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Sorteio da Copa Sul-Americana ocorre hoje

Em meio a uma semana de decisões, datas FIFA e mais, o Internacional saberá nessa segunda-feira os seus adversários na CONMEBOL Copa Sudamericana 2024. Cabeça de chave, o colorado estreará contra um adversário do Pote 03,

Calourada 2024 foi a edição com menor público

A 3ª edição da Calourada contou com várias mudanças em relação ao ano passado. Uma delas foi o recolhimento de materiais recicláveis, feito diariamente por voluntários, durante a festa. Na sexta-feira, 15, na manhã seguinte após

Internacional lança novo uniforme para a temporada 2024

Na manhã desta sexta-feira, 15, o Internacional lançou seu novo uniforme para a temporada de 2024. A fornecedora de material esportivo Adidas publicou em suas redes sociais, por volta das 11h, o novo uniforme colorado. O

Dezembro Vermelho: último mês do ano marca o combate das ISTs

A campanha do Dezembro Vermelho, que vem ao combate às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), foi promulgada em 2017 no Brasil e visa conscientizar, por meio de ações públicas, que abordam sobre a importância da assistência, prevenção

O universo da Rádio Web UFN

Em continuação a uma série de matérias que mostram os laboratórios do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, hoje vamos apresentar a Rádio Web UFN. O laboratório vem introduzindo os acadêmicos às práticas radiofônicas desde 2008.

Um olhar sensível para a cultura de Santa Maria

A egressa Paola Saldanha iniciou o curso de Jornalismo por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), em 2015,  na Universidade Franciscana. Ela conta que durante a infância sempre teve diversas influências do jornalismo ao seu

Em meio a uma semana de decisões, datas FIFA e mais, o Internacional saberá nessa segunda-feira os seus adversários na CONMEBOL Copa Sudamericana 2024. Cabeça de chave, o colorado estreará contra um adversário do Pote 03, fora de casa. O sorteio será realizado hoje à noite, na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai. Campeão de 2008 e primeiro time brasileiro a vencer essa competição, o Inter tentará ser campeão novamente, façanha conquistada entre os brasileiros somente pelo Athletico-PR.

Além do Internacional, outros brasileiros também são cabeças de chave: Corinthians, Athletico-PR (campeão em 2018 e 2021) e Cruzeiro. Os argentinos Boca Juniors (campeão em 2004 e 2005), Lanús (campeão em 2013), Defensa Y Justicia (campeão em 2020) e Racing também serão cabeças de chave. Outros brasileiros também se fazem presentes no torneio: Fortaleza, atual vice-campeão, estará no Pote 2. Cuiabá está no Pote 3, enquanto o Red Bull Bragantino, eliminado na fase prévia da Libertadores, está no Pote 4. Atenção: Há restrição de times do mesmo país no mesmo grupo.

Troféu Copa Sul-Americana.

Apesar de toda expectativa na Copa Sul-Americana, o Internacional disputou, no último domingo, a partida de ida das semifinais do Campeonato Gaúcho contra o Juventude, em Caxias do Sul. Foi um jogo muito disputado, com direito a diversos gritos de Roger Machado, técnico juventudista, e de Eduardo Coudet, comandante colorado. Os centroavantes de cada equipe tiveram as melhores oportunidades, porém, o placar não saiu do zero. Com um primeiro tempo de domínio do Inter e, após o intervalo, Juventude tomando as rédeas da partida e sendo bem mais direto em seus ataques, a impressão era que haveria um resultado com vitória dos mandantes.

Ficou tudo para Porto Alegre, no estádio Beira-Rio. Esse empate quebrou uma sequência de 10 vitórias seguidas da equipe de Eduardo Coudet, e também marcou a primeira partida sem marcar um gol com o time considerado “titular”. A partida de volta será na casa colorada, segunda-feira, dia 25, às 21h30.

Jogo entre Juventude e Inter terminou empatado no 0 x 0.

Fotos: Divulgação CONMEBOL e EC Juventude

A 3ª edição da Calourada contou com várias mudanças em relação ao ano passado. Uma delas foi o recolhimento de materiais recicláveis, feito diariamente por voluntários, durante a festa. Na sexta-feira, 15, na manhã seguinte após a última noite do evento, funcionários da prefeitura fizeram a limpeza da Gare e todo o material recolhido foi para a Central de Tratamento de Resíduos da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), no distrito de Boca do Monte.

De acordo com o coordenador da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, Juliano Dalcol, a quantidade de resíduos coletados nesta edição da Calourada representa uma redução de aproximadamente 40%, quando comparado com a festa realizada no último inverno. Realizada de 7 a 10 de agosto, em 2023, o evento totalizou aproximadamente 5 toneladas de resíduos.

Segundo Juliano houve uma redução do volume de resíduos, inclusive com uma maior procura por copos ecológicos pelo público, muitos com seus próprios copos e canecas, evitando o uso de copo plástico. Também houve uma contribuição importante dos recicladores autônomos, catadores e voluntários, que fizeram a coleta e separação dos materiais recicláveis.

Cerca de 30 mil pessoas passaram pela Gare.

Além disso, a festa de 2024 teve programação estendida e passou de quatro dias, nas outras duas edições, para seis dias. No entanto, embora muitas pessoas tenham aproveitado, cerca de 30 mil pessoas estiveram presentes na última edição, contra mais de 60 mil em março de 2023 e 43 mil em agosto de 2023. Ou seja, diminuiu o número de pessoas circulando na Calourada.

O acesso ao evento foi gratuito e a estrutura incluiu área coberta e diversos pontos de venda de bebidas e lanches. Os shows ocorreram até a meia-noite, a comercialização de produtos na praça de alimentação foi encerrada à 1h, e a dispersão do público ocorreu até as 2h. Em função do evento, equipes trabalharam pelo restabelecimento total da iluminação pública da Avenida Rio Branco, possibilitando maior segurança do público para a chegada e saída do local.

Imagens e informações: Prefeitura de Santa Maria

Na manhã desta sexta-feira, 15, o Internacional lançou seu novo uniforme para a temporada de 2024. A fornecedora de material esportivo Adidas publicou em suas redes sociais, por volta das 11h, o novo uniforme colorado.

O novo manto do Inter é inspirado em outros clubes também patrocinados pela marca alemã, como Bayern de Munique e Arsenal, da Inglaterra. No peito, fica o destaque para a cor predominantemente vermelha, junto dos patrocínios do Banco “Banrisul” no modelo masculino, e da casa de apostas “EstrelaBet” no modelo feminino. Na extensão dos ombros e das mangas vem a diferença de outros uniformes do Inter: o uso da cor branca. Como é de praxe dos uniformes da Adidas, há presença de listras sobre os ombros. No caso do uniforme colorado, a cor das listras é vermelha.

