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Gianmarco de Vargas

Gianmarco de Vargas

Imagem de Gerd Altmann /Pixabay

Com o passar dos anos, os cuidados à saúde têm se tornado cada vez mais importantes no âmbito esportivo. A prática e o treino passaram a ganhar mais atenção por parte de profissionais da área médica, assim como avaliadores de desempenho, que, por meio de suas funções, buscam evitar sérias complicações físicas à atleta em diferentes modalidades. 

Definido pela literatura médica como causa repentina, o mal súbito é uma parada cardíaca que pode ocorrer por causas cardiológicas (obstrução das artérias do coração; doenças ou distúrbios elétricos no músculo cardíaco) ou neurológicas (crise convulsiva; AVC hemorrágico ou isquêmico), bem como o uso de drogas e doenças metabólicas. Recentemente, ao contrário de outras doenças cardiovasculares, o mal súbito tornou-se recorrente na vida de atletas considerados saudáveis. Ocorrências no futebol, basquete, surf e triatletismo chamam atenção pelo número de casos e avaliações acerca dos motivos que levaram as vítimas ao infarto.

Segundo o cardiologista do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), Agnaldo Piscopo relata que o problema é acarretado por propensão hereditária, condições cardíacas (arritmia e hipertrofia de coração) ou até mesmo o overtraining, considerado o excesso da prática de exercícios, além dos limites do corpo. “Quando a pessoa faz atividade física de alta performance, é possível que ela apresente variáveis como inflamação, alterações eletrolíticas e miocardite causada por infecções. Essas condições não são detectáveis em exames clínicos comuns nem dão sintomas” , destacou o especialista em uma entrevista cedida ao grupo Veja.

“É um quadro típico de alguém que tem uma interrupção do fluxo sanguíneo ao cérebro. Na maioria das vezes, isso é provocado pelo próprio coração“, comenta Piscopo. De acordo com um estudo realizado em 2017, pela Annals of Internal Medicine, com mais de nove milhões de participantes de triatlo em três décadas (1985 a 2016), exibiu que 135 pessoas morreram repentinamente ou tiveram uma parada cardíaca, sendo 107 delas mortes súbitas. Deste total, 90 mortes e paradas cardíacas foram durante a natação, o que representa mais de 66% das mortes ocorreram na água.

No futebol, o quadro apareceu repentinas vezes. Dentre algumas, vale citar um dos mais marcantes casos de tragédias nos gramados, quando Camarões e Colômbia se enfrentaram em 2013, pelas semifinais da Copa das Confederações. Partida em que o volante camaronês Marc-Vivien Foé, de 28 anos, sofreu um mal súbito, identificado por um problema no coração que avolumava os riscos de ataque cardíaco durante a prática da atividade. Outra ocorrência foi Serginho, zagueiro de 30 anos do São Caetano, que teve um desmaio em campo durante um jogo com o São Paulo, no Morumbi, válido pelo Campeonato Brasileiro de 2004. O jogador foi levado ao hospital, mas morreu horas depois. Ele sofria de uma cardiomiopatia hipertrófica, mas seguiu atuando mesmo sabendo dos riscos.

Ainda nas quatro linhas, a EuroCopa deste ano causou uma preocupação logo de início. No jogo de estreia, entre Dinamarca e Finlândia, o atacante dinamarquês Christian Eriksen, de 29 anos, caiu desacordado no gramado e precisou de atendimento médico instantâneo que durou quase 15 minutos. O atleta recebeu massagem cardíaca e foi retirado com o uso de balão de oxigênio. Segundo o médico da seleção Morten Boesen, Eriksen sofreu um mal súbito e foi ressuscitado em campo com o uso de um desfibrilador. Ele passou por cirurgia e se recupera em casa.

Além destes casos, diversos outros já foram registrados em demais esportes como basquete, natação e surf. Saiba mais no áudio produzido por Gianmarco de Vargas e Pablo Milani.

 

Gustavo Oliveira, educador físico – Foto: Arquivo Pessoal

Para minimizar o risco de um mal súbito, o profissional de educação física Gustavo Oliveira classifica como indispensável a presença de um membro de sua área na equipe. “O conhecimento técnico, evidenciando-se aqui, método de treinamento, fisiologia do exercício e biomecânica são fundamentais na prevenção de doenças e lesões”, esclarece. Ele salienta que, sempre antes de iniciar um treinamento físico ou a prática de um esporte, deve ser feita avaliação médica e física, para que sejam identificadas as possibilidades e as limitações do atleta.

Desta forma, é possível ofertar orientações voltadas à preparação e evitar lesões ou problemas fisiológicos. Caso um atleta passe mal durante o exercício, Oliveira detalha o procedimento a ser adotado. “Primeiramente deve-se ligar para o atendimento de emergência local. Em caso de fraturas ou contusões, o local da lesão deve ser preservado, evitando-se ao máximo manipulação local. Em paradas cardiorrespiratórias, é necessário desobstruir vias aéreas com a manobra tríplice e realizar ressuscitação cardiopulmonar (RCP) até a reanimação ou chegada da emergência”, explica.

Sheila Leal, Fisioterapia – Foto: Arquivo Pessoal

Assim como na educação física, a fisioterapia também compartilha de importante função preventiva. É o que destaca a fisioterapeuta Sheila Leal, pós-graduada em traumato e ortopedia, dermato funcional e instrutora de pilates, ao explicar que para se evitar contratempos, deve-se “trabalhar na prevenção de lesões visando o condicionamento, força muscular, propriocepção”. No flagrante de um caso de mau súbito, ela acrescenta sobre a importância da presença de um fisioterapeuta, pois trata-se de um especialista em biomecânica, principalmente na imobilização das articulações ao remover o indivíduo, a fim de prevenir uma futura complicação. 

