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Santa Maria, RS, Brazil

Esporte feminino é sinônimo de resistência


Quem me conhece sabe o meu envolvimento com o esporte e a minha paixão por futebol. No meu primeiro texto para a ACS falei da dificuldade de ser mulher e falar sobre o assunto, não só no interior do Rio Grande do Sul, mas em todo território nacional.

Nas últimos anos, nós, mulheres, estamos ocupando espaços de fala antes inimagináveis na sociedade machista em que vivemos. E por mais que isso seja um orgulho imenso, o estereótipo de que mulher não pode praticar esporte ou comentar sobre ele, ainda se faz presente. Nenhum homem é questionado com perguntas bobas quando se trata, principalmente, de futebol como as mulheres o são. Sem falar na diferença de visibilidade entre os esportes masculinos e femininos, também já mencionados no texto anterior.

É nítido o abismo de coberturas esportivas entre o esporte feminino e o masculino. O futebol feminino não recebe o mesmo incentivo e dinheiro que o futebol masculino. Coberturas insuficientes e rasas de informações, muitas vezes, traduzem a gritante necessidade de investimento no esporte feminino no país até porque, para o brasileiro, o futebol ainda é considerado coisa de homem, o que é um absurdo.

No ano passado, nos meses que antecederam a Copa do Mundo da Rússia, inúmeras marcas produtos como celulares e até de fast food, contaram com a participação de jogadores e, inclusive,  do técnico da seleção masculina de futebol para divulgar a marca da equipe brasileira e da competição mundial.  E agora eu faço um questionamento importante: quantas jogadoras da seleção você viu estrelando campanhas na tv aberta nesses meses que antecedem a Copa do Mundo de Futebol Feminino? Foi pensando nessa gritante diferença de apoio e incentivo que a marca Guaraná Antárctica, patrocinador oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), lançou uma campanha convocando outros anunciantes a incentivarem o esporte feminino no Brasil, como você pode ver no vídeo.

[youtube_sc url=”https://youtu.be/8wsDd_MqXwM”]

Fatos importantes e históricos relacionados às jogadoras da seleção não são apurados pela mídia tradicional às vésperas do início da copa. Um exemplo é a meia Formiga. A atleta bate dois recordes no Mundial da França, com 41 anos ela vai ser a jogadora mais velha a participar de uma copa e a única entre homens e mulheres a jogar 7 mundiais.  E sem falar da camisa 10 da seleção, eleita seis vezes melhor jogadora do mundo – a atacante Marta, com 15 gols marcados é a maior artilheira do esporte em Mundiais.

Outro fato interessante relacionado a seleção feminina é que a Editora Panini, responsável pela maioria de álbuns de figurinhas comercializados no Brasil está vendendo o álbum da Copa do Mundo feminina, você sabia disso?

A empresa colocou à venda um álbum elaborado em parceria com a FIFA no final do mês de abril. O álbum contém 17 jogadoras de cada uma das 24 seleções participantes. Esta é a terceira vez que a editora comercializa o álbum ilustrado para o torneio feminino, como já feito nos anos de 2011 e 2015. O álbum custa 8,90 reais e cada pacote, que contém cinco figurinhas, é comercializado por 2,50 reais. 

Historicamente o álbum colecionável da seleção masculina faz muito sucesso, diferente do feminino que mal é divulgado pela editora. Mas o exemplar deste ano viralizou nas redes sociais através de comentários machistas e repugnantes. Mais uma mostra e exemplo da sociedade machista e preconceituosa em que vivemos. Quando achamos que as coisas estão mudando para melhor nos deparamos com comentários intolerantes e hostis como este.

CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO

Na última quinta, 16, o treinador da seleção brasileira Vadão anunciou as 23 atletas convocadas para a disputa da Copa do Mundo feminina que acontece na França, entre os dias 7 de junho a 7 de julho.

A lista de convocadas para a copa da França tem nomes que se destacaram na Europa nos últimos anos; uma delas é a Andressa Alves, atacante do Barcelona e finalista da Liga dos Campeões Feminina. Já aqui no Brasil, a equipe brasileira que emplacou mais convocações foi o Corinthians, com três atletas chamadas para integrar o grupo. A onda de derrotas consecutivas da seleção feminina não tira a sua confiança para a competição mundial. O treinador da seleção destacou que está otimista e garantiu que há uma “expectativa altamente positiva”  para o torneio, além de apostar nas individualidades das brasileiras que deverão fazer a diferença em campo.

As convocadas

Goleiras: Aline, Bárbara e Letícia Isidoro.

Laterais: Fabiana Baiana, Letícia Santos, Tamires e Camila.

Zagueiras: Érika, Kathellen, Mônica e Tayla.

Meio-campistas: Andressinha, Formiga, Adriana e Thaisa.

Atacantes: Bia Zaneratto, Cristiane, Raquel, Debinha, Geyse, Ludmila, Marta e Andressa Alves.

Ser mulher é ser resistência, principalmente no esporte, área majoritariamente composta por homens, o que já faz parte da construção cultural e histórica. Felizmente  isto vem sendo desconstruído aos poucos por mulheres fortes e determinadas. No esporte feminino nada vem fácil, tudo é conquistado com muito suor e luta por igualdade de gênero e, principalmente, por respeito.