Alguns jogadores do elenco profissional masculino e feminino participaram da apresentação da nova camiseta. O tema do novo uniforme é “Engrenagem” e exalta as peças fundamentais para “manter o Colorado sempre forte”.

Apresentando o novo uniforme Alan Patrick (terceiro sentado, da esq. para dir.), Robert Renan (terceiro em pé, da esq. para dir.) e Wanderson (segundo em pé, da esq. para dir.). Do elenco feminino, estiveram presentes: Isa Haas (primeira, da esq. para dir.) , Letícia Monteiro (sentada ao centro) e Tamara ‘Bolt’ (última em pé, da esq. para dir.), além de dois sócios colorados convidados pelo clube.

A estreia do novo uniforme será contra o Juventude, no estádio Alfredo Jaconi, no próximo domingo, 17, pelo Campeonato Gaúcho. A nova camiseta, nas versões masculino e feminino custam R$ 349,99. Já o modelo infantil está no valor de R$ 299,99. A nova vestimenta já está disponível nos site da loja do Inter e da Adidas.

Imagens: divulgação Internacional.

A campanha do Dezembro Vermelho, que vem ao combate às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), foi promulgada em 2017 no Brasil e visa conscientizar, por meio de ações públicas, que abordam sobre a importância da assistência, prevenção e proteção dos direitos das pessoas infectadas com HIV. A iniciativa, realizada em todo o país, abrange o Sistema Único de Saúde (SUS) em parceria com administração pública de cada estado e cidade. Originalmente, a campanha foi instituída através da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991. A denominação ISTs substituiu a sigla DSTs, Doenças Sexualmente Transmissíveis, e é usada como meio de explicar a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir a infecção, mesmo ela não tendo sinais ou sintomas.

Dia 1 de dezembro é a data que marca a importância a conscientização sobre precauções, sintomas e tratamento da AIDS. Foto: Freepik

As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou microrganismos transmitidas por meio de relações sexuais (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino com a pessoa que está infectada. A transmissão pode ocorrer também de maneira não-sexual através do contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas.

Entre os sintomas das ISTs estão feridas, corrimento, verrugas anogenitais, dor pélvica, lesões de pele e aumentos de ínguas. Alguns tipos de ISTs são: herpes genital, sífilis, gonorreia, tricomoníase, infecção pelo HIV, hepatites virais B e C , entre outros. O tratamento pode ser realizado de forma gratuita através do SUS.

HIV ainda preocupa

A AIDS ou HIV é uma IST causada por meio da infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana, conhecida também por HIV. O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, 1º de dezembro, foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma data simbólica de conscientização para todos os povos sobre a epidemia de Aids.

A transmissão ocorre devido a relações sexuais sem o uso do preservativo masculino ou feminino, uso de seringa por mais de uma pessoa, transmissão de sangue contaminado, da mãe infectada para seu filho durante gravidez no parto ou amamentação, e por instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Os primeiros sintomas da doença surgem entre duas e quatro semanas após o contato com o vírus e são parecidos com os de gripe. A próxima fase é caracterizada pela alta interação entre as células do corpo e as mutações do vírus, e é quando o corpo fica assintomático. Mais tarde, o ataque às células aumenta o gera um desgaste no corpo, o que deixa o sistema imunológico mais sensível a várias infecções. Em um estágio mais avançado o paciente pode desenvolver hepatites virais. O diagnóstico da doença é realizado por meio de um teste a partir da coleta de sangue ou fluido oral de forma gratuita pelo SUS.

O tratamento é realizado mediante o uso de medicamentos antiretrovirais (ARV) que surgiram na década de 80 e impedem a multiplicação do HIV no organismo, o que evita o enfraquecimento do sistema imunológico. Desde 1996, o Brasil disponibiliza de forma gratuita os ARV e, na atualidade, existem 22 medicamentos. Em 2022, a AIDS entrou oficialmente na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, que tem por objetivo auxiliar o planejamento de saúde, definir prioridades de intervenção e permitir o impacto que estas intervenções trazem para a erradicação da doença.

No Rio Grande do Sul, a implementação dessas medidas vem acompanhada de outras estratégias, como a manutenção do Projeto Geração Consciente, iniciativa da Secretaria Estadual da Saúde em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, UNESCO, UNAIDS e RS Seguro, dirigido a jovens estudantes de escolas estaduais e municipais em que um dos eixos trabalhados é a saúde sexual e reprodutiva.

Entre as capitais do país, Porto Alegre é a que apresentou maior índice de infectados em um levantamento dos últimos cinco anos (2018 a 2022) que leva em consideração as taxas de detecção na população geral , mortalidade e detecção em menores de 5 anos. Até junho de 2023, o estado do Rio Grande do Sul registrou 1.206 casos de AIDS. Em relação ao coeficiente de mortalidade, o RS apresenta o maior do país: 7,3 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 4,1.

Para encerrar a série de matérias dos laboratórios do curso de Jornalismo, apresentamos a Agência Central Sul (ACS) que faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online da Universidade Franciscana. O laboratório iniciou suas atividades no ano de 2005, sendo um espaço experimental de Jornalismo na prática, no formato de uma agência de notícias que produz matérias e as compartilha.

Rosana Zucolo fundou a Agência e coordenou o espaço por muito tempo. Após a aposentadoria, a professora Glaíse Palma, que já trabalhava com a professora Rosana, assumiu a coordenação. Já passaram pela Agência vários professores e alunos, incluindo egressos que, mesmo depois de formados, seguiram colaborando com o site com artigos.

Print da tela da Agência Central Sul de Notícias.

Professora Glaíse salienta que os meios estão todos migrando para o digital e que as redes sociais são um campo em experimentação ainda para o Jornalismo. Por meio dos perfis no Instagram e Facebook da Agência os alunos já estão tendo a experiência de fazer textos curtos, como “Últimas Notícias”, pequenos vídeos de entrevistas, reels, e avaliar o que dá mais certo. “A Universidade é um campo também de experimentação e esse é o objetivo da Agência, trazer a prática, aliada à teoria, e oportunizar experiência aos acadêmicos.”, finaliza a professora.

