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Gabriela Perufo

“Já vi de cara que meu lugar era ali”

A conversa começa de maneira alegre, expansiva. Assim é o jeitinho de Gabriela Perufo. Doce e intensa, ela vive as múltiplas oportunidades, que na caminhada lhe couber.

A jornalista, em 2013, na cobertura de uma Batalha dos Bombeiros, de rimas, na Praça dos Bombeiros de Santa Maria. Imagem: Arquivo pessoal.

A conversa começa de maneira alegre, expansiva. Assim é o jeitinho de Gabriela Perufo. Doce e intensa, ela vive as múltiplas oportunidades, que na caminhada lhe couber. Formada em Jornalismos desde 2012, recorda da adolescente que já pensava em fazer graduação na área das ciências sociais e humanas. 

Chegou a cogitar outros cursos. Mas, foi no pré-vestibular da cidade, com a professora de inglês Denise Braga, estudante de Jornalismo na Unifra à época, que teve seu primeiro contato com a comunicação. Lembra do dia que Denise “perguntou aos alunos quem queria cursar Jornalismo, e eu sinalizei. Então, me convidou para ir junto com ela, em um dia de aula. Rapidamente fiz um tour pelo 7º e 8º andar do prédio. Já vi de cara que meu lugar era ali”.

Trouxe algumas fotografias. Ela pensou em estudar Música, Filosofia e Ciências Sociais. “No mesmo ano em que ingressei no Jornalismo na UFN fui aprovada no curso de Cinema e Animação da UFPel, e nesse período fiquei em dúvida de qual seria minha escolha. Estudar Cinema também era um desejo, mas decidi pelo Jornalismo”.   

Na graduação disse ter muitas disciplinas como inspiração. Nos primeiros anos de curso, gostava muito de Fotojornalismo e História do Jornalismo. Depois vieram as práticas, presenciando a rotina de uma redação ou emissora. Foi com Estética e Comunicação que sentiu sua mente abrir, se encantou pela história da arte. Partiu para o Laboratório de Fotografia e Memória, onde tornou-se monitora. 

Em 2008, no primeiro ano da faculdade, no Laboratório de Fotografia.
Imagem: Arquivo pessoal.

Ela revela: “entrei nos primeiros dias de graduação sem saber nada de fotografia. A professora Laura Fabrício, que depois virou uma grande amiga, me incentivou e inspirou a buscar olhares. Aprendi muito da técnica. O fotojornalismo virou uma paixão”. Gabriela escreveu textos para a Agência Central Sul, embora tenha publicado mais fotos do que matérias para o site. Também passou pela TV da instituição.

O marco de estágios foi na Câmara de Vereadores de Santa Maria. Ela aponta que, “além de ser remunerado e ajudar nas despesas mensais, foi minha primeira experiência fora da universidade. Estrutura diferente, equipamentos diferentes, uma rotina bem voltada à política institucional. Lá pude praticar um pouco de telejornalismo, de edição de vídeos, de fotografia e de assessoria de comunicação, o que ajudou na bagagem profissional”.

Formada em Jornalismo, seguiu para um MBA em Mídias Digitais na UFN. O interesse pelo jornalismo online só apareceu depois da formação, e através da pós-graduação pode perceber o importante passo para ingressar no universo digital. No mesmo ano da formação foi contratada para atuar na campanha política de Helen Cabral como assessora de comunicação. “De novo, ir para as ruas me fez aprender muito. Conheci cada canto e cada rua da cidade nesse período”. 

Ainda em 2012, trabalhou no jornal A Razão. “Era para ficar só um mês, substituindo férias. Em janeiro de 2013 houve o incêndio na boate Kiss”. Inicia, assim, sua experiência na redação. Avançou para diferentes editorias, como na produção de programas da Rádio Santamariense, com entradas ao vivo. 

Gabriela Perufo com Rodrigo Nenê, em 2020,
durante as lives de notícias, ao estilo de um telejornal,
para o Diário de Santa Maria. Imagem: Arquivo pessoal.

Planejava sair do jornal para um intercâmbio, quando abriu uma vaga para o Diário de Santa Maria, ainda era do grupo RBS. Assumiu como repórter de geral e online. Demitida em 2015,em janeiro de 2017, sob nova administração, voltou a integrar a equipe do Diário de Santa Maria como editora de online. Ela fez produções diárias de vídeos e lives de notícias. Surgiu o desafio de lançar o Bei, um portal com um DNA próprio, que traz fatos sobre segurança pública, oportunidades de emprego e serviços da cidade.

Em 2022, com 10 anos de formação jornalística e uma bagagem significativa na área, integrou a GZH como editora-assistente digital de Comportamento, que também incluía Educação, Saúde, Tecnologia e Meio Ambiente. Gabriela comenta que ficou quase um ano em GZH, “onde tive uma breve passagem pela editoria de Esporte, quando participei da cobertura da Copa do Catar”. 

Perufo deixou o veículo esse ano, e pensa muito sobre o papel do jornalismo “raiz” e como a profissão mudou. Prestou serviços à agência de comunicação Padrinho. Atualmente é freelancer. 

Sobre as conexões realizadas por onde passou, a jornalista, aos risos, falou: “são tantas vozes que formaria um coral. O Luiz Roese, carinhosamente conhecido como Tigre, foi um grande jornalista. Tive a honra de trabalhar com ele em A Razão na redação e no jornalismo diário. Luiz Norberto Roese teve a vida abreviada em 2019, por complicações de uma esclerose múltipla. 

Sobre Silvana Silva, Gabriela menciona que ela foi sua editora no Diário, em diferentes momentos. “Aprendi desde a melhorar a apuração, a escrita e a apresentar a informação da melhor forma possível ao leitor. Ela também me deu muitos conselhos, pessoais e profissionais, que levo até hoje”.

Silvana Silva percebeu o potencial da “Gabi”, assim refere-se à jornalista. “Ela sempre proativa, super antenada em redes, uma menina que gostava de game, que tinha uma linguagem muito de internet. Lá nos idos 2013 e 2014. Uma pessoa extremamente responsável, extremamente comprometida com a qualidade do trabalho dela”. Chamaram a Gabriela para a segunda equipe do Diário Online.

A editora do Diário de Santa Maria ressaltou ainda a criatividade da Gabriela, com ideias de produtos digitais interessantes. Recordou que estavam na busca por um dia do gaúcho diferente e que Gabriela Perufo trouxe algo na reunião seguinte. Foi lançado o Baita Chefe. “A Gabi foi a mentora”. Silvana saiu da redação em 2019, e Gabriela a substituiu naturalmente, assumiu a edição do Diário. A amizade segue fortalecida. “Gabi é uma pessoa que a gente pode contar sempre. Ela tem um coração de ouro. Eu desejo todo o sucesso sempre”.

Gabriela, revivendo algumas de suas escolhas, afirma que o jornalismo de hoje oferece muitas possibilidades, e diante das mudanças na profissão se dispôs a estudar coisas diferentes como copy, redes sociais e marketing. Vê a necessidade de experienciar novos meios para poder se posicionar dentro do jornalismo.

Para ela, o jornalismo de hoje oferece muitas possibilidades, e diante das mudanças na profissão, Gabriela se dispôs a estudar coisas diferentes como copy, redes sociais e marketing. Vê a necessidade de experienciar novos meios para poder se posicionar dentro do jornalismo.

Independente dos rumos, ela frisa: “nunca esqueçam que o jornalismo serve para o público, para as pessoas, e que ele tem como objetivo sempre informar para manter a democracia. Ser jornalista é uma responsabilidade imensa, tem um propósito lindo demais e pode ser incrível se feito da forma mais transparente possível. E acima de tudo: ser humano, sempre, sem nunca perder a capacidade de se indignar”. 

Encerra a conversa com esse jeitinho sorridente e muito focado. Seu companheiro de vida é o Pedro Piegas, também egresso de Jornalismo da UFN. Estão há 5 anos juntos, compartilhando a comunicação e a vida de casal. A filha canina, Capitu, completa os dias da jornalista. O perfil de Gabriela Perufo não está completo, porque sempre há algo a mais para ser relembrado.

Perfil produzido no 1º semestre de 2023, na disciplina de Narrativa Jornalística , sob orientação da professora Sione Gomes.

Bate papo com as egressas do curso de Jornalismo. Foto: Denzel Valiente/LABFEM.

O último dia da Semana do Prêmio de Jornalismo da UFN ocorreu na sexta-feira, 27, com bate papo com as egressas Fabiana Lemos, Melina Guterres e Gabriela Perufo. A conversa, na Sala de Convenções do Prédio 13, Conjunto III da instituição, foi mediada pela professora Carla Torres, e teve como tema “Características que diferenciam o jornalismo”.

A conversa trouxe muitos aprendizados e relatos de experiências para quem compareceu. Novos formatos jornalísticos, a mudança no jornalismo  e  humanização da profissão foram alguns temas abordados. As egressas compartilharam suas vivências desde a época da graduação até chegar ao meio profissional, dando conselhos sobre o mercado de trabalho e respondendo as dúvidas dos acadêmicos.

Gabriela Perufo, Fabiana Lemos, Melina Guterres e professora Carla Torres encerrando a Semana do Prêmio de Jornalismo. Foto: Denzel Valiente/LABFEM.

A criadora e editora da Rede Sina, Melina Guterres, falou sobre a postura dos jornalistas que trabalham em diferentes áreas. Assuntos como modo de se vestir, de se portar, e de como atuar na profissão, foram os que mais trouxeram polêmica aos alunos presentes. “Quando se é repórter, tem uma postura. Quando se é âncora, tem outra. Mas aos poucos vamos desmistificando isso”, destacou. Melina encerrou sua participação aconselhando que os futuros jornalistas tenham suas carreiras, mas que também tenham um “plano b” e saibam empreender, pois, segundo ela, o mercado nessa área está cada vez mais difícil e concorrido.

Fabiana Lemos, jornalista da RBS TV Santa Maria, falou mais sobre o seu tempo de graduação, quando estagiou na UFN TV e aprendeu os primeiros passos do que agora leva para a sua carreira. A repórter abordou temas como as mudanças dentro da televisão, como modo de falar, as pautas que serão mostradas e a correria e perrengues do dia a dia. Quando questionada sobre o que precisa para ser um bom repórter, Fabiana finalizou: “Ser humano e ter boas fontes. Sempre ter boas fontes.”

Um dos pontos mais abordados na noite foi a humanização do exercício do jornalismo em que Gabriela Perufo, editora online do Diário de Santa Maria, contou sobre suas experiências em várias realidades durante suas pautas, como a tragédia da Boate Kiss, em janeiro de 2013. Para ela, o melhor da profissão é poder “andar” e aprender sobre inúmeras situações, e foi o que deixou como recado: “Sempre buscar mais e quando achar que conseguiu o máximo, ir mais além. Ser inquieto”. Para ela, para uma melhor prática jornalística, o olhar precisa ser exercitado. “Vão sempre além do que o editor pedir, pensem como o público, pensem como leitores”, finalizou a editora.