 

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias.

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Quem me conhece sabe o meu envolvimento com o esporte e a minha paixão por futebol. No meu primeiro texto para a ACS falei da dificuldade de ser mulher e falar sobre o assunto, não só no interior do Rio Grande do Sul, mas em todo território nacional.

Nas últimos anos, nós, mulheres, estamos ocupando espaços de fala antes inimagináveis na sociedade machista em que vivemos. E por mais que isso seja um orgulho imenso, o estereótipo de que mulher não pode praticar esporte ou comentar sobre ele, ainda se faz presente. Nenhum homem é questionado com perguntas bobas quando se trata, principalmente, de futebol como as mulheres o são. Sem falar na diferença de visibilidade entre os esportes masculinos e femininos, também já mencionados no texto anterior.

É nítido o abismo de coberturas esportivas entre o esporte feminino e o masculino. O futebol feminino não recebe o mesmo incentivo e dinheiro que o futebol masculino. Coberturas insuficientes e rasas de informações, muitas vezes, traduzem a gritante necessidade de investimento no esporte feminino no país até porque, para o brasileiro, o futebol ainda é considerado coisa de homem, o que é um absurdo.

No ano passado, nos meses que antecederam a Copa do Mundo da Rússia, inúmeras marcas produtos como celulares e até de fast food, contaram com a participação de jogadores e, inclusive,  do técnico da seleção masculina de futebol para divulgar a marca da equipe brasileira e da competição mundial.  E agora eu faço um questionamento importante: quantas jogadoras da seleção você viu estrelando campanhas na tv aberta nesses meses que antecedem a Copa do Mundo de Futebol Feminino? Foi pensando nessa gritante diferença de apoio e incentivo que a marca Guaraná Antárctica, patrocinador oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), lançou uma campanha convocando outros anunciantes a incentivarem o esporte feminino no Brasil, como você pode ver no vídeo.

[youtube_sc url=”https://youtu.be/8wsDd_MqXwM”]

Fatos importantes e históricos relacionados às jogadoras da seleção não são apurados pela mídia tradicional às vésperas do início da copa. Um exemplo é a meia Formiga. A atleta bate dois recordes no Mundial da França, com 41 anos ela vai ser a jogadora mais velha a participar de uma copa e a única entre homens e mulheres a jogar 7 mundiais.  E sem falar da camisa 10 da seleção, eleita seis vezes melhor jogadora do mundo – a atacante Marta, com 15 gols marcados é a maior artilheira do esporte em Mundiais.

Outro fato interessante relacionado a seleção feminina é que a Editora Panini, responsável pela maioria de álbuns de figurinhas comercializados no Brasil está vendendo o álbum da Copa do Mundo feminina, você sabia disso?

A empresa colocou à venda um álbum elaborado em parceria com a FIFA no final do mês de abril. O álbum contém 17 jogadoras de cada uma das 24 seleções participantes. Esta é a terceira vez que a editora comercializa o álbum ilustrado para o torneio feminino, como já feito nos anos de 2011 e 2015. O álbum custa 8,90 reais e cada pacote, que contém cinco figurinhas, é comercializado por 2,50 reais. 

Historicamente o álbum colecionável da seleção masculina faz muito sucesso, diferente do feminino que mal é divulgado pela editora. Mas o exemplar deste ano viralizou nas redes sociais através de comentários machistas e repugnantes. Mais uma mostra e exemplo da sociedade machista e preconceituosa em que vivemos. Quando achamos que as coisas estão mudando para melhor nos deparamos com comentários intolerantes e hostis como este.

CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO

Na última quinta, 16, o treinador da seleção brasileira Vadão anunciou as 23 atletas convocadas para a disputa da Copa do Mundo feminina que acontece na França, entre os dias 7 de junho a 7 de julho.

A lista de convocadas para a copa da França tem nomes que se destacaram na Europa nos últimos anos; uma delas é a Andressa Alves, atacante do Barcelona e finalista da Liga dos Campeões Feminina. Já aqui no Brasil, a equipe brasileira que emplacou mais convocações foi o Corinthians, com três atletas chamadas para integrar o grupo. A onda de derrotas consecutivas da seleção feminina não tira a sua confiança para a competição mundial. O treinador da seleção destacou que está otimista e garantiu que há uma “expectativa altamente positiva”  para o torneio, além de apostar nas individualidades das brasileiras que deverão fazer a diferença em campo.

As convocadas

Goleiras: Aline, Bárbara e Letícia Isidoro.

Laterais: Fabiana Baiana, Letícia Santos, Tamires e Camila.

Zagueiras: Érika, Kathellen, Mônica e Tayla.

Meio-campistas: Andressinha, Formiga, Adriana e Thaisa.

Atacantes: Bia Zaneratto, Cristiane, Raquel, Debinha, Geyse, Ludmila, Marta e Andressa Alves.

Ser mulher é ser resistência, principalmente no esporte, área majoritariamente composta por homens, o que já faz parte da construção cultural e histórica. Felizmente  isto vem sendo desconstruído aos poucos por mulheres fortes e determinadas. No esporte feminino nada vem fácil, tudo é conquistado com muito suor e luta por igualdade de gênero e, principalmente, por respeito.

 

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias.