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Caroline Comassetto

Caroline Comassetto

Durante os dias 10 e 11 de setembro ocorre o Workshop em Biotecnologia e Nanociências, da Universidade Franciscana. Entre os temas discutidos na manhã desta segunda-feira, 10, estão os Biofilmes, comunidades microbianas(bactérias ou fungos), ou seja, um componente de microrganismo que assume um comportamento multicelular e podem viver no ambiente ou em alguma superfície.

 Roberto Christ Vianna Santos, professor e doutor em Biologia Celular e Molecular pela PUCRS/Universitat de Barcelona, apresentou ao público conceitos, implicações e inovações que envolvem os biofilmes, dimensionando a evolução (passado), as implicações e dificuldades terapêuticas (presente) e as inovações tecnológicas (futuro) dessas comunidades.

Ele ressalta que um dos interesses da pesquisa de biofilmes está relacionado com estudos à procura de vida em outros planetas, como Marte. E exemplifica com as pesquisas da Agência americana de Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) que procura a existência destes microrganismos no solo e nas rochas de um outro planeta, principalmente atrás de alguma indicação de água, “pois os biofilmes são bioassinaturas, como impressões digitais, que significam vida”, explica o professor. Um problema relacionado à formação de biofilmes está na sua grande aderência aos produtos médico-hospitalares, segundo Roberto Vianna, pois “não existe biomaterial que resista à formação de biofilmes”. 

Santos destaca a importância das pesquisas na área e ressalta que, hoje, a solução está nos novos produtos, no uso conjunto de múltiplas substâncias e na nanotecnologia.

       

Na tarde da quarta-feira, 29,  o 9º Interfaces no Fazer Psicológico da Universidade Franciscana  encerrou com a mesa redonda que discutiu o papel social da universidade para além do debate sobre as (in)tolerâncias. Estavam presentes na mesa redonda Moisés Romanini, o doutor em Psicologia Social,  a doutora em Antropologia Social, Monalisa Dias e a estudante de pedagogia e psicologia e integrante do Coletivo de Resistência Artística Periférica de Santa Maria, Letícia dos Santos.

Moisés inicia a sua fala propondo aos presentes uma reflexão baseada em textos da filósofa Judith Butler, para pensar o seu lugar na universidade. Para o pesquisador, as  obrigações éticas do ser humano que se dão a partir das relações de proximidade e distância (sejam culturais ou territoriais) de algumas situações e a convocação ética que cada indivíduo sente a partir de imagens como, por exemplo, a situação das fronteiras e limites dos estados-nação e as segregações, no caso brasileiro hoje, os imigrantes venezuelanos. Tais movimentos refletem nas reações, de aceitação ou não, dos cidadãos, “o quanto nós, brasileiros temos que conviver com aqueles que talvez não desejamos”, instiga o psicólogo.

“Do lado de cá, aqui dentro das nossas fronteiras, quais imagens nos invocam eticamente? O que cabe à universidade e o que cabe na universidade? ” Com esse questionamento, Moisés apresenta imagens de duas pichações de cunho racista nas portas dos de alguns banheiros da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS (UNISC). “Então, partindo da realidade de que as universidades são majoritariamente brancas e cisheteronormativas, a primeira reação do ser humano é negar e dizer que não somos racistas nem homofóbicos. Porque a negação é a primeira reação moral de responder a esses tipos de ataques”, explica o Psicólogo. E essa estratégia, na opinião de Moisés não só não resolve o problema como não condena os ataques.

Para Monalisa Dias, quando se pensa em universidade só se pensa em pesquisa ensino e extensão, mas também a universidade, além de ser um lugar de construção do conhecimento, é um lugar de muitos afetos, um lugar onde as pessoas passam muito tempo, conhecem pessoas, um lugar de muitos privilégios e tem sido também, um lugar racista, machista e homofóbico. Esta constatação leva a antropóloga ao questionamento: que conhecimento é esse que estamos produzindo?

Monalisa relembra um caso semelhante da UNISC, porém na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), “isso aconteceu dentro de um curso das Ciências Sociais, e foi um choque maior ainda para a gente, por que a gente não espera. E então, me parece que tem lugares dentro das universidades que estudam mais as relações étnico-raciais e não deveria ser assim’, afirma.  Em sua fala, a antropóloga rebate ainda, o argumento de que as universidades são o reflexo de uma sociedade preconceituosa. “Mas não é bem assim, tem a ver com um pensamento do Brasil colonial, algo que deveria ser discutido em todas as áreas, não só na História e nas Ciências Sociais” acredita Monalisa.

A estudante de pedagogia Letícia dos Santos, conta que seu processo de aprendizagem acadêmica, passou também pelas suas experiências em movimentos sociais e da resistência de uma mulher negra. “Pensando na qualidade de ensino, eu me pergunto: que universidade é essa que não reconhece e não respeita a minha raça, minha cor, minha religião, minha identidade? ” reafirmando o  argumento de Monalisa.

Letícia se questiona: “a serviço de que e de quem estão as universidades? ” A estudante acredita que nesse sentido, as universidades e os cursos ainda estão muito a serviço do mercado de trabalho e aos cargos bem remunerados. “Eu não conseguia me ver como psicóloga, uma psicóloga negra fazendo atendimento de consultório, pois a graduação não dava conta de me fazer existir naquele espaço”, declara Letícia sobre ensino e representatividade. “Por isso, é que precise que se pense como estão se dando as formações dentro das universidades, o quanto a nossa intolerância enquanto indivíduo influencia no processo de aprendizagem com o outro e com o sistema”, finaliza.

Painel discute a Fotos: Juliana Gonçalves/LABFEM

O painel Memórias em Movimento: reparação simbólica e espaço público, do 9º Interfaces no Fazer Psicológico da Universidade Franciscana reuniu na manhã desta terça-feira, 28, o Antropólogo Social da Universidade de Buenos Aires, Diego Zenobi e as mães Ligiane Righi e Vanda Dacorso integrantes do grupo Mães de Janeiro e da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).  

Vanda, mãe de Vitória Dacorso, vítima da tragédia na Boate Kiss em Santa Maria, iniciou sua fala fazendo uma ressalva aos psicólogos, estudantes de psicologia e outros profissionais da saúde mental presentes no painel, no que diz respeito ao termo evento. Vanda acredita que, apesar da palavra ser um termo comum ao tratar de psicologia, não é o tratamento apropriado para se referir a morte de 242 jovens no incêndio da Boate Kiss no dia 27 de janeiro de 2013, como também não o são os termos jurídicos acidente e incidente. “Evento é aquilo que diz no dicionário, algo que se promove, uma festa, algo programado. Para nós não foi isso. Foi crime, massacre, homicídio” declara Vanda.  

Para ela, é dever dos profissionais e da comunidade tratar o tema com sensibilidade e empatia uma vez que inúmeras famílias perderam seus filhos. Vanda destaca também a importância da rede de apoio que as famílias receberam no momento da tragédia, inclusive dos profissionais menos lembrados, como os taxistas da cidade. A mãe de Vitória considera que a ressignificação do incêndio é a tenda de vigília montada na praça Saldanha Marinho. “A tenda é o nosso lugar de resistência, de encontro, de risos e choros”, afirma Vanda.

“A tenda começou em 2013 com a intenção de fazer vigília para os 242 jovens”, corrobora Ligiane Righi, mãe de Andrieli Righi, também vítima do incêndio na boate. E lembra as críticas e julgamentos que os familiares sofrem pelos pedestres da praça. “As pessoas chegam na tenda, muitas vezes, para dizer: chega, passou, virem a página. Mas não é assim; não se diz isso para um pai ou mãe, pois, pais não esquecem seus filhos nunca”,afirma. E enfatiza: “Não podemos deixar esquecer, pois, o amor pelos nossos filhos é maior que tudo isso”.

