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Santa Maria, RS, Brazil

Câncer

Doe fios de amor

Ações simples do nosso dia a dia como prender, soltar e pentear o cabelo, nem sempre estão presentes na vida de centenas de pessoas portadores de câncer. Nestas horas, as perucas são grandes aliadas para melhorar a

O impacto dos agrotóxicos atinge tudo e todos

                  O que são os agrotóxicos? Desde a Segunda Guerra Mundial, os agrotóxicos são utilizados como arma química. Depois, passou a ser usado como defensivo agrícola. Hoje esses

Cosmética oncológica auxilia no tratamento do câncer

A palestra da quarta-feira, 22, da IV Jornada Interdisciplinar da Saúde, trouxe como temática a Cosmética Oncológica apresentada pela química farmacêutica e atual presidenta da Federação Latino-americana de Sociedades de Ciências Cosméticas, Lídia Morus, vinda de

Câncer: é possível prevenir

A construção do conhecimento que temos, hoje, sobre o câncer é diferente de alguns anos atrás. Se antes a doença era vista como incurável ou até mesmo uma desgraça para o portador, atualmente, ainda que grave,

A campanha Dezembro Amarelo foi criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ela faz parte da ação nacional contra o câncer de pele, tumor que atinge diretamente o órgão mais extenso do corpo, fazendo feridas e manchas. O câncer de pele é o mais frequente no Brasil e no mundo. A Austrália é o país mais famoso na incidência desta doença, por ter estado, durante muitos anos, em primeiro lugar no número de casos. A cidade de Queensland é conhecida como a “Capital Mundial do Câncer de Pele”. Todos os australianos correm o risco de desenvolver algum tipo de câncer de pele e pelo menos dois em cada três são diagnosticados com a doença antes dos 70 anos, segundo o site Conexão Planeta.

Imagem da campanha Dezembro Laranja, realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Imagem: SBD

Existe dois tipos de câncer de pele, o Melanoma e o não Melanoma. O Melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, em forma de pintas ou sinais. É o tipo mais grave, devido à sua alta capacidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom se detectado em sua fase inicial. Já o não Melanoma é o mais comum no Brasil, com alto índice de cura desde que seja tratado na sua fase inicial.

Os principais sintomas do câncer de pele são:

  • Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram;
  • Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor;
  • Feridas que não cicatrizam em 4 semanas.
Imagem: Clinica Jardim América

Alguns cuidados para prevenção do câncer são: evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h; aplicar protetor solar na pele antes de se expor ao sol, sempre reaplicando o protetor a cada duas horas; ter cuidado com as tatuagens, pois pode esconder sinais e pintas e, por fim, mas não menos importante, o uso do protetor solar até mesmo em dias nublados.

O câncer de pele não melanoma em homens é mais incidente nas Regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, com um risco estimado de 123,67 pessoas a cada 100 mil, 89,68 a cada 100 mil e 85,5 5a cada 100 mil, respectivamente. Nas Regiões Nordeste e Norte, a doença ocupa a segunda posição, com um risco estimado de 65,59 a cada 100 mil e 21,28 a cada 100 mil, respectivamente. No que diz respeito às mulheres, o câncer de pele não melanoma também é menos incidente nas regiões Norte e Nordeste. Há um risco estimado de 125,13 pessoas a cada 100 mil no Centro-Oeste, 100,85 pessoas a cada 100 mil no Sudeste, 98,49 a cada 100 mil no Sul, já no Nordeste o número fica em 63,02 pessoas a cada 100 mil e 39,29 a cada 100 mil no Norte. 

O tratamento para esse tipo de câncer consiste na retirada da lesão e do tecido ao redor, com a quimioterapia e a radioterapia sendo utilizados em casos mais graves. O mais importante é sempre procurar um dermatologista assim que aparecer alguma mancha ou sinal. Se diagnosticado no início, as chances de cura são altas.

Ações simples do nosso dia a dia como prender, soltar e pentear o cabelo, nem sempre estão presentes na vida de centenas de pessoas portadores de câncer. Nestas horas, as perucas são grandes aliadas para melhorar a autoestima. No Centro de Apoio a Crianças com Câncer (CACC), um grupo de voluntários é responsável por devolver o sorriso de centenas de pessoas.

As perucas são produzidas no Centro de Apoio à Criança com Câncer.