Já no que tange a reabilitação desportiva do atleta, Sheila entende que “o mais importante é estar atualizado com as técnicas mais eficazes para cada tipo de lesão, pois vão surgindo diferentes abordagens compradas em estudos científicos, Uma das necessidade é manter-se informado nas partes preventiva e de tratamento”. Além da fisioterapia e da educação física, a enfermagem destaca-se pelo seu alto grau de compromisso com a saúde. Considerado o profissional conhecedor do serviço de atendimento pré hospitalar, a presença de enfermeiros vem sendo cada vez mais valorizada em grandes eventos esportivos. Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, entre outras modalidades festivas, tem investido ano a ano em recursos e equipamentos direcionados à assistência prestada por equipes médicas. A enfermeira santamariense Tamires Pugin, avalia como positiva e agregadora a inserção destes enfermeiros junto ao esporte, principalmente por ainda ser uma área pouco explorada na profissão.

Outro ponto destacado por ela, é a relevância do conhecimento compartilhado, sobre como saber agir em uma situação de mal súbito, na ausência de um enfermeiro. Na área esportiva, até hoje, existem categorias de campeonatos que não agregam a ala médica na realização de jogos, o que tende a comprometer a saúde de um desportista, em casos de contratempos físicos. “Deveríamos ser treinados desde a escola para atendimento de primeiros socorros, pois nunca se sabe em que situações podemos precisar”, frisou Tamires. De acordo com a enfermeira, outra recomendação é jamais mexer na pessoa que sofre uma queda: “Existem protocolos de movimentação específica visando provocar o menor dano possível na vítima. Deixar que o pessoal treinado e habilitado faça a remoção de forma segura”.

Diante dessas situações, fica evidente a importância da atuação eficiente e ágil de enfermeiros e pessoas conhecedoras da reabilitação física do corpo humano. Como citado no material, os casos de mal súbito não são exceções, ainda mais pelo alto grau de ocorrências entre atletas. Para auxiliar na compreensão de como funciona o procedimento de reanimação,  a acadêmica em Terapia Ocupacional, Thais Pagnossin, que possui qualificação em primeiros socorros, explica como fazer uma massagem cardíaca corretamente.

https://www.youtube.com/watch?v=y7XWl1HZv4A

Texto: Gianmarco de Vargas e Pablo Milani

Reportagem produzida no primeiro semestre de 2021 sob supervisão da professora Glaíse Palma, na disciplina de Jornalismo Esportivo.

 

O autocontrole e a capacidade de equilíbrio mental, são fatores comumente trabalhados na rotina de um atleta. Porém, desde o começo do surto do novo coronavírus, estas competências foram testadas, a ponto de exigir dos desportistas conhecerem-se mais, para que pudessem se sobressair diante da pressão psicológica enfrentada neste período.

Além das dificuldades relacionadas às adaptações dos treinos em épocas de lockdown, a mente tornou-se um dos principais obstáculos em um processo de aceitação. Ricardo Brandt, formado em Educação Física e doutor na linha da Psicologia do Esporte, afirma que parte deste sofrimento mental deve-se ao fato dos atletas estarem acostumados com um objetivo de vida naquela modalidade, e que pelo fato da “busca por essa meta” ser parcialmente interrompida, a tendência é que o psicológico venha a reagir de maneira unusual.

Professor na Universidade Estadual do Oeste do Paraná e inserido no ramo da psicologia esportiva, Brandt já trabalhou com atletas da Seleção Brasileira de Vela, ciclismo, futebol, futsal, tênis, atletas profissionais de triatlo e do remo paralímpico. Estes últimos, mentorados por ele, com foco nos preparativos para as Olimpíadas de Tóquio, em julho de 2021. Com toda sua bagagem de conhecimento, o psicólogo ressalta a importância da relação entre a busca por metas e a tentativa de equilíbrio mental e emocional: “As pessoas precisam criar um motivo para voltar a ter disciplina. Ter um gatilho para serem levadas a essa ação. Praticantes recreacionais ou amadores sofreram mais, pois trata-se de um processo mais lento que os retirem da inércia. Já no caso de pessoas que vivem do esporte 24h por dia, há a necessidade da criação de motivos para a prática pois, após a mudança do hábito, a tendência é que os outros venham junto com a disciplina”.

Tornou-se comum perceber, em meio aos longos intervalos de quarentena, diferentes métodos de reinvenção em cada modalidade. Atletas que levaram seus esportes para dentro de casa, assim como criaram novos hábitos de alimentação e introspecção, para auxiliar no processo de entendimento do corpo. “As pessoas precisam encontrar uma modalidade que elas possam chamar de sua, algo que amem e se identifiquem. Não é por indicação ou moda, é por experimentar práticas que consigam manter uma constância”, acrescentou Brandt, sobre a relevância do esporte na vida das pessoas.

De acordo com ele, o uso moderado da rede social, foi um ponto positivo para auxiliar na necessidade de aproximação e convívio entre profissionais deste meio. Ponto realçado pelo motivo de que os mesmos costumavam vivenciar inúmeras situações de inter-relacionamento em comparação ao “novo normal”. Outro ponto abordado pelo profissional, são as técnicas de relaxamento, como yoga, meditação e o mindfulness, considerados exercícios estratégicos para serenar a mente e readquirir o equilíbrio do organismo: “Exercícios físicos praticados em casa, estratégias para reflexão e o contato com a natureza são essenciais para o controle emocional, pois agem na liberação de hormônios e neurotransmissores, decisivos na manutenção do humor”.

Francielli Gasparotto em competição orientista – Foto: Arquivo pessoal

No entanto, nem todos conseguem lidar da mesma forma com desequilíbrios e readaptações psicológicas. Além dos pontos já citados, a alimentação e a depressão podem ser consideradas outras consequências deste processo. A paranaense Francielli Gasparotto sempre foi adepta ao esporte. Praticante nata de orientação e natação, passou por um árduo caminho durante os momentos de lockdown. Ela conta que devido aos regramentos de saúde social impostos durante a pandemia, precisou se ausentar de todas as suas práticas, o que abalou fortemente seu psicológico: “Parei com todas as atividades no começo da pandemia. Fiquei adepta à instabilidade, não sabia o que estava acontecendo… Fui aguardando as liberações dos protocolos de saúde, para retomar a prática dentro do possível”.