Emanuelle Rosa, que atua no curso de Jornalismo e na Agência na produção, projeto gráfico e diagramação, conta que é muito gratificante ter o reconhecimento de alunos e egressos que depois se reencontram no mercado de trabalho. Emanuelle destaca uma de suas experiências mais marcantes foi sua participação nos Prêmios de Jornalismo: “Já trabalhei na parte de pré e produção nas comissão dos Prêmios de Jornalismo, tive a grata honra de estar presente atuando em todos eles, podendo realizar e idealizar isso junto com vocês.”

Emanuelle Rosa realizando produções. Imagem: Nelson Bofill/ LABFEM.

Para a egressa do curso de Jornalismo e antiga monitora da Agência Central Sul, Arcéli Ramos, fazer parte da Agência foi uma das experiências mais importantes para a sua formação. Arcéli destaca que os conhecimentos que teve como monitora são a base de sua trajetória profissional. Para ela, a Agência trouxe ensinamentos na prática de como ser um jornalista, podendo vivenciar como realmente acontece na vida real e tendo um olhar diferente para os acontecimentos em seu entorno.

Com capacidade de se conectar com as pessoas e sendo empática, esta é a jornalista formada desde 2018 pela Universidade Franciscana (UFN), Tisa de Oliveira, natural de Tapera. O jornalismo a escolheu logo em seu primeiro emprego. Com uma boa escrita e uma boa interpretação, ela conseguiu se consolidar na profissão, criando até mesmo seu próprio site de notícias.

Tisa terminou a graduação em 2018. Imagem: Arquivo pessoal

Iniciou sua trajetória na carreira, por indicação de seu professor de inglês, na década de 90. “O filho deste professor se formou e abriu um jornal na minha cidade. Como sempre me destaquei nesta questão da leitura e da escrita, eles foram até a minha casa me convidar para integrar a equipe deste novo empreendimento”, explica ela. Seu primeiro trabalho no ambiente foi como secretária, mas em questão de semanas já estava fazendo pequenas pautas. Ela relembra que: “Eu saía para apurar as informações, depois voltava para a redação, escrevia e salvava as matérias no disquete”. Para Tisa, foi aí que começou sua relação com o jornalismo. 

Em 2005, a jornalista mudou-se para Caçapava do Sul, onde esteve durante um período sem trabalhar por conta de estar cuidando de sua filha, que tinha apenas um ano. Mas não conseguiu ficar muito tempo parada, logo foi contratada pelo Jornal Gazeta de Caçapava, pois já tinha experiência na área. Ana Júlia Lacerda, filha de Tisa, ressalta que: “A mãe começou a trabalhar com o jornal em 2010, que é uma das minhas primeiras lembranças dela nessa profissão. Por mais que ela tenha começado a trabalhar até tarde no jornal, descobriu que era aquilo que ela gostava e que era aquilo que ela queria fazer. Ela tem uma capacidade de se conectar com as pessoas, é muito empática e eu acho que isso faz dela uma ótima jornalista, porque se coloca no lugar das pessoas”. Neste mesmo período, incentivada por seu chefe, Tisa iniciou o curso de Letras, no Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp), porém nunca concluiu. 

Ela atuou em jornais de Caçapava do sul. Imagem: Arquivo pessoal

Quando ingressou na UFN, em 2015, ela estava trabalhando no portal de notícias Farrapo. “Eu entrei mais madura. Eu já tinha uma experiência na área da comunicação, a prática, e eu fui em busca da teoria”, comenta a egressa. Por trabalhar durante o dia em Caçapava do Sul, ela acabava viajando todos os dias para Santa Maria, onde à noite estudava na instituição. Ela expõe que: “Eu não tinha como fazer os laboratórios. Isso é uma coisa que eu senti muita falta. Pois era uma forma de ter mais contato com os professores na universidade. O único momento que eu tinha esta oportunidade era à noite. Os laboratórios ofereciam uma área diferente daquela que eu tinha prática, que era o impresso e online. Sempre tive muita curiosidade, muita vontade de fazer, mas infelizmente a minha condição não me permitia participar”.

Tisa analisou em seu trabalho final de graduação (TFG) A construção do capital social do deputado Paulo Pimenta a partir da publicação de lives no Facebook.  Ela explica que, no terceiro semestre da graduação, já sabia qual tema queria desenvolver sua pesquisa. “No meu trajeto de trabalho, de vida profissional e vida universitária, eu fui parar na Câmara de Vereadores. Por isso, escolhi abordar a área política”, destaca a ex-aluna.  O projeto também foi desenvolvido com base nas redes sociais, pois, era um tema que a encantava por ser “uma ferramenta extraordinária, que tem uma força muito grande, desde que seja bem aproveitada”. E complementa: “Isso me intrigava, sim, porque as pessoas públicas, não só os políticos, não utilizavam essas ferramentas para divulgar os seus projetos e as suas ações. Claro que a gente sabe que em outras cidades, assim, capitais, isso já acontecia, mas em cidades pequenas ainda não. Por isso, eu fui estudar essa questão de como o Pimenta constituiu o capital social através das redes sociais dele, que era, e, continua sendo, Facebook e Instagram”.

Ela também recorda que sugeriu algumas pessoas para a orientação de seu TFG,  o escolhido para a acompanhar no desenvolvimento do trabalho foi a sua última opção, no caso o professor Bebeto Badke. “Ele até brincou, que eu não queria ele, mas ele foi maravilhoso. O meu texto ficou muito rico. O Bebeto contribuiu bastante, pois exigiu muito de mim e aí deu tudo certo. Tirei uma nota boa e a apresentação também foi tranquila. Mas porque estava muito certa e confiante de que era aquilo que queria escrever”, argumenta ela. A egressa também relata que não foi cansativo desenvolver o trabalho, a única parte que exigiu um pouco mais foi a leitura, mas: “Foi gratificante, para falar a verdade”.

Tisa já atuou no jornal impresso e online, e na assessoria de comunicação. A jornalista explica que todos os trabalhos que eu já tive me marcaram de alguma forma. “ Eu acho que o jornalismo impresso e online, você produz matérias que exigem mais apuração, que exigem muita pesquisa, conversar com mais pessoas, ouvir fontes técnicas. Quando você consegue colocar isso no papel de uma forma que afete o seu leitor, que quando o leitor vai ler aquilo, ele se enxerga no teu texto, isso é muito gratificante”, destaca a ex-aluna. 

