura (Minc), suas atribuições foram incorporadas ao recém-criado Ministério da Cidadania e, em 7 de novembro de 2019, a Secretaria Especial de Cultura foi transferida para o Ministério do Turismo. O atual governo não apoia a cultura no Brasil, pelo contrário, por diversas vezes demonstrou descaso, reduziu verbas, mostrou intolerância a obras e expressões artísticas e incitou práticas de ódio e censura.

É nesse contexto que emerge a pandemia de Coronavírus no Brasil. Com a necessidade de isolamento social e a proibição de aglomerações, a tragédia sanitária fechou cinemas, museus, galerias, teatros, circos e cancelou shows, que tinham o público aglomerado como parte fundamental de seus eventos. O setor cultural que já estava fragilizado e desprovido de recursos, foi o primeiro a ser impactado e pode ser um dos últimos a normalizar. A pandemia provocou o mundo das artes a se reinventar e adaptar-se às circunstâncias. Museus, galerias, curadores e artistas plásticos e visuais, começaram a buscar soluções inovadoras para propagar arte durante esse período.

Exposições e artistas no ambiente virtual

Conforme a pesquisa nacional, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre junho e setembro de 2020, intitulada “Percepção dos Impactos da COVID-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil”, mais de 41% dos correspondentes perderam a totalidade de suas receitas, entre os meses de março e abril. Essa proporção aumentou para 48,88%, entre maio e julho de 2020. O Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), através da Carta de Conjuntura número 49, anunciou que “as estimativas de participação do setor cultural na economia brasileira, antes da pandemia, variavam de 1,2% a 2,67% do produto interno bruto (PIB), e o conjunto de ocupados no setor cultural representava, em 2019, 5,8% do total de ocupados, ou seja, em torno de 5,5 milhões de pessoas”.

Percepção dos Impactos da COVID-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil,

Em maio do ano passado, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) estimou que 13% dos museus do mundo poderiam encerrar, em definitivo, suas atividades em decorrência da pandemia. O risco de contaminação levou ao fechamento, temporário, de 90% dos museus. Sem previsão de quando as atividades irão retornar ao normal, parte dos museus, galerias e artistas plásticos e visuais buscam abrigo no ambiente virtual. Com o objetivo de propagar arte e cultura, tentam adequar suas exposições a diferentes plataformas. Alguns desses espaços culturais optaram por reproduzir fotos do acervo em alta resolução, acompanhadas de texto descritivo sobre obra e autor e mostrar em seu próprio site ou pelas redes sociais, criando assim um modelo de exposição virtual.

A abertura de algumas mostras começaram a ser realizadas por Live streaming — transmissões ao vivo — em redes sociais, como Instagram, Facebook ou Youtube, buscando divulgar e atrair o público a apreciar obras virtualmente. Já outros espaços culturais foram além, adaptaram suas exposições a Online Viewing Rooms — Salas de Visualização Online — que reproduz digitalmente em 3D um espaço de exposição, permitindo ao público navegar pelo espaço, observando as obras de diferentes ângulos.

Como exemplo de exposição virtual, no vídeo abaixo podemos assistir como é a experiência de entrar em uma sala de visualização online. A exposição coletiva é da Photoarts Gallery, que reuniu fotografias de diversos artistas em uma galeria virtual. O visitante tem liberdade de andar pelo ambiente projetado, ao ativar o áudio é possível ouvir o som ambiente, e com apenas um clique se obtém informações sobre o autor, descrição sobre a obra, de forma escrita ou por meio de áudio do próprio autor, sendo possível até adquiri-la.[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=V-bdO51fWQU”]

O curador e responsável técnico do acervo do Museu de Arte de Santa Maria (Masm), Marcio Flores, relata que transformações nos processos curatoriais foram necessárias para adequar-se ao momento em que estamos vivenciando. “Hoje é preciso pensar nas plataformas digitais como meio de divulgação, embora as exposições presenciais sejam realizadas. Isto demanda mais trabalho, organização e criação de materiais específicos para estas plataformas e programas”, esclarece. Marcio realizou curadoria de diversas exposições de forma híbrida, online e presencial, durante a pandemia. Sobre as exposições virtuais e o futuro dessa modalidade, o curador comenta: “Acho fantástico essas possibilidades expográficas, que permitem a participação e visualização de diferentes públicos. Acredito que este processo tecnológico, digital, é uma grande ferramenta de divulgação e promoção cultural, veio para ficar e cada vez mais ser aprimorado, e seu desenvolvimento irá nos proporcionar futuramente muitos resultados ainda nem imaginados.”

