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celeiro de talentos

Consegui colocar uma bandeira LGBTQIA+ em um lugar de destaque

Jovem do olhar sensível para fazer leituras do cotidiano e dos sujeitos, co-criador do Maria Cult e repórter do Gay Blog Brasil, este é Deivid Pazatto. Santa-mariense de nascença, jornalista de formação e ativista LGBTQIA+ na

O jornalismo é uma missão de vida

Como parte da programação comemorativa aos 18 anos do Curso de Jornalismo da UFN, a série Celeiro de Talentos apresenta o perfil do jornalista Tiago Nunes. Ao contrário de muitos profissionais, que começam sua vida profissional

O jornalismo me tirou da bolha

Como parte da programação comemorativa referente aos 18 anos do Curso de Jornalismo da UFN, a série Celeiro de Talentos apresenta o perfil da jornalista Jaiana Garcia, formada há 13 anos. Sua trajetória no jornalismo iniciou

Jovem do olhar sensível para fazer leituras do cotidiano e dos sujeitos, co-criador do Maria Cult e repórter do Gay Blog Brasil, este é Deivid Pazatto. Santa-mariense de nascença, jornalista de formação e ativista LGBTQIA+ na vida profissional e pessoal, está sempre se reinventando em sua trajetória. 

Gravação do programa Janela Audiovisual. Foto: Arquivo pessoal

Deivid foi bolsista pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) na Universidade Franciscana (UFN), o jornalista relembra o início de sua trajetória como acadêmico em 2015 com muito entusiasmo: “Eu lembro que a gente tinha aulas, com cerca de 42 alunos, então era muita gente, fazíamos um auê aqui dentro do curso, os estúdios lotavam”. Ele ingressou na graduação focado em trabalhar com televisão, pois: “quando era criança sempre ficava na frente da TV e pensava que eu podia fazer aquilo da minha vida depois que eu saísse do ensino médio. Como poderia trabalhar na televisão? Foi aí que surgiu o jornalismo”.  

No começo da Universidade decidiu que queria se encontrar, por isso optou por fazer parte do Laboratório de Produção Audiovisual (LaProa), atual Laboratório de Produção Audiovisual dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda (LabSeis), onde começou a desenvolver alguns projetos na televisão. Entre estas atividades está o Toca da Raposa, programa sobre variedades desenvolvido pelos acadêmicos. Participou ainda do programa ‘Janela Audiovisual’, ao lado de Paola Saldanha, onde os estudantes apresentavam alguns filmes produzidos na disciplina de Cinema. Também atuou como repórter da Agência CentralSul, onde era colunista e teve a oportunidade de produzir sua primeira reportagem com uma personalidade conhecida no país inteiro, o cantor de queernejo, gênero musical emergente no Brasil que traz o sertanejo na perspectiva do público LGBTQIA+; Gabeu, artista indicado ao Grammy Latino com o álbum ‘Agropoc’ (2021) na categoria ‘Melhor álbum de música sertaneja’. Ele também relembra sua participação no Jornal ABRA: “Eu lembro que fiz uma pauta sobre a parada LGBTQIA+ da cidade, que acabou sendo capa do ABRA. Então eu fiquei muito feliz porque eu consegui colocar uma bandeira LGBTQIA+ em um lugar de destaque”.

Um episódio que o marcou durante a graduação foi: “Em um dos últimos vestibulares que participei da cobertura, estava cobrindo pela rádio. Sempre é realizado algumas perguntas para a Reitora Iraní Rupolo. O professor Gilson, que era quem coordenava as atividades da rádio, me deu uma dica sobre qual assunto abordar. Eu formulei então o questionamento e quando o realizei percebi que todos os repórteres ficaram me olhando”. Ele comenta que na hora não entendeu, mas depois percebeu que foi uma pergunta chave que todos queriam fazer naquele momento.

Gravação de matéria para o telejornal Luneta. Foto: Arquivo pessoal

Teve também experiências como estagiário enquanto ainda estava cursando a graduação, entre elas estão seu estágio Agência Guepardo, que ficava localizada na Incubadora da UFN, onde teve a oportunidade de desenvolver um pouco mais de suas habilidades no Photoshop. Da mesma forma integrou a equipe do Diário de Santa Maria, onde atuou como repórter da editoria de política. “Esse tema é algo que eu sempre gostei desde pequeno. Pude vivenciar três meses nesta editoria onde trabalhavam, eu e a Jaqueline Silveira, que era editora na época, auxiliava ela em muitas atividades. Desde notas, sondagem, entrevistas com os candidatos, pois era na época de eleição. Eram mais de cinquenta políticos, entre deputados estaduais e federais da região central. Fui atrás do contato de todas as pessoas e fiz uma listagem para conseguirmos conversar com eles”, relata o jornalista.