Para que não se repita  

Para Ligiane a ressignificação da tragédia está nas ações das pessoas, como ir à tenda, fazer vigília, amparar e apoiar outros pais e mães que também perderam seus filhos, criando uma rede de amor. Um dos exemplos citados por Ligiane são as peças de tricô e crochê feitas pelas mães da Associação e doadas à comunidade. Isso, segundo as mães, ajuda a trazer ressignificação para outros pais também. “Perder um pai ou uma mãe é a ordem natural da vida. Perder um filho, não!”, declara Ligiane.  Com isso, ambas as mães fazem um alerta aos jovens presentes: “Saiam e se divirtam, pois vocês têm direito, mas nunca esqueçam da segurança”.

Outro assunto abordado por Vanda e também Ligiane é a necessidade de punição dos responsáveis. “Espero a Justiça do mundo divino, pois a Justiça do mundo material nos é falha”, acredita Vanda. “Nós temos que cobrar de todos os órgãos públicos em todas as instâncias, para que não se repita esta tragédia”, finaliza a mãe de Vitória.   

Reparação Simbólica

Diego Zenobi, da UBA e Camila dos Santos Gonçalves, da UFN.

Para Diego Zenobi, doutor em Antropologia Social e pesquisador da Universidade de Buenos Aires, uma ressignificação semelhante à tenda de vigília em Santa Maria é o santuário em homenagem às vítimas da Boate Cromañon, em Buenos Aires, na Argentina, criado após a tragédia em que morreram 194 jovens argentinos.  Zenobi relata que no dia 30 de cada mês, um movimento responsável pela memória da tragédia organiza marchas e vigílias, mobilizações que reúnem de mil a 4 mil pessoas nas ruas de Buenos Aires, pedindo por justiça.  

 O antropólogo conta que na Argentina, na Plaza de la Memoria, há dois memoriais:  um, de responsabilidade do governo argentino, construído em frente ao memorial erguido pelos parentes dos sobreviventes e das vítimas da Cromañon. Não se trata de um confronto mas sim, de dispositivos estatais que reconhecem as vítimas.  Ao falar sobre a relação de impunidade e trauma, o antropólog afirma que se as vítimas não têm Justiça, isso se torna re-traumatizante para os sobreviventes e familiares, ou seja, os sentimentos do trauma voltam” enfatiza Diego.

“Já que o evento traz provocações ético-políticas, gostaria de problematizar, como antropólogo social, o senso comum e o senso comum acadêmico sobre as relações entre as vítimas e os profissionais da saúde mental” argumenta Diego. Ele descreve o cuidado e o modo como os profissionais da saúde mental naquele país contribuíram e disponibilizaram ferramentas para as vítimas superarem o trauma e o estresse pós-traumático. Ele lembra que, na Argentina, não há um sistema único de saúde como o  SUS brasileiro. Daí o atendimento às vítimas num serviço descentralizado realizado por muitas clínicas. 

 Para ele, há a necessidade da reparação simbólica. “Este é um paradigma muito debatido pelas organizações internacionais como a ONU e Comissão Interamericana de Direitos Humanos, pois é uma categoria relevante para a reparação das vítimas”, diz ele.   

Segundo o antropólogo, na Argentina há profissionais que atuam em conjunto nas áreas de saúde mental e direitos humanos . Assim há mestrados, licenciaturas, disciplinas nas universidades e especializações que desenvolvem a política e a técnica de ambas as áreas, capacitando melhor os profissionais do meio.  

 

Os resultados estéticos do trabalho multiprofissional foi o tema da mesa-redonda da VI Jornada Interdisciplinar em Saúde, na quinta-feira, na UFN. O debate contou com a presença de três profissionais da saúde, Giancarlo Rechia – cirurgião plástico; Renise Fernandes – nutricionista e Bruna Braz, fisioterapeuta.