A egressa também relembra uma situação curiosa em que quando ainda trabalhava com jornalismo impresso, o jornalista Euclides Torres, que era professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), lhe entregou um livro de obituários do The New York Times. “Então ele disse assim, você vai ler esse livro para aprender a escrever o obituário. Eu achei aquilo muito engraçado, mas enfim, eu li o livro e comecei a escrever. É extremamente difícil escrever este tipo de texto, porque a família está enterrando a pessoa e tu tem que estar lá questionando. Tinham pessoas que depois vinham e me falavam assim, eu chorei quando li o obituário no jornal. Ou então, outra vez uma pessoa também comentou o seguinte, essa pessoa que morreu nem era tão especial assim, mas o jeito que tu falou sobre ele, a gente sentiu, quem não conheceu com certeza sentiu vontade de conhecer. Então são comentários que te dão satisfação e alegria e tu, ufa, cumpri com o meu papel”, relata Tisa.

  Outra história que a marcou foi quando escreveu uma matéria sobre a Associação do Banco da Amizade (ABA), associação beneficente localizada em Caçapava do Sul e que era administrada por Onilady Pires, Tia Lady. O espaço estava precisando de doações, e quando a matéria saiu no jornal, várias arrecadações chegaram na ABA. “Então, isso é bem bacana, sabe, poder contribuir com a sua comunidade. É uma coisa assim que não tem preço, não tem o que pague isso”, evidencia a jornalista. Para ela são tantas histórias que ela deseja que um dia eu possa escrever um livro sobre os bastidores do jornalismo, pois elas são bem mais interessantes do que aquele pequeno recorte da notícia.

A jornalista também comenta que foi bem complicado administrar a vida durante a universidade, pois era casada e tinha uma filha pré-adolescente na época. Ana Júlia também comenta que: “Quando ela decidiu fazer a faculdade, acho que eu tinha 13 anos. Foi uma mudança para mim, o pai e a mãe. Eu a via pouco. Nos víamos aos finais de semana e no almoço. Foram quatro anos muito doidos, mas acho que trouxe experiências e memórias muito boas, porque eu sempre convivi muito com os colegas de trabalho dela. Tive oportunidades até de ver ela na faculdade e isto foi muito lindo”. Já Tisa expõe que: “Sabe aquele meme, aquelas frases de rede social que a janela de ônibus é o melhor psicólogo. Então, muitas vezes era assim. Geralmente, na volta eu pensava muito, porque na ida eu ia dormindo a viagem toda, morta de canseira. Às vezes, eu acordava já pensando, não vejo a hora de embarcar no ônibus para poder dormir e descansar. Mas, na volta, eu vinha divagando, assim, e a janela do ônibus, aquela paisagem correndo, e eu vinha pensando, meu Deus, o que eu estou fazendo”. Ela teve que iniciar duas vezes o curso, porém quando realmente se comprometeu  consigo mesma terminou a graduação. 

“Eu acho que, quando a gente ama o que faz, a gente sempre encontra o que fazer. Sempre tem portas te esperando. Como eu amo fazer comunicação, eu acho que eu me dou bem em tudo aquilo que eu me proponho. Tudo que surge na minha vida, eu me realizo. Então, depois que eu me formei, eu fui trabalhar com uma assessoria de comunicação, que é o que eu amo fazer. Foi muito bom essa experiência, esse período”, fala a egressa. 

Atualmente ela não está mais trabalhando nesta área, pois está empreendendo na área do turismo, onde é dona do Sítio Pedra Furada em Caçapava do Sul. “Eu acho que, nessa mudança que teve agora na minha vida, fez com que eu entendesse que tenho que me dedicar às coisas que a gente quer desenvolver. Estou me entregando da mesma forma que eu me entreguei aos meus outros trabalhos. Eu acho que tudo que eu aprendi na faculdade e na vida vão servir agora, nesse momento, que é isso que eu estou vivendo, que é empreender e poder colocar em prática também a questão da comunicação”, comenta. Para ela este é o momento em que pode se dar ao luxo de escolher se quer escrever ou não, por mais que ame muito a escrita. Quando tem este tempo foca em colocar todas as ideias de uma vez no papel. “Eu acho que, como jornalista, eu sou aquela bem clichê, que tem vontade de mudar o mundo e que ainda acredita que a comunicação é uma arma poderosa para que isso aconteça”, completa ela.

Perfil produzido no 1º semestre de 2023, na disciplina de Narrativa Jornalística, sob orientação da professora Sione Gomes.

Em continuação a uma série de matérias que mostram os laboratórios do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, hoje vamos apresentar a Rádio Web UFN. O laboratório vem introduzindo os acadêmicos às práticas radiofônicas desde 2008. No início, o responsável por coordenar os estudantes era o professor Gilson Piber, com operação do técnico em áudio Sérgio Ricardo da Porciuncula Cruz.

Estúdio do laboratório de rádio da UFN. Imagem: Nelson Bofill

Hoje em dia, a programação da rádio é composta tanto por programas produzidos pelo curso de Jornalismo, quanto por outros cursos. Alguns deles são: Titular da Rede, UFN em pauta, Camisa 10, Me Pega no Colo, Brasilidade, Nerd Talks, entre outros.

Estúdio da rádio em produção. Imagem: Nelson Bonfill/LABFEM

Para Alam Carrion, técnico da Rádio e egresso de Jornalismo da UFN, a Rádio sempre foi o que ele queria, desde sua chegada no curso. O primeiro contato de Carrion no Laboratório Radiofônico foi por um convite para trabalhar, desde então, nunca mais sai. Ele conta que estar presente nos trabalhos dos alunos, ver suas evoluções diante do microfone, é algo que o motiva a seguir na rádio.

Os acadêmicos tem contato com o laboratório radiofônico desde o início do curso. Nele, os estudantes podem realizar produções acadêmicas e idealizar novos programas. O laboratório é disponibilizado para alunos de outros cursos também, seja para trabalhos ou interação com a rádio por meio dos programas.

Sempre alinhada com a tecnologia, a Rádio adequou seu modo de divulgar os programas. Devido à pandemia do Covid-19, os programas passaram a ser feitos à distância pelo Discord, que é uma plataforma de comunicação, e divulgados no Spotify. Voltando às atividades presenciais na faculdade, surgiu a ideia de começar a divulgar no Youtube também. O primeiro programa a ser publicado no Youtube foi o Titular da Rede. Hoje em dia, a rádio conta com diversos programas que saem semanalmente. Para Alan Carrion, essa transição aconteceu de uma forma muito natural, visto que muitos meios de comunicação migraram seus modos de divulgação para as plataformas de streaming. Confira a Rádio Web UFN no Youtube.

Segundo Sione Gomes, coordenadora da Rádio: “O espaço é muito importante para os alunos, desde seu começo as práticas no laboratório sempre foram visadas. Hoje contamos com programas bem legais na Rádio. Claro que olhamos as visualizações e como está o andamento dos programas, mas nosso foco sempre foi o aluno se sentir o mais próximo do mercado de trabalho.”

Conforme Lucas Acosta, acadêmico de jornalismo do 8° semestre, e apresentador do Titular da Rede e Camisa 10: ” Logo que entrei na faculdade, vi a rádio como uma possibilidade de experimentar algo novo. Após a pandemia devido ao Covid-19, eu tive a oportunidade de apresentar o programa Titular da Rede, que tinha voltado em um formato diferente, e foi ali que fui pegando gosto, pela liberdade que a rádio te proporciona, tanto de expressão como do jeito de fazer. A minha evolução no curso se deu muito pela rádio, acho que no começo, pelo fato de falar só para o microfone sem câmeras, tu melhora na dicção, e no posicionamento que tu irá ter. Tudo isso faz parte de um processo, para trabalhar na rádio tem que querer, aprendi isso no dia-a-dias das produções, não é fácil, mas se tiver força de vontade, acontece.”

A egressa Paola Saldanha iniciou o curso de Jornalismo por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), em 2015,  na Universidade Franciscana. Ela conta que durante a infância sempre teve diversas influências do jornalismo ao seu redor. “Quando estava entre meus 10 e 12 anos, apresentava com um amigo o Jornal Muito Importante. Nele, falávamos sobre o que acontecia na rua e entrevistávamos nossos avós”, relata a jornalista. Por conta de seus avós, ela percebeu seu encanto por ouvir, conhecer pessoas e contar suas histórias. “Passava horas ouvindo sobre os causos de meus avós, muitas vezes, repetidos. Ouvia com atenção sempre que narravam suas histórias. Sentia prazer em escutá-las”, complementa. 

Por acreditar que um olhar sensível para o outro e a abordagem de assuntos de interesse humano são importantes pilares na prática do jornalismo como atividade carregada de responsabilidade social, Paola escolheu o tema: Humanização do relato da construção da narrativa jornalística: Uma análise de reportagem de Eliane Brum sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte para apresentar no seu Trabalho Final de Graduação (TFG). “Sempre admirei as produções que valorizam o humano e suas histórias e, consequentemente, admiro também o trabalho desenvolvido pela jornalista Eliane Brum”, explica a egressa. O processo de pesquisa utilizado por ela foi de imersão no tema e nas produções analisadas. Sete reportagens foram selecionadas para os estudos, em diferentes aspectos. Após meses de leituras, releituras, conversas e escrita, Paola afirma: “O TFG me faz refletir ainda mais sobre nosso papel e responsabilidade”.

A egressa apresentou seu TFG em 2018, e teve como banca os professores Bebeto Badke e Sione Gomes e a jornalista Pâmela Rubin Matge. Foto: Arquivo pessoal.

Durante o curso, a jornalista fez parte da Agência Central Sul (ACS), como repórter, em diferentes editorias entre os anos de 2015 e 2018. Após a conclusão do curso, Paola ainda escreveu durante o ano de 2019, “era uma coluna mensal na ACS sobre as diferentes perspectivas de ser e estar na sociedade”, completa ela. Em 2018, ao lado de Deivid Pazatto, ela apresentou o Janela Audiovisual, programa que foi transmitido na TV Câmara e TV aberta digital. A produção, que reunia diversas produções audiovisuais realizadas no curso de Jornalismo da UFN, teve coordenação da professora Neli Mombelli e foi uma realização do Laboratório de Produção Audiovisual (Laproa).

Hoje Paola é co-idealizadora da Maria Cult, projeto de jornalismo cultural e agenda de Santa Maria, que busca fortalecer e valorizar a criação independente, diversa, acessível e popular da cidade. A jornalista conta que a iniciativa para o projeto partiu de Deivid Pazatto, seu amigo e colega de faculdade. “Nós conversávamos, ainda no período de curso, sobre a escassez de espaços para artistas e produções locais. Logo após a formatura, iniciamos o planejamento do projeto. Apresentamos a Maria Cult em janeiro de 2020, com a proposta de um veículo independente de produção de conteúdo cultural de Santa Maria. Nascida na cidade cultura, marcada por diferentes histórias e costumes, nós visamos à coletividade e à resistência, com protagonismo de múltiplas vozes e manifestações “, explica.

Paola em produção para o curso de jornalismo da UFN. Foto: Deivid Pazzato.

Paola começou a trocar ideias sobre a Maria Cult com seu amigo Gabriel Tondolo após se conhecerem de uma maneira um tanto quanto inusitada. “Parece uma história clichê, mas eu estava em uma cafeteria de Santa Maria, tomando um expresso e acidentalmente tropecei e derrubei uma porção de café no colo da Paola. No mesmo instante, eu comecei a juntar guardanapos para limpar ela enquanto pedia desculpas. Acabei por sentar ao lado dela e começamos a conversar. Depois desse evento, a gente trocou contato e começamos a conversar diariamente. Conforme foi passando o tempo, ela começou a compartilhar detalhes da Maria Cult e eu fui acompanhando cada vez mais o projeto e participando como um ‘palpiteiro’, dando minha opinião sobre algumas decisões da Maria”, conta Tondolo. Após esse acontecimento, já se passaram quatro anos que ele acompanha o crescimento do projeto e a trajetória da egressa como jornalista. “Todos os perrengues que ela tem passado em conciliar a vida pessoal e profissional com o projeto, rodando Santa Maria em busca de patrocinadores e parcerias. É surpreendente ver o quanto o projeto entrega e saber que é feito por duas pessoas. A primeira edição do prêmio Maria Cult resume tudo o que falei, uma premiação de tal patamar, reunindo o melhor da cultura e sendo organizada em menos de um ano pela Paola e o Deivid. Isso é um marco na carreira jornalística de ambos, com tão pouco, fazer um evento que entregou tanto e mexeu com toda Santa Maria”, concluiu, orgulhosamente, o amigo.

Apaixonada pela cultura, ela relata que hoje entende que já se inclinava para este nicho, “ao pensá-la como conjunto de comportamentos, tradições, arte, religião, moda, entre outras expressões de um grupo”. “Sempre busquei abordar diferentes perspectivas e olhares em produções plurais”, completa ela. A jornalista ainda destaca que: “Ser ouvinte carrega grande importância e responsabilidade, pois ao compartilhar suas memórias, experiências íntimas, as pessoas demonstram o quanto se sentem à vontade e seguras em partilhar parte de suas vidas”. 

Perfil produzido no 1º semestre de 2023, na disciplina de Narrativa Jornalística, sob orientação da professora Sione Gomes.

A campanha Dezembro Amarelo foi criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ela faz parte da ação nacional contra o câncer de pele, tumor que atinge diretamente o órgão mais extenso do corpo, fazendo feridas e manchas. O câncer de pele é o mais frequente no Brasil e no mundo. A Austrália é o país mais famoso na incidência desta doença, por ter estado, durante muitos anos, em primeiro lugar no número de casos. A cidade de Queensland é conhecida como a “Capital Mundial do Câncer de Pele”. Todos os australianos correm o risco de desenvolver algum tipo de câncer de pele e pelo menos dois em cada três são diagnosticados com a doença antes dos 70 anos, segundo o site Conexão Planeta.

Imagem da campanha Dezembro Laranja, realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Imagem: SBD

Existe dois tipos de câncer de pele, o Melanoma e o não Melanoma. O Melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, em forma de pintas ou sinais. É o tipo mais grave, devido à sua alta capacidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom se detectado em sua fase inicial. Já o não Melanoma é o mais comum no Brasil, com alto índice de cura desde que seja tratado na sua fase inicial.

Os principais sintomas do câncer de pele são:

  • Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram;
  • Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor;
  • Feridas que não cicatrizam em 4 semanas.
Imagem: Clinica Jardim América

Alguns cuidados para prevenção do câncer são: evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h; aplicar protetor solar na pele antes de se expor ao sol, sempre reaplicando o protetor a cada duas horas; ter cuidado com as tatuagens, pois pode esconder sinais e pintas e, por fim, mas não menos importante, o uso do protetor solar até mesmo em dias nublados.

O câncer de pele não melanoma em homens é mais incidente nas Regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, com um risco estimado de 123,67 pessoas a cada 100 mil, 89,68 a cada 100 mil e 85,5 5a cada 100 mil, respectivamente. Nas Regiões Nordeste e Norte, a doença ocupa a segunda posição, com um risco estimado de 65,59 a cada 100 mil e 21,28 a cada 100 mil, respectivamente. No que diz respeito às mulheres, o câncer de pele não melanoma também é menos incidente nas regiões Norte e Nordeste. Há um risco estimado de 125,13 pessoas a cada 100 mil no Centro-Oeste, 100,85 pessoas a cada 100 mil no Sudeste, 98,49 a cada 100 mil no Sul, já no Nordeste o número fica em 63,02 pessoas a cada 100 mil e 39,29 a cada 100 mil no Norte. 

O tratamento para esse tipo de câncer consiste na retirada da lesão e do tecido ao redor, com a quimioterapia e a radioterapia sendo utilizados em casos mais graves. O mais importante é sempre procurar um dermatologista assim que aparecer alguma mancha ou sinal. Se diagnosticado no início, as chances de cura são altas.

Por motivo de segurança, usamos pseudônimos nas matérias Foto: Vitória Gonçalves

“Tenho minha faca nos pés e meu facão lá atrás. Não tem como andar com arma de fogo, apesar de saber manusear e ter anos de prática, acho mais arriscado”, desabafa Ricardo*. Nunca parar no exato endereço sinalizado, sempre uma ou duas casas antes e não trabalhar de madrugada. Essas são só algumas precauções que o motorista de aplicativo toma na sua rotina nas ruas de Santa Maria.”

Possivelmente essa seja a realidade dos cerca de 900 mil motoristas de aplicativo no Brasil segundo pesquisa de 2021, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o que equivale a 8 Maracanãs lotados. Do outro lado da moeda, existem aqueles que fazem parte de redes de proteção, grupos de pessoas que se unem com objetivo de manter a segurança.  Um exemplo disso é o grupo Família Madruga, criada em março de 2020 por Nelson*. E ele mesmo explica como foi fundação dessa rede de proteção:

Entrevista realizada com motorista de aplicativo (Madruga):

Mesmo sendo minoria no ramo, Caren* afirma que nunca teve problema algum. “Não tem preconceito, é incrível. 99, Uber e Madruga eu só dirijo para o público feminino, optei de um tempo pra cá, não por ter acontecido alguma coisa, só por um conforto maior. Nunca senti diferença”. Apesar dessa tranquilidade, ela conta que raramente acontecem alguns incômodos, mas sempre a ajuda da Família Madruga aparece. “Já houve casos de pegar passageiros em final de festa e não querer pagar, quer prevalecer, esse tipo de coisa, aí entra a ajuda dos meninos”, ressalta.

 

Entre esses 164 motoristas, todos são selecionados a dedo pelos administradores do grupo. As regras são impostas a todos antes de aceitarem participar de uma Família e ser monitorado a todo momento que estiver trabalhando.

 

Com o lema JUNTOS, SOMOS MAIS FORTES e com regras disciplinares rígidas é que o Madruga se sustenta e consegue manter a fidelidade tanto dos usuários quanto dos motoristas. No início haverá um período de teste de 15 dias, onde você utilizará o #FAMÍLIAMADRUGA no carro. Após esse período, se você cumprir as regras, receberá o adesivo oficial. O fato de não obedecer às regras ou dependendo da gravidade do evento, o membro será chamado para conversa e recebe uma advertência, na terceira chamada é retirado do grupo.

Ainda se destaca o zelo dos gestores em manter a qualidade do relacionamento com o cliente e buscar atender corridas com rotas incomuns. Dessa forma exigem que participem de eventos sociais e confraternizações do grupo, usar o Zello (software de comunicação com linguagem de rádio) apenas para comunicar corridas suspeitas e não avisar sobre BLITZ no ZELLO e nem no grupo.

Ainda há regras sobre publicações dentro do grupo que proíbem sobre quaisquer posicionamentos: pornografia, política, futebol, defender plataformas, religião, preconceitos (homofobia, etc.), usar a imagem do grupo em vão, criar grupos paralelos (Zello, WhatsApp, etc, com a finalidade de monitoramento, rastreamento, etc) ou qualquer outro fim, que possa ser caracterizado como um subgrupo dentro do Família Madruga e não discutir no grupo.