Deivid trabalhou em seu Trabalho Final de Graduação (TFG) com a temática ‘Pabllo Vittar: a mídia hegemônica na construção do corpo Queer’, onde ele explicou mais a fundo sobre como compreender a construção do corpo queer e da cultura drag queen bem como as relações de poder que se estabelecem em produtos audiovisuais da mídia hegemônica. Pabllo Vittar surge como objeto de análise, por compreendermos a artista como um corpo queer, devido a sua arte drag queen e a performatividade de gênero, entre outros elementos que perpassam seu corpo. “Eu via que havia abordagens muito erradas de como ela era tratada pela imprensa. Em diversos meios de comunicação era colocada em situações desconfortáveis. Claro que algumas drags têm os seus pronomes já estipulados para serem usados. Mas quando a gente imagina uma está personificada no feminino e então se espera que alguns pronomes sejam usados”, relata o jornalista. 

Após formado em 2018,  ingressou no curso de Especialização de Estudo de Gênero na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) teve um tema similar ao de seu TFG, porém sendo desta vez voltado para o Município. ‘As referências culturais e estéticas na cena drag queen de Santa Maria (RS): Uma análise em um contexto de transição geracional’,  foi direcionado para a cidade no intuito de mostrar a cena Drag que teve uma época nas palavras de Deivid efervescente, onde: “Tinha alguns bares no Bairro Rosário que realizavam festas das drag queens, muito pelo fato de estar bombando aqui no Brasil. Então quis dar esse segmento para explorar um pouco mais o que era esta cultura no Município, por isso abordei estas as referências estéticas e culturais”. 

 Deivid Pazatto e Paola Saldanha na 1ª edição do Prêmio Maria Cult. Foto: Renan Mattos

Ele que a partir da cadeira de jornalismo cultural sentiu interesse sobre esta área do jornalismo, após formado idealizou, juntamente com a também egressa Paola Saldanha, um projeto voltado para o tema, porém com o foco local e independente, sendo este a Maria Cult. “A Maria nasceu para dar voz aos artistas independentes que estavam começando. Seja música, artes visuais, artes cênicas, entre outras áreas. Em janeiro de 2020 comecei a pensar em desenvolver alguma atividade jornalística, pois, já estava a praticamente um ano sem fazer nada. Construí um esboço e lancei a ideia para a Paola. Lembro que durante a faculdade a gente conversava sobre fazer alguma coisa juntos. Então realizamos algumas reuniões e fomos construindo o projeto”, explica Deivid. No dia 20 de janeiro realizamos o lançamento do Maria Cult no Instagram e Facebook, inicialmente era apenas uma agenda cultural, porém agora é um produto de jornalismo independente de Santa Maria. 

Durante sua trajetória também surgiu a oportunidade de trabalhar para o Gay Blog Brasil, maior portal de notícias LGBTQIA+ do país. “Eu lembro que estava mexendo no Linkedin, dia 20 de setembro, dia do gaúcho. Onde então vi uma vaga para esse trabalho remoto, na hora eu enviei meu currículo. No mesmo dia já realizei uma entrevista e no outro já estava trabalhando. Desde 2021 estou trabalhando no Gay Blog BR, por mais que seja um trabalho remoto, já tive a oportunidade de entrevistar muitas personalidades”, comenta ele. Suas matérias também tomaram proporções nacionais chegando até a serem replicadas em sites como UOL e Estadão. O namorado de Deivid, Lucas Yuri, relata que a trajetória dele até aqui é de alguém que: “Sabe onde quer chegar e os espaços que quer ocupar, levando sempre voz, visibilidade e oportunidades para todos os públicos”. 

Perfil produzido no 1º semestre de 2023, na disciplina de Narrativa Jornalística, sob orientação da professora Sione Gomes.

Tiago Nunes no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Foto: arquivo pessoal.