As pessoas procuram muito as cirurgias estéticas, pois relaciona a estética com a imagem e por isso, o Brasil é líder de mercado neste segmento, disse o cirurgião plástico. Ele fez um alerta sobre os perfis nas redes sociais que oferecem procedimentos estéticos: “cuidado com as promessas da internet, muitas são falsas e os resultados são diferentes para cada paciente”. O doutor também salientou a importância de outros processos aliados aos procedimentos cirúrgicos, o que ressalta a importância do trabalho multiprofissional. Esse profissionais ajudam a melhorar as condições pós-operatórias, “é uma maneira alinhada de ter a melhor situação no pós-operatório de um paciente”, complementou.

A fisioterapeuta Bruna, ressaltou a importância e a responsabilidade de outros profissionais nos cuidados do paciente, entre as consultas com o médico. “É um  trabalho de acompanhamento e de diálogo interdisciplinar”. Para ela é imprescindível  o contato com o paciente, precisamos conhecer sua rotina e seus hábitos, pois essas informações determinam o tratamento fisioterapêutico. “Conheça seu paciente como se fosse seu melhor amigo”, incentiva.

Renise acredita na associação dos processos pós-operatórios para a melhor recuperação do paciente e a minimização de danos a saúde. A nutricionista acredita que aprender a se alimentar é melhor do que fazer dieta, pois “nutrição não é receita de bolo” cada pessoa tem uma situação específica. Para Renise é preciso buscar um profissional da área antes de uma cirurgia,  para potencializar o efeito de bem-estar  após o processo cirúrgico.  “O diálogo aberto entre as profissões traz melhores resultados”, finalizou.  

Os três profissionais ressaltaram a importância conhecer os estudos científicos e as pesquisas de sua área, para assim, aplicar as melhores técnicas e os equipamentos corretos a cada situação.

A farmacêutica Vânia, que estava na plateia, questionou os profissionais sobre a avaliação psicológica do paciente de uma cirurgia estética. Rechia afirmou que é preciso tomar cuidado com os pacientes que apresentam uma expectativa muito alta sobre o procedimento que irão fazer, pois esta projeção pode causar frustração. Bruna disse que é preciso prestar atenção nos pacientes que buscam o tratamento da moda. E Renise complementou reforçando a necessidade de um profissional da nutrição antes de qualquer cirurgia/procedimento estético.

 

A palestra sobre harmonização facial: papada, preenchimento e fios de sustentação, da VI Jornada Interdisciplinar em Saúde, ministrada pelo professor Aroldo Alves Júnior, lotou o salão azul, na Universidade Franciscana, na tarde desta quinta-feira, 23 de agosto.   Especializado em ortopedia facial e professor de tratamentos redutores da papada, Aroldo falou sobre as novidades do mercado de trabalho no segmento da harmonização facial.

Júnior  salientou a importância do contato com o paciente e o conhecimento sobre seu histórico clínico antes de um procedimento estético. Ele alertou sobre os perigos de realizar estes processos com profissionais desconhecidos, que prometem resultados milagrosos. “Alguns processos inovadores no rosto ainda devem ser melhor estudados, pois não sabemos ao certo como o corpo vai reagir no futuro, devido a perda de massa corpórea e ao envelhecimento da pele”.

O palestrante também falou sobre a redução da gordura localizada no rosto, conhecida como “papada”. Este procedimento é muito procurado pelos Ele abordou as novas técnicas e materiais para melhores resultados nos procedimentos estéticos. Júnior, apresentou, durante a palestra alguns casos já realizados em sua clínica e deu dicas aos estudantes de produtos e tratamentos para cada caso específico.

“É importante entender as causas do procedimento, conhecer o paciente e então escolher o melhor tipo de tratamento a ser realizado, e ainda, conhecer as contra indicações”, lembrou o professor.