Se acostumar com o monitoramento não é uma tarefa fácil, Caren* é responsável pela contratação e demissão do grupo, como sempre esteve presentes em empresas, se sente à vontade desempenhando essa função. “O meu material carrego dentro do carro, tenho minha agenda, minhas anotações, tenho meus adesivos, quando eu vejo algum carro desbotando o adesivo, já tiro a foto e entro em contato para arrumar. Tenho todo suporte dentro do meu carro e entre uma corrida e outra vou me organizando na agenda”, assim a motorista conecta o seu passado com o presente. 

O dia a dia

Imagem: Freepik

“Já Ricardo* desempenha apenas uma função, a de motorista. E por levar a risca sua rotina, está acima de 90% de seus companheiros de trabalho, segundo relatório enviado pelo próprio aplicativo da 99. “Só tenho três segredos: levantar cedo, tomar banho e ir trabalhar”. 

Como os outros do ramo, ele também tem uma meta para cumprir no seu dia a dia e segue o pensamento de aceitar todas as corridas.

““No 99, quando começa a cancelar corridas, parece que eles começam a te deixar meio de lado. O motorista nunca perde, é um real que tu não tem”, afirma.

A famosa ‘meta’ é o que norteia a maioria dos trabalhadores desse ramo. Nelson* explica que foi por isso que mudou completamente sua vida. Em 2003, era dono de uma construtora na cidade de Canoas, cobrava R$750,00 o m², porém com a instabilidade econômica do Brasil, o valor foi caindo até R$450,00 em 2015. Para fins de parâmetros econômicos, a inflação do país saltou de 6,41% em 2014 para 10,67% em 2015. Foi assim que, em 2017, com esse desbalance fiscal, que resolveu migrar para a área de transporte de passageiros com uso de aplicativo de mobilidade que, na época, estava em crescimento exponencial. Ironizado por um amigo que no momento estava lucrando, ele foi incentivado a se aventurar nessa nova jornada. “Vou me reinventar. No primeiro dia tirei R$380″, afirma. A partir daí, desse primeiro ganho, viu a possibilidade de ganhar mais do que no seu antigo trabalho e está até hoje no ramo. Atualmente, a meta de Nelson é de R$350,00 por dia: “Eu corro até atingir minha meta, se for 23h, 00h. Se eu atingir às 2h, vou para casa, durmo e 6h estou de pé de novo”, explica. Além de metas diárias, o motorista também lida com uma meta mensal de R$4.500, “É o que considero saudável para mim”.

O valor de R$ 350,00 diário parece ser a meta buscada entre a maioria. Com Ricardo* também é assim. Ele explica que o motorista que trabalha com vontade, atinge a meta sempre e que quando o movimento está bom sempre é válido continuar trabalhando. Assim é que Ricardo* lucra de R$6.000 até R$7.000 no mês. “Quando eu vou receber o que ganho trabalhando no 99, trabalhando num serviço fixo, não tem. Já trabalhei na Prosegur, transporte de valor e não ganhava a mesma coisa, é bem mais estressante, fora o risco que a gente corre”, destaca.

Nem tudo são flores

Era por volta das 05h30 da manhã enquanto José* dirigia seu Onix prata, em mais um dia de trabalho. Sua profissão? Ele era motorista de aplicativo. José descia a Avenida Presidente Vargas para levar um passageiro aqui, subia a Borges de Medeiros para levar outro passageiro ali, um fim de noite e começo de manhã calmo e pouco movimentado. Até que surge mais uma corrida no monitor do seu celular. O aplicativo da 99 indicava que aquela corrida era de risco, então José*, prontamente pegou o celular, e colocou para gravar aquele trajeto. O celular estava apoiado no suporte para GPS e estava apontado para dentro do carro, dando a visão de toda a parte interna do veículo. O motorista, então, se dirige para o local indicado com uma certa insegurança, porém segue normalmente, ele já tinha feito esse tipo de corrida outras vezes e era um homem experiente. Ele chega no local indicado, e aguarda o passageiro chegar. Após alguns minutos de espera, tendo somente sua rádio para lhe fazer companhia, o passageiro entra e eles seguem para o lugar indicado. O passageiro se chama Alexandre*, de 27 anos, que na ocasião em específico, se encontrava um pouco alterado. Eles então seguem para o endereço, e o homem vai guiando o motorista pelo caminho. Ele fala de maneira alta e com muitas gírias na sua linguagem. Eles então pararam na casa de um amigo desse homem. O jovem coloca a parte do corpo para fora da janela do carro e começa a gritar o nome do amigo. Um tempo depois ele entra no carro, e os três seguem viagem para mais um destino.

Na viagem o homem conversa com seu amigo e ao mesmo tempo com José*. Ele está falando sobre sua história, até que menciona um fato que deixa José* com uma insegurança maior ainda. Ele tinha saído há duas semanas da prisão. Seu crime? Quatro homicídios. O rapaz começa a falar da sua vida na cadeia e como se arrependia de ter vivido tudo isso. Ele tinha passado três anos atrás das grades e havia perdido toda sua família. Ele confessa que o seu primeiro homicídio foi por um homem ter o chamado de “filha da puta”. Por mais que ele demonstrasse arrependimento pelos anos que passou na prisão, sentia um certo orgulho ao comentar sobre as mortes. José*, sentia que o arrependimento do rapaz não era por ter cometido os crimes, mas sim por ter sido pego. O carro para e o homem sai permanecendo somente o seu amigo. José aproveita a brecha para perguntar se eram verdadeiras aquelas informações. O amigo confirma , mas indica que o homem é tranquilo. Ele então cansado de esperar Alexandre, sai do carro e vai buscar ao encontro do amigo. 