Como parte da programação comemorativa aos 18 anos do Curso de Jornalismo da UFN, a série Celeiro de Talentos apresenta o perfil do jornalista Tiago Nunes.

Ao contrário de muitos profissionais, que começam sua vida profissional nos bancos universitários, Tiago fez o caminho inverso: começou a trabalhar na rádio Imembuí no ano de 2010 como estagiário na área esportiva, fez o curso de radialista e se jogou no trabalho.

Depois dessa experiência, ele procurou o curso de Jornalismo da UFN em busca da qualificação profissional. “Eu sentia essa necessidade. Tive o apoio e incentivo de todos da rádio. Quando meu nome saiu no listão da UFN foi uma festa dos colegas. Era um novo ciclo de começava. Sempre trabalhei na rádio e estudei ao mesmo tempo. Saía da emissora à tarde e ia para faculdade à noite, foram anos fantásticos.” relata o jornalista.

Sobre o curso, o egresso comenta que foi fundamental para seu crescimento profissional. “Mais tarde assumi a coordenação de jornalismo da rádio Imembuí. No  semestre que me formei, tive essa nova missão.”, conta Tiago. Para ele, a faculdade dá uma bagagem única, onde não se encontra em qualquer outro lugar. “Tu podes ter o conhecimento diário, mas a troca de conhecimento da faculdade é extremamente importante em todas as áreas do jornalismo. A faculdade te mostra todos os lados do jornalismo, tudo que o profissional precisa para ser completo, como exige o mercado atual.”, complementa.

Como começou trabalhando na rádio, as cadeiras de rádio eram as mais aguardadas por ele. Junto com o professor Gilson Piber ganhou um prêmio na Intercom Sul, com o melhor radiodocumentário do sul do país com a temática esportiva. Além do esporte, Tiago se interessou por outras áreas por meio da faculdade e foi premiado também em reportagem de TV, algo que nunca tinha feito. “É um momento de descobrir novas experiências.” segundo o jornalista. Conta também que a disciplina de Jornalismo Cultural foi fantástica. “O jornalista tem que estar preparado para tudo e a faculdade proporciona isso através dos professores e laboratórios.” comenta.

Tiago Nunes na Arena Independência, em Belo Horizonte. Foto: arquivo pessoal.

Depois de 10 anos trabalhando na rádio Imembuí como apresentador, repórter, narrador e coordenador, recebeu uma proposta para deixar Santa Maria. Então, desde fevereiro, atua como repórter esportivo da Bitcom TV e trabalha nas reportagens e jornadas esportivas da TV Papo By Bitcom acompanhando o Juventude na Série A do Campeonato Brasileiro de futebol. Atualmente, mora na cidade de Caxias do Sul.

Já sobre o significado do jornalismo na sociedade atual, Tiago Nunes acredita que a pandemia e o mundo conectado mostraram a relevância da área. “É uma missão de vida a partir do momento que você decide se tornar jornalista. A caneta tem poder e o microfone da mesma forma. Por isso a importância de uma notícia bem apurada, checada, objetiva e clara.”, relata o repórter. Porém, Tiago lamenta que as redes também mostraram seu lado negativo, as fake news, “É uma batalha árdua contra a desinformação todos os dias.”

Tiago Nunes na Vila Belmiro, em Santos. Foto: Facebook/Tiago Nunes.

Fazer jornalismo esportivo é o que Tiago Nunes mais aprecia do exercício da profissão. Ele conta que, cobrindo o futebol, conhece o Brasil, a sua cultura, as dificuldades sociais e a dura realidade. “Mas a gente tem que estar pronto para tudo, para qualquer oportunidade.”, comenta o jornalista. Nunes hoje possui um blog sobre o futebol gaúcho do interior, o peleiafc.com. Já são 10 anos e mais de 10 mil postagens, com uma audiência que ele jamais imaginaria, são mais de 200 mil acessos por mês e se tornou referência graças ao trabalho diário e o compromisso com a informação. Para ele, é gratificante, pois o esporte proporciona conhecer novas pessoas, novas cidades e ainda saber lidar com diferentes situações.

