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ativismo

Mais uma alternativa para o público e simpatizantes LGBT

Pelo quarto ano consecutivo, foi realizada, nesse domingo (18), mais uma edição da Parada Alternativa LGBT de Santa Maria. Como nas edições anteriores, mesmo com poucos recursos e apoio, o evento ocorreu no largo da locomotiva.

Pelo quarto ano consecutivo, foi realizada, nesse domingo (18), mais uma edição da Parada Alternativa LGBT de Santa Maria. Como nas edições anteriores, mesmo com poucos recursos e apoio, o evento ocorreu no largo da locomotiva. A organização é do Coletivo Voe, grupo formado por estudantes, pesquisadores e ativistas em defesa da diversidade sexual e de gênero.

As paradas LGBT já existem há muitos anos na cidade. Desde 2015, porém, por não concordarem com alguns quesitos propostos pela prefeitura, integrantes do Coletivo Voe preferiram fazer sua própria parada, mesmo que com menos recursos.

Segundo Henrique Pause, 22 anos, integrante do Coletivo Voe, a parada desse ano foi bastante difícil de organizar. Uma das alternativas para obterem dinheiro foi a venda de camisetas e acessórios. Mesmo assim, com dificuldades, a intenção é continuar com o evento nos próximos anos.

Histórico das Paradas LGBT Alternativas

1ª Parada Alternativa – em 15 de novembro de 2015, com o tema: Nossa alternativa é a luta. Teve o apoio do diretório acadêmico dos estudantes (DCE) e da Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

2ª Parada Alternativa – em 18 de dezembro de 2016, com o tema: Eles estão organizados. E nós? Deu ênfase que vários setores querem tirar os direitos  já conquistados pelo grupo LGBT.

3ª Parada Alternativa – em 19 de novembro de 2017, com o tema: Ativismo e resistência popular. Segundo os organizadores, reuniu quase  4 mil pessoas.

4ª Parada Alternativa – nesse domingo (18), com o tema: A saúde mental de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros.

Texto: Luana Giacomelli

Produzido para a disciplina de Jornalismo I sob a orientação da professora Sione Gomes

A militância representada pela bandeira. Foto: Caroline Freitas

As conquistas dos direitos LGBT estão em evidência nas discussões na sociedade e na política. Apesar disso, a comunidade ainda sofre com discriminação e intolerância. Neste ano, 117 pessoas foram assassinadas devido a crimes contra à orientação sexual no Brasil, o equivalente a uma morte a cada 25 horas, segundo relatório da ONG Grupo Gay, especializada em verificação de dados sobre violência homofóbica no país.

Assegurar direitos igualitários à população LGBT, pelo enfrentamento ao preconceito, direitos civis e tolerância, fazem parte da Militância Gay, que propõe nova realidade ao movimento.

Um dos primeiros atos da militância ocorreu em 28 de junho de 1970 em Stonewall, Nova York, quando um grupo LGBT caminhou pelas ruas do bairro em prol dos direitos homossexuais e resistência os maus tratos sofridos pela polícia. O ato histórico marcou a defesa dos direitos civis LGBT. A partir dessa data são realizados todos os anos diversas manifestações sociais, onde se busca promover uma política de igualdade e reconhecimento.

Junto desse movimento social nasceram entidades e ativistas voltados à defesa da comunidade LGBT, visando ao fim de criminalização da homossexualidade e do reconhecimento dos gêneros por meio de leis e políticas públicas.

 

Militância e ativismo em Santa Maria

Ativistas na 3ª Parada LGBT Alternativa de Santa Maria. Foto: Caroline Freitas

Com o tema “Ativismo e Resistência popular’’, Santa Maria realizou no dia 19 de novembro, a 3ª Parada do Orgulho LGBT Alternativa. Trouxe às ruas a histórica luta pelo reconhecimento das diferenças diante do avanço do conservadorismo.

Para o ativista independente Lucas Moreira, 27, que participa da parada desde a primeira edição, a importância do ativismo com diálogos diferenciados, onde todos são ouvidos é necessário na formação da militância santa-mariense.