A prática de exposições virtuais não surgiu durante a pandemia de Covid-19, a plataforma Google Arts & Culture há anos disponibiliza visitas virtuais em museus de todo o mundo e acesso a galerias com um amplo acervo de imagens, tudo de forma gratuita, tornando a arte mais acessível. Utilizando a tecnologia Street View, possibilita vistas panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical, dando ao visitante uma certa liberdade para andar pelo local. O site exibe mais de seis milhões de obras e conta com mais de seis mil exposições. É possível visitar instituições de arte internacionais e nacionais, como por exemplo, o Museu Nacional, Instituto Inhotim, Museu Afro Brasil, MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand e outros.

O Sesc RS lançou, em abril deste ano, a Galeria Virtual Sesc, o projeto nasceu visando disseminar as artes visuais e aproximar a relação do público com a arte e artistas gaúchos, de diferentes regiões do estado. Na plataforma é possível visitar as exposições de forma online, apreciando as obras e suas descrições, contendo também audiodescrição. Sob a lógica de uma galeria física, a cada 30 dias é apresentada uma nova exposição, atualmente está em exibição a mostra “Entre o Sagrado e o Profano” de Nelson Theophilo Hartmann.

Os museus não apenas adaptaram-se à pandemia, mas um novo museu foi criado, o Covid Art Museum (CAM) — Museu de Arte Covid — primeiro museu digital que nasceu durante o período de isolamento social. O acervo é disponibilizado pelo Instagram (@covidartmuseum), mostrando artes que surgiram durante o período pandêmico, tendo como tema sentimentos e objetos relacionados a pandemia de Coronavírus. É composto por pinturas, colagens, fotografias e ilustrações de diversos autores. O CAM foi idealizado por Emma Calvo, Irene Llorca e José Guerrero, de Barcelona, que também são responsáveis pela curadoria das obras, que são partilhados através da hashtag #CovidArtMuseum.

De acordo com uma pesquisa, realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Instituto de pesquisa Datafolha, sobre “Hábitos culturais: expectativa de reabertura e comportamento digital”, 57% dos brasileiros intensificaram o acesso à web durante a pandemia, 36% mantiveram o padrão de acesso e 7% reduziram suas atividades virtuais. Segundo o levantamento, 17% dos entrevistados relataram visitar museus e exposições online, ainda de acordo com a pesquisa, a intenção de continuar a fazer estas atividades virtuais após a pandemia diminui para 14%. Os entrevistados que realizaram atividades culturais durante a pandemia avaliam positivamente os impactos da prática para a saúde mental e para convivência social, 54%, declararam que as atividades culturais na web ajudaram a diminuir a sensação de solidão, para 45%, o acesso à cultura pela internet reduziu o estresse e ansiedade, e 44% viram uma melhora geral na qualidade de vida. É importante salientar que nem todo mundo tem acesso ao meio digital, de acordo com o levantamento, dos cerca de 1.500 entrevistados em todo o país, 7% relataram não ter acesso à internet.

Para o jornalista, professor e amante das artes Carlos Alberto Badke, as visitações online têm seus pontos positivos e negativos. “As visitas virtuais a museus, exposições e passeios por cidades históricas têm vantagens e desvantagens. Eu destacaria o fato de termos a possibilidade de viajar sem sair de casa, conhecer lugares até então desconhecidos e ampliar nosso acervo cultural. A maior desvantagem é não estar em presença das obras de arte, prédios e ambientes. A mediação via tela de computador esfria um pouco esta relação, essencial para sentirmos empatia com as possibilidades ofertadas pelos seus criadores”, avalia Carlos. O jornalista também afirma que a visitação virtual, embora tenha suas limitações, o ajudou durante o período de pandemia. “Foi uma ferramenta de grande auxílio para aumentar o meu conhecimento e disponibilizar aos alunos.”

