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As revistas científicas e a difícil tarefa de disseminar o conhecimento

Desde o século XVII, quando foram publicadas as primeiras revistas científicas, elas sempre foram objetos importantes para a comunicação da ciência. Segundo Stumpf (1996) “surgiram como uma evolução do sistema particular e privado de comunicação que

vidya1Desde o século XVII, quando foram publicadas as primeiras revistas científicas, elas sempre foram objetos importantes para a comunicação da ciência. Segundo Stumpf (1996) “surgiram como uma evolução do sistema particular e privado de comunicação que era feito por meio de cartas entre os investigadores e das atas ou memórias das reuniões científicas”. A partir deste momento foram estimuladas a pesquisa e a divulgação dos trabalhos feitos dentro das faculdades, laboratórios, etc. para que o público pudesse ter acesso aos dados descobertos. As pesquisas modificam a realidade em que vivemos e a divulgação dessas descobertas vem por meio das revistas científicas.

[dropshadowbox align=”center” effect=”lifted-both” width=”500px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O maior produtor de publicações científicas é os Estados Unidos com 519.573 artigos, mas quando se fala em qualidade a Suíça é referência. No Brasil, os pesquisadores e cientistas publicaram 46,7 mil artigos científicos em periódicos em 2012, colocando o país como 14º lugar produtor de pesquisas no mundo. Conforme relatório publicado pela Reuters, 2,2% de tudo o que foi publicado no mundo veio do país. O Brasil está em ascensão nos últimos anos na área da pesquisa. Segundo dados da Folha de São Paulo, a produção aumentou de 15.846 artigos em 2001 para 49.664 em 2011, mas a qualidade dos trabalhos caiu. O país passou de 31º para 40º.[/dropshadowbox]

Esse estímulo à pesquisa no país vem por intermédio de algumas entidades que investem nos projetos. Entre elas está a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) que oferece bolsas institucionais para os pesquisadores que estão no mestrado e doutorado. Outra é o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) que oferece bolsas em nível nacional, internacional e para empresas. Essa bolsa contempla desde o ensino médio até a pós-graduação. O incentivo a pesquisa no país aumentou muito nos últimos 15 ou 20 anos.

Galileo Buriol, editor da revista Disciplinarum Scientia. Foto:Gabriela Perufo, arquivo ACS
Galileo Buriol, editor da revista Disciplinarum Scientia. Foto:Gabriela Perufo, arquivo ACS

Segundo o professor Galileo Buriol “só não faz pesquisa quem não tem vocação, não tem tendência ou não quer porque há muita chance”.  Ele afirma que a pesquisa está evoluindo de maneira geral, mas os pesquisadores se queixam pela cobrança de quantidade e não de qualidade das publicações. Ele afirma que há uma tendência a iniciar a qual premia a qualidade dos programas de pesquisa. Avaliando o pesquisador pela qualidade de seu estudo.

Apesar do número de publicações crescendo no mundo e, principalmente, no Brasil há algumas revistas científicas que são pouco conhecidas. Caso dos periódicos produzidos pelo Centro Universitário Franciscano que mesmo com tantos anos de existência são desconhecidos pelos alunos. A acadêmica do 4º semestre de Jornalismo Michele Taborda afirma que até pouco tempo desconhecia a revista Disciplinarum Scientia e que teve o primeiro contato por meio de uma colega que trabalhava no periódico. Ainda diz não conhecer a revista Vydia. Como publicar em revistas desconhecidas?

Disciplinarum Scientia

O periódico foi idealizado em 2000 pelo professor Jefferson Canfield na época Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Franciscano. Após seu doutorado no Rio de Janeiro ele reuniu uma equipe formada pelos professores: Galileo Buriol, Pedro Sartori e Glenio Lopes e apesentou a ideia da revista científica destinada aos docentes. Segundo o professor Galileo Buriol, editor da revista, foi feito um projeto e a instituição aprovou e cada professor da comissão ficou de editor de uma área.