O CACC possui sua própria oficina de perucas e recebe diariamente doações de cabelos, além de campanhas como Cabelos de aços promovida pela corporação feminina da Brigada Militar de Santa Maria. Para a Assistente Social, Marta Lopes, a alta demanda na procura por perucas fez com que o CACC, através de uma oficina, buscasse pessoas voluntárias para trabalhar na confecção dos produtos. Atualmente são seis voluntárias e a oficina acontece todas as segundas de tarde na sede da instituição. No total, o Centro de Apoio atende 140 famílias de diversos municípios do Rio Grande do Sul que vêm até Santa Maria em busca de auxílio médico no tratamento contra o câncer infanto-juvenil. “A doação das perucas é feita para qualquer pessoa que esteja em tratamento contra o câncer no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)”, conclui Marta. O Hospital Universitário de Santa Maria, HUSM é referência no estado para o tratamento hemato-oncológico.

O CACC

O Centro de Apoio conta com doações para continuar funcionando.

O Centro de Apoio a Crianças com Câncer (CACC) é uma ONG com o objetivo principal de receber crianças e adolescentes de zero até 24 anos portadoras de câncer, com um acompanhante.

Durante a realização do tratamento, os pacientes e acompanhantes recebem gratuitamente alimentação, hospedagem, atividades de recreação e  apoio psicológico. A casa possui capacidade para receber em torno de 40 pessoas, com ala separada para os transplantados, que devem ficar em isolamento até completar o tratamento. A sede também possui um refeitório, cozinha, sala para recreação e espaço externo com pracinha para as crianças. Além disso, há um brechó que auxilia na renda. Por ser uma instituição sem fins lucrativos, o CACC depende de doações tanto de alimentos quanto financeira e que podem ser realizadas na sede da instituição, rua Erly de Almeida Lima, n°365, no bairro Camobi, em Santa Maria. Doações em dinheiro também podem ser realizadas no site do CACC.

Como ser um doador de cabelo:

Para ser doador e colaborar é simples. E o melhor, não importa o tipo de cabelo. Pode ser encaracolado, liso, crespo, loiro, preto, ruivo, grisalho, com ou sem química. E os homens também podem participar.  Antes de fazer a doação é necessário seguir algumas recomendações. A primeira delas é que o cabelo precisa estar lavado e totalmente seco. Outra dica é prender os fios com um elástico antes do corte para ajudar a demarcar o tamanho. Só serão aceitas mechas com comprimento mínimo de 15 cm.

Texto produzido na disciplina de Jornalismo III, no 2º semestre de 2019, e supervisionado pela professora Glaíse Palma.

Imagem: Shutterstock/Banco de imagens

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que são os agrotóxicos?

Desde a Segunda Guerra Mundial, os agrotóxicos são utilizados como arma química. Depois, passou a ser usado como defensivo agrícola. Hoje esses produtos são conhecidos também como pesticidas, praguicidas, ou produtos fitossanitários. De acordo com a legislação brasileira, o termo utilizado é agrotóxico.

De acordo com a Lei n° 7.802/89, “agrotóxicos são os produtos químicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da fauna ou flora, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e inibidores de crescimento”.

Há diversos tipos de agrotóxicos: fungicidas (atinge os fungos); herbicidas (atingem as plantas); inseticidas (atingem insetos); acaricidas (atingem os ácaros); e rodenticidas (atingem os roedores). Ainda, existem vários outros tipos que servem para outras finalidades como controlar as larvas, formigas, bactérias, entre outros. Os agrotóxicos são muito usados no Brasil pois por ser um país tropical  a incidência de pragas e doenças é maior que em outros países

A liberação de novos agrotóxicos no Brasil

Hoje o Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas no mundo. Desde o início de 2019, foram liberados 239 (até junho de 2019) novos tipos parra uso. De acordo com o Ministério da Agricultura, a grande maioria das substâncias possuem fórmulas que já estão no mercado. Nessa lista, há produtos que foram proibidos na União Européia e há também alguns que são definidos pelo governo como perigosos para o ambiente.

Além dos produtos liberados até o meio deste ano, o governo já recebeu 440 outros pedidos de registro, que ainda precisam passar por etapas burocráticas para a liberação.

Curiosidade: Agrotóxicos pelo mundo

Um dos agrotóxicos mais utilizados foi encontrado em cereais nos Estados Unidos. A pesquisa foi feita pelo Environmental Work Group que analisou diversos tipos e marcas de cereais para identificar se havia agrotóxicos. Alguns níveis do glifosato estavam acima do que é considerado seguro para que crianças possam consumir.