A pandemia parecia um beco sem saída para artistas plásticos e visuais, mas alguns desses artistas contornaram a situação e fizeram dela um momento de reinvenção e ressignificação. Simone Rosa, artista visual que iniciou sua carreira em 1987, fala de que forma a temática de suas produções artísticas mudou neste período. “Minha produção poética durante a pandemia mudou bastante, inseri pássaros beija-flor como símbolo de boas novas, como mensageiro de notícias boas, inclusive a última exposição que estou fazendo chamo de Tempos consonantes, que quer dizer que a gente busca tempos consonantes, tempos harmoniosos, notícias boas e que tudo isso passe. O beija-flor é um símbolo de mensageiro de boas novas, ele é símbolo místico no Xamanismo e em várias religiões.”

Para a artista a experiência digital não substitui o presencial: “Quero que volte às exposições presenciais e que a gente consiga continuar tendo esse contato presencial com as obras, eu acho que o virtual surgiu para ser uma opção paralela, mas ele nunca vai substituir a experiência que tem que ter no contato direto com a obra.”

Reprodução/ Instagram de Simone Rosa, Exposição Mensageiros do Recomeço

O artista Emerson Massoli iria expor sua mostra individual OP-ORIGAMI, ano passado, no Museu de Arte de Santa Maria (Masm), mas em decorrência da pandemia a exposição foi adiada para este ano, na esperança que a situação estivesse um pouco melhor, o que não ocorreu. Para a mostra não ser adiada novamente, o artista, em parceria com o museu e curadoria, optou por realizá-la de forma híbrida, online e presencial. “Como a maioria das obras expostas eram objetos em três dimensões, foi muito interessante pensar e visualizar como transpor isso para o virtual, sem que perdesse a essência da percepção das obras físicas…”, relata Emerson sobre a adaptação. As obras de sua exposição foram apresentadas nas redes sociais, por meio de fotos dos trabalhos expostos no espaço físico, imagens com detalhes, informações descritivas sobre a obra e um vídeo, estilo tour pela exposição, o que possibilitou a compreensão da noção de dimensão e disposição dos trabalhos no espaço expositivo.

Reprodução/ Instagram Museu de Arte de Santa Maria

Sobre o sucesso que a exposição obteve virtualmente o artista revela: “O alcance foi algo que me surpreendeu bastante, não imaginava a repercussão que poderia tomar, indo além do contexto local, o que teve grande influência das redes sociais para que acontecesse”. Emerson conta que por causa da pandemia, assim como muitos artistas, buscou alternativas criativas no ambiente online. “Acredito que a maioria dos artistas teve que se adaptar ao contexto para dar vazão a sua arte. Participei ano passado de algumas exposições coletivas de forma virtual, criei um perfil específico em uma rede social para compartilhar os processos e resultados da pesquisa artística que desenvolvo, e pretendo no começo do mês de junho realizar uma exposição virtual em uma plataforma de realidade virtual. As opções são muitas e variadas, acredito que após o fim da pandemia esses modelos de difusão de arte se manterão, pois trouxeram novas perspectivas para o cenário cultural”.

Helena Macedo, artista plástica e professora de arte, no início da pandemia, aposentou-se da função de professora, a qual trabalhou por 38 anos. Em seus anos de magistério atuou conjuntamente como artista plástica, atualmente continua produzindo obras de arte. A artista é membro da Associação dos Artistas Plásticos de Santa Maria (AAPSM), que realizou três exposições, todas de forma híbrida, antes do período pandêmico, no Museu de Arte de Santa Maria (Masm). Helena também pertence ao Grupo Olhares, coordenado pelo artista plástico Luciano Santos. Durante a pandemia, o grupo realizou algumas exposições virtuais, como “VAI DE ARTE”, uma mostra virtual pelo instagram (@vai.de.arte), de máscaras decorativas em alusão a pandemia. Também participou da exposição “Alegorias Pandêmicas”, que foi pensada exclusivamente para a plataforma Instagram, contando com obras de artistas do grupo e convidados. A última exposição do grupo foi “CONTEMPORÂNEA: MARIA”, que reúne a visão particular de 15 artistas de Santa Maria acerca de Maria, além de virtualmente a mostra também está disponível para visitação presencial na Universidade Franciscana (UFN), na Sala de Exposições Angelita Stefani.