Segundo a orientista, o avanço de pesquisas científicas corroborou para que ela pudesse voltar às piscinas: “Como a natação é uma modalidade segura durante a pandemia, por englobar o distanciamento social e por levar em consideração que o cloro inibe a ação do vírus, eu retornei”. Posteriormente, já em 2021, ela retomou as atividades ligadas ao ciclismo. Porém, para chegar até esta fase de recuperação, grandes desafios mentais estiveram presentes em seus dias. “Foi algo bem difícil de lidar. Meu psicológico foi muito afetado, a partir do momento que vi que não teria mais as competições de orientação, assim como não teria como recorrer à natação e ao ciclismo”, desabafou. Ela acrescenta que, entre outros pontos, o sono e a alimentação foram fortemente impactados. “Tive muita insônia, algo que nunca havia experienciado. Foi a primeira coisa que apareceu em razão da falta do esporte. A parte da motivação foi por água abaixo, principalmente por eu não encontrar mais minhas perspectivas”, destacou.

Frente a aspectos como este, Brandt salienta o cuidado necessário por parte dos profissionais que lidam com o desenvolvimento mental de atletas, em relação à intervenção destas situações: “O psicólogo esportivo precisa conhecer seu paciente a fundo, ter um acompanhamento sistemático, analisar, entender e compreender como a mente dele funciona e responde às diferentes situações e contextos esportivos. É interessante planejar o que será feito, traçar os objetivos e saber regular aspectos emocionais, como a ansiedade, depressão, stress, humor, além da criação de rotinas de treino para o aumento de energia”.

Francielli Gasparotto em Stand Up Paddle – Foto: Arquivo pessoal

Porém, ao fugir dos parâmetros clássicos do funcionamento de uma mente esportiva, há outros vieses relacionados com o equilíbrio entre corpo e mente. Essa relação é interligada com os níveis de autoconhecimento e com a quebra de paradigmas psicológicos, no que diz respeito ao conhecer os próprios limites e se permitir experimentar novas áreas de atuação. Francielli conclui que um dos pontos positivos que o lockdown proporcionou foi a tentativa de descobrir mais sobre si mesma, além de intensificar a prática de momentos reflexivos, encontrados na meditação, espiritualidade e contato com a natureza. “Eu optei por começar com o Stand Up Paddle, já que eu simpatizava remar. Vi nesse esporte a oportunidade de fazer uma coisa que eu gostava, que era sair de casa e estar em isolamento e contato com a natureza. Essa escolha me trouxe a sensação de aliar o lago da Itaipu com o esporte, além da coragem e do fato de estar em meio a natureza”, revelou.

Por mais que a atleta não tenha retornado à orientação, estar em meio à água, sozinha e em sintonia com a natureza, possibilitou-a focar no desenvolvimento do autoconhecimento, ao fazer algo bom para a mente e para o corpo. “O atleta precisa se conhecer, para que possa trabalhar com regularidade emocional. O desenvolvimento da inteligência emocional é muito particular. Sem sombra de dúvidas, optar por outras modalidades e dedicar um tempo para a própria mente, é um tiro certeiro. Tudo que coopera com o intelecto pode gerar bons frutos”, concluiu Brandt. Percebe-se, por meio dos exemplos, a capacidade que o esporte tem de fazer com que haja a recuperação da autoconfiança, assim como, reequilibrar a relação entre foco e metas. De fato, a pandemia gerou inúmeros conflitos mentais a muitas pessoas, porém, se houver a análise sobre cada situação, percebe-se que existe uma alternativa de melhora e reflexão. O autoconhecimento sempre estará presente.

 

Produção da disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Foto de cottonbro no Pexels

De longa data, vejo o passar do tempo como uma elipse de 24h. Só que, ao invés de um dia, refere-se a anos. A paixão pelo esporte, em específico ao tênis, é de tempos distantes. Algo que perpassava o deslumbrar dos jogos de Roland Garros e levava-me a entrar dentro de quadra, a ponto de me sentir um Nadal da vida, deslizando sobre o saibro. Difícil um jovem que já foi atleta não ter tido um ídolo para se inspirar. Nadal sempre foi mais que um jogador… um herói, dono de batalhas dentro e fora de quadra, contra adversários físicos e psicológicos. Superação… acredito que possa definir a admiração e o deslumbre acerca do atleta, não só pelo seu jogo, mas por me espelhar nele.

Recordo-me, como se fosse hoje, eu entrando em quadra, fardado de Babolat com a mesma Aero do espanhol, só que na mão direita. Batida no tênis antes do saque e dedos contorcidos antes do disparo. Calos nas mãos e a superstição em quadra, de frente com os passos, posicionamento e o pique da bola. Porém, assim como Nadal, meu adversário não era meu único obstáculo no momento do jogo. Uma das coisas mais complicadas que vivi para aprender a controlar, foram as enxurradas de pensamentos e auto menosprezo, independente de quem estivesse do outro lado da rede. Uma crença que me colocava abaixo, fazia sentir compaixão pelo adversário ao vê-lo triste, o que consequentemente me fazia entregar pontos de graça, para sua felicidade e que, posteriormente, me fariam perder o jogo. É claro que não queria entregar a partida, mas quando o adversário volta pro jogo, ele não terá o mesmo dó de você, eu garanto. Só sabia me sentir mal… com o público esperando algo diferente e a seriedade no rosto de meus pais. Não pela derrota, mas por saber o que passava na minha cabeça. Talvez me faltasse um pouco de ambição… espírito competitivo e autoconfiança, e saber que inimigos só existem dentro da quadra.