O glifosato é um agrotóxico que tornou-se muito pautado pelo mundo, já que pode causar câncer. Estudos e pesquisas vêm sendo feitas. O fabricante – a empresa Monsanto – diz que é seguro para o uso. Há controvérsias. Uma delas refere-se ao fato de que a empresa teve que pagar mais de 1 milhão à um norte-americano que teve câncer. A organização nega que o glifosato cause câncer. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve liberada a venda do produto no Brasil, argumentando que não há evidências científicas de que a substância cause câncer ou outros problemas graves de saúde.

 Problemas de saúde que podem ser causados por agrotóxicos

Além de causar a morte de várias colmeias. Os agrotóxicos também podem causar níveis graves de poluição ambiental, além de problemas de saúde pública. No ser humano, por exemplo, a intoxicação é uma das reações mais comuns.

A intoxicação por agrotóxicos pode ser aguda ou crônica. A aguda ocorre quando a pessoa é exposta a altas doses do produto. Entre os sintomas, estão náuseas, cãimbras, vômitos, dores de cabeça, dificuldade para respirar e convulsões. A intoxicação aguda é muito perigosa pois pode levar ao coma e até a morte. Na crônica, a causa é a exposição por um longo período de tempo, mas com doses menores. Essa intoxicação pode levar a vários problemas, como paralisia, esterilidade, abortos e câncer.

Outras consequências do contato com o agrotóxico são problemas nos rins, convulsões, redução da fecundidade, problemas no sistema nervoso e envenenamento. Além disso, os agrotóxicos podem também influenciar numa malformação de feto. Em bebês, eles podem ser  afetados o desenvolvimento cognitivo e a formação física.

O que acontece com os alimentos sob o uso de agrotóxicos?

 Muitos alimentos absorvem o agrotóxico. Mas, quando os produtos são lavados, é possível reduzir um pouco da quantidade de resíduos. Uma boa opção é deixar os alimentos de molho no hipoclorito de 15 a 30 minutos, após isso só finalizar a lavagem. Os agrotóxicos podem causar doenças a longo prazo, como cânceres, e problemas neurológicos.

Alimentos com agrotóxicos agem de forma cumulativa no organismo humano. Uma alternativa é aumentar a produção dos produtos orgânicos. No entanto, como eles possuem um custo mais alto, uma dica é fazer uma horta em casa para manter uma alimentação saudável e livre de possíveis venenos.

Meio Ambiente

Os agrotóxicos podem contaminar e poluir o solo, a água e até o ar. O solo pode ser contaminado facilmente, pois a aplicação do produto é direta nas plantas, ou até mesmo o solo poderá ser contaminado através da água que já esteja infectada pelo veneno. A água também pode ser contaminada.

Segundo uma pesquisa do IBGE, a contaminação dos rios por esses produtos só perde para a contaminação por esgoto. Além do solo e da água, o ar também pode infectar-se com o veneno e levar à intoxicação de pessoas e de organismos vivos.  “Se fossem diminuídos os processos de desmatamento com certeza não precisaria se utilizar de tantos agroquímicos. Pois os seres vivos – as pragas, como chamam –  não encontram um local adequado para se alimentarem e reproduzirem, então eles buscam as lavouras. Eles buscam a sobrevivência”, explica a bióloga e estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da UFSM, Mariana Torri.

 A morte das colmeias

Hoje o Brasil abriga cerca de 300 espécies de abelhas nativas, entretanto, cada vez mais tem aumentado a incidência de morte de colmeias. O principal motivo disso é o uso de agrotóxicos.

De acordo com um levantamento feito pela Associação dos Apicultores Gaúchos, mais de 6 mil colmeias foram perdidas nos últimos meses. Portanto cerca de 150 toneladas de mel deixaram de ser produzidas.

Dados: Agência Pública e Repórter Brasil | Gráfico: Valéria Auzani.

Outro levantamento – feito pela Agência Pública e Repórter Brasil – revela que desde dezembro cerca 500 milhões de abelhas morreram.  Segue abaixo o gráfico com as maiores incidências:

O estado em que mais morreram abelhas foi o Rio Grande do Sul, com 400 milhões de abelhas mortas. As principais cidades atingidas são Jaguari, Santiago, Mata, Santana do Livramento, Cruz Alta, Boa Vista do Cadeado. Atrás do Rio Grande do Sul, temos Santa Catarina, com 50 milhões de abelhas mortas, 45 milhões em Mato Grosso do Sul (MS)  e  7 milhões em São Paulo (SP).

A morte das abelhas é um problema grave não só pela mortandade dos animais em si, mas pelas consequências que isso traz aos seres humanos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas.

Dados: Aldo Machado, Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho | Imagem:: Valéria Auzani

“Então cada abelha contaminada contamina até 700 abelhas na colmeia. Em torno de 6 mil colmeias mortas. Isso implica em, mais ou menos, um prejuízo de 150 toneladas de mel. Mas essas 150 toneladas não são nada perto do prejuízo ambiental” – destaca Aldo Machado dos Santos, presidente da Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho. “Nós temos a aplicação incorreta de inseticidas e principalmente os que são usados junto com o secante. No caso aqui (no Rio Grande do Sul) o que mais está causando problemas mesmo é o Fipronil. Então, em mais de 80% dos casos que analisamos e acompanhamos, o princípio ativo que foi detectado nas abelhas foi o fipronil”, relata Aldo..

O Fipronil, no entanto, é proibido por normativas conjuntas do Ministério da Agricultura e do Ibama. A suspeita é a de que esse inseticida esteja causando a morte das abelhas. Fipronil é bastante utilizado nas lavouras de soja porque ele consegue controlar várias pragas ao mesmo tempo.

Aldo explica que, na preparação das lavouras, na primavera e no verão, alguns produtores rurais (a minoria) acabam usando esse produto de modo incorreto, pois colocam o Fipronil junto ao dessecante para esterilizar a lavoura, matar formigas, enfim, todos insetos que prejudicam o cultivo.  “Como é época de florada na lavoura, as abelhas acabam se contaminando por contato e ingestão, assim, terminam indo pra colmeia e atingindo as outras” explica Aldo.

Muitas vezes, o uso incorreto desses produtos se dá pela falta de orientação, ou até mesmo pela inexperiência do produtor. “Falta um treinamento por parte das empresas que vendem ou até mesmo das cooperativas […] deveria ter mais incentivo de um treinamento para esses agricultores terem uma boa base de como usar. Falta também uma visão das grandes empresas auxiliar o produtor nesse quesito”, comenta Mariana Torri.

Em setembro de 2018, foi publicado no  Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS) o artigo Glyphosate perturbs the gut microbiota of honey bees, que procura explicar e conscientizar que, assim como  saúde dos seres humanos, a da abelha depende também de um ecossistema de bactérias que vive em seu trato digestivo. O Glifosato – agrotóxico mais usado no Brasil e no mundo – mata diversas  dessas bactérias. Ele causa um desequilíbrio que diminui a capacidade do organismo da abelha de combater infecções.

Para não causar danos à natureza e aos seres vivos, é necessário que esses produtos sejam usados com consciência. Como futura técnica em Meio Ambiente, Mariana Torri explica que “a maneira correta de utilizar os agroquímicos é seguir as orientações de um profissional da área. Um engenheiro agrônomo, ou alguém que seja formado em técnico agrícola, por exemplo. Para seguir corretamente com as orientações do fabricante do agroquímico e para ter certeza de que não é o agroquímico que está causando isso e sim a sobredose ou então a mistura com outros compostos como no caso o agrotóxico com o dessecante”.

Para mais informações:

Ministério da Agricultura

Ecycle

Texto de Valéria Auzani, para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana. Produção do 1º semestre de 2019, sob orientação da professora Carla Torres.

A palestra da quarta-feira, 22, da IV Jornada Interdisciplinar da Saúde, trouxe como temática a Cosmética Oncológica apresentada pela química farmacêutica e atual presidenta da Federação Latino-americana de Sociedades de Ciências Cosméticas, Lídia Morus, vinda de Montevidéu, Uruguai. Morus veio falar sobre métodos cosméticos usados na prevenção e remediação de efeitos reversos cutâneos causados pelos tratamentos do câncer, e a responsabilidade de ajudar na recuperação da autoestima e socialização das pessoas.

Lídia Morus, ministrou a palestra sobre Cosmética Oncológica na VI Jornada Interdisciplinar de Saúde na UFN. Foto: Thayane Rodrigues

A farmacêutica diz que os tratamentos como a quimioterapia, feito através da injeção de medicamentos que inibem o crescimento dos tumores, e também a radioterapia, que usa a radiação iônica para tratar de forma localizada os tumores, podem causar alterações na pele. “A maior parte das pessoas que sofrem com o câncer não tem ideia do que pode passar na pele quando estão atravessando um tratamento, especialmente as mulheres, quando enfrentam o diagnóstico do câncer e pensam em um tratamento. O primeiro pensamento  é se vai cair o cabelo, e não tem ideia do que a pele vai sofrer”, ressalta ela.