Reprodução/ Instagram da Exposição Alegorias Pandêmicas

A artista comenta sua satisfação com o resultado das mostras virtuais. “Eu acho que todas tiveram um grande alcance e me realizei muito”. As produções artísticas de Helena não foram afetadas durante o período pandêmico, a artista continuou realizando suas obras e incluindo objetos referentes à pandemia, o que mais a afetou foi não ir presencialmente às mostras. “Um dos problemas foi não poder mais frequentar exposições, que adoro ir ver pessoalmente”, relata. Sobre o impacto econômico no setor cultural, Helena conta que não foi fácil, mas como grande parte dos artistas plásticos têm outra fonte de renda, afirma: “Para mim foi muito negativo, a renda nas vendas das obras foi muito baixa. Mas como falei no início, sou professora e tenho outra renda, e assim não me afetou tanto. Não posso dizer que não vendi obras de arte, vendi. Mas não como na época em que não tínhamos pandemia”.

Auxílio emergencial cultural – Lei Aldir Blanc

Apenas três meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a pandemia de Coronavírus, foi aprovado o projeto de lei 1.075/2020 iniciativa da deputada Benedita da Silva (PT). O projeto determinava à União a aplicação de ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de calamidade pública. A legislação foi intitulada como Lei Aldir Blanc em homenagem ao artista, que morreu em maio vítima do coronavírus. De acordo com o projeto de lei, caberia a União entregar para estados, Distrito Federal e municípios R$ 3 bilhões. Os beneficiários desse auxílio são profissionais que trabalhavam com música, entretenimento, teatro, artes, espetáculos e outros setores artísticos e estabelecimentos do setor cultural afetados pela pandemia. O repasse da verba ao setor cultural ficou a cargo dos estados e municípios. A ajuda financeira começou a ser paga só em setembro de 2020.

A Secretaria Especial de Cultura, que é vinculada ao Ministério do Turismo federal, oferece em seu site um painel de dados que permite o acompanhamento dos indicadores da Lei Aldir Blanc.

Embora o Auxílio Emergencial Cultural tenha beneficiado uma parte dos trabalhadores da cultura, a quantidade de solicitações foi menor que o esperado. O principal motivo está no fato que dentre os artistas e trabalhadores da cultura aptos a inscrição para receber o benefício, muitos já estavam cadastrados no Auxílio Emergencial pago pelo Governo Federal, instituído em abril de 2020, o que não os permitiu ter direito ao Auxílio Cultural.

Santa Maria

Em Santa Maria não foi diferente, reinventar-se virtualmente foi necessário a artistas e espaços culturais. Da mesma maneira que em outras regiões do país, após o fechamento de espaços e eventos adiados como medida de combate à Covid-19, artistas tiveram dificuldade de atuar em sua área e manter sua renda. “O impacto econômico foi muito forte, pois teve uma grande parada, tive que fechar meu atelier ao público e não ter mais alunos, teve um tempo que parou as vendas e depois recomeçou devagar”, relata a artista Simone Rosa, e acrescenta que felizmente tem outra fonte de renda para garantir o sustento: “Não vivo só da renda do atelier ou das artes visuais, tenho outra fonte de renda, porque se não seria muito problemático. Fico triste em pensar que existem pessoas e famílias que dependem da renda da produção cultural, tanto artes plásticas, quanto teatro e música. Fico feliz em ver que tiveram várias campanhas que incentivam e apoiam esse setor que foi abandonado de uma hora para outra”.