O jornalista esportivo finaliza agradecendo a Universidade e deixando um recado aos acadêmicos: “Foram 6 anos e que renderam até um livro. Meu trabalho final de graduação virou um livro com direito a lançamento na Feira do Livro de Santa Maria. Tudo graças à universidade, ao conhecimento, ao incentivo de um professor, Gilson Piber. Só tenho ótimas lembranças de cada professor! Aos acadêmicos deixo um recado, aproveitem cada segundo dentro da universidade, ouçam atentamente cada palavra dos professores! Isso fará a diferença no futuro.”

Jaiana Dutra. Foto: arquivo pessoal.

Como parte da programação comemorativa referente aos 18 anos do Curso de Jornalismo da UFN, a série Celeiro de Talentos apresenta o perfil da jornalista Jaiana Garcia, formada há 13 anos.

Sua trajetória no jornalismo iniciou não exatamente como uma escolha, mas como uma oportunidade de cursar o ensino superior. Segundo ela, o jornalismo não era sua primeira escolha, mas sim Relações Púbicas. Ela conta que sua mãe teve uma participação especial nesse processo, pois na época que frequentava o cursinho ela sempre ressaltava que a filha deveria investir no aspecto comunicativo da sua personalidade e profetizou: uma carreira ligada a comunicação vai te trazer muito futuro.

A partir desse apoio, Jaiana conta que pensou em cursar Relações Públicas. Chegou a prestar vestibular na UFSM duas vezes, mas não passou. Na segunda vez fez vestibular para RP, o curso de Comunicação Social da UFN já existia, então resolveu fazer. Passou e foi cursar com a ideia de fazer vestibular no outro ano novamente para RP. Entretanto, Jaiana acabou se apaixonando pelo Curso e pela futura profissão.

A repórter relata que como veio de uma cidade pequena e conservadora, Caçapava do Sul, foi no Curso de Jornalismo que ela se abriu para diversas possibilidades. “Entendi que a minha vida poderia ser diferente daquilo já estipulado e previsto na minha cidade natal. Comecei a conviver com as diferenças, a respeitar a diversidade, conhecer novas realidades e ampliar a visão sobre a sociedade (desigual, hipócrita e preconceituosa). Literalmente, saí da bolha.” comenta Jaiana.
Além disso, conta que começou a gostar de arte, cinema e literatura, coisas que até então eram distantes para ela. “Muito mais do que a formação para exercer minha profissão, o curso me deu consciência social e olhar crítico, o que eu acho de extrema importância para qualquer jornalista.” complementa a jornalista.

Sobre seu período de formação no Curso, Jaiana conta que amava a disciplina de Estética com o professor Bebeto Badke e a disciplina de História, com a professora Roselaine Casanova. “Lembro até hoje, mesmo 13 anos depois de formada, das aulas deles. Dos filmes que assistimos, da sensação de indignação com as injustiças que apresentavam, das obras de arte apresentadas, dos trabalhos. Foram duas disciplinas muito marcantes. E, além disso, dois professores que eu amo e que são amigos até hoje.”, recorda.

Jaiana como apresentadora. Foto: arquivo pessoal.

Atualmente, Jaiana Garcia é repórter e apresentadora no Diário de Santa Maria e na TV Diário. Apresenta o Direto da Redação, programa diário com quatro edições ao vivo, faz reportagens para o Jornal do Diário, novo telejornal e ainda escreve para o site e o jornal impresso.

Foto: arquivo pessoal.

Para Jaiana, o momento atual do jornalismo é preocupante, pois estamos vivendo com a desinformação. “Vale mais o card enviado pelo WhatsApp dizendo que a vacina da covid-19 vai implantar um chip chinês nas pessoas do que as comprovações da ciência de que a única saída para o começo do fim da pandemia é a vacina.” afirma a jornalista. Segundo ela, o papel do jornalista é de extrema importância, “É nossa responsabilidade contrapor as notícias falsas, esclarecer os fatos e lutar contra as fake news. Ao mesmo tempo em que nosso trabalho de informar é tão precioso, principalmente nesse momento de pandemia, vejo a nossa profissão cada vez mais desvalorizada.” complementa a egressa da UFN.

O fato de poder mudar vidas por meio da informação, é o que Jaiana mais gosta no exercício da profissão. “Às vezes, parece algo tão simples para mim, mas para aquela pessoa é importante. A população é carente de ser ouvida e o jornalista está lá para ouvir, mostrar, cobrar, pedir e, por sorte, trazer soluções.” finaliza a jornalista.