Segundo dados, em 2012 havia 14 milhões de casos de câncer por ano. Destes, 8 milhões morrem, de 2 a cada 3 sofrem com problemas cutâneos, o que causa ansiedade, comprometendo o tratamento devido à gravidade das lesões causadas pela sensibilidade que a pele adquire a agentes externos.

Morus traz a importância de procurar dermatologistas para que os pacientes possam fazer um tratamento adequado com cosméticos naturais. Tais produtos permitem que as pessoas façam a limpeza das áreas afetadas, hidratação, e reparação específicos para pacientes oncológicos que possuem intolerância a algumas substâncias, causada pelas terapias, como produtos para controle de acne, fragrâncias, glicoses, conservantes e corticoides.

Em Santa Maria há algumas casas e organizações não-governamentais (ONGs) que se mantêm apenas por doações da comunidades e de empresas. Estas ONGs têm finalidade imprescindível e necessária para a cidade: apoio e hospedagem para pacientes com câncer.

Frente do Cacc (foto: Ticiana Leal/Laboratório de Fotografia e Memória)
Frente do Cacc (foto: Ticiana Leal/Laboratório de Fotografia e Memória)

O Centro de Apoio a Crianças com Câncer  (CACC) atende somente crianças e jovens até 21 anos. Segundo Maicon, a Casa é somente para acolhimento de pessoas que vêm para o Hospital Universitário de Santa Maria. Há 19 anos, o CACC oferece pouso e comida nos dias de semana e nos fins de semanas. “É muito importante a ajuda da comunidade, já que não temos ajuda do governo. Precisamos sempre de doações de alimentos, pois a alimentação é gratuita para os hóspedes e família, também necessitamos de produto de limpeza. Quem puder ajudar, como voluntários, para auxiliar na Casa”, explica o coordenador.

A disposição dos quartos vêm a partir da demanda que a assistente social Deise Graziela Teixeira da Luz recebe do HUSM. Há seis quartos com cinco leitos cada. Os quartos dos pacientes transplantados ficam no segundo andar, devido à baixa imunidade, eles não podem ficar em contato com outros pacientes e as pessoas que circulam pelo CACC.

Eles não fazem reservar, as famílias podem chegar quando necessário, é feito um cadastro. Hoje eles têm em torno de 90 crianças cadastradas, e é recomendado que se venha apenas com um acompanhante, devido ao espaço.

“Temos uma psicóloga voluntária, ela faz estágio com a gente aqui, e trabalha uma vez por semana aqui. Mas as terapias não são contínuas, visto que há uma rotatividade muito grande, em relação aos pacientes que fazem quimioterapia, param o tratamento, ou conseguem voltar para casa no mesmo dia”, comenta o coordenador.

As doações são mensais ou semanais, e também têm as diárias. Os vizinhos da Casa vão até lá para doar alimentos, brinquedos, e também buscam informações sobre a doação de cabelos para perucas – podem ser doados os cabelos de comprimento a partir de 15 cm. O site do CACC é um meio para doações online e para divulgar as ações da ONG.

Claiton recebendo doações diárias para o Centro de Apoio (foto: Ticiana Leal/Laboratório de Fotografia e Memória)
Claiton recebendo doações diárias para o Centro de Apoio (Foto: Ticiana Leal/Laboratório de Fotografia e Memória)

“Temos o telemarketing e o mensageiro que vão até Santa Maria para buscar as ajudas que as pessoas oferecem por telefone”, comenta. Segundo Claiton, a Casa vive muito mais de doações do que o gasto próprio dos funcionários, há instituições como a Vara Criminal de Justiça e o McDonalds, que têm parcerias para arrecadas fundos ou fazem a doação para a Casa.
Eles pedem para que os familiares colaborem na conservação, quando a cozinheira não está os pais que fazem o almoço e janta. Os pacientes são levados até o HUSM pelo transporte da Casa.
As doações de alimentos ficam na dispensa, e então é questionado aos pais o que eles vão usar para cozinhas, e então aos funcionários e voluntários levam os alimentos para a cozinha. Os familiares também cuidam do jardim.
“Não há muitas crianças que fiquem permanentemente aqui, elas ficam no máximo uma semana, com exceção dos transplantados que necessitam de algum tempo a mais as vezes. Mas não há pacientes que fiquem aqui um tempo muito longo”, ressalta.

Associação de Apoio a Pessoas com Câncer

A Associação funciona e se sustenta apenas com doações (foto: Elana Weber/Assessora de comunicação da Aapecan)
A Associação funciona e se sustenta apenas com doações (Foto: Elana Weber/Assessora de Comunicação da Aapecan)

Também a ONG Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) tem a assistência voltada para adultos e idosos. Recentemente, segundo a psicóloga Maria Luiza Schreiner, há uma grande demanda de idosos com a doença que estão freqüentando a Associação.

A casa de apoio oferece 18 leitos e atende 135 municípios atualmente. O assistente social Thiago Donadel conta que a organização veio para Santa Maria em 2006. Os pacientes após se cadastrarem, e trazerem as documentações necessárias, como o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), atestado médico, RG e CPF. São avaliadas as condições socioeconômicas do paciente, a casa atende pessoas com renda de até três salários mínimos.

“Hoje temos 418 cadastros ativos, recebendo um tipo de benefício, como medicamentos, fraldas e hospedagem. O atendimento é totalmente gratuito. Somos vinculados ao Sistema Único de Assistência Social, então o atendimento integral para tudo que o paciente necessitar será sem curso algum para ele”, ressalta Thiago.

A Aapecan vive de doações. Eles recebem ajuda também de empresas e escolas da cidade. As doações podem ser feitas de forma direta, na casa de apoio, com os voluntários que vão até as casas de quem quer ajudar, e pelo site online. “Temos algumas pessoas que estão a bastante tempo aqui, devido à doença poder retornar, infelizmente. E cada paciente pode ter um acompanhante”, comenta o assistente social.

O atendimento psicológico é dividido para o acolhimento do paciente que chega na casa, o atendimento à domicílio, quando o paciente não pode ir até a casa, por estarem debilitados. Também há o atendimento em grupo, uma vez por semana. O atendimento psicológico pode ser feito nos hospitais, quando a pessoa precisa ficar internada. É estendido esse trabalho para os familiares, inclusive, conta a única psicóloga da associação.

Segundo Maria Luiza, os pacientes, em geral, não ficam muito tempo na casa, pois quando eles melhoram não necessitam mais do recurso, há uma rotatividade. Então ele procura a psicóloga quando há algum problema na família, para uma terapia. Os únicos atendimentos psicológicos fixos são o domiciliar, hospitalar e de grupo.

“A casa de apoio tem uma cuidadora noturna, qualquer coisa que é preciso nós encaminhamos para os hospitais. Os pacientes transplantados vêm para a atividade de lazer, buscar medicações, benefícios, mas não posam na casa”, destaca a psicóloga. O deslocamento é feito pelos funcionários da Aapecan, que levam os hóspedes para o HUSM ou para o Hospital de Caridade, que também têm uma demanda na associação.

“ Temos várias atividades de lazer, em cada data comemorativa procuramos fazer algo para os pacientes não ficarem tão ociosos e se animarem. Seja uma atividade educativa ou passeios. O que ocorre na região e podemos levá-los ou trazer para a casa nós trazemos, como na área de artesanato, aqui mesmo, onde eles costuram, fazem objetos. No dia das crianças também fizemos uma atividade”, conta Maria Luiza.

“A maioria das notícias são divulgadas pelas rádios que somos parceiros ou na página do Facebook. Temos um jornal trimestral, todas as unidades têm matérias com ações que acontecem na Aapecan de SM, como a festa de Natal, por exemplo. Também para nossos colaboradores saberem como funcionamos”, explica a assessora de comunicação Elana Weber. “Somos bastantes procurados nos meses de campanha, como o outubro rosa, novembro azul e o dezembro amarelo. Damos palestras sobre as informações, os cuidados, materiais que utilizamos, os suplementos, para a comunidade ter contato com esses recursos”, nota a psicóloga.

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Os laços rosas que se espalham pelo mundo durante o mês de outubro simbolizam a luta contra o câncer de mama. O movimento começou nos Estados Unidos, durante a primeira corrida pela cura do câncer, na cidade de Nova York. A campanha ultrapassou as fronteiras americanas, e o Brasil aderiu ao Outubro Rosa.

A primeira iniciativa dos brasileiros foi em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado por uma luz rosa. Desde então, diversas cidades passaram a adotar a campanha do Outubro Rosa. Em Santa Maria, a Lei nº 5432, de janeiro de 2011, instituiu que durante o mês de outubro monumentos, prédios históricos, residências e afins sejam iluminados de rosa, com o propósito de alertar a população sobre o câncer de mama.

De uma doença mutiladora e dificilmente curável, hoje, o câncer de mama pode ser diagnosticado de forma precoce, o que facilita no tratamento e na possibilidade de cura. Porém, ainda é o câncer que mais acomete as mulheres. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a cada 36 minutos uma brasileira morre vítima do câncer de mama. Também, conforme o governo, de cada dez casos, sete são diagnosticados em estágio avançado. Informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA) confirmam que cerca de 520 mil mortes são estimadas por ano em decorrência da doença.