Para auxiliar o setor cultural, a Prefeitura de Santa Maria abriu em maio o edital Viva Cultura 2020, que beneficiou 70 projetos e mais de 200 pessoas, que realizaram apresentações artísticas no festival virtual Viva Santa Maria. Já em outubro foi realizada a primeira edição do festival Santa Maria Pela Música, também de forma online, porém dessa vez com venda de ingressos, em que a verba da arrecadação foi revertida aos artistas que se apresentaram no evento. Por meio da Secretaria de Cultura, auxiliou artistas locais, selecionados em edital da Lei Aldir Blanc, para projetos artísticos de Arte Mural/Grafite em espaços do Parque Itaimbé.

Exposições online começam a fazer parte da rotina do Masm

O Museu de Arte de Santa Maria (Masm) não ficou para trás e começou a realizar exposições no formato virtual, tendo como objetivo manter o museu em funcionamento durante a pandemia de Covid-19. As visitações online podem ser feitas pelo Instagram ou Facebook do museu, e as obras expostas são apresentadas por meio de fotos. A diretora do Masm e artista plástica Marília Chartune relembra o começo dessa iniciativa. “Nós tivemos muitas dificuldades no início, porque não sabíamos qual público iríamos atingir. Temos nossas redes sociais, Instagram e Facebook, e adaptamos juntamente com os expositores que enviaram arquivos de qualidade, fizemos as publicações periódicas de acordo com cada uma das redes sociais”, conta a diretora.

A primeira exposição postada nesse formato foi durante o evento Viva Masm, em junho do ano passado, onde além da exposição, diversas obras de arte estavam disponíveis para serem comercializadas no Mercado de Arte do Museu. Devido ao sistema de bandeiras no Rio Grande do Sul, o Masm fica aberto também a visitação presencial, com agendamento prévio para evitar aglomerações, exceto na bandeira preta. O museu deu continuidade às apresentações de maneira híbrida, combinando online e presencial, em 2021. Sobre as exposições virtuais, Marília relata: “A gente tem muitas visitações registradas, muito mais as vezes do que quando é presencial, então tivemos sucesso nessa parte”.

Reprodução/ Facebook Museu de Arte de Santa Maria

Yann Ziegler, artista visual santa-mariense, que há anos dedica-se à produzir arte a partir da ressignificação de objetos apropriados do meio onde vive, expôs de forma híbrida no Masm sua mostra “A Transmutação dos Sólidos”, com curadoria de Marcio Flores, composta por 61 objetos-arte. A abertura da exposição foi realizada virtualmente, via transmissão ao vivo no Instagram do Masm. “Fazer a abertura de uma exposição através de uma live foi uma experiência e tanto. Teve um alcance além do esperado, tanto que estou certo que, mesmo depois da pandemia, quando se voltar a fazer abertura presencial, farei juntamente com a on-line. Acho que a live de vernissage veio para ficar”, declara o artista sobre a experiência. Quanto à busca de alternativas criativas no ambiente online, Ziegler acrescenta: “Intensifiquei o uso das redes sociais como forma de melhor chegar ao meu público”.

Foto: Heloisa Helena – Obra de Yann Ziegler, Exposição A Transmutação dos Sólidos

Um ano após o início da pandemia de Coronavírus, a vacinação no Brasil caminha a passos lentos e o número de óbitos supera os 400 mil, será mais um ano complicado para o setor cultural. Artistas plásticos e visuais, museus e galerias seguirão tentando adaptar-se às circunstâncias da pandemia, somando esforços para reinventar-se e manter a arte viva em meio ao caos. As exposições virtuais e o ambiente online podem auxiliar nesse processo, com suas vantagens e desvantagens, estão ganhando espaço no mundo das artes.

 

Foto: Reprodução Instagram (@pensandonarotina)

Nesse período de instabilidade, muitos brasileiros passaram por um processo de autoconhecimento. E muitos identificaram que esse momento de reflexão trouxe uma necessidade de autocuidado. Viver durante uma pandemia, obviamente, requer muita atenção à saúde, e muitas pessoas optaram por cuidar do maior órgão do corpo humano: a pele. 

A skincare – a tradução literal de “cuidados com a pele” – se encontra como um mercado em ascensão na pandemia. A rotina não é novidade, mas foi adotada por muitos atualmente, de acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria e da Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Segundo a pesquisa do órgão, “os produtos voltados aos cuidados com a pele registraram crescimento de 161,7% nas vendas durante os dez primeiros meses de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019”. 