“As manifestações por direitos na luta LGBT são importantes na construção do ativismo. Talvez seja a forma mais eficaz de chegar aos olhos de todos. O conservadorismo é grande aqui. Já sofremos como minoria que luta por direitos diante de uma crescente onda de posição contra direitos que deveriam ser comuns a todos.  Ouvir todos os lados do movimento é de extrema importância para a construção de uma militância real. Manifestações são um esforço que vale a pena para defender questões em que acreditamos e queremos”, argumenta.

Já o estudante Vitor Ferreira, 19, que cursa Psicologia na UFSM e acompanhou a parada deste ano, não acredita na militância e vê o ativismo atual como forma agressiva de impor respeito. “É preciso ressignificar a forma de lutar por nossos direitos. Já foi conquistado muito e atribuir uma forma agressiva e até mesmo apelativa não é o jeito de agir. Não acredito em ativistas, as lutas deixaram de ser por direitos e se tornaram um confronto de ideias contrárias a tudo que sociedade pensa como certo, sem foco. Não há busca por diálogo e entendimento. Hoje a militância se preocupa mais em chocar. Regredimos muito nesse ponto”, questiona.

A realização da parada é uma parceria entre ativistas independentes, organizações da sociedade civil e Coletivo Voe, que surgiu pela falta de representatividade na comunidade, construindo espaço de expressão e diálogo sobre diversidade sexual, em busca do diálogo igualitário e livre de todas as formas de opressão.

“É muito importante esse tipo de manifestação em Santa Maria, porque mostra que a gente existe. Não queremos nada além do que todo mundo tem, que é ser feliz, viver e constituir uma família, sem precisar sofrer tanto preconceito e ser agredido”, comenta Leonardo Almeida, 23, integrante do Coletivo Voe.

O coletivo trabalha nessa construção com intervenções, formações, palestras, visitas em escolas. “Somos chamados por professores para conversar sobre identidade de gênero. Sempre mostramos que a diferença é normal, que ser diferente é bom”. complementa Leonardo.

 

 

 

Seminário debate a questão da violência contra à mulher na sociedade (Imagem: Divulgação)

O Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, que ocorreu em 25 de novembro, marcou o início da campanha 16 Dias de Ativismo. O movimento tem como objetivo disseminar conhecimento a fim de evitar a violência contra a mulher. Para apoiar a causa, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a 3ª Região Policial, a Delegacia de Polícia Regional (DPR) e a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) promovem a I Semana de Prevenção e Combate à Violência Contra a Mulher até o dia 5 de dezembro.

As atividades começaram no dia 20 de novembro, com diálogos em escolas, participação em programas de rádio e o Mutirão Maria da Penha, que concluiu 492 investigações referentes aos delitos que se caracterizavam como Lei Maria da Penha em apenas dois dias. Para encerrar a I Semana de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher, a delegada Débora Dias e a escrivã de Polícia Olinda Barcellos realizam um seminário com as palestras “Suicídio”, com o professor Marcelo Soares, da Universidade Federal de Santa Maria; “A objetificação da mulher por meio da mídia”, com a psicóloga Aline Baumer e as professoras Carolina Suptitz, da Faculdade de Direito de Santa Maria, e Luciana Carvalho, do Centro Universitário Franciscano;  e “A violência de gênero e transgêneros”, com a defensora pública estadual Alessandra Quines.

Para a palestrante Luciana Carvalho, professora de Jornalismo na Unifra, a iniciativa é de extrema importância, pois a discussão leva à desconstrução da cultura do machismo. “Como mulher, todos os dias estamos pensando sobre a questão da desigualdade de gênero, o quanto se precisa avançar e muito o que ainda tem a ser mudado”, ressalta.

O seminário ocorre no dia 5 de dezembro, a partir das 8h30, na Câmara de Vereadores de Santa Maria, localizada na Rua Vale Machado, 1415, Centro. A programação completa pode ser consultada na página do evento.