A revista teve início com as quatro áreas do conhecimento trabalhadas na instituição Exatas, Saúde, Sociais e Artes, Letras e Comunicação. Sendo uma publicação por ano de cada campo do conhecimento. Houve modificações desde a criação até o momento, entre elas está o acréscimo da área, Sociais Aplicadas. Desde 2012 cada edição ganhou dois volumes por ano e passou a ser totalmente on-line. A revista pode ser acessada pelo site: <http://sites.unifra.br/Default.aspx?alias=sites.unifra.br/disciplinarum>.

O próximo passo da publicação é a implantação do sistema SEER. O SEER é um software desenvolvido pela Universidade British Columbia. No Brasil foi traduzido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e ganhou o nome de Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER). Ele é um software criado para a criação e administração das revistas eletrônicas. Buriol fala “o SEER automatiza o envio e recebimento dos artigos, esse novo sistema vai melhorar o nosso trabalho e para os autores dos artigos também”.

vidyaPara enviar artigos a revista há várias etapas que são seguidas até chegar à versão on-line. Cinara Valente, secretária da revista explica: “os artigos são submetidos via e-mail pelo orientador, eles têm que obedecer às normas que estão no site. Assim eu posso submeter dar o número de protocolo e pedir dois pareceristas externos”. Depois disto, o revisor e os pareceristas fazem a leitura do artigo e se necessário é reenviado ao orientador. Se estiver tudo certo, o artigo é passado aos revisores de português e inglês. Logo em seguida, passam-se as correções ortográficas e é diagramado o material. O editor relê o artigo para últimos ajustes e somente depois deste momento é publicado no site.

A demora é um dos motivos das revistas de algumas áreas estarem atrasadas. A maior razão que é comentada pelos alunos da instituição é o atraso nas publicações. Isso gera uma sucessão de problemas que atrapalha alunos e a revista. Cinara afirma que a área que mais produz a da saúde e a que menos produz é as humanas. Ela ainda fala que há outras publicações como o Curso de Letras e Filosofia que tem sua própria revista.

Buriol comenta sobre a divulgação da revista no âmbito da instituição “Têm melhorado muito com o crescimento da entidade, novos professores, cursos de mestrado e doutorado, mas ainda não é o ideal. As revistas inicialmente era um numero por ano em cada área em 2012 viraram duas por ano. Estamos chegando quase em dia, então isso é um bom sinal.”. Mesmo com uma equipe reduzida, a revista continua o trabalho desde o início buscando contribuir com os alunos da instituição e de outras faculdades e universidades.

Revista Vydia

Segundo o professor José Carlos Pinto Leivas, atual editor da revista Vydia, ela foi criada em novembro de 1976 na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição (FIC). Até o ano de 1985 foi voltada para todas as áreas da instituição e em 2007 direcionou-se para a área da educação. O periódico tem por proposta a publicação de artigos de professores e pesquisadores da área.

A comissão editorial é formada por professores da instituição. O periódico tem o Qualis em B3 na área Interdisciplinar e B4 na área de Ensino e é indexada. A revista pode ser acessada em site próprio.

Os artigos são avaliados, sem identificação de autoria. A apreciação é feita por dois avaliadores. O editor afirma que o tempo de avaliação “é um tempo variável, pois os pareceristas o fazem sem remuneração. Em geral, damos três semanas para retornar a avaliação, mas a maioria leva mais tempo”. O número de artigos por revista era de no máximo oito por ser impressa. Ao passar à forma on-line a quantidade de trabalhos deve ser ampliado.

Para Leivas falta marketing da instituição para que todos conheçam a revista. Sendo uma revista antiga e com uma qualificação boa ainda a falta de conhecimento por parte dos pesquisadores da área. Esse conhecimento começa dentro da instituição que abriga esse tipo de periódico para depois poder ser conhecida pelo público externo.

Por Franciele Marques.
Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.