Ahh aquele cheiro de terra molhada, chão batido. As canelas e joelhos ardiam, e a terra voava com o vento, a qual fazia jus ao nome de “pé-vermelho”, remetendo ao lugar de onde vim. Sentia-me em casa. Pena que a mente ainda não era 100% minha. Por mais que a concentração existisse, um pensamento levava ao outro. Era um dominó. Além da compaixão pelo oponente, por melhor que eu pudesse ser, por mais torneios vencidos, eu estava por baixo, para mim é claro. Custou trabalhar esta maneira de ver as coisas, pois era uma crença individual, nada que fosse realidade para as outras pessoas. Para quem ouve, pode parecer tranquilo, mas só quem sentiu sabe o quão massacrante a fila de obsessões e falsas crenças perturbam nos momentos mais importantes da vida, seja no esporte, jornada profissional ou pessoal. Ainda não me sentia um Nadal… por mais que o TOC e as superstições viessem à tona, carregadas de um perfeccionismo sem limites ao colocar e tirar os pés do saibro, me faltava a seriedade em tentar me enxergar como o melhor naquele esporte, ao menos, uma vez na vida. Valorizar cada saque e procurar ver os pontos bons que eu fazia. É lógico que hoje sou outro. A superação falou mais alto e o sofrimento se transformou em aprendizado. Sim, aquele garoto da Aero amarela, de 9 anos, conseguiu se moldar dentro das quadras. Aprendizado que o tênis me proporcionou, e a quem sou extremamente grato por me ter levado ao autoconhecimento.

 

Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Imagem: hansmarkutt / Pixaby

Após longo tempo com atividades paralisadas frente aos critérios estaduais estabelecidos em razão da pandemia, a Federação Gaúcha de Tênis (FGT) participou, neste mês, da retomada das competições estaduais da modalidade. Dos dias 21 a 23 de maio, ocorreu a primeira etapa do Circuito de Tênis Gaúcho (CTG) na temporada 2021, no Avenida Tênis Clube (ATC), em Santa Maria. O campeonato demarca o reinício do calendário de competições da entidade.

Realizado pela Associação Leopoldense de Esporte e Cultura (ALEC), o CTG é considerado o principal circuito infanto-juvenil do Rio Grande do Sul, e reuniu em Santa Maria 156, atletas inscritos entre as categorias de 12 a 18 anos (masculino e feminino). Esta foi a primeira vez que o ATC sediou a abertura do Circuito, assim como foi efetivada a disputa do torneio dos moldes “simples” e “duplas”. Estiveram presentes tenistas de toda província, como de: Santa Cruz do Sul, São Luiz Gonzaga, Bagé, Porto Alegre, Vacaria, Uruguaiana, entre outras cidades.

A realização destas atividades foi viabilizada pela primeira vez após o surto da Covid-19, no dia 17 de agosto de 2020, quando houve a publicação no Diário Oficial do Estado, do Decreto 55.444, que apontou a liberação parcial da prática esportiva no Rio Grande do Sul. O documento avaliou o retorno de competições esportivas e treinos de atletas profissionais e amadores em cidades que estivessem localizados em regiões com bandeira amarela ou laranja, a fim de seguir o protocolo de Distanciamento Controlado, imposto pelo Governo do Estado.

Diante das alternâncias de bandeiras nos municípios gaúchos desde final de 2020, e das novas normas impostas pelo governador Eduardo Leite, o calendário das atividades competitivas oscilou bastante frente aos decretos estaduais. Foram necessários novos métodos de adaptação no cronograma, assim como o aguardo do aval da Secretaria da Saúde, para retomada gradual dos campeonatos. Para 2021, conforme divulgado em nota, está permitida a realização de torneios chanceladas por entidades oficiais, desde que sejam autorizadas pela prefeitura de cada município, para atender aos protocolos de saúde.

Em 2020 foram contabilizados sete meses de inatividade. Já neste ano, as programações somente retornaram com o decreto do estado. Desde então, foi realizada na FGT apenas a 4ª Etapa do Circuito de Tênis Gaúcho, em Novo Hamburgo, dos dias 22 a 24 de janeiro, ainda válido pela temporada de 2020. Os próximos encontros previstos no calendário gaúcho de tênis, projetam para junho: 54º Torneio de Páscoa (4 a 6 jun); CTG – 2ª Etapa – Soc Libanesa de POA (10 a 13 jun); Copa Docelina – 1ª Etapa Super Tênis (25 a 27 jun).

 

Texto: Gianmarco de Vargas

Informações: Federação Gaúcha de Tênis (FGT); Secretaria do Esporte e Lazer; Secretaria da Saúde. 

Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Foto: arquivo ACS

Há anos a indústria farmacêutica opera em prol da criação de novos medicamentos e pesquisas frente à doenças que, muitas vezes, são consideradas incuráveis. Porém, por detrás dos bastidores, a “esgotosfera” da sistematização financeira liga o público à falsas esperanças, enquanto se alimenta de seu dinheiro.

O artigo A corrupção institucionalizada da indústria farmacêutica, de Philippe Rivière, publicado no jornal Le Monde Diplomatique, em 2003,  já  destacava a influência da organização farmacêutica mundial acima de médicos e pesquisadores, por meio de uma corrupção onde o consumidor é a principal fonte de renda.

Constata-se hoje que 50% do mercado mundial de remédios está dividido entre  10 maiores firmas farmacêuticas do mundo.  A partir desta informação se pode cogitar o acesso deliberado e a vasta quantidade de remédios à disposição do público… mas não é bem assim. No Hemisfério Sul, por exemplo, centenas de pessoas vão a óbito por não terem acesso à grande parte dos medicamentos ou por serem mantidas em tratamentos longínquos para doenças “incuráveis”. Dentre estas, destacam-se o Câncer, a Diabetes e o Alzheimer.

O ser humano, principalmente o mais pobre, acaba por ser uma vítima deste sistema, e no qual tratamentos simples e remédios baratos poderiam resolver inúmeros problemas de saúde. Mas, quando o lucro fala mais alto, é preferível agir sem serenidade e alienar a população numa Matrix, onde os que a questionam e almejam explorar a camada submersa deste iceberg, geralmente acabam barrados por depoimentos de médicos ou empresas do ramo. O que não se sabe, é que em grande parte das vezes, ambos são totalmente ligados ao lucro destes tratamentos.

O artigo referido destaca casos de escândalos financeiros na Itália, onde a polícia local descobriu um sistema informatizado que viabiliza o acompanhamento de laboratórios por meio das farmácias. Um esquema de corrupção que envolveu 2.900 médicos em desvios de propina. Dinheiro este que estava totalmente ligado à política local, financiando campanhas eleitorais.

A partir destes tópicos é possível questionar se vale a pena seguir achando que tudo está ocorrendo de maneira séria, quando muitos ‘porquês’ geram dúvida frente aos remédios e aos tratamentos indicados? E para onde este dinheiro vai? Obviamente não é todo mercado financeiro ligado ao uso de remédios que age de má fé, mas o abuso sobre os que têm menos condições de se auto-sustentar seguirá enquanto não os questionarem, mesmo havendo provas dos referidos desvios de verba, de tantas empresas envolvidas.

E leva a pensar sobre a responsabilidade destes laboratórios neste momento em que o mundo enfrenta uma pandemia que já ocasionou milhões de mortes. Não seria o momento de uma ação global para que as pesquisas fossem compartilhadas e todos pudessem ter acesso à vacinação?

 

O XXIV Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão – SEPE, da Universidade Franciscana está acontecendo de modo virtual  e tem como tema o debate sobre  Educação e ciência: aliança em favor da vida.

Na tarde de hoje, 27 de novembro, o professor da UFSM e doutor em Filosofia, Ronai Pires da Rocha, profere palestra sobre a atualidade e as perspectivas da pesquisa em ensino e educação. Em entrevista, Ronai sinaliza a direção da exposição que fará na tarde de hoje. Confira:

Prof. Ronai Pires da Rocha, do curso de Filosofia da UFSM. Foto: arquivo pessoal

ACS – O quão importante é tocar no assunto frente a ‘pesquisa em ensino e educação’?

Ronai Rocha: Em 2017, eu publiquei um livro chamado “Quando ninguém educa”, pela editora Contexto, e agora em 2020 eu publiquei o livro “Escola Partida: ética e política na sala de aula”. Nestas obras, uma parte importante é a espécie de revisão daquilo que vem acontecendo na pesquisa e na pedagogia brasileira, em quesito educacional, desde os anos 70.

Neles, eu reviso as principais correntes de pensamento, ação e planejamento, que indicam ter ocorrido uma espécie de ponto virada nos anos 2000 e que, a meu juízo, não tem sido suficientemente destacado.  Em outras palavras, digamos que as mudanças que vêm acontecendo não têm sido ressaltadas. Então, nesta palestra, o que quero fazer é uma retomada dos principais pontos abordados nos dois livros, sobre o que aconteceu na pedagogia brasileira dos anos 60 até o século XXI, e as novidades que pretendo apresentar, serão indicações de quais foram as situações que poderiam ser vistas como pontos de mudança.

ACS – Poderia nos dizer que situações são estas?

R. Rocha:  Falo, por exemplo, do processo de surgimento da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que está entrando em vigor no Brasil a partir deste ano.  A estrutura definida fornece as diretrizes do que deve ser implementado nos currículos de ensino fundamental e médio. Vou situar esses pontos numa perspectiva que, desde o começo do século XXI, vai originando novos coadjuvantes na pesquisa curricular brasileira. Coadjuvantes estes que são instituições integradas na iniciativa privada ou não governamentais, que a partir da virada do século cooperaram na pesquisa integrada a construção de currículos. Ao fazer isso, quero indicar que houve uma mudança nos paradigmas de pesquisa de educação. Uma delas é a pressão para que o planejamento seja baseado em evidências, como estes testes que são aplicados anualmente.

O outro é o processo de replicabilidade das experiências bem sucedidas. Neste caso, o pensamento era um conceito de que antigamente o bom ensino era visto fora do país. Hoje encontramos o mesmo no Brasil, que em 2005, em Sobral, Ceará, instituições educacionais tornaram-se referência no ensino nacional;

Vou indicar autores que congregam a neurociência com a pesquisa e educação. E, finalmente,  dar exemplos baseados nas mudanças que estão acontecendo neste ano, a partir da BNCC. Tem uma coisa que pouca gente sabe, mas a partir do ano que vem o MEC não vai mais patrocinar livros didáticos por disciplinas. Todos livros serão divididos por áreas do conhecimento, o que reflete na necessidade da natureza interdisciplinar. Será uma palestra muito modesta e pé no chão

ACS – Tendo em vista a turbulência que a educação sofreu neste ano junto às burocracias do sistema educacional, como o senhor avalia o processo de pesquisa englobado na educação e o quão é importante abordar esse assunto aos jovens que tentam se remodelar no ensino remoto?

R. Rocha: Eu vejo alguns pontos bons e outros ruins neste contexto, em meio à pandemia. Na campanha eleitoral de 2018 tinha uma falação sobre a implementação da school home e do estímulo às famílias de proporcionar mais direitos à educação para seus filhos. Essa é uma das consequências da pandemia, pois hoje percebemos que o home school é muito difícil de ser concretizado de maneira positiva.

Outra consequência é que agora começa a se ter uma noção dos brados emocionais e psíquicos que a ausência do convívio da criança com outras crianças e professores causam nos mais jovens, em razão do isolamento. Isso fez com que observássemos a escola de modo mais rico, incrivelmente valiosa no processo de socialização. Por outro lado, acho que este período proporcionou um ganho de qualidade no aprendizado de professores e no uso de recursos digitais.

O problema é que isso aprofunda muito a desigualdade existente no país, pois o porte de um bom ensino híbrido é dependente de bons equipamentos. A desigualdade também é marcada pelas condições entre classes sociais. Enquanto algumas famílias detém de bons recursos, outras não tem acesso a computadores ou internet. Então, dentre as realidades que tivemos no Brasil, neste ano, está a brutal perda educacional que será refletida posteriormente nas estatísticas de aprendizagem. É um ano que em ponto de vista educacional, não foi considerado bom.

ACS – Sobre o impacto sofrido pela comunicação pública já que a migração para o sistema digital interfere no contato entre discentes e docentes. Como se observa a vulnerabilidade dessa comunicação e qual método poderia auxiliar na reestruturação deste ponto?

R. Rocha: Temos que partir de uma premissa de que o nosso convívio com estas possibilidades de comunicação, especialmente ligadas à facilidade do uso de redes sociais, é muito recente e nós não temos uma cultura de contenção de uso de uma sapiência. Não digo que passamos por uma degradação, literalmente, mas um processo de aprendizado lento e doloroso  que mostra aos poucos a importância da imprensa como curadora, com o acesso à fontes dotadas de uma curadoria de informações.

O bom jornalismo usa dos pilares da informação, o que consequentemente gera este espaço de tempo mais lento, voltado à aprendizagem. As dores deste processo ao meu juízo, só vão mostrar a importância da valorização do cuidado com fontes e do aprendizado cultural, frente à mídia. Um ponto que a BNCC enfatiza, inclusive, é o trabalho com este novo tipo de conteúdo.

ACS: É clara a  desvalorização que o setor científico sofreu no país, com a baixa dos investimentos e com a chegada da pandemia, chegando, pode-se dizer, a uma quase desestruturação do setor.  De que modo isso tudo corrobora com o desestímulo à pesquisa na educação nacional?

 R.R: Sim, com certeza. Acho que a comunidade científico brasileira perde nas bolsas e áreas do incentivo a pesquisa. Por outro lado, é preciso lembrar que a área de estudo científico nacional é enorme e relativamente bem organizada. Acho que aos poucos vamos encontrar modos de posicionamentos capazes de reverter este clima de desvalorização. Como diria Mário Quintana: “Eles passarão, eu passarinho”.

A ciência é este banco de passarinhos que aprendem a voar e seguirão voando, enquanto as pessoas que não gostam de ciência passarão. Acho que de fato a comunidade científica brasileira vem se construindo desde a década de 70 lentamente e hoje é a maior da América Latina”.

Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

Não é de hoje que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem imensa importância sobre os principais estudos científicos do Brasil. Ao longo dos anos gerou diversos avanços e corroborou com a permeabilidade da ciência em solo nacional, embora saiba-se que nos últimos anos, abalos na política governamental foram suficientes para desvalorizar o que foi construído ao longo dos anos.

O Instituto Fiocruz foi fundado no dia 25 de maio de 1900 pelo cientista e médico, Oswaldo Cruz. Desde então,  operou em prol do desenvolvimento de estudos que pudessem colaborar com o crescimento científico no país. Dentre as marcas deixadas pela instituição, consagraram-se: inauguração do Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela (pela Instituição Rockfeller) em 1937;  construção de laboratórios de tecnologia em produtos biológicos, em 1976;  Laboratório Central de Controle de Drogas, em 1981; criação da Superintendência de Informação Científica, em 1986; isolamento do vírus da aids (HIV), em 1987; recebimento do prêmio mundial em saúde pública, em 2006.

Tendo em vista todos triunfos obtidos, percebe-se no momento atual uma desestrutura histórico social no Instituto, acarretada pela nova base estatal. Mas por que há de se considerar isto? Por meio da trajetória de pesquisas jornalísticas atuantes nos avanços de estudos da ciência, o Instituto Fiocruz quebrou barreiras do que se diz respeito às descobertas da área. Foi renomado como um dos principais órgãos científicos do país, a partir das tentativas de aproximação da ciência com as pessoas.

Parte de todo progresso deve-se aos investimentos que, compulsoriamente, foram realizados de modo constante, após a Ditadura Militar vivida no país. Época esta que remete a um dos períodos mais árduos experienciados pelo setor, já que na época muitos cientistas foram obrigados a abandonar seus cargos, enquanto outros impedidos de trabalhar em qualquer órgão que recebesse apoio governamental.

Por outro lado, no final da década de 80, o Instituto Fiocruz voltou a receber certa valorização nacional, após fim da Ditadura Militar. Investimentos foram recapitulados e novas fundamentações foram estabelecidas, a fim de ressaltar o âmbito científico frente ao povo. Porém, a partir da década de 90, as editorias voltadas à política e esporte ganharam espaço na mídia, o que dificultou a ciência permanecer entre os tópicos mais buscados pelo povo.

Após o governo Lula assumir o poder no começo dos anos 2000, a Fiocruz seguiu recebendo altos investimentos a fim de alavancar a ciência nacional e formar relações internacionais. Essas que auxiliaram a Fundação a tornar-se renomada mundialmente.

Após a nova ordem governamental de 2018, com a posse do presidente Jair Bolsonaro parte dos investimentos voltados à área científica foram cortados. Fator este que impossibilitou uma parcela do que era destinado à ciência,  permanecesse como base das aplicações financeiras.

Centro Hospitalar Covid-19 (Fundação Oswaldo Cruz) – Foto: Raquel Portugal/ Acervo Fundação Oswaldo Cruz

Mesmo com toda situação vivenciada, estudos continuaram sendo realizados. E mesmo com as dificuldades reportadas, a rede celebrou em 2020, 120 anos de contribuições científicas nos setores da ciência e saúde ao povo brasileiro. Em pouco menos de dois meses, também foi inaugurado o Complexo Hospitalar para atender pacientes com diagnósticos graves da Covid-19, o que consequentemente, assegura a organização como referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), para as Américas. De fato, um grande progresso numa época em que houveram pouquíssimos investimentos.

No decorrer dos últimos meses, a Fiocruz passou a adotar novas responsabilidades sobre o ensaio clínico Solidariedade, da OMS. Este tem como foco, analisar quatro possibilidades de tratamentos para o vírus da Covid-19. Neste âmbito, três áreas estão envolvidas. São elas: coordenação do Instituto nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI); Arrecadação de parte dos medicamentos de Farmanguinhos (Instituto de tecnologia em fármacos); Apoio da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz).

Além das pesquisas, usualmente, a instituição promove palestras e debates sobre a Covid-19, com intuito de disseminar conscientização coletiva e abordar os acompanhamentos nos estudos realizados. O portal tornou-se mais do que nunca, um dos principais canais informativos do Brasil, com foco específico à ciência e saúde. Um dos pontos mais interessantes, é o alto índice de compartilhamentos de conteúdos voltados à estudos de medicamentos, tratamentos, hospitalizações e cursos de extensão para entendimento da área. Alguns destes disponibilizados como notícias, enquanto outros como podcasts.

O instituto mostra com o tempo, que além de promover a viabilização de dados às pessoas, o foco passa a ser também, no processo de entendimento das mesmas. Um exemplo que pode ser dado, são nas divulgações de acompanhamento dos estudos sobre a doença. Nestas, encontram-se interconexões noticiosas, onde diferentes publicações são relacionadas por meio de ferramentas no site, bem como por hiperlinks, a fim de gerar uma linha de raciocínio para usuários que não costumam acessar o site. Dentre algumas pesquisas, destacam-se: ‘Risco de exposição de profissionais da saúde”; “Mapeamento de hábitos da população brasileira durante o isolamento social” e “Circulação do Covid-19 nas Américas e Europa, sem detecção governamental”.

A partir de todas especificações, percebe-se a responsabilidade adotada pela fundação, que mesmo com menos verba e passando por um surto mundial, atua como um dos principais canais informativos de ciência da América Latina, além de corroborar com o desenvolvimento de vacinas para combater a Covid-19. Talvez este seja mais um passo que propicie a compreensão, do quão importante a ciência é para o mundo.

Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

Não é de hoje que a assistência governamental referente a pessoas necessitadas no Brasil deixa a desejar em diversos pontos. Em 2019, tais características encontram-se  desde cidades do interior até as mais habitadas nacionalmente. Partindo do ponto de vista sobre a assistência pública, quando abordam-se ferramentas para facilitar a vida de pessoas portadoras de deficiência, especificamente paraplégicas ou cadeirantes, conclui-se que ainda há muito o que melhorar.

A partir de uma linha cronológica, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas portadoras de deficiência cresce constantemente no Brasil. Em 2015, pelo menos 6,2% da população possuia algum tipo de deficiência, sendo que, desse montante, 1,3% representa quem tem algum tipo de deficiência física, sendo que quase a metade desse total (46,8%) possui nível intenso de imitações. Infelizmente, o auxílio governamental  não acompanha o crescimento desse percentual.

Ponto de ônibus da av. Rio Branco. Foto: arquivo ACS.

Tendo em vista algumas cidades do estado do Rio Grande do Sul, por meio de depoimentos e estudos realizados sobre a assessoramento municipal dessas regiões, mostram que os investimentos dos órgãos públicos deixam a desejar quando o assunto gira em torno da assistência para cadeirantes ou pessoas paraplégicas. O estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Samuel Augusto Seiffert, de 21 anos, explicou sobre a situação que passa diariamente com os acessos no município. “Os avanços que encontramos hoje foram obtidos através de muita luta, mas ainda há muito que melhorar. O campus da Universidade por exemplo, necessita mais acessibilidade arquitetônica. Mas, além dele, a cidade deixa muito a desejar nesses aspectos”, declarou Seiffert.

Além de Augusto, há outros estudantes cadeirantes que passam pelas mesmas dificuldades. De acordo com o estudante, é uma situação que não é priorizada pelos órgãos públicos municipais e acabam sendo deixados de lado. Em Santa Maria, a inexistência de rampas em calçadas e de elevadores em construções é um assunto usualmente abordado. Segundo Seiffert, além da instalação desses recursos, o tópico mais enfatizado é a manutenção dos que já existem: “Deveria haver ao menos o suporte sobre acessos presentes na cidade, pois muitos estão velhos e inaptos a serem manuseados. Há ausência de rampas em pontos com grande movimento, ônibus sem o suporte para embarcar passageiros cadeirantes, falta de táxis adaptados para tais situações…”.

Contudo, desde a construção dos prédios mais novos na cidade, há a implementação de recursos para cadeirantes, como elevadores e portas automáticas, presentes no Shopping Praça Nova ou nas lojas HAVAN, por exemplo. Embora tenha havido a instalação desses utensílios em construções da cidade, o objetivo é fazer com que esses aprimoramentos saiam de pontos específicos e se façam presentes em todo lugar.

Sobre o transporte público

Contudo, a preocupação vai além dos acessos mal distribuídos pela cidade, voltando-se para os transportes públicos municipais. Dentre todas as linhas de ônibus da Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU), há um número significativo de veículos, porém, não são todos que possuem recursos utilizados como elevadores ou rampas para o embarque. 

Segundo o motorista e funcionário da ATU, Éverton Rodrigues, há um número abaixo do esperado de ônibus com esta ferramenta. “Estou lidando com cadeirantes diariamente no meu trabalho. Como motorista de ônibus, a responsabilidade de assistir e auxiliar essas pessoas é enorme, porém há um número abaixo do esperado de veículos que contenham este dispositivo”, ressalta Rodrigues.

Plataforma de embarque para cadeirantes – Foto: Fabiano Rocha – Jornal Extra

De acordo com a revista Exame, a falta de acessibilidade nos transportes públicos ainda é predominante nas cidades brasileiras. A matéria corrobora com a escassez de acesso nos prédios públicos e privados de uso coletivo, restaurantes, universidades, hotéis e em espaços públicos, principalmente em transportes. 

O página TrânsitoIdeal destaca igualmente a falta de recursos direcionados à cadeirantes ou deficientes físicos.  A importância deveria priorizar os investimentos a serem aplicados em acessibilidade para quem necessita, ao invés de direcionar verba pública para fins supérfluos.

No Brasil, a lei de acessibilidade (Decreto Lei nº 5.296) aborda as temáticas de transportes e trânsito. Um dos principais tópicos é que projetos arquitetônicos e urbanísticos devam atender às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e os concepções como espaços, artefatos e produtos que intuam atender todas as pessoas.

Situação em outras cidades gaúchas

Rodrigo Forcin é cadeirante e reside em Formigueiro, município localizado no interior do estado do Rio Grande do Sul, com  6.715 habitantes. “A acessibilidade onde moro não é nada gratificante… os órgãos públicos não tomam atitudes a fim de facilitar a vida de quem realmente precisa. Degraus em todo lugar e nada de rampas. Sempre tenho que pedir ajuda para me atenderem, mas é muito chato, porque parece que o errado sou eu. Há muito que ser melhorado ainda”, comentou Forcin.

Formigueiro não é a única cidade do interior gaúcho que apresenta dificuldades relacionadas à pessoas com deficiências físicas. Com fronteira com Paso de Los Libres, na Argentina, o município de Uruguaiana possui cerca de 120.000 habitantes, e encontra-se em contexto evolutivo para portadores de deficiência física, de acordo com alguns moradores. A fisioterapeuta Camila Trindade, explicou sobre o cenário municipal e a relação abrangente com sua área profissional: “Em Uruguaiana houve uma evolução ligada a adaptação para cadeirantes, desde quando tornou-se exigência em estabelecimentos comerciais. Mas o que mais preocupa é a consciência das pessoas em ajudar ao outro, em preocupar-se com a vida do outro. Eu já tive pacientes paraplégico e tetraplégico. O tratamento exige fisioterapia neurológica, a fim de reabilitar e promover o máximo de qualidade de vida para a pessoa comprometida. Indivíduos nessas condições se deparam com uma grande alteração bio psico social, pois é uma vida nova que apresenta enormes dificuldades”.

Assistência pública em outros países

Enquanto isso, outros países dão exemplo em como tratar a questão da acessibilidade. Por exemplo, desde as últimas eleições presidenciais no Canadá (2015), com a posse do primeiro ministro Justin Trudeau, os investimentos governamentais tornaram-se mais rígidos sobre utensílios auxiliares à pessoas com deficiências. O Governo canadense atualizou sua política de inadmissibilidade por razões de saúde para refletir a inclusão desses cidadãos.

Uma das prioridades do governo é garantir oportunidades para  deficientes físicos,  provendo a instalação de mais recursos a cada ano. Não é a toa que anualmente há aplicação financeira direcionada a esse fim, para beneficiar esta população em áreas como educação, segurança e esporte. De acordo com a Aquarela Magazine, os portadores de deficiências residentes no Canadá não precisam pagar impostos sobre certos dispositivos médicos e assistenciais, permitindo o acesso gratuito à equipamentos como muletas ou andadores.

Botão para abertura de portas no Canadá – Foto: Ricardo Shimosakai

Falando especificamente sobre Vancouver, é comum o encontrar rampas, portas automáticas e transportes públicos equipados propriamente para embarque de pessoas com deficiência física. Além do centro da cidade, em localizações mais retiradas como na University of British Columbia (UBC), há a tecnologia para abertura de portas, com funcionamento manual e automático simultaneamente. Estas contam com a presença de botões para auxiliar cadeirantes que desejam acessá-la.

Campo, três jogadoras da equipe dos Soldiers, três jogadoras da equipe dos Spartans, muro alto ao fundo, árbitro posicionado ao centro do campo
Jogo entre Soldiers e Spartans

Os jogos da 2ª edição da Copa RS de Flag Feminino aconteceram sábado, dia 17, no SESI em Santa Maria. O campeonato, dividido em dois grupos, é composto por seis times que se enfrentaram durante esse dia. A equipe da casa, o Santa Maria Soldiers, atual campeã da Copa RS de Flag feminino, ganhou os dois jogos disputados e garantiu vaga nas semifinais do torneio.

Os santa-marienses bateram o Lions de Porto Alegre por 58 x 0 e o Spartans de Gravataí por 39 x 0. Cleusa Zanchin, organizadora do evento e jogadora do Soldiers, falou antes do jogo que a importância da cidade receber um evento como esse, é favorável para sua equipe, que conta com apoio de sua torcida. “Ficamos felizes principalmente por ter a oportunidade de divulgar o Flag Football, modalidade ainda pouco conhecida por muitos na cidade”, reforça Cleusa.

O dia acabou com quatro clubes classificados para as semifinais, que ocorrerão dia 2 de dezembro, em Carlos Barbosa, diferentemente da 1ª edição da Copa RS, no ano passado. O coordenador defensivo do Santa Maria Soldiers, Giovanni Carlesso, falou sobre as mudanças positivas sofridas no time desde os últimos campeonatos disputados. “A equipe não sofreu muitas mudanças em relação às competições do ano passado. Entraram jogadoras novas no time e não saíram muitas, por isso a base ainda é a mesma.”

As equipes do Ximangos, de Carlos Barbosa, e do Lions, de Porto Alegre, deram adeus ao torneio, após ficarem na terceira colocação de seus respectivos grupos. As semifinais serão disputadas entre os seguintes times: Chacais, Buriers, Soldiers e Spartans.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

As eleições 2018 encerraram neste domingo, dia 28 de outubro, quando ocorreu o segundo turno para escolha de presidente e de governador em alguns estados. Fase que reforça tanto quanto mudam as ideias de algumas pessoas diante de sua escolha. Contudo, um fator que segue presente é a quantidade de votos brancos ou nulos. Neste pleito, mais de 11 milhões de pessoas, o equivalente mais de 9% dos eleitores, optarem pelo voto inválido.

Como se sabe, há uma diferença entre votar nulo e em branco. “O aculturamento e a educação fazem parte da consciência coletiva, junto à responsabilidade do indivíduo sob sua escolha. O entendimento de que o regime democrático faz do cidadão protagonista traz a responsabilidade a ele”, explica o advogado Péricles da Costa, da OAB de Santa Maria. Para o advogado, o voto nulo não é a melhor opção. “O desconhecimento do processo eleitoral é o fator que leva a essas escolhas”, comenta.

O acompanhamento das candidaturas eleitorais é um fator determinante que pode ser motivo para que várias pessoas participem do segundo turno das eleições, mesmo sem se manifestarem na primeira etapa. O vereador Luciano Zanini Guerra, de Santa Maria, observa que pessoas que não votaram de forma válida na primeira etapa alegam escolher, o que chamam, de “candidato menos pior”.