A ABIHPEC afirmou que as máscaras de tratamento facial foram as segundas mais vendidas (91%), ficando atrás apenas dos esfoliantes corporais (153,2%), considerando todo o ano passado. O órgão relatou que, além da estética, o novo coronavírus influenciou muito nesse crescimento, devido ao álcool em gel nas mãos e a quantidade elevada de lavagens, provocando o ressecamento da pele, exigindo uma maior atenção à hidratação

. As máscaras se tornaram uma das razões para o surgimento de espinhas na região do rosto, dessa maneira, explicando o aumento nas vendas de máscaras para tratamento facial. 

Apesar de não ser mencionada nos sintomas mais comuns, a Associação destacou as manifestações que a própria Covid-19 pode causar na pele – “em alguns casos foram observadas erupções e manchas ligadas à inflamação provocada pela doença. A vermelhidão e a irritação também podem estar ligadas à reação do organismo quando contrai o vírus”. 

Médica Dermatologista Ana Cristina Porto Alegrete. Reprodução Instagram (@bellevitta_alegrete)

 

A tendência da skincare está associada ao home office e devido ao estresse causado durante o isolamento, muitas doenças emocionais foram desenvolvidas. De acordo com a dermatologista Ana Cristina Porto Alegre, “foi uma mudança radical em nossas vidas e a incidência de dermatoses aumenta muito com o estresse, mas não observei aumento em nenhuma doença específica”. A médica destaca, “tenho 30 anos de formada, trabalho com dermatologia há 33 anos desde que passei pela disciplina no curso de graduação e nunca vi as pessoas tão estressadas”. Ela aponta algumas doenças que se destacaram nesse período, “observamos muito o aparecimento de doenças relacionadas ao uso da máscara, como dermatite de contato, rosácea e dermatite perioral”.

A dermatologista comenta que, quando o decreto ordenou o fechamento dos estabelecimentos, o número de atendimentos despencou. “As pessoas estavam com muito medo de sair de casa, aos poucos pela necessidade os pacientes foram retornando às consultas”, menciona ela. Além disso, ela acredita que as pessoas começaram a olhar mais a sua pele nesse período e pelo modismo da época começaram a falar muito sobre skincare e afirma que as consultas aumentaram para estes cuidados. 

Atualmente, com a facilidade de consultar dicas de cuidados com a pele na internet, muitas pessoas recorreram a esse meio. A Dra. Ana Cristina alerta que hoje com a internet e as redes sociais existe muita informação, mas nem todas confiáveis, “sugiro que as pessoas sempre saibam do currículo de quem está dando estas informações, chequem a fonte e vejam se tem embasamento científico”. Além disso, observou que essa facilidade de encontrar informações resultou em um paciente bem informado, “ele vem geralmente com uma lista de perguntas, sobre o que é mito e sobre o que é verdade no tratamento dermatológico”. 

Compartilhando as experiências

Psicóloga Alessandra Vasconcellos. Reprodução Facebook.

A psicóloga Andressa Vasconcellos explica, “acredito que a pandemia prejudicou tudo, os cuidados consigo mesma são importantes durante a vida. Na pandemia acredito que esses cuidados tenham aumentado, para trazer conforto, envolvimento, preencher o dia, olhar para si com mais carinho”. 

Algumas pessoas relatam sua experiência e compartilham com seus seguidores. Foi o caso de Leonardo Barreto, 42 anos, advogado e, atualmente, influenciador que possui quase 3 mil seguidores no seu instagram (@pensandonarotina). “Eu tenho interesse há muito tempo por cuidados pessoais, com rosto e corpo, muito por ver minha mãe se cuidando. Ela sempre gostou dos creminhos dela”, conta ele. “Desde bem novo eu já procurava ter pelo menos um hidratante que fosse pro rosto e outro pro corpo, mas na realidade eu não aderi 100%, não tinha muita disciplina sabe?”, acrescentou. 