José* fica alguns bons minutos esperando os dois com o motor do seu carro ainda ligado. Então subitamente Alexandre entra no carro extremamente revoltado. Aparentemente, ele havia sido enganado em um esquema que o fez perder dinheiro. O homem grita e demonstra sua completa insatisfação desferindo insultos e ataques verbais a quem quer que os ouça. Ele então faz uma ligação extremamente agressiva para um ex-companheiro de negócios. Na ligação, ele cobra uma dívida o insultando e ameaçando de morte. Alexandre, diz que o ex-companheiro precisa pagar a dívida e se não o fizer, ele vai na casa matar o próprio, sua mãe e filhos. Alexandre*, revoltado, diz a todo tempo que não tem nada a perder e que se precisar voltar para prisão. José* se sente completamente inseguro e aflito, pois nunca tinha passado por uma situação dessas. José* segue dirigindo calado, pois não quer causar nenhum movimento brusco que possa fazer o homem se revoltar contra ele próprio. Nesse momento, José* só pensa em voltar em segurança para sua mulher e filhos. A noite está fria mas o Motorista está suando e totalmente alerta, sabe que um leve descuido pode custar sua vida. Alexandre*, no auge da sua raiva grita o no telefone e diz: “O QUE? O QUE TU FALOU?”. Ele desliga o telefone completamente transtornado e obriga José* a encostar o carro. José* está confuso e não sabe como reagir. Alexandre*, começa a gritar e insistir cada vez mais para que o motorista encoste o carro. Ele então o ameaça dizendo que vai o matar caso não pare. Ele está muito seguro disso e não tem nada a perder. “PARA O CARRO, PORRA! OU EU VOU TE MATAR”. Ele então encostou a pistola no ombro de José e ele para imediatamente. Ele obriga o motorista a descer do carro o xingando e ameaçando. José* antes de descer do carro, pega o celular que estava gravando toda a corrida. Mas Alexandre*, arranca de sua mão e entra no carro, que agora é seu veículo de para cumprir sua missão.

 José* se encontra totalmente devastado, seu carro e todos seus pertences foram subitamente tirados de de suas mãos, mas o que Alexandre* não sabia é que José*, no último momento antes de sair do carro em ato de pura coragem, conseguiu retirar a chave da ignição e levar consigo. O carro de José, possui um sistema chamado keyless, onde o carro só funciona com a chave próxima ao veículo. Então Alexandre*, foge com o carro, mas não vai muito longe. No carro, ele fica sem entender e completamente transtornado, sai do veículo e começa a vasculhar os pertences de José*.

 Após escutarem que seu companheiro estava passando por perigo extremo, a rede de proteção da família Madruga foi ativada. A corrida já estava sendo monitorada e os administradores do grupo estavam escutando tudo que o que estava sendo falado na corrida. Imediatamente, com o sinal de alteração do passageiro, o grupo encaminhou veículos para prestar suporte a José. O primeiro que chegou no local foi Rodrigo*, que avistou Alexandre* procurando qualquer coisa que pudesse levar consigo. Então então grita “esse carro é do meu colega!” e instintivamente parte para cima do homem. Ele consegue derrubar Alexandre* e tentar imobilizá-lo, porém, o homem consegue fugir deixando tudo para trás, inclusive o seu próprio celular. Após isso, Rodrigo* foi procurar José* e o encontrou a duas quadras de distância onde estava escondido. José* estava claramente abatido e sem reação. Foi para casa, tomou um banho demorado e ficou pensando em tudo o que tinha passado. José* levou algumas semanas para superar o que tinha vivido e voltar a normalidade, mas quando se passa por um trauma desses, o medo nunca é totalmente superado.

Mesmo com a convivência com o risco e o perigo diariamente, para a maioria dos motoristas de aplicativo de Santa Maria, o maior problema não são os assaltos e o medo de não voltar para casa, mas sim o trânsito. Ricardo* diz que o maior risco não é trabalhar de madrugada e os passageiros: “Eu já dirigi daqui até Fortaleza e voltei, deu 15.700km, passando por várias cidades. O trânsito de Santa Maria é o pior”.

Caren* segue o mesmo pensamento e destaca que, por conta disso, é necessário sempre cuidar do mental, ter controle de si e ainda saber a hora de parar. “O nosso trânsito é bem complicado. É bem cansativo realmente, mas quando tu vê que não tá legal, que tu tá muito estressado, é bom ir pra casa dar uma descansada”, complementa.

 

Trabalhar diariamente como motorista de aplicativo pode gerar alguns riscos, como vimos  no caso de José*. O motorista está exposto e sempre está sujeito a sofrer algum tipo de violência. Porém em alguns casos esse fato sofrer exceções, Nelson* explica que depois de um certo tempo os Madrugas passaram a ganhar um certo respeito nos bairros perigosos da cidade: “Às vezes pedem corrida na Cipriano, por exemplo, e os motoristas não vão. Nós vamos. Porquê às vezes é uma mãe de família que está querendo sair com seu filho ou uma pessoa doente que está querendo ir para o hospital. Então os traficantes enxergaram isso como um “serviço prestado à comunidade”. Então toda vez que veem o adesivo da empresa eles pensam “Madruga não”, explica.

 

A rede de proteção pode ser um prato cheio para motoristas que querem transgredir as leis, visto que estarão assegurados por um monitoramento em tempo real, dando total segurança para cometer seus crimes. Porém, Nelson* explica que estão sempre monitorando qualquer atitude ou rota suspeita. “Não aceitamos qualquer tipo de envolvimento com drogas. Já denunciamos dois motoristas que foram presos por envolvimento com drogas “, explica. Esse monitoramento se dá através de analisar as rotas do motorista e verificar se existe algum tipo de padrão. Havendo a suspeita de algum tipo de atividade ilícita isso é investigado a fundo e passado para a polícia. Nelson* explica “nós temos uma relação excelente com a polícia. Se identificarmos qualquer atitude suspeita de um motorista nosso, nós entregamos a placa do carro”, conclui. 

 

 

 

 

Mais um ponto que tem feito parte da rotina dos motoristas de aplicativo ultimamente, é a discussão sobre direitos trabalhistas. Em setembro de 2021, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) apresentou um projeto de lei que classifica os motoristas de aplicativo como trabalho intermitente, ou seja, a prestação de serviço de forma esporádica e que deve ser regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Porém, é necessário saber o que os próprios motoristas de aplicativo pensam sobre isso.

Caren* explica que a situação tem que ser bem analisada: “Pelo menos pra mim do jeito que está, está bom, porque dentro disso tem que ver imposto. 99 e tal são corridas de valores bem baixos, então para alcançar um valor X tem que fazer muitas corridas no dia, aí se tu for pagar um valor X alto, não vale a pena”. A motorista conta que utiliza o MEI (Microempreendedor Individual), o que fornece um salário mínimo. “Praticamente não é nada, mas dá pra comer. Todo mundo corre atrás de salário, as pessoas trabalham de 12 a 15h para fazer seu salário”, desabafa.

 

Para Ricardo* ainda existem mais dúvidas que certezas com essa questão: “Como vai ser feito uma análise em cima desse salário? Como vai ser feito esse trabalho pra ver quanto  será o salário? Porque o cara vai trabalhar 5h e eu vou trabalhar 12h e vai ganhar a mesma coisa que eu. Eu acho complicado.”

Reportagem produzida na disciplina de Jornalismo Investigativo, no 2ºsemestre de 2022,  sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.