Para advertir a população, ações em alusão ao Outubro Rosa se multiplicaram em Santa Maria, e instituições que realizam amparo a pessoas em tratamento oncológico ganharam notoriedade, como a Casa Maria e Associação de Apoio a Pessoas Com Câncer (AAPECAN) e do  Projeto Reticências, realizado por acadêmicos de Publicidade e Propaganda da Unifra. Conforme Noemy Aramburú, presidente do Conselho da Mulher Advogada da OAB e integrante do Conselho Municipal de Direito das Mulheres, “o Projeto Soma busca dar auxilio para pessoas em vulnerabilidade social e que possuem o câncer”.

Homens também são vítimas

O que poucos sabem é que o câncer de mama não é exclusividade das mulheres e os homens podem desenvolver a doença. O câncer de mama masculino pode estar ligado a fatores hormonais, histórico familiar ou pelo consumo de dietas ricas em gorduras e excesso de álcool. Além disso, a ingestão de anabolizantes pode influenciar no surgimento da doença. Dados do INCA, apontam que para cada 100 casos femininos, 1 é masculino. Ainda, conforme o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 120 pacientes homens faleceram em decorrência desse tipo de câncer. Em Santa Maria, estimasse que há 20 casos de câncer de mama masculino, segundo Noemy.

A enfermidade se manifesta neles, especialmente, entre os 50 e os 60 anos. Isso significa cerca de 10 a 15 anos mais tarde que nas mulheres. Assim como a prevenção do câncer de mama feminino pode ser feita através do autoexame periódico, os homens também podem se utilizar deste método para rastrear a presença de nódulos. Para isso, é preciso se despir de preconceitos e ficar atento aos sinais, como vermelhidão, dores e massa endurecida na região, que algumas vezes é confundida com outra doença, a chamada ginecomastia. O tratamento do câncer de mama masculino é semelhante ao feminino, através de quimioterapia, radioterapia e/ou cirurgia.

 

Por Ticiana Leal para a disciplina de Jornalismo Online 

Hábitos influenciam muito mais na incidência de um câncer do que os fatores genéticos, diz especialista. Foto: divulgação
Hábitos e falta de prevenção influenciam muito mais na incidência de um câncer do que os fatores genéticos, diz especialista. Foto: divulgação

A construção do conhecimento que temos, hoje, sobre o câncer é diferente de alguns anos atrás. Se antes a doença era vista como incurável ou até mesmo uma desgraça para o portador, atualmente, ainda que grave, ela é passível de cura. No entanto, a prevenção é a melhor alternativa para aqueles que não querem passar pelas etapas que os tratamentos de tumores exigem.

Diversos estudos apontam que a doença nos próximos anos poderia tornar-se uma epidemia, sobretudo na América Latina. Essa análise é refutada pelo médico e pesquisador oncológico, Dalnei Veiga Pereira, ao afirmar que a incidência do câncer não é catastrófica, mas salienta ser de suma importância que a população esteja ciente da necessidade de se prevenir, visto que tumores identificados em fase inicial apresentam uma alta chance de cura.

De acordo com Pereira, o câncer é a segunda enfermidade que mais registra óbitos no Brasil, atrás apenas das doenças decorrentes de problemas cardiovasculares. Essa circunstância está atrelada ao modo de vida da população. Desde os maus hábitos alimentares, o sedentarismo e até mesmo o estresse são considerados fatores que propiciam o aparecimento destas doenças. Sobre a alimentação, por exemplo, ele ilustra que o aparecimento de neoplasias no estômago pode estar associado à baixa ingestão de fibras, bem como ao consumo de embutidos. Estes são apenas alguns  hábitos nutricionais que corroboram para o desenvolvimento de células cancerígenas.

Existem inúmeras outras conjunturas que também são vilãs, como o tabagismo e a obesidade, duas questões que há um bom tempo são condenadas pela medicina e noticiadas pela mídia. O oncologista salienta que mesmo cuidando da alimentação e mantendo um estilo de vida saudável, é preciso buscar auxílio clínico regular, e  nada isenta a visita ao médico.

Outra questão pontuada pelo pesquisador é referente aos tumores específicos de cada gênero. Nas mulheres, os carcinogêneses de maiores incidências são os de mama, colo de útero e ovário, este último assinalado como um exemplo de “prevenção extremamente difícil”, alerta Pereira. Segundo ele, isso ocorre porque quando a doença é diagnosticada, geralmente ela já está em uma fase de difícil controle.