“Comigo o divisor de águas foi exatamente a pandemia. Pouco antes de parar tudo aqui no Brasil, no início de 2020, eu trouxe alguns produtos de uma viagem. O interesse sempre esteve aqui e nesse período, já com 40 anos, eu estava sentindo mais necessidade mesmo”, relatou. “De repente, me vi trancado em casa, naquela incerteza e insegurança toda e cheio de produtinhos. Pronto, foi aí que a coisa

Leonardo Barreto. Reprodução Instagram.

aconteceu mesmo. Passei a ter uma rotina muito organizada de skincare e muito disciplinada. Foi meio que fundamental para mim ter esse momento de auto-observação, autocuidado”, declarou. 

Barreto menciona que paralelamente foi consumindo conteúdo sobre o assunto, para aprofundar seus conhecimentos, logo, além de consumir, começou a compartilhar as experiências. “Imagino que por isso o crescimento nos mercados de decoração e de skincare. O olhar sobre a nossa própria casa ficou mais forte, até por algumas novas necessidades, como um cantinho de Home Office; e o sobre si também se identificou. Se perceber, se cuidar, dar um carinho a si mesmo, tudo isso imagino que ajudou a fortalecer a cabeça das pessoas”, retratou o influencer. 

O influencer analisa que, inegavelmente, a maioria do público é feminino. Ele acredita que o movimento tenha crescido, até das próprias marcas de cosméticos para desvincular cuidados e produtos do gênero, mas a inclusão dos homens nos cuidados com a pele se encontra enraizada demais. 

Como esse cenário reflete na pele

Vitor Bitencourt. Reprodução Instagram (@jvitorbitencourt).

Mesmo não substituindo os procedimentos clínicos, as pessoas adaptaram sua rotina a produtos acessíveis que contribuíssem com seu novo costume. O mestrando em Comunicação, Vitor Bitencourt, comenta como iniciou com os hábitos de cuidado no seu dia, “acho que esse crescimento no interesse por cuidados da pele foi tanto por necessidade quanto por estética, já que ainda tinha algumas espinhas, um pouco menos, mas agora um problema maior com as consequências das espinhas que já passaram, como manchas e cicatrizes”. Ele menciona que durante a pandemiaacabou pesquisando ainda mais sobre o tema, principalmente, por ter tido um crescimento no poder aquisitivo teve a possibilidade de investir mais em produtos. 

Vitor analisa o cenário masculino nesse meio, “acredito que existe ainda um grande estigma de relação desses produtos com o público feminino por uma questão de preconceito, já que homens também tem muitos problemas de pele e muitas vezes por não procurar tratamentos acabam tendo problemas maiores, que penso muitas vezes afetar a confiança e autoestima deles”. O comunicólogo comenta alguns influencers brasileiros que ele costuma acompanhar, além de perfis de  instagram de dermatologistas e biomédicas. 

Mikael Queiroz. Reprodução Instagram (@mkaqueirozf)

Além de Vitor, seu namorado, Mikael Queiroz, coordenador de Marketing no 7 Night Bar, compartilham juntos a rotina de skincare. Mikael conta que por influência do namorado iniciou com os hábitos de cuidados com a pele, “eu iniciei as minhas rotinas de skincare durante a pandemia, muito por conta de necessidade e estética, depois do início da pandemia acredito que eu e outras pessoas ficaram muito expostas a estresse e problemas psicológicos, o que de alguma forma piorou minha pele drasticamente”. 

Maria Luiza Anacleto. Reprodução (@imluizaa).

A acadêmica de enfermagem, Maria Luiza Anacleto, menciona que começou sua rotina de skincare antes da pandemia, mesmo não possuindo um hábito contínuo. “Foi por necessidade, devido as espinhas que começaram a surgir após a pausa de anticoncepcional oral”, comentou. Ela ainda afirma que pretende continuar com a rotina pós-pandemia e que acredita que cuidar da pele tem ligação com seu psicológico, “a minha pele demonstra quando não estou bem”. 

Segundo o evento apresentado pela ABIHPEC em live, com a participação da Quintiles, empresa multinacional americana que atende os setores combinados de tecnologia da informação em saúde e pesquisa clínica, informa que os produtos que não podem faltar nas gôndolas no período pós-pandemia, são os itens para depilação, cremes de tratamento para cabelos e pele.