Exames preventivos podem detectar tumores em fase inicial, o que possibilita grandes chances de cura. Foto: Divulgação
Exames preventivos podem detectar tumores em fase inicial, o que aumenta as chances de cura. Foto: Divulgação

O médico esclarece o procedimento utilizado para detectar uma neoplasia no ovário: “Nós temos marcadores que nos permite dizer se o paciente tem ou não a doença, e a nossa esperança é que estes marcadores tornem-se cada vez mais específicos e que nós tenhamos a possibilidade de descobrir outros marcadores que possam nos dar precocidade no diagnóstico. Desse modo, haveria a possibilidade de investir em tratamentos mais satisfatórios”, acrescenta o médico.

Diferente do câncer de mama e do colo do útero em que “mortandade nesses casos cai drasticamente, porque em determinadas circunstâncias ele pode ser curável. A prevenção tem uma efetividade muito grande, não permitindo que esta doença tenha uma progressão levando a morte do paciente”, esclarece Pereira.

Já no sexo masculino, o câncer de próstata é o que aparece com mais frequência. Da mesma forma, a vigília é o método indicado para constatar tanto o surgimento de um tumor como alterações inflamatórias do local.

O médico descreve como era feito o procedimento preventivo, e como ele evoluiu e tornou-se eficiente: “antigamente o câncer de próstata poderia ser detectado a partir de níveis elevados de fosfatase alcalina e fosfatese ácida, mas, quando constatado a doença já se encontrava avançada e não permitia que acrescentássemos grandes vantagens de sobrevivência ou cura da doença. Posteriormente, foi descrito o antígeno prostático específico, este está presente na célula tumoral e pode precocemente ter níveis suficientes para a suspeita do tumor ainda numa fase inicial”, concluiu Pereira. Após a confirmação do tumor, medidas terapêuticas e cirúrgicas permitem que o paciente obtenha uma cura da doença.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”250px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Denomina-se câncer o conjunto de centenas de tipos diferentes da doença que têm em comum o crescimento de forma desordenada de células anormais. Sua origem está ligada a uma multiplicidade de fatores causais – que podem agir em conjunto ou em sequência, para iniciar ou promover o carcinogênese (câncer).[/dropshadowbox]

De pai para filho?

Ao contrário das colocações do senso comum que associa a conflagração da enfermidade com a genética, Dalnei Pereira é enfático ao discorrer que esta relação não é elevada. Ele alerta que há determinadas famílias que tem uma alteração genética, nesses casos os descendentes desenvolvem câncer por uma alteração genética intrínseca.

O especialista argumenta esta presunção através de dois casos:

– Câncer de mama: os defeitos genéticos BRCA1, BRCA2, são genes que podem ser transmitidos de mãe para filha. Logo, em determinadas circunstâncias a probabilidade do desenvolvimento de tumor pode alcançar de 80% a 100%. São nestes casos em que a realização da mastectomia bilateral (retirada das duas mamas) é frequente, já que a paciente é portadora do defeito genético.

– Tumores intestinais:uma anormalidade chamada de polipose familiar também tem uma transmissibilidade de pai para filho. Todo o indivíduo diagnosticado com polipose familiar tem uma probabilidade de ter pólipos que sofrerão uma transformação maligna. Portanto, sistematicamente precisam fazer exames do cólon ou até a retirada do próprio cólon, tamanha a incidência do câncer.

Fora os casos específicos, os cientistas têm demonstrado que essa possibilidade gira em torno de15%. Essa porcentagem aparece em uma pesquisa divulgada no periódico americano The New England Journal of Medicine. De acordo com a publicação, a pesquisa avaliou os dados genéticos dos pais biológicos de mais de mil crianças adotadas e constatou que os genes herdados de pai ou mãe natural mortos de câncer antes dos 50 anos não influencia tanto o risco de desenvolver o mal. Em contrapartida, o falecimento de um pai adotivo (que transfere seu estilo de vida, mas não os genes) em razão de um tumor multiplica por cinco a probabilidade de o filho submeter-se ao mesmo problema.

Esta analise é mais uma evidência de que o câncer pode ser evitado a partir das práticas cotidianas. O brasileiro precisa desenraizar a busca pelo médico quando aparecem os sintomas. A cura do câncer é uma probabilidade, já a certeza do não desenvolvimento da doença ainda é a prevenção.

Por Carina Carvalho.
Reportagem produzida para a disciplina de  Jornalismo Especializado II.